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Autonomia x Vergonha e Dúvida: entre 2–3 anos.

INTRODUÇÃO

Erik Erikson foi um psicó logo que desenvolveu uma das teorias do
desenvolvimento mais populares e influentes. Embora sua teoria tenha
sido influenciada pelo trabalho do psicanalista Sigmund Freud, a teoria de
Erikson centra no desenvolvimento psicossocial ao invés de
desenvolvimento psicossexual.

Erik Erikson propô s uma teoria do desenvolvimento psicossocial que


abarcou o desenvolvimento por toda a vida ú til.

Foi pioneiro em algumas frentes: primeiro discípulo de Anna Freud e também


o primeiro homem a se lançar à psicaná lise de crianças, atividade até entã o
reservada à s mulheres. Dedicou-se também à adolescência, ao mudar-se para
o Estado da Califó rnia, na costa oeste dos Estados Unidos.
Em contacto com os conflitos ligados ao comunitarismo da sociedade
americana, Erikson redigiu seus trabalhos baseando-se na Ego Psychology
(Psicologia do Eu). Ao desenvolver ideias pró prias, renunciou a uma
concepçã o puramente psíquica da organizaçã o da personalidade.

Ligava a noçã o de está dio (no sentido freudiano) à de evoluçã o bioló gica e
social, afirmando que uma pedagogia da adolescência era necessá ria para
superar os conflitos de geraçõ es. Os freudianos clá ssicos o acusaram de
minimizar o peso do psiquismo inconsciente e negligenciar as relaçõ es
edipianas e pré-edipianas.

Erikson ganhou notoriedade na década de 1960, por ter atendido a John


Fitzgerald Kennedy Jr. Sua mã e, Jacqueline Kennedy, queixava-se de que o
menino tinha dificuldades para aprender. É famosa a interpretaçã o de
Erikson sobre o desenho que John-John fez, colocando-se embaixo da mesa
de seu pai, já falecido na época. O psicanalista explicou que o menino tinha a
figura do pai como algo grandioso, sempre a envolvê-lo, um fardo que John-
John carregaria até a morte.

Ao longo de sua carreira, Erikson tornou-se professor na Escola de Medicina


de Harvard, onde criou um grupo de pesquisas com o seu nome. Ensinou
também no Massachusetts Institute of Technology. Redigiu vá rias
psicobiografias de homens célebres como Jesus Cristo, Charles Darwin,
Sigmund Freud, entre outros. Sua obra sobre Gandhi recebeu o Prêmio

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Pulitzer em 1970, e a que abordou a vida de Lutero foi considerada um


clá ssico do gênero. As psicobiografias introduzem uma perspectiva analítica,
com o uso de uma teoria da personalidade, sobre o sujeito biografado,
conectando-o a fatores de seu contexto associados à sua trajetó ria.

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Erik Erikson e a construção da identidade


Alemão que construiu carreira nos Estados Unidos modificou teoria
freudiana sobre o desenvolvimento psicossexual

A questã o da construçã o da identidade ao longo da vida, mas em especial na


adolescência, que constituiria um tempo de morató ria psicossocial, está no
centro da obra do psicanalista germano-americano Erik Erikson (1902-
1994). Nascido em Frankfurt, na Alemanha, Erikson nunca conheceu o pai
bioló gico, que abandonou sua mã e antes de seu nascimento. De origem
dinamarquesa, a mã e se casou com um pediatra alemã o judeu. Erikson foi
educado sem conhecer sua pró pria histó ria. Esconderam-lhe principalmente
que seu pai era dinamarquês e que deixara sua mã e.

Quando descobriu sua verdadeira histó ria, abandonou o sobrenome


Homburger do padrasto e fabricou um sobrenome, utilizando o processo
escandinavo, que consiste em acrescentar o sufixo “son” (filho) a um nome
pró prio. Assim, tornou-se Erik Erikson, ou seja, Erik, filho de Erik.

