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Romanismo

É Bíblica a autoridade dos bispos romanistas, que dirigem largo território com
diversas cidades? Encontra-se tal ensinos no Novo Testamento?
Resposta: O processo pela qual Roma imperial veio a exercer domínio Romano,
foi o mesmo empregando no desenvolvimento do bispado. Essa supremecia Romana é
um desenvolvimento e não uma tradição.
Prova: Os papas atuaís possuem mais poderes que os anteriores, cada bispo
romanista assume o voto de aumentar e promover os direitos, privilégios e poderes da Sé
de Roma. Centralização por usurpação tem sido a política declarada do papado.
Semelhantemente, os escritos dos País antigos nada dizem sobre algum pastor
universal ou autoridade suprema sobre a Igreja, pois se assim fôsse, teriam apelado para
ele em suas polêmicas contra os gnosticos de século II. Também os escritores pagãos
ignoravam a existência de tal autoridade, pois essa téria sido o maior objetos de seus
ataques contra Cristianismo.
Consideração do ponto de vista prático= Teria Cristo instituído uma organização
ilógica, em que seus membros estariam tão afastados uns dos outros e teriam de apelar
para Roma?
Por esses e outros motivos, certos eruditos católicos Romanos não aceitam a
teória que a Sé romanista teve Pedro como cabeça. Esses ensinam que a Igreja Romana é
um desenvolvimento e não uma tradição apostólica. Newman também tomou essa
opinião ou posição, ainda que defendesses como necessária. Porém, o mesmo argumento
de necessidade pode ser um tiro pela culatra, pois a demócracia moderna exige
descentralização.
Outros, contudo, argumentam que a própria existência da Igreja Católica Romana
prova que ela vem de Deus, e quem quiser provar pela história e pela tradição, é chamado
do traídor e herege.
A verdade Bíblica é que as igrejas apostólicas eram locaís e autônomas, com
forma de governo congregacional, que elegem seus próprios oficiaís- Atos 6:1-6; 14:21-
23. Quanto a esses oficiaís, eram apenas dois: bispos e diáconos (Fil. 1:1).
Os bispos (epíscopos) eram os mesmos anciãos (presbíteros) e pastores (poimen)
Atos 20:17, 28 e Tito 1:5,7. O único lugar na Bíblia onde o título “pastor” é aplicado ao
presbítero é Efésios 4:11.

Desenvolvimento da Igreja Romana


O primeiro passo para fora da organização original da Igreja local surgiu quando
bispos e anciãos se tornaram dois ofícios distintos. Em cada igreja havia um bispo e
diversos anciãos.
O segundo passo verificou-se quando o bispo de uma igreja de cidade importante
se tornou superintendente de mais de uma igreja.
O terceiro passo foi quando certas igrejas, das cidades princípaís do Império
Romano, se tornaram superiores por causa da importância da cidade ou da influência e
cultura dos pastores das mesmas.

Decretos Falsos
Se Roma tivesse de ser o centro do Cristianismo, e seu bispo o chefe da
Cristandade, deveria haver provas geográficas e cronológicas desde o princípio.
Cronológicas porque todos deveriam ter sabido disso desde o princípio. Geográficas,
porque desde o início as missões deveriam ter Roma como alvo, incluindo-a em
mensagem.
É interssante que a doutrina da supremacia de Roma não partiu de Jerusalém (não
partiu dos apóstolos), mas da própria Roma, o que se torna suspeita.
Certas circunstâncias, porém, contribuiram para reforçar as reinvidicações de
Roma: Havia problemas doutrinários na Igreja Oriental, provocados pelas heresias e pelo
pagonismo, especialmente a respeito da pessoa de Cristo. Uma das partes desse conflito
apelava para Roma, e com o tempo isso aumentou o prestígio de Roma. Não obstante, a
Igreja “Católica” jamais aceitou o primado de Roma.
A idéia desse primado romanista se baséia em duas espécies de documentos:
(1) a epístola Pseudo-Clementina (epístola de Clemente a Tiago); e (2) as Falsas
Decretaís. Desenvolveremos agora as mesmas:

