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Introdução

Realizado em 325, foi o primeiro dos concílios a ter lugar em Niceia (atual
Iznik), na Á sia Menor. Contou com a participaçã o de bispos cató licos
romanos, cató licos ortodoxos e da Igreja Assíria do Oriente.

História resumida

No início do cristianismo, os cristã os formaram pequenas comunidades


espalhadas pelo Império Romano. Suas prá ticas evoluíram de forma
independente e, embora se reconhecessem como uma religiã o, à s vezes
discordavam em certos pontos.

Em 312, o imperador romano Constantino foi convertido à religiã o cristã e,


quando esta passou a ser tolerada em todo o Império, ele convocou os
bispos com o objetivo de estabelecer a unidade da Igreja, tanto no Oriente
quanto no Ocidente.

Decisões do Concílio de Niceia

Ainda sã o relevantes no cristianismo, pois dizem respeito à definiçã o de


crenças essenciais e ao calendá rio das festas religiosas:

- A data dos principais feriados, especialmente a Pá scoa, foi fixada nesta


ocasiã o.

- O Credo passou a ser a profissã o de fé cristã , resumindo suas principais


crenças:

1. a crença num Deus em três pessoas da mesma natureza: Deus Pai, Jesus
Cristo, seu Filho; e o Espírito Santo;

2. a crença na encarnaçã o humana de Jesus, sua morte e ressurreiçã o;

3. a crença num julgamento final no fim do mundo;

4. a crença na santidade da Igreja e no batismo (sacramento em que uma


pessoa se torna cristã ) para o perdã o dos pecados.
Pintura do século XVI, retratando o Primeiro Concílio de
Niceia.
Concílio de Niceia

O concílio de Niceia foi o primeiro Concílio Ecumênico realizado pela Igreja


Cató lica.

Ele ocorreu entre 20 de maio e 25 de julho de 325 d.C., na cidade de Niceia


da Bitínia, atual cidade Iznik (Turquia), província de Anató lia (Á sia Menor),
localizada pró xima à Constantinopla.

O concílio de Niceia foi realizado com o intuito de harmonizar a igreja ao


concretizar uma assembleia que representasse toda a cristandade, de modo
a discutir as heresias que poderiam dividir a Igreja.

Principais causas

Devido a grande liberdade religiosa possibilitada pelo fim das perseguiçõ es


aos cristã os, a fé cristã cresceu e se propagou desordenadamente.

Neste contexto, Caio Flá vio Valério Constâ ncio (250-306), o imperador
romano que governava tanto o Oriente como o Ocidente, acabou adotando
o arianismo, uma crença herética, como sua religiã o pessoal.

Segundo esta tese, Jesus Cristo Salvador estaria subordinado ao Pai, uma vez
que era apenas mais uma criaçã o, o que acabava por questionar a figura de
Cristo enquanto divindade.

Por sua vez, esta vertente cristã criada por Á rio (256-336), da igreja de
Alexandria, em 318, estava em desacordo com o pró prio bispo Alexandre de
Alexandria.

Como os adeptos de Á rio possuíam influência junto ao imperador


Constantino (filho de Constâ ncio), com destaque para Eusébio de Nicomédia
e, principalmente, o historiador e bispo Eusébio de Cesaréia (265-339), esta
disputa foi se agravando ao ponto de tornar-se motivo para uma divisã o na
Igreja.
Assim, o bispo Alexandre de Alexandria e seu diá cono Ataná sio, repudiaram
suas teses e afirmaram a divindade de Cristo.

Além disso, a data em que se deveria comemorar a Pá scoa, outro motivo de


discó rdia, também foi definida neste concílio, sendo escolhido o primeiro
domingo depois da primeira lua cheia da primavera para a celebraçã o.

Vale ressaltar que o Imperador Flavius Valerius Constantinus (285 -337


d.C.), ao conclamar o concílio, buscava unir seu Império Romano pela via
religiosa, sobretudo depois de sua vitó ria sobre Licínio (250-325) em 324.

Principais características

O Concílio de Niceia foi realizado nas acomodaçõ es do palá cio imperial


naquela cidade, onde foram oferecidas aos bispos hospedagem e passagem
segura pela escolta imperial.

Interessado, o imperador Constantino de fato realizou o Concílio, contudo,


nã o participou das formulaçõ es de fé do Credo de Niceia.

Compareceram cerca de 320 Bispos, além de inú meros presbíteros, diá conos
e leigos, dirigidos pelo bispo Ó sio de Có rdoba (257-359), para definir a
natureza de Cristo diante do arianismo.

Estes clérigos vieram de toda cristandade, incluindo Á sia Menor, Palestina,


Egito, Síria, com predomínio aos bispos do Oriente.

Como resultado do Concílio, foi definido por 300 votos que o arianismo seria
rejeitado e que a “Redençã o” pregada pelo diá cono Ataná sio seria a base
constituinte do que e convencionou como o “Credo de Niceia", confirmando
a uniã o da cristandade e a divindade de Cristo, o que foi corroborado no
"Concílio de Constantinopla" de 381.

Em suma, o Credo Niceno estabelece 20 câ nones que discutem, dentre


outros, a questã o ariana, a data de celebraçã o da Pá scoa e o batismo de
heréticos.

Arianismo

Arianismo é uma doutrina filosó fica que surgiu no século IV a.C. e que
colocava em cheque a Santíssima Trindade, um dos principais dogmas da
Igreja Cató lica.

Proposta por Á rio (272 - 337), um professor de Alexandria, a doutrina


questiona a divindade de Jesus Cristo, que por ser criado pelo Pai, Deus,
seria entã o um semideus.
O dogma da Santíssima Trindade afirma que o Pai, Deus; o filho, Jesus Cristo;
e o Espírito Santo sã o um só ser divido. O arianismo refuta a ideia de que
podem ser três em um e um em três porque nã o há uma explicaçã o de como
os Seres se relacionam entre si.

Para Arius, se Jesus foi o primeiro ato da criaçã o por Deus, existe algum tipo
de prioridade e o poder maior é Dele e nã o do Filho.

A doutrina também questiona as referências bíblicas que destacam a


fragilidade de Jesus quando está sob a forma humana. Se é um Deus, entã o
porque sentir cansaço, dores e limitaçõ es inerentes ao ser humano?

A doutrina foi alvo de intensos debates e, para estabelecer uma corrente


ú nica de pensamento, o imperador de Roma, Constantino I (272 - 337),
convocou o Primeiro Concílio de Niceia, no ano 325 d.C. O concílio contou
com a presença de 318 bispos, a cidade de Niceia, Turquia.