Em 1927, instalou-se em Viena como pintor especializado em retratos de


crianças. Iniciou-se também nos métodos pedagó gicos de Maria Montessori.
Sob a direçã o de Anna Freud, Erikson e um grupo de psicanalistas de crianças
abriram uma escola frequentada por crianças em tratamento psicanalítico,
cujos pais também faziam aná lise. Como foi muito bem-sucedido nessa expe-
riência pedagó gica, iniciou também sua formaçã o psicanalítica com Anna
Freud e começou a redigir seus primeiros artigos sobre pedagogia e
psicaná lise.

Então, no que exatamente a teoria do desenvolvimento psicossocial de


Erikson implica?

Muito parecido com Sigmund Freud, Erikson acredita que a personalidade se


desenvolve em uma série de etapas. Ao contrá rio da teoria dos estágios
psicossexuais de Freud, a teoria de Erikson descreve o impacto da
experiência social ao longo de toda a vida. Erikson estava interessado em
como a interaçã o social e relaçõ es desempenham um papel no
desenvolvimento e crescimento dos seres humanos.

Um dos principais elementos da teoria de está gios psicossociais de Erikson é


o desenvolvimento da identidade do ego. 

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Identidade do ego é o sentido consciente de si que nó s desenvolvemos através


da interaçã o social. De acordo com Erikson, a nossa identidade do ego está em
constante mutaçã o devido à s novas experiências e informaçõ es que
adquirimos em nossas interaçõ es diá rias com os outros. À medida que
enfrentamos cada novo está gio de desenvolvimento, estamos diante de um
novo desafio que pode ajudar a desenvolver ou dificultar o desenvolvimento
da identidade.

Quando os psicó logos falam sobre identidade, eles estã o se referindo a todas
as crenças, ideais e valores que ajudam, formam e guiam o comportamento
de uma pessoa.

A formaçã o da identidade é algo que se inicia na infâ ncia e torna-se


particularmente importante durante a adolescência, mas Erikson acredita
que é um processo que continua ao longo da vida. Nossa identidade pessoal
dá a cada um de nó s um sentido integrado e coeso de si que permanece e
continua a crescer à medida que envelhecemos.

Nosso senso de identidade pessoal é moldado por nossas experiências e


interaçõ es com os outros, e é essa identidade que ajuda a guiar nossas açõ es,
crenças e comportamentos e nos ajuda a crescer e se desenvolver ao longo da
vida.

Além da identidade do ego, Erikson também acreditava que um senso de


competência motiva comportamentos e açõ es. Cada etapa na teoria de
Erikson está preocupada com tornar-se competente em uma á rea da vida. Se
a fase é bem desenvolvida, a pessoa vai sentir uma sensaçã o de domínio, que
é por vezes referida como a força do ego ou a qualidade ego. Se a fase é mal
gerida, a pessoa vai sair com um sentimento de inadequaçã o.

Em cada etapa, Erikson acreditava que as pessoas experimentam


um conflito que serve como um ponto de viragem no desenvolvimento. Na
visã o de Erikson, estes conflitos estã o centrados em desenvolver uma
qualidade psicoló gica ou deixar de desenvolver essa qualidade. Durante estas
fases, o potencial para o crescimento pessoal é alto, mas assim também é o
potencial para o fracasso.

Se as pessoas lidam com sucesso com o conflito, elas emergem com forças
psicoló gicas que irã o atendê-las bem para o resto da sua vida. Se elas nã o
conseguem lidar eficazmente com estes conflitos, elas nã o podem
desenvolver as habilidades essenciais necessá rias para um forte senso de
identidade e de si.

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Os pontos fortes da teoria de desenvolvimento psicossocial de Erikson

Um dos pontos fortes da teoria psicossocial de Erikson é que ela fornece um


quadro amplo do desenvolvimento ao longo de toda a vida. Ela também nos
permite enfatizar a natureza social do ser humano e a influência importante
que as relaçõ es sociais têm sobre o desenvolvimento.

