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Unidade V - Os Grandes Concílios Universais da Igreja

Nesta unidade, você aprenderá:

1. O que é um concílio universal da Igreja, bem como os motivos que o levaram a serem
formados;
2. Uma breve descrição do que aconteceu em cada um dos 7 concílios aceitos como
concílios universais da Igreja Cristã;
3. As diversas divergências existentes entre Bispos e líderes sobre os mais variados
temas, especialmente na questão cristológica, além das decisões a que estes concílios chegaram.

Um concílio é uma reunião de autoridades eclesiásticas com o objetivo de discutir e deliberar


sobre questões pastorais, de doutrina, de fé, de costumes e de moral. Os concílios podem ser
ecumênicos, plenários, nacionais, provinciais ou diocesanos, consoante o âmbito que abarquem. Um
concílio ecumênico é assim chamado porque é um concílio de toda a igreja (ou, mais exatamente,
aqueles que o convocam consideram ser toda a igreja).

O único Concílio registrado na Bíblia ocorreu em Jerusalém, conforme pode ser lido no livro
de Atos 15, quando os apóstolos se reuniram para tratar sobre os temas que estavam dividindo os
primeiros cristãos: de um lado os judaizantes (judeus convertidos) e do outro os gentios (os
convertidos não-judeus). Era o ano 49/50, quando se reuniram os apóstolos com os anciãos no assim
chamado Concílio dos Apóstolos em Jerusalém (At 15.4-35), para solucionar as dúvidas a respeito
da relação judaísmo-cristianismo. Foi o último encontro dos apóstolos na cidade mãe. Paulo
defendeu a liberdade dos cristãos diante das leis judaicas. Sua evangelização, livre das obrigações
da Lei, foi reconhecida e aprovada por Pedro, Tiago e João, as “colunas da Igreja”, que enviaram
Paulo para evangelizar os pagãos.

Após esse único Concílio exarado nas Sagradas Escrituras dos cristãos, tivemos 7 grandes
concílios ecumêmicos na Igreja Cristã, aceitos tanto pelas Igrejas que serão descritos de forma
sintética nesta unidade.

5.1 Primeiro Concílio de Niceia


O primeiro Concílio de Niceia foi convocado em 325 pelo Imperador Constantino para
condenar a heresia de Ário, que negava a segunda pessoa da Trindade, o Filho. O concílio contou
com cerca de 300 participantes, a maioria orientais. Do Ocidente, vieram os enviados do Bispo
Silvestre de Roma e cinco Bispos (um da Calábria, Ceciliano de Cartago, Ósio de Córdoba, um
Bispo da Gália e um da Panônia). Dele também participou o próprio Imperador com seus dignitários.

O assunto principal debatido nesse Concílio foi a Natureza de Cristo dentro da Trindade. Os
principais personagens foram Ário, de Alexandria; Alexandre, de Alexandria, e Eusébio de
Nicomédia. O Imperador Constantino chamou os Bispos para Niceia. O credo oferecido por Eusébio
de Cesareia foi rejeitado. Escreveu-se o credo de Niceia, com as declarações “gerado, não feito...
consubstancial com o Pai (homo-úsios)”. Foram rejeitadas frases arianas, tais como “havia tempo
quando ele não era”, e “feito do que não era”. Foram exilados os poucos que não aceitaram a fórmula
nicena. A unidade eclesiástica foi o grande objetivo do Imperador ao convocar esse concílio.
A atividade conciliar realizou-se de 20 de maio a 25 de julho em uma sala do palácio de verão
do Imperador e levou os Bispos presentes (com exceção de dois) a subscrever uma profissão de fé,
promulgada por Constantino como lei Imperial. Esta, conhecida como “símbolo
nicenoconstantinopolitano”, condenava, de forma inequívoca, e com uma terminologia fundamental
para os posteriores debates teológicos e cristológicos, o arianismo e toda subordinação do Filho ao
Pai.

O Filho (Logos, segundo a língua e a cultura gregas) “nasceu da mesma substância do Pai, Deus
de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro do verdadeiro Deus, gerado e não criado, consubstancial ao
Pai”. Foi, sobretudo, esta última conotação (o ser “consubstancial” ao Pai) que posteriormente
provocou um acirrado debate: ela representava uma vitória da teologia ocidental, para a qual o termo
grego homusios alcançara significado claro. O texto da confissão de fé era acompanhado pela
condenação das principais proposições de Ário.