Heresia

Apó s intenso debate, a doutrina do arianismo foi considerado uma heresia e


a Santíssima Trindade passou ser inquestioná vel pela Igreja Cató lica.

Há religiõ es, contudo, que ainda se utilizam do pensamento e aceitam a


posiçã o de Jesus Cristo como menos divina que o Pai, Deus. O mesmo ocorre
com a Igreja dos Santos dos Ú ltimos Dias.

Nestorianismo

O Nestorianismo foi uma doutrina proposta pelo Arcebispo de


Constantinopla Nestó rio (428 - 431) que destaca as diferenças da natureza
divina e humana de Jesus Cristo.

A teoria, que também foi considerada heresia pela Igreja Cató lica, rejeita o
título de Mã e de Deus (Theotokos) para Maria.

Gnosticismo

O gnosticismo é um pensamento religioso anterior a Jesus Cristo e que


propõ e a existência de dois deuses, um a serviço do bem e outro a serviço do
mau.

Nessa corrente de pensamento, que é considerada heresia pela Igreja


Cató lica, a criaçã o do mundo seria instrumento do deus mau, que e o Deus
cultuado pelos Cristã os.
Os adeptos dessa corrente de pensamento acreditam que as almas já existam
em um plano denominado Plenoma, mas uma tragédia a castigou e as
aprisionou no corpo de humanos. Para retornarem à condiçã o inicial, as
almas precisam de libertaçã o.

O gnosticismo também acredita na reencarnaçã o, o que nã o é aceito pelos


Cristã os.

Docetismo

O docetismo também questiona o dogma de Jesus Cristo como Deus tendo


tomado a forma de ser humano.

Os adeptos dessa corrente rejeitam a maior parte do Novo Testamento e


consideram alguns poucos livros que descrevem o universo de Jesus Cristo.

Apoliranismo

A condiçã o humana e divina de Jesus Cristo também é debatida no


Apoliranismo, fundado por Apliná rio de Laodiceia (310 - 390).

Apoliná rio defendia que enquanto o homem era formado por corpo, alma e
espírito, o espírito de Jesus Cristo foi tomado pelo "Logos", a Segunda Pessoa
da Trindade.

Dessa maneira, Jesus nã o teria um corpo, mas seria um espírito que


incorporava nos homens.

Arianismo Nazista

O arianismo nazista surge a partir da utilizaçã o do radical a palavra ariano,


que deriva do sâ nscrito "arya" e significa nobre.

O Partido Nazista Alemã o usou do termo a partir do século XIX e a primeira


metade do século XX como política de diferenciaçã o racial.

Arthur de Gabineu (1806 - 1882) usou o termo "raça ariana" com base nos
estudos de Friedrich von Shelegel. Para esse, o povo ariano era originá rio da
Á sia Central, migrou para o sul e oeste e chegou à Europa.

Gabineu considerava puros todos os europeus que descendiam desse antigo


povo ariano. Seu pensamento foi reproduzido por Adof Hitler (1889 - 1945)
em sua teoria da superioridade da raça ariana que prega serem estes mais
evoluídos e dotados de inteligência superior à s demais raças.

Esse foi o argumento para justificar o extermínio de milhõ es de pessoas


durante a Segunda Guerra Mundial.
Os grandes concílios cristológicos: Nicéia (325), Éfeso (431),
Calcedônia (451) e III Concílio de Constantinopla (681).

1. Concílios cristológicos

Os Concílios ou sínodos constituem, como instituiçã o eclesial, uma


assembléia em que se deliberam e se tomam decisõ es no campo dogmá tico,
canô nico, litú rgico, moral ou disciplinar.

– 1.1 Nicéia (325)

Com razã o muitos historiadores do dogma cristã o consideram que o Concílio


I de Nicéia (325) representa um momento-chave no estabelecimento da fé
ortodoxa no Deus de Jesus Cristo. Seu credo ecumênico, o primeiro
formulado por um concílio ecumênico, inicia novo estilo de Símbolos
Conciliares, vá lidos para cristandade inteira. A preocupaçã o fundamental
era garantir inequivocamente a verdadeira divindade de Jesus Cristo contra
as negaçõ es arianas, por isto mesmo, porém, ao fixar a fé cristoló gica,
influirá decisivamente também na doutrina trinitá ria. Nã o obstante, nem
como credo sinodal, nem como prova de ortodoxia, constitui inovaçã o
absoluta.

Este Concílio tem seu contexto histó rico marcado pelo arianismo, cujo
heresiarca era Ário, que nasceu na Líbia em 256. Este era amante do
neoplatonismo, teve como base estudantil Antioquia, era empático a
Marcião e era sacerdote em Alexandria por volta de 318.

O heresiarca ensinava, que o filho era criatura, por que entendia Deus
a partir da categoria de tempo e nã o coma categoria de eternidade.
Conforme ele, o Pai adotou o Logos, como filho, o qual foi criado antes da
criaçã o, portanto houve um tempo em que o verbo nã o existia. Ele via o
Logos como um intermediá rio entre o Deus e o mundo, como um
instrumento do Pai, e o Logos tem como primeira criatura o Espírito Santo.

Á rio foi condenado por Alexandre, Bispo de Alexandria, que para


ratificar a condenaçã o, convocou um sínodo, no qual a maioria dos bispos o
condenaram. Ario nã o aceitou nenhuma das reprovaçõ es e apoiou-se em
Eusébio de Nicomédia.

Como a confusã o doutriná ria causasse divisõ es no Império,


Constantino convocou um Concílio para devolver a paz ao mesmo.
Participaram deste Concílio 300 bispos entre ele Eusébio de Nicomédia e o
de Cesaréia como defensores de Á rio e Alexandre juntamente com os
delegados papais contra o heresiarca.

Este concílio fez as seguintes definiçõ es: Contra o dualismo maniqueísta de


Marciã o, Nicéia um só Deus.

Contra as heresias arianas que ensinou que : O Filho como gerado, e da


mesma substâ ncia que o Pai (homousios),com tal afirmaçã o se
anatematizou –se a todos que concebiam Jesus como Criatura.

Contra os docetas afirmou-se na real encarnaçã o de Jesus e o sofrimento,


bem como, a ressurreiçã o ao terceiro dia, condenando a todos que vêm a
encarnaçã o do verbo como algo meramente aparente.

Em coroaçã o de seus ensinamentos, Nicéia rezou no credo, a ascensã o de


Cristo e afirmou sua parusia, quando julgará os vivos e os mortos e, por fim;
condenou a afirmaçã o da mutabilidade do Filho de Deus, que o colocava no
nível de criatura.

