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ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO.

Profº.: José Ribeiro de Sousa.

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Teresina-PI, Março de 2022.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 3

ECUMENISMO CRISTÃO. .................................................................................................... 4

CONCILIOS ECUMENICOS. ................................................................................................. 5

MOVIMENTO ECUMÊNICO NO SÉCULO 20. .................................................................... 20

CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS. ................................................................................. 20

ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO. .............................................................. 24

DIÁLOGO E ALTERIDADE .................................................................................................. 26

1 DIALOGAR: EXIGÊNCIA DO UNIVERSO E DO PLANETA TERRA. ................................ 26

2 DIÁLOGO: NATUREZA E HUMANIDADE ENTRE O SIMBÓLICO E DIABÓLICO............ 27

3 DIÁLOGO E ALTERIDADE: O ENCONTRO COM O DIFERENTE. .................................. 28

4 DIÁLOGO ENTRE AS RELIGIÕES................................................................................... 30

REFERÊNCIAS. .................................................................................................................. 32

ANEXO A.

EM BUSCA DA UNIDADE: Aspectos do Ecumenismo e do Diálogo Inter-religioso..............33


3

INTRODUÇÃO.

Para se falar sobre Ecumenismo é necessário recorrer à historia do


pensamento cristão e extrair elementos que possam servir de embasamento solido.
O cristianismo por ser uma religião que abrange um numero significativo de
pessoas e área geográfica, tem proporcionado uma grande gama de elementos a
serem explorados na diversas áreas do conhecimento.
Religião relevante, ousada e por não dizer, algumas vezes violenta, o
cristianismo também tem buscado através dos séculos se manifestar de uma forma
onde a busca pelo diálogo tenha sempre espaço.
Nesta apostila, estudaremos alguns elemento pertinentes ao “ecumenismo e
o Diálogo Inter-religioso”, utilizando narrativas históricas expressadas por autores
diversos.
Os tópicos abordados buscam esclarecer desde os concílios ecumênicos até
temas ligados ao diálogo inter-religioso.
Bom estudo.
4

ECUMENISMO CRISTÃO.

Conforme vimos, a partir das origens gregas e da prática cristã nos primeiros
séculos, firmou-se um modo de conceber as relações humanas como uma busca
pela harmonização da terra, da comunidade e da casa.
O mundo habitado, vivido na diversidade dos dons, como diz o Apóstolo
Paulo (1Cor 13), é expressão ecumênica. As relações de amizade, a familiaridade
com o estrangeiro, a hospitalidade e o reconhecimento do outro são vivências cristãs
em toda a Ásia Menor, bem expressas nas Cartas do Apóstolo Pedro.
Em uma disposição etimológica Ecumenismo é: O processo de busca pela
união apesar das diferenças.
O termo ecumênico provém da palavra grega οἰκουμένη (oikouméne),
significa mundo habitado.
Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da
unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade
entre as religiões.

Antigamente, em teologia, definia-se ecumenismo como movimento que


visaria a unificação da igrejas cristãs (católica, ortodoxa, luterana, anglicana e
protestante).

A definição atual, mais abrangente, considera como ecumenismo a


aproximação, a cooperação, a busca fraterna da superação das divisões entre as
diferentes igrejas cristãs.

A história dos concílios chega a fundir-se com a história do pensamento


cristão em seguida será feito a disposição dos 21 concílios ecumênicos registrados
até hoje e tendo como anfitriã a Igreja Católica.
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CONCILIOS ECUMENICOS.

1- CONCÍLIO DE NICEIA (325)


Temática: Proclamação do Símbolo da Fé contra os erros do arianismo;
proclamação da consubstancialidade do Filho com o Pai.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O primeiro concílio ecumênico foi convocado pelo Imperador Constantino para


solucionar as controvérsias que assolavam a Igreja naquele tempo: a divisão e a
tensão criadas pelas teses de Ário e a necessidade de estabelecer uma data comum
para a celebração da Páscoa.

CONSEQUÊNCIAS.

Nicéia tinha marcado claramente um antes e um depois a respeito das


temáticas tratadas, mas durante os anos posteriores alguns acontecimentos farão
com que esta certeza seja abalada a ponto de necessitar ser novamente confirmada
em outro concilio.
O primeiro sinal dos primeiros problemas foi a existência de um grupo de
bispos ainda simpatizantes das ideias arianas liderado pelo Bispo Eusébio de
Nicomédia.
O segundo sinal de preocupação foi a pouca preparação teológica do
Imperador Constantino e sua fácil deriva entre uma tendência e outra, de acordo
com quem o aconselhava.

2- I CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA (381)

Temática: Proclamação do Símbolo da Fé Niceno-constantinopolitano.