Os investigadores encontraram provas que sustentam as idéias de Erikson


sobre a identidade e ainda identificaram diferentes sub-fases da formaçã o de
identidade. Algumas pesquisas também sugerem que as pessoas que formam
fortes identidades pessoais durante a adolescência sã o mais capazes de
formar relacionamentos íntimos durante a idade adulta.

Limitações da Teoria Psicossocial

Que tipos de experiências sã o necessá rios para concluir com êxito cada
etapa? Como é que uma pessoa se desloca de um está gio para o pró ximo?
Uma grande fraqueza da teoria psicossocial é que os mecanismos exatos de
resoluçã o de conflitos e como se desloca de um está gio para o pró ximo nã o
sã o bem descritos ou desenvolvidos. A teoria deixa de detalhar exatamente
que tipo de experiências sã o necessá rias em cada fase, a fim de resolver com
êxito os conflitos e passar para a pró xima fase.

A fase de aquisiçã o da linguagem coincide com o senso de autonomia. A


criança começa a entender que é um ser social dentre outros e a aprender a
manipular objetos. Ser ela pró pria é aceitá vel nesse círculo social
desenvolvendo sua autonomia. Contudo, críticas repressivas tendem a causar
sentimentos de dú vida ou vergonha. A vergonha seria uma raiva de si mesmo
pela exposiçã o à censura.

A teoria de desenvolvimento de Erik Erikson considera o ser humano como


um ser social, um ser que vive em grupo e sofre a pressã o e a influência deste.
Por isso, a sua teoria é designada psicossocial. O autor considera o ciclo vital
como um contínuo, onde cada fase influencia a seguinte.

Características do desenvolvimento na teoria de Erikson


O foco fundamental de desenvolvimento sã o as relaçõ es sociais;

As propostas dos está gios psicossociais envolvem outras partes do ciclo vital,
além da infâ ncia, ampliando a proposta de Freud. Nã o existe uma negaçã o da
importâ ncia dos está gios infantis (afinal, neles se dá todo um
desenvolvimento psicoló gico e motor), mas Erikson observa que o que

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construímos na infâ ncia em termos de personalidade nã o é totalmente fixo e


pode ser parcialmente modificado por experiências posteriores;

A cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas do seu ego,
mas também das exigências do meio em que vive, sendo, portanto, essencial a
aná lise da cultura e da sociedade em que vive o sujeito em questã o;

Em cada está gio o ego passa por uma crise (que dá nome a  esse está gio). Esta
crise de ter um desfecho positivo (ritualizaçã o) ou negativo (ritualismo).

Da soluçã o positiva da crise surge um ego mais rico e forte; da soluçã o


negativa resulta um ego mais fragilizado.

Está gios de desenvolvimento de Erickson

A cada crise, a personalidade vai-se reestruturando e se reformulando, de


acordo com as experiências vividas, enquanto o ego vai- se adaptando aos
seus sucessos.

Assim, Erikson apresenta oito estágios fundamentais:

Confiança vs desconfiança [0 – 1 anos];

Autonomia vs vergonha e dúvida [2-3 anos];

Iniciativa vs culpa [3-5 anos];

Esforço vs inferioridade [5-11 anos],

Clarificação de identidade vs confusão de papéis [11-20 anos];

Intimidade vs isolamento [20-35 anos];

Produtividade adulta vs estagnação [35-65 anos] e

Integridade vs desespero [65 - + anos].

Em cada uma destas fases também se desenvolve uma virtude particular.

A criança começa a ganhar alguma independência, executando acçõ es


bá sicas por conta pró pria e tomando decisõ es simples sobre o que prefere

Ao permitir que ela faça escolhas e tenha algum controle, pais e cuidadores


ajudam a desenvolver um senso de autonomia

Como Freud, Erikson também acredita que o treino da toalete é uma parte
vital desse processo
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Outros eventos importantes: escolhas alimentares, preferências de


brinquedo, selecçã o de roupas etc.