Porém essa definiçã o nicena foi rejeitada por Eusébio de Cesaréia, que
apelando para o subjetivismo e o fundamentalismo queria garantir o direito
a Á rio e outros de interpretar as Escrituras ao seu bel prazer. Com isso
Eusébio rechaçou a unidade da Igreja acolhendo o Jesus Cristo de modo
parcial e nã o total.

– 1.2 Éfeso (431)

Este concílio definiu o dogma de Maria Mã e de Deus, porém no fundo, o


problema em questã o era essencialmente cristoló gico; por na realidade
procurava-se salvaguardar a uniã o hipostá tica.

A situaçã o histó rica deste concílio constava de Apoliná rio de


Laodicéia, que negava a realidade do homem Jesus reduzindo–o sem alma
em contraposiçã o a Diodoro de Tarso e Teodoro de Mopsuestia, bispos
antioquenhos, que afirmavam em Cristo duas personalidades Homem e
Verbo, só que esta uniã o era apenas na ordem moral (inabitaçã o do verbo no
homem Jesus). Tudo isso era motivado por uma disputa teoló gica entre
antioquenos e alexandrinos.

Além de Apoliná rio temos ainda Nestório que era á rduo defensor da
fé pela orató ria, porém julgou herética a devoçã o popular à Mã e de Deus,
que era muito forte entre os monges e entre o povo. Ele pregava que Maria é
mã e do Cristo como homem e nã o como Deus.

Cirilo, bispo de Alexandria se opô s radicalmente a Nestó rio, que se


manteve obstinado em sua afirmaçã o. Cirilo entã o recorreu ao papa, que o
apoiou contra Nestó rio. O papa por sua vez recorreu ao imperador que
convocou um concílio.

O concílio se realizou em É feso, contou com a presença com a


presença de legados pontifícios, com uma carta que coincidia com Cirilo,
contra Nestó rio, e que teve sua doutrina condenada por este concílio.

Definição de Éfeso: a uniã o hispostá tica (uniã o das duas naturezas divina e
humana no verbo encarnado): Maria é mãe Deus enquanto Verbo
encarnado. Lembremos que só o Pai é gerador do Verbo (Deus de Deus).

– 1.3 Calcedônia (451)

Se em É feso havia se definido que em Jesus Cristo havia uma uniã o


hipostá tica em Calcedô nia, o problema era se apó s a uniã o hipostá tica se
mantiveram intactas as naturezas.

No contexto histó rico de Calcedô nia (451) temos Eutiques,


antioquenho que procurando interpretar os escritos de Cirilo mostrando-se
fiel a É feso acabou por interpretar a palavra Physis usada por Cirilo fora do
seu contexto, pois para os alexandrinos esta palavra significa a realidade
pessoal, já em Antioquia significava natureza.

Com esta descontextualizarã o da palavra physis, Etiques ao ler o texto


de Cirilo que diz: “ a partir da encarnaçã o da palavra divina, ficou apenas
uma physis (realidade pessoal), “ ele traduziu por natureza. Afirmando que
depois da encarnaçã o a natureza humana se diluiu na divina. Assim, se deu
origem a mais uma heresia, o monofisismo, que fora condenado em 448 no
sínodo de Dorotéia.

O Concílio de Calcedô nia afirmou as duas naturezas de Cristo, sem confusã o,


nem divisã o, nem separaçã o, que se unem em uma ú nica pessoa Jesus, sem
que nenhuma das suas sofra em detrimento da outra ficando salvaguardadas
as propriedades das duas naturezas.

Conclui-se “Jesus Cristo ao ser verdadeiramente solidário ao homem


não significa, pois, sê-lo no pecado, mas na graça.”.

– 1.4 Constatinopla III (681)

Este Concílio surge devido a difícil de aceitaçã o, que os bispos


alexandrinos tiveram com Calcedô nia, para solucionar este problema que
em alguns casos já tinha se tornado monotelismo. O imperador Justiniano
convocou Constantinopla II, que apenas ratificou Calcedô nia, mas nã o
resolveu o problema, que assumiu novas facetas.

Entre estas facetas destacamos o monoergismo, que afirmava que em


Jesus Cristo havia apenas uma atividade. Na realidade os orientais
afirmavam que havia só um princípio de operaçã o, ou seja, uma só natureza.
Ao contrá rio do que afirmava o papa Honó rio ao ser consultado pelo
patriarca de Jerusalém, Sofrô nio e, do de Constantinopla Sergio, que em
Cristo havia duas naturezas, a divina e a humana; porém entre elas nã o havia
oposiçã o.

Para solucionar este problema, Constantino IV convocou o concílio em


681, contando com a aprovaçã o do Papa Agatã o, o qual formulou uma
profissã o de fé assinada por 125 bispos ocidentais. Nesta formulaçã o
dogmá tica, ele afirmou que em “Jesus Cristo havia duas naturezas, duas
vontades ou duas operaçõ es (energias) sem divisã o, sem conversã o mutua,
nem separaçã o, sem confusã o e nã o opostas, ou seja, uma operaçã o divina e
outra humana em obras e palavras. O verbo faz o que é pró prio do Verbo, e
ao mesmo tempo a carne, o que pró prio da carne”. O objetivo em
Constantinopla era salvaguardar a plena e explicita vontade humana de
Jesus, que era precisamente o que desprezavam os monofisitas. Cf. tabela da
síntese das heresias.

Constantino

Flá vio Valério Aurélio Constantino (272 d.C. - 337 d.C.), chamado de
"Constantino, o Grande", foi o segundo imperador romano da dinastia
Constantina.

Foi o primeiro imperador a dar liberdade ao Cristianismo no Império


Romano. Destacou-se também pela série de reformas administrativas,
militares e religiosas realizadas durante o seu reinado.
Como Constantino se tornou imperador?

O pai de Constantino, o imperador Constâ ncio I, faleceu no ano de 306 d.C.


em Eboracum (atual York, Inglaterra).

Suas tropas decidiram declarar seu filho como imperador. No entanto, como
o regime da época era a tetrarquia, Constantino compartilhou o título de
Augusto (o mais alto na hierarquia) com os imperadores regentes Magêncio
(filho de Maximiano), Licínio e Maximino. Magêncio de Constantino dividiam
o governo do Império Romano do Ocidente.

Em outubro de 312 d.C., Constantino I avançou para um confronto com


Magêncio, pois pretendia dominar de forma exclusiva o Império Romano do
Ocidente. Ele avançou pelo norte da Itá lia, passando por locais que hoje
correspondem à s cidades de Turim e Milã o.