Defende e proclama a divindade do Espírito Santo. Condena definitivamente o
arianismo e o messiarianismo.
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CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O I Concílio de Constantinopla foi sobretudo um concilio oriental, apesar de


ter um caráter ecumênico. Os 150 padres presentes eram todos orientais. Não havia
um sequer do Ocidente, inclusive o próprio Papa Dâmaso não compareceu e
tampouco enviou representantes.
Na verdade o ocidente estava celebrando o seu próprio concilio em Aquileia
(primavera de 381).

CONSEQUÊNCIAS.

O I Concílio de Constantinopla desferiu um golpe derradeiro contra as teses


arianas e semiarianas. Os campeões da ortodoxia no Oriente foram Gregório de
Nissa, Gregório Nazianzeno, Cirilo de Jerusalém, Anfíloco de Icônia, Diodoro de
Tarso, Epifânio de Constança e Didimo de Alexandria.
Todos estes padres conciliares defenderam e fortaleceram a cristologia e a
teologia trinitária que sofria grandes ataques doutrinários.

3- I CONCÍLIO DE ÉFESO (431)


Temática: Proclamação da Virgindade de Maria como THEOTOKOS (Mão de
Deus), e a condenação das teses nestorianas.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

Não sem polêmicas, o concílio foi aberto por Cirilo de Alexandria, pois os
representantes da Igreja de Antioquia ainda não tinham chegado, assim como os
representantes do papa.
O Patriarca Nestório, apesar de ter recebido três convocações para
comparecer, nunca se apresentou em Éfeso, sabedor da animosidade que os
habitantes da cidade nutriam contra ele. De fato, o Imperador teve que colocar à sua
disposição uma escolta armada temendo por sua segurança.

CONSEQUÊNCIAS.

O concílio tinha excomungado Nestório e João, mas não excomungou a


escola antioquiana e tampouco seus numerosos seguidores que não se
manifestaram favoráveis às ideias nestorianas. Continuaram dentro da comunhão
eclesial.
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Alguns teólogos e seguidores de João fundaram escolas em Edesa e Nínive,


que, posteriormente, deram origem a uma Igreja nestoriana que se estenderia pela
Índia.

4- I CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA (451)


Temática: A condenação do monofissimo defendido por Eutiques e a
proclamação da fé de Calcedônia na qual se afirma definitivamente a dupla natureza
de Cristo, verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

Desde a 1ª sessão, os legados pontifícios pediram à assembleia que o Bispo


Dióscoro de Alexandria fosse da sala conciliar (a nave da Basílica de Santa
Eufêmia). O motivo: ele havia celebrado um concílio ilícito sem permissão da sede
romana (o latrocínio).
As primeiras sessões giraram em torno do caso de Dióscoro e Eutiques
(exigindo que se reafirmasse a condenação proclamada pelo sínodo de 448 contra
Eutiques e sua doutrina herética e que o latrocínio de 449 cancelou).
Finalmente, me 13 de Outubro, durante a 3ª sessão do concilio, Dióscoro,
bispo de Alexandria, foi deposto e as condenações contra Eutiques foram
reestabelecidas.

CONSEQUÊNCIAS.

O Concílio de Calcedônia foi encerrado com uma nova proclamação de fé que


foi aclamada por todos, apesar de que a maior parte dos padres conciliares não a
julgassem necessária.
Foi uma proclamação de fé antimonofissista e, portanto, com um forte traço
duofisista, ou seja, ressaltando a plena natureza humana e a plena natureza divina
de Cristo. Ao formular esta proclamação tão acentuada, os herdeiros da cristologia
alexandrina manifestaram sua dificuldade em aceitar a proclamação de fé de
Calcedônia.
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5- II CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA (553)

Temática: A problemática remanescente dos conflitos teológicos e políticos do


monofissimo e do nestorianismo.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

Estiveram presentes na abertura do concílio os patriarcas de Antioquia,


Alexandria e Constantinopla (que presidiam o concílio). Os únicos bispos orientais
eram 6 clérigos africanos. Os demais presentes eram bispos orientais.
O Imperador não se apresentou para mostrar que dava liberdade ao concílio.

CONSEQUÊNCIAS.

Apesar da condenação dos teólogos antioquenos, Alexandria ignorou o


concílio, e na Síria uma grande parte do episcopado permaneceu nas ideias
monofisistas e deu as costas par a ortodoxia da Igreja Imperial, enquanto a Igreja de
Pérsia, que considerava Teodoro de Mopsuéstia como um grande intérprete da
Bíblia, viveu em continua e crescente tensão com os calcedonianos.
No Ocidente, o resultado do concílio e a condenação dos três capítulos foram
recebidos com grande hostilidade. De fato, se produziu um cisma no norte da Itália,
quando alguns bispos romperam a comunhão com Roma e criaram uma igreja
cismática ao redor do Metropolitano de Aquileia. Esse cisma durou até boa parte do
século VII.