Crianças que concluem com êxito esta fase se sentem seguras e confiantes,
enquanto aquelas que nã o o fazem têm sentimentos de inadequaçã o,
vergonha e insegurança

A obtenção de um equilíbrio entre a autonomia X vergonha e dúvida


leva à vontade (crença de que se pode agir com intenção, dentro de
limites)

O está gio Autonomia X Vergonha e Dú vida (12-18 meses aos 3 anos) é o


período em que a criança consegue controlar suas necessidades fisioló gicas,
criando sua independência e autonomia. Esta fase dá a criança à confiança e
liberdade para construir de forma independente coisas novas, sem o medo de
estar errada. Se, no entanto, for ridicularizada ou criticada desenvolverá
vergonha e dú vida quanto a sua a autonomia, voltando ao está gio anterior e
tendo novamente uma dependência.

Segundo Papalia e Feldman nesse está gio a criança desenvolve um equilíbrio


de independência e auto-suficiência no que diz a respeito à vergonha e à
dú vida e traz como virtude a vontade.

Neste está gio autonomia x vergonha e dúvida,  corresponde ao está gio anal


freudiano. A criança já tem algum controle de seus movimentos musculares.
Entã o direcciona a sua energia às experiências ligadas
à  actividade explorató ria e à conquista da autonomia. Porém, logo, a criança
começa a compreender que nã o pode usar sua a energia explorató ria à
vontade, que tem que respeitar certas regras sociais e incorporá -las ao seu
ser, fazendo assim uma equaçã o entre a manutençã o muscular, conservaçã o e
o controle. Virtude: vontade.

A aceitaçã o deste controle social pela criança tem implicaçõ es na


aprendizagem ou no início desta no que se espera da criança, quais sã o os
seus privilégios, obrigaçõ es e limitaçõ es.

Desta aprendizagem, surge também a capacidade e as atitudes judiciosas, ou


seja, surge o poder de julgamento na criança, já que ela está aprendendo as
regras.

A IMPORTÂNCIA DESTA TEÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O


DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

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Na Autonomia X Vergonha e Dúvida ainda se mantêm na creche ambiente


escolar destinado para crianças de zero a três anos de idade. Nesse está gio a
criança já possui algum controle de seus movimentos musculares
(necessidades fisioló gicas) o que traz a ela sua independência e autonomia.
Nas regras da turma a criança começa a aceitar o controle social que acarreta
no aprendizado ou no início dele e o que estas regras esperam dela, quais sã o
suas prioridades, obrigaçõ es e limites. Deste aprendizado surge a capacidade
e o poder de julgamento já que está aprendendo as regras. Segundo Beck, a
criança neste está gio arrisca colocar em prá ticas prová veis habilidades que
acredita ter e quando nã o consegue realizar uma determinada tarefa, pode
gerar um sentimento de culpa. Portanto, é fundamental que o educador ou
professor incentive a criança a ter o autocontrole, a autonomia pessoal e
desenvolver actividades que contribuam para a coordenaçã o motora e o
raciocínio. É imprescindível que nã o ocorra nenhuma situaçã o que a
constranja ou a ridicularize para que nã o surja a vergonha e dú vida quanto
sua autonomia e que acabe por fazer com que a criança volte ao está gio
anterior.

Como já referimos acima, na Educaçã o Infantil e nos anos iniciais da


escolarizaçã o (Creche) tem como objetivo o desenvolvimento pleno da
criança. Este período escolar torna-se a extensã o do lar, uma vez que o
ambiente mais conhecido pela criança é o ambiente familiar, no qual
encontra-se o seu maior laço afectivo. Para os bebês desvincular-se da mã e é
algo negativo que traz insegurança já que sua atençã o está voltada para a
mã e, a qual satisfaz suas necessidades e desejos. E justamente sentindo falta
da mã e que o bebê começa a lidar com a sua virtude que é a esperança, onde
o bebê se dá conta que sua mã e nã o está ali ou está demorando a voltar,
criando a esperança de sua volta. Quando a mã e volta ele entende que pode
querer e esperar, porque mesmo que os objectos e pessoas existentes
estejam distantes de sua visã o irã o voltar.