Sabendo da aproximaçã o de Constantino I, Magêncio resolveu surpreendê-lo


com sua tropa na Ponte Mílvia, ainda existente nos dias atuais sobre o Rio
Tibre, pois sabia que interceptá -lo neste local seria crucial para impedi-lo de
entrar em Roma.

Apesar de dispor de uma tropa com um total de homens inferior à s de


Magêncio, em 28 de outubro de 312 d.C., Constantino derrotou seu opositor
que, durante a batalha, caiu no rio e morreu afogado. Assim, passou a reinar
sozinho como imperador do Império Romano no Ocidente.

Arco de Constantino, Roma, Itá lia - construçã o em comemoraçã o à vitó ria de


Constantino sobre Magêncio
Imperador único do Império Romano

As disputas de Constantino para defender sua posiçã o incluíram uma série


de acontecimentos como negociaçõ es diplomá ticas e guerras civis.

Ao derrotar Magêncio, Constantino passou a liderar sozinho o Império


Romano Ocidental. No entanto, o Império Romano Oriental ainda tinha como
imperadores Maximino e Licínio.

Em uma negociaçã o entre estes dois territó rios ficou estabelecido, pelo É dito
de Milã o, que o Império Romano seria neutro no que diz respeito a religiõ es,
Constantino oferece sua irmã em casamento para Licínio, o que culminou em
uma maior proximidade entre os dois.

Esta aproximaçã o criou tensõ es que resultaram no rompimento de relaçõ es


de Maximino e Licínio em 313, que se enfrentaram na Batalha de Tzíralo, em
30 de abril de 313. Licínio saiu como vencedor e, meses depois, Maximino
veio a falecer. Assim, Licínio passou a reinar sozinho no Império Romano do
Oriente.

A esta altura, Licínio era o imperador da parte oriente do Império Romano, e


Constantino, o imperador da parte ocidente. Entretanto, os dois passaram a
se enfrentar de forma direta na luta pelo poder.

Em julho de 324 d.C., teve lugar a Batalha de Helesponto (atual Darnadelos),


um combate naval do qual a tropa de Constantino, liderada por seu filho
Crispo, saiu vitoriosa.

Posteriormente, o confronto final aconteceu em setembro de 324 d.C., na


Batalha de Crisó polis. Apó s uma derrota esmagadora, onde perdeu grande
parte de seu exército, Licínio conseguiu escapar.

Ao compreender que os soldados que haviam restado nã o seriam suficientes


para um novo confronto, Licínio se rendeu ao inimigo, intermediado por sua
esposa.

Constantino se comprometeu a atender o pedido da irmã para poupar a vida


de seu marido Licínio, mas acabou por matá -lo apó s alguns meses. Com isso,
chegou ao fim a Tetrarquia e Constantino passou a ser o ú nico imperador de
todo o Império Romano (ocidente e oriente).
Império Romano Oriental e Império Romano Ocidental

Origem de Constantinopla
A cidade de Constantinopla foi estabelecida na cidade de Bizâ ncio, em 330
d.C. Atualmente, ela conhecida como Istambul, na Turquia.

Consciente de que Roma ficava um tanto afastada das fronteiras orientais do


Império Romano, e que era palco de confrontos, Constantino resolveu
mudar a capital do Império e escolheu o local por conta de sua localizaçã o
estratégica.

Batizada de Constantinopla em sua pró pria homenagem, Constantino


também chamou a cidade de “Nova Roma”. Governada pela legislaçã o
romana e marcada pela presença do Cristianismo, a língua oficial era o
grego.

Constantino e o Cristianismo

Durante muito tempo, o Cristianismo foi interpretado pelo Império Romano


como uma afronta, pois em vez de adorar ao Imperador, seus adeptos
adoravam a Deus.

Nesse período, os cristã os foram perseguidos e muitas de suas propriedades


e de seus lugares de culto foram confiscados. Era comum, por exemplo,
atirar cristã os aos leõ es no Coliseu de Roma para entreter as multidõ es.

Constantino teve um papel fundamental em prol do Cristianismo quando,


com Licínio, assinou em 313 d.C. o É dito de Milã o, decretando o fim da
perseguiçã o religiosa e garantindo oficialmente a legitimidade nã o só do
Cristianismo, mas também de todas as outras religiõ es.
Embora seja considerado como o primeiro Imperador romano a se
converter ao Cristianismo, alguns historiados defendem a ideia de que
Constantino, na verdade, era pagã o.

Neste sentido, sua posiçã o favorá vel à religiã o cristã nada mais era do que
um interesse político, pois o apoio dado à Igreja Cristã era uma forma de
manter a paz no Império Romano.

Prova disso é o fato de nunca ter frequentado missas ou outros atos


religiosos, e de apenas ter pedido para ser batizado e cristianizado no final
de sua vida, quando já sabia que a morte se avizinhava.

O Cristianismo só passou a ser a religiã o oficial do Império Romano em 380


d.C., através do É dito de Tessalô nica, por ordem do imperador Teodó sio I.

A cruz de Constantino
Um dia antes do confronto com Magêncio, que viria a ficar conhecido como a
Batalha da Ponte Mílvia, Constantino teve uma visã o enquanto olhava para o
sol: viu as letras X e P entrelaçadas com uma cruz, com o dizer em latim "In
Hoc Signo Vinces", que significa “Com este sinal, vencerá s”.

Assim, ordenou que todos os seus soldados pintassem uma cruz em seus
escudos e acabou por sair vitorioso do confronto. Uma segunda teoria afirma
que nã o tenha se tratado de uma visã o, mas sim de um sonho.

As letras X e P sã o as duas primeiras da palavra "Cristo" em grego: Χριστό ς

O Império Romano sob o domínio de Constantino


Durante o reinado de Constantino, o Império Romano passou por uma série
de reformas religiosas, administrativas e militares. Confira abaixo as
principais.

Reformas religiosas

 Legalizou o Cristianismo e as demais religiõ es através do É dito de Milã o.


 Unificou a igreja cristã , de modo a acabar com as divergências doutrinais.
 Convocou, em 325 d.C., o Concílio de Niceia, que validou a natureza divina
de Jesus através de uma votaçã o.

Reformas administrativas

 Fundou uma nova capital para o Império Romano: Constantinopla, também


chamada de Nova Roma.
 Estabeleceu que o cargo de senador deixasse de ser um cargo pú blico e
passasse a ser uma posiçã o administrativa hierá rquica.
 Permitiu aos senadores liberdade para eleger quem ingressaria no Senado.