1) Epístola Pseudo-Clementina
A “Epístola de Clemente a Tiago” foi produzida pelos ebionitas, na primeira
metade do século III, os ebionitas estavam ligados aos essênios. A idéia dessa carta falsa
é que Pedro teria transmitido a sua auto idade a Clemente, que foi um dos primeiros
bispos de Roma, ainda que não o primeiro.
De conformidade com Eusébio, que era do tempo de Constantino e foi o primeiro
historiador eclesiástico, a ordem dos bispos de Roma foi: Paulo, Pedro, Lino, Anencleto,
e Clemente. Essa a ordem ofícial dos papas segundo a Igreja Católica Romana.
Dessa epístola foram tiradas as seguintes conclusões: 1ª Pedro teria sido o
primeiro bispo de Roma; 2ª Pedro deixou uma sucessão de bispos; e 3ª os bispos de
Roma se julgavam superiores aos demais.
Apareceu então o problema de convencer os demais Cristãos sobre a validade
dessas pretensões. Para isso, os bispos romanos apelaram para as fraudes.
O primeiro bispo a arrogar-se direitos de sucessão petrina foi Estevão, em 250
D.C.. Era contemporâneo de Cipriano, bispo de Cartago. Nesse tempo, os bispos já eram
considerads os anciãos chefes.
Sucedeu que por causa do re-batismo do “hereges” houve contenda entre Cipriano
e Estevão. Este lançou mão da Pseud-Clementina a fim de obter autoridade nessa
contenda. Mas Cipriano testificou que: “Nenhum de nós (bispos) se constituí bispo dos
bispos, e cada um tem a liberdade de formar suas próprias opiniões.” Assim ele rejeitou a
suposta autoridade de Estevão.
Mais tarde, um dos escritos de Cipriano: “A Unidade da Igreja”- foi falsificado
para melhor defender a posição do papado. Contudo, a história da contenda foi como
segue: Dois bispos da Espanha negaram a Cristo por causa da perseguição, e foram
excomungados pelos demais bispos reunidos. (A propósito, isso deixa ver um início de
organização externa à igreja local). Ora, os dois bispos excomungados apelaram para
Estevão. Este os apoiou, mas tal decisão não foi aceita pelas igrejas dos bispos espanhoís,
e eles apelaram para Cipriano. Cipriano reuniu um concílio local africano para que desse
seu parecer a respeito. A decisão desse concílio foi: “Determinamos que Basildes e
Marcial (os dois bispos espanhoís) foram depostos legalmente, e que enganaram a
Estevão com palavras falsas.” Estava revogada a decisão de Estevão. Onde, pois, está
aqui a infabilidade papal? Também ficou demonstrado que sua autoridade era nula fora
de sua própria igreja de Roma.
Outro caso interessante foi de Paulo de Samosta (272 D.C.), bispo de Antioquia.
Foi causa de debates no Oriente. Jamais deveria ter sido nomeado, em vista de seu
orgulho e heresias. Defendia a posição dos “ebionitas”. Mas foi ajudado indiretamente
pela raínha Zenóbia, que fundara uma espécie de império dentro do Império Romano.
Julgando poder alcançar o favor do imperador, os orientais apelaram para Aurélio, que
respondeu: “Que a decisão seja feita pelos bispos da Itália e pelo bispo de Roma”. Mais
tarde, essa resposta foi aproveitada como degrau para subida de Roma.