Quadro: Comportamentos associados a um desenvolvimento mais ou menos saudável durante


os primeiros cinco estágios psicossociais de Erikson Erik Erikson (1902 — 1994)

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Sinais exteriores de crescimento menos s
Sinais exteriores de crescimento saudável
audável
I- Expressão de desconfiança

Evita relações interpessoais;


I- Expressão de confiança
Desconfiado, fechado, reservado;
Investe nas relações; Atitude aberta e confiante;
Deixa a mãe afastar-se; Aceita bem o toque; Pouco à vontade em deixar a mãe afastar-
se; Solitário e infeliz;
Bom contacto ocular; Partilha o self e os bens.
Contacto ocular pobre;

Não partilha o self e os bens.


II- Expressões de vergonha e dúvida
II- Expressões de autonomia Independente;
Protelação frequente;
Não facilmente direccionado; Resiste a ser dominado;
Tem problemas em trabalhar sozinho;
Capaz de se pôr em pé; Precisa de estrutura e direcções;

Trabalha bem sozinho ou com outros; Assertivo, É facilmente influenciável;


quando necessário
Fica embaraçado, quando elogiado.
III- Expressões de iniciativa
III- Expressões de culpa
É um auto–didacta; Aceita desafios;
É facilmente depressível. Deixa-se ir abaixo;
Assume papéis de liderança;
Postura abatida; Contacto ocular pobre;
Estabelece objectivos e tenta alcançá- los. baixos níveis de energia.
Movimenta-se corporalmente de modo fácil e livre.
IV- Expressões de diligência IV- Expressões de inferioridade

Pensa no funcionamento das coisas; Acaba o que Tímido, de algum modo


começou. Gosta de reservado; Protelação frequente;

“projectos”. Gosta de aprender; Gosta de Um observador, não um produtor; Questiona

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experimentar. a própria capacidade.


V -
V- Expressões de identidade
Expressões de confusão de identidade
Certeza sobre a identidade do papel sexual. Não é
Dúvidas sobre o papel sexual; Falta de auto-
demasiado susceptível à pressão dos pares;
confiança (inseguro);
Planos para o futuro;
Abertamente hostil para a autoridade ou
Desafia a autoridade dos adultos; Tende a auto abertamente obediente;
aceitar-se.
Tende a ser auto-rejeitante.
1. Confiança x Desconfiança: até 2 anos.
Nesse estágio, o bebê interage com seus cuidadores próximos. Desses primeiros atos de
socialização surge um sentimento de segurança que desenvolverá a confiança nas pessoas e no
ambiente. Os comportamentos de insegurança, desconfiança e ansiedade seriam efeitos
colaterais de negligência nessa fase.

2. Autonomia x Vergonha e Dúvida: entre 2–3 anos.


A fase de aquisição da linguagem coincide com o senso de autonomia. A criança começa a
entender que é um ser social dentre outros e a aprender a manipular objetos. Ser ela própria é
aceitável nesse círculo social desenvolvendo sua autonomia. Contudo, críticas repressivas
tendem a causar sentimentos de dúvida ou vergonha. A vergonha seria uma raiva de si mesmo
pela exposição à censura.

3. Iniciativa x Culpa: entre 4–5 anos.


Uma vez desenvolvida a autonomia, a criança parte para a iniciativa. Aplica suas capacidades
físicas e mentais para expandir em outras áreas de forma criativa e social. Amplia sua rede social
além da família imediata, alfabetiza-se e desenvolve a imaginação. Os mesmos brinquedos
ganham funções diferentes e o mundo ao redor é mais explorado intensamente. A iniciativa (ou
falta dela) gera a responsabilidade, internalizada na forma de culpa.

4. Diligência x Inferioridade: entre 6–11 anos.


A liberação da criatividade é um verdadeiro dique se abre. Surge, então, a necessidade de
controlar a imaginação e direcionar o foco criativo para processos de socialização formal,
principalmente a educação. A industriosidade, a diligência e a perseverança são recompensantes.
Contudo, se há muita cobrança ou inadmissão de falhas, pode surgir uma desmotivação e
sentimento de inferioridade.