Reformas militares

 Aboliu a guarda pretoriana, responsá vel por proteger a parte central do


acampamento, onde ficavam os oficiais do exército.
 Criou as escolas palatinas, que passaram a ser o nú cleo do sistema militar
romano.
 Colocou praticamente todas as forças militares mó veis à sua disposiçã o
imediata.

Curiosidades sobre Constantino

 Decretou o domingo como dia do descanso.


 Definiu a maneira de calcular a data da Pá scoa.
 Fixou o 25 de dezembro como o dia de Natal.

Império Bizantino

O Império Bizantino nasceu da divisã o do Império Romano, no ano de 395,


em Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla e Império
Romano do Ocidente, com capital em Milã o.

A cidade de Constantinopla, antes denominada Bizâ ncio, havia sido


rebatizada pelo Imperador Constantino no ano de 330. Atualmente, a cidade
recebe o nome de Istambul.

Por esta razã o, o Império Romano do Oriente passou para a histó ria como
“Império Bizantino”. Sua extensã o territorial compreendia a Península
Balcâ nica, a Á sia Menor, a Síria, a Palestina, o norte da Mesopotâ mia e o
nordeste da Á sia

Enquanto no Ocidente, o Império Romano desapareceu por conta das


invasõ es de diversos povos, o Império Bizantino conseguiu manter sua
unidade e seus habitantes chamavam-se a si mesmo de romanos.

Com a queda de Roma, em 476, o Império Bizantino passou a ser o herdeiro


das tradiçõ es romanas e sobreviveu mais mil anos.

Governo de Justiniano

Um dos principais imperadores bizantinos foi Justiniano (527-565), pois em


seu governo, o Império Bizantino atingiu o má ximo esplendor.

Filho de camponeses, Justiniano chegou ao trono em 527. Sua esposa,


Teodora, também vinha de origem humilde e exerceu decisiva influência
sobre a administraçã o do Império.

Justiniano foi também o responsá vel pela reconquista de territó rios que
antes haviam pertencido ao Império Romano do Ocidente, incluindo Roma, o
sul da Espanha e o norte da Á frica. Estas regiõ es haviam sido ocupadas pelos
povos germâ nicos.

Em laranja escuro, o Império Bizantino e na parte clara, os territó rios


conquistados por Justiniano
No poder, Justiniano procurou organizar as leis do Império. Encarregou uma
comissã o de juristas de elaborar o “Digesto”, uma espécie de manual de
Direito destinado aos estudantes, que foi publicado em 533.

Nesse mesmo ano foram publicadas as "Institutas", com os princípios


fundamentais do Direito Romano e no ano seguinte concluiu o Có digo de
Justiniano.

As três obras de Justiniano eram uma compilaçã o das leis romanas desde a
Repú blica até o Império Romano. Posteriormente, foram reunidas numa
ú nica obra o Codex Justinianus, depois chamado de Corpus Juris Civilis (Corpo
de Direito Civil).

O Imperador Justiniano também dotou a capital de grandes edifícios como a


igreja de Santa Sofia (Santa Sabedoria) e o palá cio imperial.

Características do Império Bizantino

Cultura bizantina
A cultura bizantina era uma mistura de influências romanas, helenísticas e
orientais.A cidade de Constantinopla era um importante centro comercial e
cultural, e foi dali que o cristianismo se expandiu.

Adotaram o grego como idioma oficial no século VII e mantiveram


constantes relaçõ es com os povos asiá ticos.

A pintura se desenvolveu juntamente com o Cristianismo e se caracteriza


pela frontalidade, pouca importâ ncia em retratar o corpo humano e o uso de
cores para ressaltar as figuras. A arquitetura combinava o luxo e a
exuberâ ncia do Oriente.

Queda de Constantinopla
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A queda de Constantinopla, também chamada de tomada de Constantinopla,


ocorreu em 29 de maio de 1453 e finalizou o Império Bizantino.

A cidade, considerada o centro do mundo, foi tomada pelos turcos otomanos e


a conquista marcou o fim da Idade Média e o início de uma nova época para a
Europa, o Renascimento.

A rota de acesso ao Mar Negro pela Europa, dando acesso à Índia, foi fechada.
Assim, houve a necessidade de busca de uma nova rota marítima, o que
resultou nas grandes navegações e as conquistas ultramarinas, com a
descoberta da América - o Novo Mundo.

Antecedentes
Em 330 d.C., o imperador romano Constantino fundou a cidade de
Constantinopla, que ficava sobre aldeia grega Bizâncio. O objetivo era
transformar o local em nova capital imperial. A cidade ficava em frente ao
estreito de Bósforo, que liga a Europa à Ásia.

Constantinopla foi durante séculos a sede do poder imperial, mesmo após a


queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C. A cidade era praticamente
imune, como o ocorrido em 378 d.C., quando foi atacada pelos godos, mas os
mouros impediram a conquista.

Por ser fundada por um imperador romano, a cidade era cristã e manteve a
linha de frente contra o Islã, mas ao fim da Idade Média, o poder bizantino foi
diminuindo.

Paralelo ao enfraquecimento do Império Bizantino, os turcos otomanos iniciam


uma série de conquistas e Constantinopla passa a integrar a rota dos desejos do
sultão.

Constantinopla já havia fraquejado após a Quarta Cruzada, em 1204, quando


caiu para os cavaleiros católicos e no século XIV, a Peste Negra - peste bubônica
- dizimou metade da população.

Foi em 1451, que o sultão otomano Mehmed II, que tinha 19 anos, iniciou o
programa bélico para conquistar Constantinopla.

Em 6 de abril de 1453, a tropa otomana, composta por 200 mil homens, atacou
a cidade, governada por Constantino XI - o último imperador bizantino.

A resistência bizantina foi grande, mas em 26 de maio, Mehemed II comandou o


grande ataque, levando ao campo soldados muçulmanos treinados durante
anos para a batalha. Entre os soldados estavam meninos cristãos sequestrados e
convertidos ao islamismo.

As consequências da queda de Constantinopla


Tomada, Constantinopla foi proclamada a nova capital do Islã e ganhou uma
nova posiçã o na Europa Oriental.
A Europa cristã permaneceu dois séculos e meio temendo uma completa
invasã o do Islã , principalmente apó s Viena sofrer com dois estados de sítios,
o primeiro em 1529, e o segundo, em 1683.