Concílio de Nicéia (325 D.C.) Foi convocado a fim de resolver a questão a respeito da
Pessoa de Cristo, cuja Deisdade era atacada por alguns. Os líderes das duas posições
foram Atanásio e Ário. Atanásio encabeçou a facção vencedora; Ário e sua téoria foram
condenados. Apesar disso, arianismo prevaleceu durante alguns séculos mais. Podemos
destacar a deiliberação Concílio de Nicéia sobre o bispo de Alexandria, que geria a região
em redor dessa cidade: “Que seja mantido o costume antigo (de Alexandria gerir sua
região), conforme também fazem Roma e Antioquia.” Mais tarde, Constantinopla e Roma
lutaram acerca de certas provéncias na periféria de ambas. Foram usados argumentos
doutrinários, especialmente acerca do Espírito Santo. Mas os verdadeiros motivos eram
políticos. Mas chama-se atenção para o fato que se alguém reclama dizendo que sua
região de influência não é suficiente, isso indica que esse alguém domina apenas uma
parte do todo. Fica provado, portanto, que Roma era apenas a primeira entre iguaís-
“primus inter pares”-entre as grandes igrejas da antiquidade—Roma, Constantinopla,
Antioquia e Alexandria.
Concílio de Antioquia (341 D.C.) foi convocado para tratar do caso da inrferência
do bispo de Roma nas decisões dos concílios orientaís. Portanto, o caso foi tratado do
ponto de vista do oriente. Foi decretado: “Os bispos de Roma devem aceitar, sem
discussão, as conclusões dos concílios do Oriente, sob pena de excomunhão se os citados
bispos mantiverem comunhão com os excomungados pelo oriente.” Júlio, então bispo de
Roma, reclamou dizendo que os bispos do Ocidente não haviam sido consultados a
respeito do caso; mas isso foi mera justificativa.

Concília de Sárdica (Júlio) (343 D.C.) Roma queria expandir sua autoridade. Chegou a
oportunidade disso quando, por motivo dos arianos virem aumentando seu poder,
Atanásio e Marcel foram exilados. Esses fugiram para Roma e apelaram para seu bispo.
Então foi convocado esse concílio, que evidentemente foi um concílio do Ocidente. Os
orientaís se reuniram noutra cidade. O bispo de Roma se aproveitou de ausência dos
bispos orientaís. E a decisão do concílio, dirigido pelo bispo de Roma, foi: “Honremos a
memória de Pedro, deixando que o bispo escreva para Júlio (bispo de Roma); e se Júlio
julgar justo o caso do bispo, pode apontar outro julgamento.” Nesse concílio, Júlio
defendeu suas reinvidicações baseado na Pseuda-Clementina.

Concílio de Constaninopla (39__ D.C.) Roma não enviou representantes para esse
concílio. Nesse concílio foi dado, ao bispo de Constantinopla, “precedência de honra”,
depois do bispo de Roma, porque Constantinopla é a “nova Roma”. Como vemos, a
honra não era atribuída por motivos doutrinários, mas porque tanto Roma como
Constantinopla foram sédes imperiaís.

Caso de Zózimo, bispo de Roma (417 D.C.) Certo bispo da África fôra excluído e dirigiu-
se para Roma, buscando apôio de Zózimo, e este o apoiou. Foi então enviada uma
delegação africana que afirmou que Zózimo não tinha o direito de interferência. Zózimo
respondeu ter esse direito, que receberá no Concílio de Nicéia; porém, baseou-se na
tradição latina dos cânons, já adulterada. Os africanos quiseram verificar os documentos
gregos originaís. Foram enviados delegados africanos a Constantinopla. Com os
documentos originaís em mão, houve um concílio africno, resultando na seguinte
decisão: “O bispo de Roma não deve receber presbíteros ou outras pessoas
excomungadas, porque isso é contrário aos descretos de Nicéia. Também não pode enviar
delegados para exercerem autoridade em seu nome sobre os concílios locais da África.” É
que os bispos africanos descobriram que Zózimo se apoiará na decisão do concílio de
Sárdica, e não na decisão de Nicéia. Atualmente, alguns escritores romanistas pretendem
justificar Zózimo, dizendo que ele se enganara sobre as decisões dos concílios. Porém, no
texto latino da decisão do concílio de Nicéia, o nome de Júlio foi substituído pelo de
Silvestre (bispo romano no tempo de Nicéia), o que é grosseira fraude. Porém, mesmo
que Zózimo se tivesse enganado, onde está sua suposta infabilidade papal?
NOTA: É interessante que, se no concília de Nicéia, o bispo de Roma tevesse
realmente recebido autoridade, os bispos africanos evidentemente estariam prontos para
se submeterem a Roma. É que eles não estavam pensando se a Bíblia ensina isso. Ora, tal
atitude demonstra grande falta de espiritualidade, além do fato que havia um momento de
centralização operando no seio da Cristandade.