6- III CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA (680-681) E O CONCÍLIO DE TRULLO


(692)

Temática: Condenação do moenergismo e do monotelismo.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

Aberto em 7 de Novembro de 680, o sexto concílio ecumênico da Igreja foi


celebrado na Sala Cúpula (Trullo em grego) do palácio Imperial.
O concílio foi presidido pelo imperador com a presença do Patriarca Jorge de
Constantinopla, o Patriarca Macário de Antioquia (um monofisista convencido) e
representantes do papa de Roma e dos patriarcas de Jerusalém e Alexandria.
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CONSEQUÊNCIAS.

O grande problema do monoenergismo não foi a interferência política em


questões religiosas ou uma ação descuidada de patriarcas e teólogos, mas uma
séria reflexão, um tipo de neoclacismo que procurou curar todas as feridas abertas
com os grupos monofisistas. O problema foi que os conceitos filosóficos de
natureza, vontade e pessoa... não eram sempre entendidos a partir da mesma
perspectiva e isto provocou confusões e enfrentamentos, de certo modo, gratuitos.

7- II CONCÍLIO DE NICEIA (787)


Temática: Condenação da Iconoclastia.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concílio foi aberto em 23 de setembro de 787 e teve 8 sessões. O Papa


Adriano I (772-795) enviou seus legados, embora tivesse reticências declaradas
contra o momento que a Igreja oriental vivia. Não lhe agradava que o novo patriarca
se autodenominasse patriarca ecumênico (Adriano via isto como uma ofensa entra o
primado de Pedro), e tão pouco lhe agradou que Társio tenha sido levado de leigo a
patriarca pela intervenção de Irene.
É importante dizer que Roma sempre viu com maus olhos o cesoropapismo
bizantino, mesmo quando, como agora, ajudava a promover a ortodoxia.

CONSEQUÊNCIAS.

No concílio de Nicéia a iconoclastia foi definitivamente derrotada, a despeito


de ter reaparecido algumas vezes no século IX. Contudo, desse período decorreram
duas consequências muito fortes e duradouras tanto no Oriente como no Ocidente.
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8- IV CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA (869-870)


Temática: Condenação do Patriarca Fócio e resolução dos conflitos
patriarcais da sede de Constantinopla.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concílio foi celebrado na Basilica de Santa Sofia, e contou com a presença


dos legados pontifícios e dos patriarcas de Constantinopla, Antioquia e Jerusalém,
com a assistência de mais 12 bispos.
Fócio compareceu ao concílio para escutar as acusações contra ele sem
responder a nenhuma delas. Permaneceu em silêncio durante todo o processo.

CONSEQUÊNCIAS.

Uma das consequências do concilio foi o reconhecimento da Bulgária dentro


da jurisdição missionária da Igreja de Constantinopla. Mas a Igreja oriental tinha
ficado muito aniquilada com a anulação de todas as ordens expedidas durante o
patriarcado de Fócio. De fato, Inácio escreveu várias vezes ao papa pedindo o
cancelamento desta condenação, pelo menos para os clérigos menores.
Adriano II e em seguida o seu sucessor João VIII (872-882) não aceitaram.

9- I CONCÍLIO DE LATRÃO (1123)

Temática: Sobre a liberdade e a reforma da Igreja e a questão das


investiduras.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

Deste concilio não chegaram até nós atas ou outras fontes, o que limita muito
as possibilidades de compreender seu desenrolar.
Sabemos que foi aberto em 18 de março de 1223 e foi encerrado no inicio de
abril após tratar do difícil tema do episcopado. O concílio foi presidido pelo Papa
Calixto II e estiveram presentes um número indefinido de prelados de todo o
Ocidente.
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CONSEQUÊNCIAS.

As normas conciliares foram promulgadas e aplicadas muitas vezes através


de sínodos locais nos quais os bispos, metropolitas e arcebispos procuraram aplicar
os decretos em seus territórios.
De qualquer modo, cada reino tinha um ritmo próprio quanto à aceitação e
aplicação das reformas eclesiásticas.
Assim, a Inglaterra de Henrique I, por exemplo, foi um ponto de conflito (por
causa do Arcebispo Tomás Becket), enquanto que no império e na Itália as reformas
foram aplicadas com mais rapidez (graças aos acordos de Worms) e nos reinos
hispânicos, por sua vez, as mesmas reformas obedeceram à dinâmica da
reconquista.