O concílio tratou em seguida de outras questões: a data da Páscoa (fixada para o domingo
posterior ao primeiro plenilúnio da primavera) e a questão da cisma de Melécio de Licopólis, que
convidava à rebelião contra o Bispo de Alexandria, que ele considerava responsável pela excessiva
brandura em relação aos “lapsi” da perseguição de Diocleciano.
Por último, o Concílio de Niceia I forneceu diretrizes para a vida eclesiástica com 20 cânones,
alguns dos quais diziam respeito à proibição de acesso dos neófitos ao sacerdócio e ao episcopado,
à concessão da ordem episcopal por pelo menos três Bispos, à expulsão do clero daqueles que
praticam a usura (juros abusivos), à proibição de admitir os catecúmenos ao batismo sem uma
preparação adequada.

5.2 Primeiro Concílio de Constantinopla

Esse Concílio foi convocado em 381 cujo assunto era debater o modo em que a humanidade e a
divindade se relacionam em Jesus Cristo. O objetivo era sanar alguns problemas das Igrejas do
Oriente. Havia um conflito entre a escola de Alexandria (alegorista) e a de Antioquia (literalista).
Os principais protagonistas desse concílio foram:

1. Apolinário, Bispo de Laodiceia na Síria, o qual dizia que Jesus teve corpo e alma humanos,
mas que não teve espírito (mente) humano. No lugar do espírito (mente) humano estava o “Logos”.
Desse jeito, Apolinário procurava destacar a unidade de Jesus e não a dualidade, pois “não existem
dois Filhos de Deus”.

2. do outro lado, Damário, Bispo de Roma, e Gregório de Nazianzo (um dos grandes
capadócios) argumentaram que Deus salva o homem na sua totalidade: corpo, alma e espírito
(mente). Na sua encarnação, Cristo juntou-se ao espírito humano para salvá-lo. Sem tal união, o
espírito do homem não seria salvo. Desse jeito, destaca-se mais a dualidade de Cristo, ou seja,
espírito humano e espírito divino.
Este Concílio, convocado em 381, confirmou os dogmas da coroação e da Trindade e condenou
Apolinário e Macedônio de Constantinopla. Já havia vários sínodos que se pronunciaram contra o
apolinarismo, e este foi condenado, por fim, neste Concílio Ecumênico em Constantinopola. Esse
concílio também reafirmou as decisões de Niceia contra o Arianismo, já condenado no Concílio de
Niceia em 325.

5.3 Concílio de Éfeso


Em junho de 431, o Imperador Teodósio II convocou o terceiro concílio ecumênico, em
Éfeso, para discutir e decidir a causa suscitada por Nestório, arcebispo de Constantinopla: este
saíra em defesa de seu amigo, o presbítero Anastácio, que atacara publicamente o apelativo de
“theotokos” (mãe de Deus) comumente atribuído a Maria. Após várias controvérsias, devidas,
sobretudo, a Cirilo de Alexandria, inimigo pessoal e ferrenho opositor das ideias de Nestório, este
foi definitivamente deposto da função patriarcal, e os legados pontifícios decidiram condenar a sua
doutrina e proclamar a divina maternidade da Virgem e a unidade de pessoa em Cristo.

Essa decisão foi contestada por um grupo de Bispos e por Candidiano, representante do
Imperador, mas os delegados enviados pelo Bispo de Roma Celestino I, que chegaram após o
encerramento do concílio, confirmaram as decisões tomadas. Nestório refutou a sentença e por isso
foi exilado no deserto da Líbia, onde morreu por volta do ano 450. Após a deposição e o exílio de
Nestório, alguns de seus simpatizantes, como os Bispos Teodoreto de Ciro e Hiba de Edessa,
aceitaram uma fórmula de fé conciliadora; a maioria, porém, refutou as decisões do concílio e deu
origem a uma Igreja separada, que teve o seu centro fora do Império, na Pérsia, então sob a dinastia
sassânida.
Esse Concílio aconteceu em circunstâncias de muita confusão. O tema discutido foi o modo em
que a humanidade e a divindade de Jesus Cristo se relacionam. A indagação era: qual foi a maneira
de Jesus Cristo vir ao mundo, e qual foi a sua natureza na encarnação? O termo mais controvertido
foi “theótokos”, termo aplicado à Maria e significando “mãe de Deus/genitora de Deus”.