Concílio da Calcedônia (451 D.C.) Tratou novamente do caso debatido no concílio de


Constantinopla, de 381. Foi a sefuinte a declaração dos bispos: “Reconhecemos a ata
agora lida e adotamos a mesma, referente à sua determinação sobre a Santa Igreja de
Constantinopla, a nova Roma; porque os Pais naturalmente derem precedência à Sé da
Roma antiga, por ter sido ela cidade imperial.”

Doutrina de Cipriano (250 D.C.)


Ciprano foi bispo de Cartago. Em sua època estava se desenvolvendo o problema
da deidade de Cristo, posteriormente resolbido no concílio de Nicéia. Cipriano havia
aconselhado o bispo de Roma a não aceitar imediatamente de volta à igreja os
“desviados”, mas a esperar até que passasse aquele período de perseguição, quando então
seria convocado um concílio para debater o caso. Mas o bispo de Roma se revoltou
contra o conselho. Todavia, os demais bispos se declararam contra o bispo de Roma.
Onde estava a autoridade do papa?
Entre outras, Cipriano escreveu duas obras: “O Episcopado” e “A Unidade da
Igreja”, sobre os bispos e a Igreja, respectivamente. Em seu tempo, o bispo era o líder da
congregação local e o juiz em matéria de disciplina. Em seus escritos, Cipriano indica
que só tomava decisões com o apôio dos presbíteros, dos diáconos e da plebe. Dizia ele:
“O bispo é sacerdote que oferece sacríficios. Os sacerdotes levitas são nossos
antecessores. Quando o sacerdócio levita crucificou a Jesus, transormou-se em sombra e
sua realidade passou para o bispo Cristão. Cada congregação local é a congregação de
Israel. A eleição do bispo é feita conforme a lei de Moisés. Segundo o estatuto mosáico, o
bispo depravado não pode sacrificar, pois o povo é contaminado por seu pecado. O povo
deve separar-se de um bispo imundo e não associar-se do sacrifício sacrílego, visto que o
povo pode aceitar que é digno e rejeitar que é indigno.”
Como vemos, Cipriano erradamente pensava que os bispos corresondiam aos
sacerdotes do A.T., que os presbíteros correspondiam à tribo de Levi, e que Cristo
corresponde eternamente ao Sumo-Sacerdote. Dizia ele que o bispo é para sua
congregação, assim são todos os bispos para a Igreja total. Também devemos notar o que
significavam certos termos para Cipriano. Para ele, “sacrifício” era igual a “oferta de
ação de graças”, enquanto que “sacerdote” era aquele que “oferecia as ações de graças
pelo povo”. Cipriano não tinha idéia alguma sobre a moderna missa romanista e sobre o
“padre”. A interpretação de Cipriano a respeito, portanto, carece de base no N.T., que
ensina o sacerdócio universal dos crentes e o sacríficio sem repetições de Jesus Cristo.
Pergunta: A teoria de Cipriano sustenta a teoria de governo central dos
romanistas? Consideramos os fatos. Cipriano chegou a chamar Roma de “principales
ecclesia”. Mas, qual o sentido dessa expressão no tempo de Cipriano? “Principales”
significa, “a primeira e mais ALTA numa grande república de igrejas, dotada de
preeminência geral, em contraste com alguma função especial.” Para o latino, pois,
“principales” não incluia o sentido de soberania ou autoridade para governar. Esse termo
baseava-se nos direitos dos seneadores romanos (“príncipes do senado”). Esse direito
consistia no fato que podiam falar como representantes, mas jamais incluia a função de
governar. Assim sendo, para Cipriano, Roma tinha apenas uma posição de honra.
O outro livro de Cipriano que destacamos, “A Unidade da Igreja”, tem sido alvo
de muitas especulações. Mas ali não há uma menção sequer sobre sicessão petrina, pois
em seu sistem não havia lugar para centralização de poder superior ao do bispo local.
Entretanto, a essa tese foram feitos acréscimos fraudalentos, séculos mais tarde, para dar
apôio à posição de Roma.