10- II CONCILIO DE LATRÃO (1139).


Temática: Sobre a liberdade de Reforma da Igreja e o cisma de Anacleto II.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concílio foi aberto e presidido pelo Papa Inocêncio II no dia 2 de abril na


sala conciliar dos palácios lateranenses. O numero dos presentes que encontramos
na crônica de Otão de Freising oscila entre 500 e 1.000. Outras fontes, que não
indicam um número preciso, afirmam que a presença de bispos, abades e prelados
foi muito numerosa.

CONSEQUÊNCIAS.

Esse concilio, assim como o precedente e o seguinte, tem como principal


objetivo fortalecer e concretizar melhor a reforma da Igreja, que durante os séculos
XI e XII ocupou todas as forças, tanto dos papas quanto dos numerosos bispos,
teólogos, canonistas e monges de toda a Cristandade.
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11- III CONCÍLIO DE LATRÃO (1179)


Temática: Sobre a Liberdade e a Reforma da Igreja e as heresias Cátara e
Albigense.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O III concílio de Latrão temos pela primeira vez a lista de todos os


participantes. No total constam 94 participantes, embora o número real deva ter
ultrapassado os 300. Um número significativo foi de bispos do centro e do norte da
Itália (cerca de 124) que eram os mais interessados na paz entre o Império e o
papado, já que suas regiões tinham sofrido arduamente durante o concilio bélico.

CONSEQUÊNCIAS.

Os concílios celebrados em Latrão tiveram uma vigência universal com


soluções práticas e concretas aos problemas que sacudiam a Igreja contemporânea.
A reforma Ad Intra e a consolidação Ad Extra ocuparam os legisladores e
canonistas da época, buscando e encontrando, em conjunto, princípios claros e
transparentes que, com a força da lei, fortaleceram a Igreja e purificaram sua
missão.

12- IV CONCILIO DE LATRÃO (1215).


Temática: Sobre a Liberdade e a Reforma da Igreja e as heresias Cátara e
Albigense.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concílio foi aberto e presidido pelo Papa Inocêncio III no dia 11 de


novembro de 1215. Foi celebrado em três sessões: nos dias 11, 20 e 30 de
novembro de 1215. Foram convidados cerca de 500 bispos de todo o mundo cristão,
faltando o patriarca de Constantinopla e dos gregos, à exceção dos patriarcas
maronitas da Síria e de um delegado do patriarca de Alexandria.
Em contrapartida, compareceram bispos da Hungria, Bohemia, Polônia,
Estônia e Lituânia.
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Também participaram todos os abades gerais das ordens Cister e Cluny, dos
beneditinos e dos premonstratenses. Também não faltaram os Grão-Mestres do
Templo e dos Hospitalares.

CONSEQUÊNCIAS.

Embora haja muitos aspectos do IV Concílio de Latrão que poderiam ser


destacados, nos deteremos sobre o que a maioria dos especialistas indicam: este
concilio foi um momento jurídico e canônico único na história dos concílios
ecumênicos.
Seus cânones, diferentemente dos concílios anteriores, têm um caráter
eminentemente pastoral dirigidos a fortalecer e melhorar o cuidado das almas.
No século XIII se pode perceber que havia diminuído tanto o problema do
concubinato quanto da simonia e que a plenitudo potestati do pontífice tinha sido
reforçada como nunca, graças, especialmente, ao avivamento canônico e aos
concílios e sínodos celebrados por toda a Cristandade.

13- I CONCILIO DE LYON (1245)


Temática: Sobre a Liberdade e a Reforma da Igreja e a crise política entre a
Igreja e o Imperador Frederico II (1220-1250).

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concilio foi aberto em 24 de junho de 1245. Os presentes somaram entre


150 e 200 conciliares, majoritariamente bispos hispânicos, franceses, ingleses e, em
menor número, italianos e imperiais.
O imperador havia bloqueado as principais vias de acesso, tanto por terra
quanto por mar, de seu reino, para impedir a presença de padres muitos bispos
orientais, por causa das dificuldades geradas pelos muçulmanos e pela invasão dos
tártaros em regiões orientais.
Ainda assim os patriarcas de Antioquia, o Patriarca Nicolás de Constantinopla
e Bertoldo, patriarca de Aquileia, puderam comparecer.

CONSEQUÊNCIAS.