Nestório e Anastácio de Constantinopola, Diodoro de Tarso e Teodoro de Mopsuéstia


ensinaram a plenitude da natureza humana em Cristo (como sempre foi o ensino da escola de
Antioquia). Nestor afirmou a presença em Cristo de duas pessoas, e não somente de duas naturezas
em uma única pessoa. A união que existe entre a pessoa humana e a pessoa divina é uma conjugação
ou “união moral”. Do outro lado, Cirilo de Alexandria, com o apoio de Celestino I, Bispo de Roma
argumentaram que uma simples união moral entre Deus e um ser humano não pode nos salvar.
Assim, o Concílio definiu que o termo correto para Maria seria “Mãe de Deus”.

5.4 Concílio de Calcedônia


O Concílio de Calcedônia foi realizado entre 8 de outubro a 1 de novembro de 451 em
Calcedônia, uma cidade da Bitína, na Ásia Menor. Nesse Concílio, foi veementemente repudiada a
Doutrina de Êutico, conhecida como Monofisismo e, com isso, foi declarada a dualidade humana e
divina de Jesus, a segunda pessoa da Trindade. A questão chave do Concílio, portanto, foi a
humanidade e a divindade de Cristo. Ele tinha uma ou duas naturezas?

Esse Concílio foi convocado pelo Imperador bizantino e contou com a participação de 350
Bispos (algumas fontes fazem referência a 520 Bispos), e tornar-se-ia a assembleia mais importante
ocorrida até então na história da Igreja. Ele fora convocado para discutir sobre as duas naturezas em
Cristo e para corrigir os erros e abusos do Concílio de Éfeso.

Tudo havia começado com o Patriarca de Constantinopla, Nestório, que havia proposto a
separação ou existência de duas naturezas em Cristo, uma natureza humana e a outra divina. Essa
doutrina foi fortemente refutada por Cirilo de Alexandria, que insistia com Nestório sobre a unidade
da pessoa de Cristo. Para dirimir a questão, suscitada por Nestório, foi instaurado em junho de 431,
o Primeiro Concílio de Éfeso. O Concilio de Éfeso não levou a um entendimento único sobre a
questão, entre os Bispos alexandrinos e os Bispos antioquianos; entretanto Nestório foi deposto, a
doutrina pregada por ele refutada e Eutiques, condenado.

Em 433 aconteceu um encontro entre as duas partes, chamado a fórmula da unidade onde os
antioquianos aceitaram a doutrina de Maria como mãe de Deus (Theotokos) e os alexandrinos
aceitaram as duas naturezas em Cristo. Concomitantemente, Êutico, abade em Constantinopla
(partidário do falecido Cirilo), começou a negar que em Cristo existisse duas naturezas depois da
encarnação e que Ele não seria humano como nós os homens. Êutico negou que Cristo existisse em
duas naturezas depois da encarnação e que fosse “consubstancial conosco” (da mesma natureza que
o homem).
Assim, depois da morte do Imperador Teodósio II (408-450), Pulquéria e Marciano (450-457),
com o apoio de Leão I, convocaram este novo Concílio em Calcedônia.

Esse Concílio condenou a Êutico e a definição aceita foi a de em Cristo há “duas naturezas em
uma só pessoa”. Cristo foi considerado perfeito em divindade e perfeito em humanidade, o mesmo
verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto de uma alma racional e de um corpo,
consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, semelhante
a nós em tudo com exceção do pecado (Hb4.15); gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a
divindade, e nesses últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de
Deus, segundo a humanidade. Ele é um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único que devemos
reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação. A
diferença das naturezas não é de modo algum suprimida pela sua união, mas antes as propriedades
de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa e uma só hipóstase.

5.5 Segundo Concílio de Constantinopla

O Segundo Concílio de Constantinopla foi realizado de 5 de maio a 2 de junho de 553. Foi


convocado pelo Imperador Justiniano, com participação majoritária de Bispos orientais; apenas
dezesseis Bispos ocidentais estavam presentes, vindos das províncias romanas da África e da Ilíria.
O Presidente foi o Bispo Eutíquio, Patriarca de Constantinopla. O concílio foi a última fase de um
conflito longo e tumultuado que começou com um edito de Justiniano em 543 d.C. contra Orígenes
e o chamado origenismo. Justiniano se convenceu que o Nestorianismo continuava a ganhar força
por causa dos escritos de Teodoro de Mopsuéstia, que morrera em 428, Teodoreto, morto em 437,
e Ibas de Edessa, falecido em 457; as obras de Teodoro e de Teodoreto eram muito admiradas dentro
da Igreja.
Portanto, o assunto em questão volta a ser o modo em que a humanidade de Cristo se relaciona
com a sua divindade, visto que os “monofisitas” afirmavam que Cristo tinha uma só natureza. Na
verdade, a política imperial e a teologia oficial da igreja produziram uma confusão eclesiástica
durante os anos anteriores ao Concílio.