5. Identidade x Confusão de Identidade: entre 12 – 18 anos.


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Autonomia x Vergonha e Dúvida: entre 2–3 anos.

Já na adolescência domina a demanda pela identidade. A tensão entre ser diferente e se


conformar às normas de algum grupo para ser aceito gera a crise de identidade. Há pressão para
assumir um papel na sociedade (qual carreira seguir? Quem sou na minha família? Quem sou?
Como quem vou me relacionar?)

Acompanhado pelas drásticas e autoconscientes transformações biológicas, o adolescente muda


rapidamente muito de seus traços de personalidade. Às vezes, não se reconhece nos novos
papéis, resultando em uma confusão.

6. Intimidade x Isolamento: entre 19—40 anos.


Uma vez estabelecida a identidade, a pessoa aproxima-se de outras conforme os valores, gostos
e interesses que em conjunto formam essa mesma identidade. Essa socialização em faculdades,
trabalho ou relacionamento íntimo requer uma identidade forte, “saber o que quer”. A
incompreensão (mútua ou não) de outros sujeitos ou a dificuldade em forjar relações íntimas
podem empurrar a pessoa para o isolamento.

7. Generatividade x Estagnação: entre 40—60 anos.


A socialização adulta anterior pode resultar em uma carreira, família ou amizades duradouras.
Aqui começa uma atividade reflexiva de transmissão dos bastões. É o tempo de educar seus
filhos. Socialmente, é quando se torna comum engajar-se em causas com uma articulação maior
e menos com improvisos ou paixões espontâneas. O papel profissional requer tanto
reconhecimento quanto influência em seu meio, inclusive além das recompensas meramente
utilitárias. Se os projetos frustram ou sua autoavaliação não é satisfatória, há um estagnação e
autossabotagem.

8. Integridade x Desespero: entre 60 anos e resto da vida.


É a fase do balanço. A pessoa madura reflete sua vida. Sua história e legado são avaliados. Quer
por arrependimento ou gratidão, a pessoa pode se tornar mais doce. Quer por revolta ou
indiferente, uma pessoa amarga que liga menos para a opinião alheia. Contudo, se não houver
um sentimento de realização, a tendência é ao desespero e não conformidade com o fim da vida.

A não resolução satisfatória de uma fase afetaria as fases subsequentes. Entretanto, Erik Erikson
acreditava que a terapia poderia encontrar meios para superar e compensar um estágio
deficiente.

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CONCLUSÃO

Considerando o exposto, a Educaçã o Infantil e a Psicologia sã o


imprescindíveis para o desenvolvimento infantil. Tendo como base a Teoria
Psicossocial de Erik Erikson pode-se compreender os está gios do
desenvolvimento e perceber que o desenvolvimento da personalidade inicia
na infâ ncia e percorre por toda vida. Os está gios mostram a importâ ncia das
etapas do desenvolvimento humano, mais específico na infâ ncia, na qual a
nossa pesquisa atentou-se mais aos detalhes. Fica notá vel a
indissociabilidade entre a Educaçã o e Psicologia e as poucas referências
sobre esta temá tica. Tendo em vista que a Educaçã o Infantil é o início da
escolarizaçã o período no qual a criança inicia sua fase do desenvolvimento,
destaca-se a visibilidade da relaçã o imutá vel entre a Educaçã o Infantil e os
está gios do desenvolvimento psicossocial para a totalidade da criança.

REFERÊ NCIAS BIBLIOGRÁ FICAS

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SANTROCK, John W. Child Development. Nova Iorque: McGraw-


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BECK, C. As 8 idades do homem: os está gios do desenvolvimento


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ed. Monte Claros: UNIMONTES, 2014

ERIKSON, E.H. Infâ ncia e Sociedade. Editora Zahar Editores, 1971


LEITE, A. A. M.; SILVA, M. L. Um estudo bibliográ fico da Teoria
Psicossocial de Erik Erikson: contribuiçõ es para a educaçã o.

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