Por medo da conversã o forçada ao Islã , gregos e outros povos dos Balcã s
fugiram através do Mar Adriá tico para a Itá lia. Eles levaram consigo obras de
arte, manuscritos e estudos que foram imprescindíveis para o início do
Renascimento.

O império otomano dominou Constantinopla até o início da Primeira Guerra


Mundial.

Religiã o no Império Bizantino

A igreja de Santa Sofia, símbolo do esplendor do Império do Bizantino,


localizada em Istambul, Turquia

Justiniano procurou usar a religiã o cristã para unir o mundo oriental e


ocidental. Procedeu à construçã o da igreja de Santa Sofia (532 a 537),
monumento arquitetô nico com sua enorme cú pula central, apoiada em
colunas que terminam em capitéis ricamente trabalhados. Ali eram
consagrados os imperadores bizantinos.

Quando os turcos tomaram Constantinopla, em 1453, foram acrescentados


os quatro minaretes que caracterizam as mesquitas.

O cristianismo predominou no Império Bizantino, mas se desenvolveu de


forma distinta que no Ocidente. Enquanto este se via cada vez mais dividido,
a Igreja e o Imperador se uniam no Oriente.
Por isso, o Imperador passa a ser considerado como um dos chefes da Igreja
e esta uniã o foi chamada de “cesaropapismo” (césar + papa) ou "teocracia".

A Igreja Oriental utilizava a língua local nos seus cultos e nã o admitiam as


imagens tridimensionais. Já a Igreja no Ocidente nã o reconhecia o
Imperador como um chefe, empregava o latim nas suas cerimô nias e
veneravam esculturas.

Para os bizantinos, as imagens, denominadas ícones, deviam ser


bidimensionais e esta disputa acabou levando-os a um movimento de
destruiçã o conhecido como Iconoclastia. Assim, muitas obras de arte se
perderam enquanto nã o se chegou um acordo sobre a relaçã o da veneraçã o
das imagens.

Os questionamentos dos dogmas cristã os pregados por Roma deram origem


a algumas heresias - correntes doutriná rias discordantes da interpretaçã o
cristã tradicional.

As diferenças culturais entre Oriente e Ocidente e as disputas pelo poder


entre o Papa e o Imperador, culminaram na divisã o da Igreja, em 1054,
criando uma cristandade ocidental, chefiada pelo Papa; e uma oriental,
chefiada por um colegiado de bispos e o imperador. Esse fato recebeu o
nome de Cisma do Oriente.

A partir de entã o, a Igreja Oriental passou a ser conhecida como Igreja


Cató lica Ortodoxa e foi responsá vel por cristianizar lugares como a Rú ssia,
Bulgá ria, a Península do Balcã s, entre outros.

Economia no Império Bizantino


Situada numa posiçã o privilegiada, entre a Europa e a Á sia, na passagem do
Mar de Marmara para o Mar Negro, Constantinopla era ponto para os
comerciantes que circulavam entre o Oriente e o Ocidente. A cidade possuía
diversas manufaturas, como as de seda e um comércio desenvolvido.

Devido a prosperidade econô mica, a cidade era alvo de expediçõ es militares


de povos orientais e mais tarde, dos á rabes. Estava fortificada com muralhas
e os bizantinos desenvolveram o “fogo grego”, substâ ncia que permitia arder
mesmo na á gua.

A Queda do Império Bizantino

Apó s o auge do governo Justiniano, no século VI, o Império Bizantino nã o


expandiu mais seu territó rio. Seguiram-se anos de prosperidade, onde os
bizantinos desenvolveram um dos maiores impérios da Idade Medieval.
Por outro lado, com a conversã o dos á rabes ao islamismo, no séc. VII, vá rios
monarcas muçulmanos passam a atacar as fronteiras do Império Bizantino e
ocupá -lo.

Durante a Baixa Idade Média (séculos X a XV), além das pressõ es dos povos e
impérios nas suas fronteiras orientais e perdas de territó rios, o Império
Bizantino foi alvo da retomada expansionista ocidental. A Quarta Cruzada foi
particularmente nociva à Constantinopla. Ao invés dos cruzados atacarem
Jerusalém, preferiram guerrear contra um império cristã o e ainda
instalaram ali o Patriarcado Latino.

Com a expansã o dos turcos-otomanos no século XIV, tomando os Bá lcã s e a


Á sia Menor, o império acabou reduzido à cidade de Constantinopla.

O predomínio econô mico das cidades italianas ampliou o enfraquecimento


Bizantino, que chegou ao fim em 1453, quando o sultã o Maomé II destruiu as
muralhas de Constantinopla com poderosos canhõ es.

Os turcos transformaram-na em sua capital, passando a chamá -la de


Istambul, como é conhecida hoje.

Concílio de Trento

O Concílio de Trento foi realizado na cidade de Trento, na Itá lia, entre 1545
e 1563.

Neste Concílio foram reafirmados os dogmas de fé questionados pelos


protestantes como os sete sacramentos, a autoridade papal, a salvaçã o pelas
obras, o culto aos santo, e muitos outros.

Foi o 19º Concílio Ecumênico da Igreja Cató lica, considerado o mais longo e
que promulgou a maior quantidade de decretos dogmá ticos na histó ria.

Principais causas do Concílio de Trento

A principal causa do Concílio de Trento foi a expansã o da Reforma


Protestante durante o século XVI. Convocado pelo Papa Paulo III (1534-
1549), o Concílio buscava reformular a disciplina eclesiá stica e reafirmar
dogmas da doutrina cató lica que haviam sido contestados pelos
protestantes.

A igreja Cató lica, através dessa reuniã o, buscava adaptar a Igreja aos tempos
modernos, à s ideias humanistas e à centralizaçã o moná rquica que acontecia
na Europa do século XVI.
Por este motivo, ficou conhecido como o “Concílio da Contrarreforma”. Este
termo, "Contrarreforma", já nã o é utilizado por muitos historiadores, pois
reduz a visã o sobre as mudanças doutriná rias ocorridas nesta época. Agora,
se prefere chamá -la de “Reforma Cató lica”.

Neste momento surgem no qual novas ordens religiosas, como jesuítas e


vicentinos, se reestrutura as comunidades já existentes (ex. carmelitas),
dentro do espírito do Humanismo que se vivia.

Principais características do Concílio de Trento

Um concílio é um ato ecumênico (religioso) no qual comparecem os


emissá rios má ximos da Igreja Cató lica.

O Concílio de Trento foi a resposta da Igreja Cató lica ao humanismo cató lico
de pensadores como Thomas Morus ou Erasmo de Roterdã , mas também à
Reforma Protestante.