2) Falsas Decretais
O outro grupo de documentos falsificados por Roma são as chamadas “Falsas
Decretais”. Dionísio (500 D.C.) coligiu todos os decretos os bispos de Roma afim de
codificá-los. Foi-lhe necessário começar pelos decretos de Cirício (390 D.C.). Cirício
havia recebido cartas de bispos da Espanha que lhe tinham pedido sugestão sobre
disciplina. Cirício aproveitou a ocasião para mostrar sua “autoridade”. Ninguém lhe deu
atenção. Mas, a resposta de Cirício continuou existindo em documentos, e dela se
aproveitaram seus sucessores. Assim, Dionísio teve de começar se códice por Cirício,
pois antes nenhum bispo de Roma se mostrará autoritário a ponto de “debaixar decretos”.
Posteriormente, a codificação de Dionísio já não era suficiente. Os bispos de Roma
sentiram a necessidade de se basearam em decretos anteriores aos de Cirício, se possível,
dos termos apostólicos.
Ora, no século IX, os prelados da França precisava submeter-se aos reis francos.
A luta entre os clérgios e os arcebispos “seculares” forneceu o motivo para a criação das
“Falsas Decretais”. É que os clérigios franceses racionaram que poderiam evitar o
domínio dos arcebispos “seculares” e dos reis francos se pudessem apelar para autoridade
superior à dos tais. Nessas “Falsas Decretais” encontramos reivindicações extravagantes.
Eles queriam provar que o bispo de Roma tinha recebido autoridade primitiva sobre os
reis e sobre toda a Cristandade. Os clérgios francesses não estavam pensando em exaltar
o papado, mas apenas em solucionar um problema local por meio de fraude. Os papas,
porém, não titubearam em usar os documentos frojados em apôio às suas próprias
reivindicações.
As “Falsas Decretais” são 100 documentos, dos quais 60 de antes de 341 D.C..
Seus criadores queriam fazer crer tratar-se de uma coleção de decretos papais reunidos do
Isidoro, bispo de Espanha, que viveu cem anos antes deles. Todavia, foram escritas em
latim “bárbaro” e regional, e não no latim da época a que supostamente pertenciam.
Nesses documentos aparecem personagems que viveram em tempos diferentes como se
estivessem conversando. As citações são tiradas da Vulgata. É referida uma carta de
Clemente com extrato dos escritos de Tiago: mas os autores dos documentos dizem que
esses escritos são de Pedro, e não de Tiago como em realidade o são. Foi um pequeno
“equívico”, portanto. Não admira, pois, que as “Falsas Decretais” tenham sido
considerados os maiores embustes que já houve na história.
Antes disso, a autoridade papal tinha sido um desenvolvimento sem base, sem
precedente na história eclesiástica. As “Falsas Decretais”, entretanto, estabelececem
precendentes para o papado a partir de Clemente. E assim os papas puderam pasar a
dizer: “Sempre foi assim”. E, nesse engano, até mesmo historiadores seculares se têm
deixado de envolver. Mas, o fato indiscutível é que esses falsos decretos contribuiram
para a elevação do papado.
Em 1151 D.C., Gratium colecionou o que depois veio a ser a obra padrão das
“leis canônicas”. Das 324 cartas papais citadas, pertencentes aos primeiros quatro
sévulos, 313 vêm das “Falsas Decretais”. E um erudito historiador, Salman, não garantia
a autencidade das onze cartas restantes.
O maior apologista romano do tempo da Reforma, sempre citado por católicos e
Protestantes, Belarmino, não pôde citar outra pessoa, além dos papas, a defender o
papado, especialmente em relação a Lucas 22:32. E mesmo assim, os papas citados se
baseavam exclusivamente nos decretos falsos.
O primeiro papa a usar os decretos falsos foi Nicolau I (858-867 D.C.). A
compilação das “Falsas Decretais” foi feita a cerca de 850 D.C.. Sabemos disso porque
citam os decretos de certo concílio realizado em 845 D.C.. Será que Nicolau estava
ciente da fraude? Usou liberalmente de suposta autoridade papal, concedida nas “Falsas
Decretais”. Nicolau se estribou, por exemplo, em sua suposta autoridade papal para
desfazer o divórcio do rei Lotário. Também usou as “Falsas Decretais” a favor do
Patriarca de Constantinopla e contra o imperador.
Visto as “Falsas Decretais” não terem sido naturalmente incluídas nos códices
anteriores. Nicolau afirmou que sempre tinham estado arquivadas na Sé de Roma,
argumentando que rejeitá-las só porque não estavam incluídas nos códices, era o mesmo
que rejeitar o Antigo e o Novo Testamentos por não estarem também inluídos nos
codíces. A verdade é que os papas usaram das “Falsas Decretais” não ingnorância de seu
caráter espúrio, mas antes, propositalmente.