Contudo, além de outros decretos e resoluções, o I Concílio de Lyon entrou


para a história como a afirmação do absolutismo do papa sobre os poderes civis. Do
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período de tempo em que se estrutura e elabora a Plenitudo Potestatis do papa,


que vai desde o Dictatus papae (de Gregório VIII em 1075) até a bula Unam
Sanctam de Bonifácio VIII no ano 1303, o I Concílio de Lyon pode ser considerado o
ponto intermediário entre estes dois momentos capitais.
A vitória de Inocêncio IV sobre Frederico II é digna da luta entre dois
absolutismos que duelavam para obter a supremacia.

14- II CONCILIO DE LYON (1274).


Temática: Sobre a Liberdade e a Reforma da Igreja e a união das Igrejas do
Oriente e do Ocidente.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

No dia 7 de maio de 1274 foi aberto o II Concílio de Lyon, com a presença


de cerca de 300 bispos, 70 dos quais vindos do Oriente. Embora todos os príncipes
e reis cristãos tenham enviado seus representantes, o único monarca presente foi o
Rei Jaime I de Aragão (1208-1276).

CONSEQUÊNCIAS.

Segundo especialistas como Jedin, o II Concílio de Lyon se parece, em


importância ecumênica, ao IV Concílio de Latrão, tanto pelo volume de pessoas que
envolveu quanto pelas decisões tomadas e as consequências que teve
posteriormente sobre a Cristandade.
Contudo, dois de seus principais objetivos não se cumpriram. A cruzada
sonhada, nunca acontecera, e, na verdade, em 1291, o último bastião das cruzadas
na Terra Santa, a cidade de São João de Acre, foi perdida pela mão dos
mamelucos, encerrando, assim, definitivamente, o episodia das cruzadas.

15- CONCILIO DE VIENA (1311-1312).


Temática: Sobre a Liberdade e a Reforma da Igreja e o processo contra os
Templários.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concilio foi aberto por Clemente V na Catedral de Viena. Estavam


presentes também os patriarcas latinos de Alexandria e Antioquia. Com eles havia
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cerca de 150 bispos e por volta de 40 abades, além dos prelados. Na cerimônia,
como máxima autoridade civil, compareceu apenas o Delfim João II.

CONSEQUÊNCIAS.

O Concilio de Viena foi celebrado sob intensa pressão civil como a séculos
não se via, o que impediu que se desenvolvesse com toda a sua força e potencial.
Ademais, as três sessões que foram celebradas, simplesmente se aprovou o que
Clemente V já tinha apresentado precedentemente. As comissões e subcomissões,
por sua vez, trabalharam com mais liberdade e também com melhores resultados.

16- CONCILIO DE CONSTANÇA (1414-1418).


Temática: Encerramento do Cisma do Ocidente e a reforma in capite e
membris da Igreja segundo uma nova eclesiologia e a heresia dos hussitas e os
lolardos.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concílio foi inaugurado em 5 de novembro de 1414. Frente ao envolvimento


dos poderes civis, dessa vez foi organizado segundo “nações”, e não por número de
participantes. Desse modo, os votos seriam por grupo, e não por número de
participantes. Foram estabelecidas quatro nações (agrupamentos de reinos
segundo critérios estabelecidos).
O colégio de cardeais seria uma espécie de “quinta” nação. Esse sistema já
fora aplicado no Concílio de Pisa, embora apenas para as deliberações. No
momento do voto, ele foi pessoal.

CONSEQUÊNCIAS.

Mesmo que Martinho V tenha aceitado a perda do poder do papado, ele não
deixou de trabalhar para restaurar a autoridade pontifícia, especialmente sua
vertente política e diplomática. Foi hábil e suficiente para manter as convocatórias de
concílios marcadas a Frequens, mas nãoa cessou de fortalecer e restaurar a Cúria
de Roma de modo que, tanto ele como seus sucessores, restauraram o papel do
papa como superior a conciliarismo.
As futuras bulas Dudum sacrum (1433), Moyses vir (1439), Etsi non
dubitamus (1441) recuperarão as prerrogativas apostólicas em detrimento das ideias
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de Constança. O conflito entre as eclesiologias será perceptível especialmente


durante o concílio convocado em Basileia no ano de 1431.

17- CONCILIO DE BASILEIA-FERRARA-FLORENÇA (1431-1445)


Temática: A reforma da Igreja. A união com as Igrejas do Oriente. A definição de
Eclesiologia que deveria configurar a Igreja.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concilio foi aberto em 23 de julho de 1431, e foi presidido por um


representante do papa. Sem que seus participantes soubessem, este concilio será o
concílio mais longo da história da Igreja.
É importante dizer que este concilio inicialmente teve baixa participação de
bispos, a ponto de fazer Eugênio IV concluir que a sede (uma cidade imperial no
centro da Europa) não favorecia a presença de bispos do sul e, com pouca visão
estratégica, ordenou o traslado do concílio para a cidade italiana de Bolonha, nos
estados pontifícios. A reação dos membros do concilio foi totalmente negativa.