A Reforma Cató lica já havia sido iniciada com a criaçã o da Companhia de


Jesus em 1540, para a evangelizaçã o da Europa, Á sia e Américas. Os jesuítas,
como ficaram conhecidos, fundaram escolas, universidades e desenvolveram
uma nova espiritualidade, a inaciana.

Decisões do Concílio de Trento

Através das decisõ es do Concílio, realizado em 25 sessõ es plená rias, a Igreja


Cató lica conseguiu se renovar e manter-se pelos séculos seguintes.

Assim, a Igreja Cató lica reafirmou sobre a exclusividade do direito de


interpretar as Escrituras, reafirmou a doutrina da transubstanciaçã o; dos
sete sacramentos, a doutrina da graça e do pecado original. Ainda confirmou
o celibato clerical e o culto dos santos, das relíquias e das imagens. Definiu o
pecado original a indissolubilidade do matrimô nio.

Além disso, impô s o ritual da missa romana e revogou as peculiaridades


locais das celebraçõ es religiosas. Instituiu o “Index Librorum Prohibitorum”
(lista de livros proibidos pela Igreja Cató lica) vá lido para toda a Igreja.

Em relaçã o ao clero, foram criados os seminá rios, estabeleceu a obrigaçã o


dos bispos de morarem nas suas dioceses, proibiu a venda de cargos
eclesiá sticos e tomou medidas para evitar a comercializaçã o de indulgências.

Cronologia do Concílio de Trento

O Concílio de Trento foi interrompido diversas vezes devido à s divergências


políticas e religiosas causadas pela divisã o da Alemanha apó s a Reforma
Protestante. Igualmente, as sessõ es foram suspendidas devido à morte dos
papas Paulo III e Jú lio III, bem como pela entronizaçã o de Pio IV que
terminou o Concílio.

Assim, o 1º Período (1545-1548) do Concílio de Trento teve 10 sessõ es,


realizadas a partir de 13 de dezembro de 1545, quando compareceram 4
arcebispos, 21 bispos e 5 clérigos superiores de outras ordens religiosas.
Posteriormente, em 1547, a reuniã o foi transferida para Bolonha; contudo,
Jú lio III (1550-1555), mudou a sede do Concílio para Trento novamente em
1550.

Por sua vez, o 2º Período (1551-1552) contou com 6 sessõ es e iniciou-se em


1º de maio de 1551.

O 3º Período (1562-1563) foi realizado em 9 sessõ es, com início em 18 de


janeiro de 1562, para concluir as ú ltimas pendências religiosas e foi
convocado pelo Papa Pio IV.

O Movimento Iconoclasta ocorreu durante o Império Bizantino nos séculos


VIII e IX, e representou um dos mais importantes conflitos político-religiosos
contra a veneraçã o, contemplaçã o ou adoraçã o de ícones e imagens de
cunho religioso. Os conflitos ocorreram durante o império de Leã o III (717-
741) e de Teó filo (829-842), seu neto.

A Grande preocupaçã o dos iconoclastas era de ordem política e religiosa,


uma vez que almejavam evitar a aproximaçã o entre os povos que possuíam
outras religiõ es, em detrimento da religiã o cató lica, e, além disso, temiam o
poder e influência econô mica e política da Igreja, que cada vez mais se
expandia pelo Império Bizantino com a construçã o de mosteiros, igrejas,
templos.

Do grego, a palavra Iconoclasta surge da uniã o dos termos “eikon” (imagem)


e “klastein” (quebrar) que significa “quebrador de imagem”, ou seja, os
iconoclastas se opõ em as crenças baseadas nas imagens de Cristo, Virgem
Maria, santos, anjos, líderes religiosos, dentre outros.

Até os dias atuais, é possível encontrar a iconoclastia em religiõ es como o


Cristianismo, Judaísmo, Islamismo.

Resumo

No ano de 730, o imperador Leã o III (717 a 741), o Isaurense, foi o propulsor
do movimento iconoclasta, afirmando que os indivíduos deviam adorar
somente Deus, desprezando assim as imagens.
A Idolatria (e criaçã o de ídolos) era proibida, o que levou a destruiçã o de
vá rios ícones religiosos presente nos templos, igrejas e mosteiros (imagens,
afrescos, mosaicos, pinturas, etc.) e ainda, a tortura, perseguiçã o e exílio dos
iconó filos, ou seja, aqueles que cultuam as está tuas e imagens de santos,
anjos e seres iluminados, por exemplo, os monges.

Observe que durante a Constituiçã o do Império Bizantino, a religiã o Cató lica


era predominante, no entanto, o Império Bizantino surge com a divisã o do
Império Romano em dois: Império Romano do Oriente, com capital em
Constantinopla, e Império Romano do Ocidente, com capital em Milã o. Os
Cristã o do Oriente foi os que fizeram parte do Movimento Iconoclasta.

Além de Leã o III, seu filho Constantino V, em 754, propagou a destruiçã o de


imagens no Império Bizantino, fomentando assim, a causa iconoclasta que
acabou durante o Concílio de Niceia II, no século IX. Assim, nesse evento
ocorrido em 787, novamente a adoraçã o e culto as imagens foi liberada.

Os Concílios da Igreja
11 de outubro de 2013 Bíblia e Catequese Atualidade 0

Os Concílios Ecumênicos e Gerais

A palavra Concílio significa “assembleia reunida por convocaçã o”. É uma


instituiçã o tradicional na vida da Igreja desde os tempos apostó licos, quando
vimos os apó stolos reunidos em Jerusalém para discutirem a questã o da
disciplina a ser aplicada aos judeus-cristã os e aos pagã os convertidos à fé
cristã .

A Igreja Ortodoxa preferiu a palavra Sínodo para as reuniõ es eclesiais, o


mesmo acontecendo com as Igrejas da Reforma protestante e calvinista.

Apó s o Vaticano II, a palavra Sínodo adquiriu grande força na organizaçã o


pastoral da Igreja Cató lica, que realiza sínodos diocesanos, regionais,
nacionais e continentais.
Paulo VI, em 1965, instituiu o Sínodo dos Bispos, uma Assembleia
internacional de bispos para auxiliar o Papa no governo da Igreja.