O Egito e a Síria, sendo as províncias mais ricas do oriente e do império, tendiam cada vez mais
para o monofisismo (uma só natureza em uma só pessoa), mas a teologia oficial da igreja era, “duas
naturezas em uma só pessoa” (Concílio de Calcedônia, 451). O Egito e Síria, com problemas sociais,
políticos e econômicos, se distanciavam da política de Constantinopola, e isso aumentou a tendência
de rebelar-se na área teológica.

Por outro lado, Basílisco, Imperador (475-476), quis condenar o Concílio de Calcedônia para
tentar ganhar de volta os rebeldes do oriente. Zenon, Imperador (476-491), publicou em 482, um
edito de união (O Heníticom) com o apoio de Acácio, Bispo de Constantinopola, mas em vez de
unir todos os cristãos, ele conseguiu dividir os monofisitas liberais e conservadores e afastou a Igreja
do ocidente.

Félix III, Bispo de Roma (483-492), achou que o Imperador não tinha direito de intervir em
assuntos teológicos. Félix acabou excomungando Acácio de Constantinopola em 485, e o cisma (o
chamado “Cisma de Acácio”) durou até 519. Em 519, o imperador Justino e Hormisdas, Bispo de
Roma, reafirmaram o Concílio de Calcedônia, assim acabando com o Cisma de Acácio.

Justiniano, Imperador (527-565), tentou reconciliar os cristãos do oriente e do ocidente. Ele


pensou que não devia condenar o Concílio de Calcedônia, mas que podia agradar aos rebeldes
monofisitas por meio de condenar três teólogos cujos escritos serviram de base para algumas frases
na declaração de Calcedônia: Teodoro de Mopsuéstia, Teodoreto de Ciro e Ibas de Edessa. Essa
condenação foi conhecida como a “Condenação dos Três Capítulos”. Teve bom êxito no oriente,
sendo aceito por Severo, Bispo de Antioquia, mas dividiu o ocidente e foi rejeitado por muitos
Bispos.

5.6 Terceiro Concílio de Constantinopla

Sérgio, Bispo de Constantinopla, no começo do século sétimo, fez a última tentativa de ganhar
de volta os monofisitas. Ensinou que, apesar de ter duas naturezas, Cristo tinha uma só vontade, a
divina. Honório I, Bispo de Roma, deu seu apoio a esse ensino.
O concílio teve como finalidade: resolver um conjunto de controvérsias teológicas que surgiram
sob os Imperadores bizantinos Heráclito (610-641) e Constante II (541-668). Heráclio, tendo
aumentado seu império às custas dos persas, tentou resolver a controvérsia sobre o monofisismo,
que era particularmente forte no Egito e na Síria, através de uma fórmula teológica intermediária. O
resultado foi primeiro o “Monoenergismo”, a tese de que Cristo, embora existindo em duas
naturezas, tinha apenas uma “energia”, e segundo, o monotelismo, que afirmava que ele tinha apenas
uma vontade. A nova doutrina não conseguiu a tão desejada união e foi contestada tanto pelo
Patriarca de Jerusalém quanto pelo Bispo de Roma, o que deu origem a uma controvérsia que
persistiu mesmo após a perda das províncias que tinham sido reconquistadas e a morte de Heráclito.

Quando o neto do Imperador falecido, Constante II, subiu ao trono, ele viu a controvérsia como
uma ameaça à estabilidade do Império Bizantino e tentou calar todas as discussões, tornando ilegal
discursar contra ou a favor da nova doutrina. Embora o debate teológico tenha há muito falhado em
seus objetivos políticos - Síria e Egito estavam agora nas mãos dos muçulmanos. Logo após terem
esses territórios sido reconquistados - apenas a morte de Constante em 668 d.C. abriu a possibilidade
de uma resolução para o conflito.