CONSEQUÊNCIAS.

Semelhante ao que aconteceu no II Concílio de Lyon, a união das Igrejas


latinas e gregas foi promovida mais por interesses políticos do que por vontade
religiosa, sendo o imperador e não os patriarcas o seu grande promotor.
Quando os problemas políticos não chegaram a solução esperada, que na
prática era a ajuda militar do Ocidente contra os turcos, os acordos de união
novamente foram rompidos.
A queda de Constantinopla em 1453 e o desaparecimento do Império
Bizantino eliminaram qualquer imposição política sobre a igreja oriental. E a
separação voltou a viger com as Igrejas gregas mais importantes.
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18- V CONCILIO DE LATRÃO (1512-1517).


Temática: Matérias de disciplina da Igreja.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

Em maio de 1512 teve lugar a sessão de abertura do concílio sob a atenta


observação de Júlio II, e de Leão X, em seguida.
O concilio foi dividido em dois períodos (o de Júlio II de 1512-1513 e o de
Leão X de 1513 a 1515) e constou de doze sessões.
O número de presentes, segundo a maioria das fontes, foi de cerca de 100
bispos, embora outras fontes elevem este número a 400 em algumas sessões.
A maioria dos conciliares eram italianos, fato que, segundo algumas opiniões,
põe em discussão seu valor ecumênico. A igreja católica o reconhece como o 18º
concilio ecumênico.

CONSEQUÊNCIAS.

O concílio foi encerrado em 16 de março de 1517 sem ter feito diferença


alguma nem ter iniciado projeto algum de reforma. Em 31 de outubro desse mesmo
ano, Martinho Lutero afixará sua 95 teses na porta da Igreja de Wittemberg.
O V Concilio de Latrão foi um concilio perdido? Foram solucuonados temas
abertos com a França, anulando os efeitos de um pseudoconcilio em Pisa e de uma
sanção pragmática na França.
Novamente se confirmou a supremacia do papado sobre o conciliarismo (que
aparecera como um fantasma em Pisa), fazendo da autoridade pontifícia o motor
central da vida da Igreja.

19- CONCILIO DE TRENTO (1545-1563)

Temática: Matérias de disciplina e reforma da Igreja. Resposta e condenação


do luteranismo e outras ramificações do protestantismo.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

Os nomes dos pontífices (Paulo III, Júlio III, Marcelo II, Paulo IV e Pio IV),
assim como o do Imperador Carlos V (imperador desde 1519), já indicados, foram,
sem dúvida, protagonistas centrais do concilio. Da mesma forma que legados
pontifícios e teólogos como Reginaldo Pole, Crescêncio, Seripando, Simonneta,
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Morone, Gonzaga e outros deram o melhor de si para fazer de Trento um ponto


decisivo e efetivo na reforma da Igreja.
O número de presentes nas sessões foi variado. Levando em consideração
os conflitos bélicos tanto por motivo religioso tanto que por motivo político que
golpearam a Europas durante o século XVI, é possível entender que nem sempre
era seguro e possível para os bispos de diversos lugares chegar em Trento.

CONSEQUÊNCIAS.

Por um lado, o Concilio de Trento significou um dos mais grandes esforços


legislativos e canônicos da Igreja, por outro, se constituiu como uma grande reforma
em todos os campos e realidades eclesiais.
É evidente que a reforma luterana foi um dos fatores que pôs Trento em
marcha, valeria inclusive se perguntar se sem Lutero ele teria existido.
Possivelmente não! A reforma católica teria acontecido de outra forma,
possivelmente em outro concilio, com outro ritmo e outro tempo.

20- CONCÍLIO VATICANO I (1869-1870)


Temática: Sobre a fé e a constituição da Igreja.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concilio foi aberto por Pio IX, que delegou a presidência do mesmo a
diversos cardeais. O grupo majoritário dos padres conciliares manifestou uma
atitude muito beligerante contra o liberalismo e com afã de dar o golpe definito noa
movimentos ideológicos que tinham combatido a Igreja com maior ou menor
intensidade durante o século XVIII (josefismo, galicismo, realismo e jurisdicionalismo
ilustrado).

CONSEQUÊNCIAS.

Vários países europeus utilizaram o dogma da infalibilidade papal como


repulsivo anticatolico (a Alemanha de Bismarck, o Império Austro-húngaro, a
Inglaterra de Gladston....) e na Alemanha um grupo chamado ‘velhos católicos”
renegaram o Vaticano I e se separaram da comunhão da Igreja.
Apesar de tudo, a Dei Filius foi um documento magistral sobre a harmonia
entre fé e razão, e a Pastor aeternus deu à Igrejaa estrutura final depois da queda
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do Antigo Regime e a fortaleceu frente às novas tendências liberais e modernistas


do momento.
As duas constituições aprovadas no Vaticano I marcaram de maneira muito
importante a Igreja do século XIX.