O Sínodo Diocesano, a partir de 1983, significa a reuniã o do bispo com os


delegados dos presbíteros, diá conos, religiosos e leigos. É a Igreja que,
sobretudo depois do Concílio Vaticano II, se caracteriza como comunhã o.
Concílios do Primeiro Milênio

Sã o Concílios convocados por iniciativa do Imperador que via na unidade da


fé um pressuposto para a unidade do Império. Geralmente foram celebrados
no Oriente, com escassa participaçã o ocidental. A presença dos legados
papais garantia a ecumenicidade do Concílio, como também a autoridade do
Concílio dependia da ratificaçã o de Roma. A assinatura final do Imperador
tornava as decisõ es conciliares obrigató rias no Império.

1) Nicéia (325): Condenou Ario e formulou o Credo niceno. Definiu que o


Verbo, Jesus, é Deus verdadeiro, gerado de Deus verdadeiro, e tem a mesma
substâ ncia do Pai.
2) Constantinopolitano I (381): Reafirmou o Credo niceno e condenou
Apoliná rio. Proclamou que o Espírito Santo procede do Pai e com o Pai e o
Filho é adorado e glorificado.
3) Éfeso (431): Condenou Nestó rio e aprovou as Cartas de Cirilo. Maria é
Mã e de Deus (Theotokos).
4) Calcedônia (451): Condenou Ê utiques e formulou uma profissã o de fé
cristoló gica: Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, tem uma só
pessoa (divina) em duas naturezas (divina e humana), sem divisã o nem
separaçã o. Da nã o aceitaçã o das decisõ es conciliares surgiram as Igrejas
“monofisitas”. Elas afirmam que em Jesus há uma ú nica natureza.
5) Constantinopolitano II (553): Condenou os “Três Capítulos” (escritos
filo-nestorianos) e rejeitou o origenismo. Sublinhou a unidade da Pessoa do
Verbo encarnado.
6) Constantinopolitano III (680-681): Condenou o monotelismo,
reafirmando as duas naturezas da ú nica Pessoa de Cristo, para afirmar a
existência, nele, de suas vontades (divina e humana).
7) Nicéia II (787): Condenou o iconoclasmo (proibiçã o do culto à s imagens):
justificando o culto das imagens (ícones), naturalmente culto de honra e nã o
de adoraçã o. Foi um grande problema na vida da Igreja oriental.
8) Constantinopolitano IV (869-870): Condenou Fó cio, patriarca de
Constantinopla. Decisã o nã o aceita pelos ortodoxos, pois viram nessa atitude
de Roma uma intromissã o ilegítima na vida de um outro Patriarcado.

Os sete primeiros Concílios ecumênicos detêm uma autoridade pró pria por
representarem a vida da Igreja una e indivisa do primeiro milênio.

Concílios da Igreja no Segundo Milênio


Receberam o nome de “ecumênicos” mas, na verdade, prevaleceu o costume
de denominá -los Concílios Gerais da Igreja do Ocidente, pois foram
celebrados apó s o cisma de 1054 entre a Igreja cató lica e a ortodoxa, entre
Oriente e Ocidente.

Os Concílios Medievais
9) Lateranense I (1123) – Celebrado em Sã o Joã o de Latrã o. Este concílio
limitou o poder imperial na vida interna da Igreja e acentuou a centralizaçã o
da Igreja em Roma.
10) Lateranense II (1139) – Condenou Arnaldo de Bréscia e publicou os
decretos de reforma.
11) Lateranense III (1179) – Discutiu os procedimentos para a eleiçã o de
um Papa.
12) Lateranense IV (1215) – Condenou o maniqueísmo, a publicaçã o dos
decretos de reforma e instituiu o Tribunal da Inquisiçã o para o combate à
heresia. Foi o maior Concílio medieval e sinalizou o apogeu do poder papal.
13) Lyon I (1245) – Destronizou Frederico II, imperador insubmisso à
autoridade papal.
14) Lyon II (1274) – Buscou reunificar a Igreja oriental e ocidental, mas com
sucesso limitado. Procurou-se solucionar as questõ es disciplinares na vida
da Igreja e alargar a açã o reformadora dos papas. Cresce o poder pontifício.
15) Vienne (1311-1312) – Discutiu o problema da Ordem dos Templá rios,
vítimas de acusaçõ es injustas, a cobiça dos reis e a pobreza franciscana.
16) Constança (1414-1417) – Fim do grande Cisma do Ocidente, mas logo
tornado sem efeito, pois a Igreja passa a ser governada por dois – num
tempo três – papas.
17) Ferrara-Florença (1437-1439) – Buscouse alcançar a reunificaçã o com
a Igreja do Oriente, mas, devido aos condicionamentos políticos –
Constantinopla necessitava da ajuda militar do Ocidente contra os turcos –
nã o foi aceito pelo povo e pelo clero bizantino. Em 1453 Constantinopla caiu
nas mã os dos turcos, terminando o Império Romano do Oriente.
18) Lateranense V (1512-1517) – Debateu-se a reforma da Igreja, assolada
pela corrupçã o em Roma e em muitas dioceses e mosteiros. As decisõ es
sobre a reforma foram ignoradas porque atingiam privilégios da Cú ria
romana e o papa estava mais preocupado com a política eclesiá stica. O final
do Concílio coincide com o início da pregaçã o reformadora de Martinho
Lutero.
Os Concílios da Era Moderna
19) Trento (1545-1563) – Os bispos deram uma resposta satisfató ria e
possível à s questõ es teoló gicas suscitadas pela Reforma protestante. Foi o
grande Concílio que iniciou a Contra Reforma, isto é, a verdadeira reforma
da vida interna da Igreja, salientando-se a missã o espiritual e pastoral dos
bispos e padres. Marcou a fisionomia da Igreja até nossos dias.
20) Vaticano I (1869-1870) – Convocado por Pio IX em meio aos ataques do
racionalismo,positivismo e socialismo, na iminência da conquista de Roma
que pô s fim aos Estados Pontifícios, afirmou a origem divina da Revelaçã o e
sancionou a infalibilidade papal em questõ es de fé e de moral, centralizando
o catolicismo na pessoa do Papa.
21) Vaticano II (1962-1965) – Convocado por Joã o XXIII e concluído por
Paulo VI, procurou responder aos grandes desafios postos à vida da Igreja
pela modernidade. Eminentemente pastoral, o Vaticano II deu à Igreja um
novo modo de olhar o mundo (ser solidá ria), os outros cristã os (ecumênica),
as outras religiõ es (dialogante). Igreja Povo de Deus, servidora do mundo e
da humanidade. Deu um grande impulso na renovaçã o da vida interna da
Igreja, dos estudos bíblicos e da liturgia.
Para Refletir

1- Qual a importâ ncia dos Concílios na Igreja Cató lica?

2 – Quais foram as maiores conquistas do Concílio Ecumênico Vaticano II?

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