Após o filho e sucessor de Constante, Constantino IV ter levantando o cerco de Constantinopla


em 678 d.C., ele imediatamente focou a sua atenção em resolver o conflito: ele escreveu para o Papa
sugerindo uma conferência sobre o assunto. Quando a carta chegou a Roma, Dono já tinha morrido,
mas seu sucessor, o Papa Ágato, concordou com a sugestão imperial e ordenou que concílios fossem
realizados por todo o ocidente para que os legados presentes pudessem apresentar a tradição vigente
na Igreja ocidental. Então, ele levou uma grande delegação para se encontrar com os orientais em
Constantinopla.
No dia 7 de novembro de 680, um pouco menos de 300 Bispos se reuniram no palácio imperial.
Os Patriarcas de Constantinopla e Antioquia participaram em pessoa, enquanto que o Papa e os
Patriarcas de Alexandria e Jerusalém foram representados por legados. Em sua sessão inicial, o
concílio assumiu a autoridade de um Concílio Ecumênico, Universal. O Imperador compareceu e
presidiu sobre as primeiras onze sessões e retornou depois para a sessão de encerramento, em 16 de
setembro de 681 d.C., onde 174 Bispos assinaram as decisões acordadas.

Durante o concílio, uma carta do Papa Ágato foi lida, que explicava a crença tradicional da
Igreja de que Cristo tinha duas vontades, divina e humana. O concílio concordou com a carta,
proclamando que Pedro falara através de Ágato. Macário de Antioquia defendeu o monotelismo,
mas foi condenado e deposto, assim como todos os seus partidários. O concílio, em acordo com a
carta de Ágato, definiu que Jesus Cristo possuía duas energias e duas vontades, mas que as duas
vontades não se conflitavam uma com a outra. Ele também condenou tanto o monoenergismo quanto
o monotelismo como heréticos e incluiu os que tinham ajudado a heresia, incluindo o Papa Hoório
I e o Bispo Sérgio, que já tinham falecido. Quando o concílio terminou, os decretos foram enviados
a Roma, onde o sucessor de Ágato, Papa Leão III também concordou com eles.

5.7 Segundo Concílio de Niceia


O Segundo Concílio de Niceia, em 787, foi o último a ser aceito por ambas as Igrejas Orientais
e Ocidentais. Reuniu-se de 24 de Setembro a 23 de Outubro. O assunto debatido foi o uso de
imagens nas igrejas e no culto. Havia um grupo conhecido como os “iconoclastas”, destruidores de
imagens.
Por outro lado, existiam os “iconodulos”, adoradores de imagens. Leão III, Imperador (717741),
condenou o uso de imagens e fez campanha contra elas. Talvez o Imperador fosse em parte
pressionado por muçulmanos, que condenaram todas as imagens.
Constantino V, filho de Leão III, convocou um concílio em 754, o qual proibiu o uso de imagens
no culto. A igreja ocidental não aceitou a decisão desse concílio. Houve grande confusão teológica.
No oriente, os monges, muitos clérigos e muitas pessoas simples queriam de volta as imagens.
Apoiavam-se nos argumentos de João de Damasco, famoso teólogo (aproximadamente 675-749). A
Imperatriz Irene, filha de Leão III, estava a favor de imagens e decidiu convocar mais um concílio,
juntamente com Tarásio, Bispo de Constantinopla, e Adriano, Bispo de Roma.

Em 786, o concílio reuniu-se primeiramente na Igreja dos Santos Apóstolos em Constantinopla;


porém, depois de protestos dos membros de Roma, que viam Constantinopla com desconfiança, ele
foi dissolvido e transferido para Niceia. Participaram dele cerca de 350 pessoas, 308 Bispos ou seus
representantes. O Patriarca Tarasius presidiu o concílio: sete sessões foram realizadas em Niceia. O
pretexto para a veneração dos ícones foi estabelecido a partir das passagens bíblicas de Êxodo 25.19;
Números 7.89, Hebreus 9.5 ; Ezequiel 41.18, e Gênesis 31.34.

Em suma, o Concílio, aceito como o Sétimo Concílio Ecumênico da Igreja, fez duas coisas:
restaurou o uso de imagens nas igrejas e nos cultos e diferenciou entre “latria”, a adoração que se
deve a Deus, e “dulia”, a veneração inferior que se presta a imagens. No início, houve confusão no
ocidente, porque o latim não possuía duas palavras para fazer a distinção exata que se fez através
dos termos gregos “latria” e “dulia”.

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