21- CONCÍLIO VATICANO II (1962-1965)


Temática: Sobre a promoção da Fé e a renovação e adaptação dos costumes
e disciplina da Igreja nos tempos modernos.

CELEBRAÇÃO DO CONCILIO.

O concilio reuniu o maior numero de bispos de toda a história da Igreja, além


dos peritos (especialista em assuntos que se discutiriam) e ainda teve lugar para os
observadores das Igrejas cristãs não católicas que também foram convocadas a
comparecer.
O papa abriu o período das sessões em 13 de outubro de 1962 com o
discurso Guadet Mater Ecclesia, no qual pedia um aggiornamento, uma
atualização, para toda a Igreja, descortinando horizontes e esperanças que, com
idealismo e não sem dificuldades, abriram o caminho durante os debates conciliares.

CONSEQUÊNCIAS.

O Vaticano II foi um dos grandes concílios ecumênicos dentro da história da


Igreja, marcando profundamente seu tempo e o vindouro. Assim como Niceia,
Calcedônia, o II Lateranense, Constança ou Trento, deixou uma profunda e forte
marca em seu tempo.
No Vaticano II os teólogos, os pastoralistas, biblistas, o ecumenismo, os
moralistas, os liturgistas... encontraram uma fonte riquíssima para trabalhar e
crescer em suas realidades.

Depois de discorrermos sobre os concílios já é possível direcionar o dialogo


para o campo ecumênico e como referência o século XX.
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MOVIMENTO ECUMÊNICO NO SÉCULO 20.

Em meados do século 19, a organização leiga das igrejas buscou ampliar o


reino de Deus em meio à juventude, organizando a Associação Cristã de Jovens, a
Associação Cristã de Mulheres Jovens e, mais no final do século, a Federação
Mundial de Estudantes Cristãos. Este associacionismo cristão é decisivo no início do
movimento ecumênico.
Desde o início do século 20, muitas Conferências e Assembleias foram
realizadas com preocupações ecumênicas. A Conferência Mundial em Edimburgo,
em 1910, foi a indutora do Conselho Missionário Internacional, criado em 1921, e
dos movimentos Vida e Ação e Fé e Ordem. Em reação à ausência da América
Latina nestes primeiros momentos, as sociedades missionárias norte-americanas
promoveram um Congresso no Panamá em 1916, para abordar as questões
missionárias do continente.

CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS.

São 340 igrejas que hoje fazem parte do CMI, nos cinco continentes:
protestantes, patriarcados ortodoxos e igrejas orientais, bem como muitas
pentecostais e igrejas africanas independentes.
Poucos anos após o final da Segunda Guerra Mundial, o CMI foi constituído
em uma Assembleia (Amsterdã, 1948) que contava com a presença de
organizações e igrejas evangélicas de diversas denominações. Os tempos eram de
extrema barbárie contra a humanidade e havia de ser dada uma resposta cristã a
este mundo sem coração, dividido por motivos de etnias, classes, nacionalismos e
fundamentalismos religiosos. Era preciso expressar, claramente, o compromisso dos
cristãos com a justiça, a paz e a integridade da criação.
As Conferências ou Assembleias Gerais do CMI, convocadas em intervalos
de aproximadamente sete anos, foram marcos importantes para o avanço do
movimento ecumênico:
1) Amsterdã (Holanda, 1948): 351 delegados de 147 igrejas de 44
países reuniram-se, com o tema A desordem do homem e o
desígnio de Deus. Foi o início do CMI. Dois anos depois, o
21