Concílio da Calcedônia (451 D.C.) Nesse concílio os delegados romanos foram


apanhados ao apresentarem o 6º canôn do concílio de Nicéia com um prefácio falso, que
dizia: “Roma sempre tem tido a primazia”. Disso começou uma série de falsificações,
todas incluídas nas “Falsas Decretais”. Uma dessas falsificações tomou a forma de uma
fábula acerca de Marcelino, bispo de Roma em 296 D.C.. Ele teria sido convocado um
sínodo, no qual seus membros se julgaram indignos de julgar o próprio bispo de Roma,
rogand-lhe que ele se auto-examinasse.
O “Líder Pontificalis”- Visto que o relato sobre as vidas dos bispos de Roma era
naturalmente muito escasso, sentiram a necessidade de inventar muita coisa a respeito. E
todas essas invenções também foram incluídas nas “Falsas Decretais”.
A “Doação de Constantino” – Outra das lendas dizia que o papa Silvestre (bispo
de Roma no tempo do concílio de Nicéia) teria curado Constantino da lepra. Em sinal de
gratidão, Constantino teira doado tanto a Itália como a Europa Ocidental inteira a
Silvestre. A criação dessa fábula se verificou no tempo de Papino, o Breve, pai de
Carlos Magno. O papa queria a Itália para si. Mas considerou que não devia pedi-La a
Papino, pois assim se mostraria comom inferior a rogar uma doação a um superior. Foi
criada então essa história. Desse modo, Pepino tão somente estaria restituindo as terras
que tinham sido doadas por Constantino ao papado. Assim começou o poder secular do
papa.
Outra falsidade foi a que girou em torno da passagem bíblica em que Pedro diz:
“Tenho duas espadas”, e Cristo responde: “Basta”. Estas duas espadas seriam o poder
espiritual e o poder secular dos sucessores de Pedro. Diziam que a espada da Igreja é
superior à do estado, assim como o sol dá luz à lua, enquanto est apenas reflete a luz. Por
isso, a Igreja Romana arroga-se possuir “direito divindo” sobre os governos da terra
inteira.

Gregório VII. Foi o primeiro papa a empregar o expediente do “interdito”, em seu


conflito com Henrique IV. Gregório apelou para Pedro, dizendo: “Já que o povo de
Cristo tem de me obedecer, e theno o poder de ligar e desligar, como representante do
Deus Altíssimo nego a Henrique o governo em toda Alemanha e Itália, e desligo todos
os Cristãos da fidelidade que lhe deviam, e proíbo a qualquer pessoa servi-lo como rei.”
Argumento cômico é que diz: “Sendo que a terra é sete vezes maior que a lua e o
sol é oito vezes maior que a terra, segue-se que a dignidade papal é 47 vezes maior que a
imperial”. Além de não ter informação cientifica também não podiam multiplicar.

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