Comitê Central do CMI elaborou um documento chamado A


Igreja, as Igrejas e o Conselho Mundial de Igrejas. Esse texto,
conhecido como Declaração de Toronto, afirma que não é
preciso concordância doutrinária entre todos os membros, e que
mesmo quem não está diretamente no CMI pode contribuir com
alguns organismos e comissões. Isso agradou muito os
ortodoxos, pois, assim, foi aberto um espaço à presença da
Igreja Católica onde fosse bom e necessário.
2) Bevanston (Estados Unidos, 1954): 162 igrejas encontraram- se,
com o tema Cristo, única esperança do mundo. Em tempos de
Guerra Fria, buscou-se uma palavra de esperança para o mundo
em risco. A contribuição de teólogos católicos, como Yves
Congar, teve participação decisiva no reconhecimento do papel
do laicato no movimento ecumênico.
3) Nova Déli (Índia, 1961): 198 igrejas cristãs reuniram-se, com o
tema Cristo, luz do mundo. Estavam presentes, em caráter
oficial, cinco observadores católicos, numerosos delegados
jovens e diversas igrejas ortodoxas. A base doutrinal fortaleceu-
se, em sentido trinitário. Houve, ali, um equilíbrio entre Ocidente
e Oriente, entre primeiro e terceiro mundos, entre pensamento
católico e pensamento protestante. Há uma tomada de posição
contra o Apartheid da África do Sul e o antissemitismo.
4) Upsala (Suécia, 1968): 235 igrejas celebraram o tema Eu torno
novas todas as coisas. A comunidade católica esteve presente
com 15 observadores delegados e muitos hóspedes oficiais. O
tempo propício das rebeliões juvenis de Paris, da emergência da
Teologia da Libertação, das repercussões do Concílio Vaticano II
com seus documentos de abertura, da encíclica Populorum
progressio do papa Paulo VI, da mobilização nos Estados Unidos
contra a guerra do Vietnã e da libertação da África é acolhido nos
diálogos desta Conferência.
5) Nairobi (Quênia, 1975): 286 igrejas-membro celebraram o tema
Jesus Cristo liberta e une. Havia a urgência das tomadas de
posição contra a corrida armamentista e a violação dos direitos
22

humanos junto a um programa de luta contra o racismo. Além da


retomada dos diálogos em curso, foram examinadas questões
ainda não resolvidas, como ministérios, autoridade, confissões de
fé e eucaristia.
6) Vancouver (Canadá, 1983): Jesus Cristo, vida do mundo foi o
tema que trouxe à consciência o grito de milhões de seres
humanos desesperados, nos limites da sobrevivência, alvos da
fome, das armas e da propaganda dos poderosos. O
compromisso dialogal, litúrgico e doutrinário amplia-se com a
decisão de agir no mundo para superar os graves problemas
mundiais.
7) Camberra (Austrália, 1991): foram 826 delegados de 317 igrejas,
com o tema Vem Espírito Santo, renova toda a Criação. O
patriarca Partenios de Alexandria e a teóloga coreana Chung
Hyung-Kyung abordaram, com visões divergentes, temas sobre o
poder e a ação do Espírito Santo. Apareceu com mais evidência
uma questão difícil para algumas igrejas, que é a do diálogo com
outras religiões não cristãs. Os delegados ortodoxos
posicionaram-se, duramente, contra o risco de distorção das
abordagens do CMI, identificadas na atenção prioritária para os
problemas do mundo, no descuido dos temas de "Fé e
Constituição" e no foco dado ao diálogo inter-religioso
emergente.
8) Harare (Zimbawe, 1998): foi a celebração dos 50 anos do CMI,
com o tema Buscai a Deus com alegria e esperança. Houve a
firme tomada de posição para que se elaborasse uma ética
comum e básica – tema que já apareceu na Declaração do
Parlamento das Religiões, em 1993. Esteve presente Nelson
Mandela, então presidente da África do Sul, valorizando o
empenho das igrejas na luta contra o racismo e o Apartheid
desde 1968: "O apoio de vocês exemplificou o modo através do
qual a religião contribuiu para a nossa libertação" (ALTMANN,
2008).
23

9) Porto Alegre (Brasil, 2006): com mais de 700 participantes de


340 igrejas, foi assumido o tema Deus, em tua graça, transforma
o mundo. Mesmo sem participar das sessões programáticas do
CMI, milhares de pessoas, bem como igrejas e organizações
ecumênicas de todo o mundo, estiveram diariamente nos
momentos fortes das celebrações, apresentações, exposições e
discussões abertas. A expressão "Um mundo sem pobreza não é
apenas possível, mas está de acordo com a graça de Deus para
o mundo" assinala a tomada de posição por outra globalização.
Assim, os temas do Fórum Social Mundial e a abertura para o
diálogo inter-religioso vão integrando cada vez mais o projeto das
igrejas do CMI.
10) Busan (Coréia do Sul, 2013): O tema Deus da vida, guia-nos à
justiça e à paz foi decidido em maio de 2011 pelo Comitê Central
do CMI, que acompanhou a Convocatória Ecumênica
Internacional pela Paz. Em 2011, foi realizado o estudo da
situação dos cristãos/ãs no Oriente Médio e preparou-se o tema
da assembleia de 2013. Na celebração de abertura do encontro
do Comitê, diante do texto de Lucas (Lc 2, 14), o Arcebispo
Anglicano Prof Dr. Anastasios de Tira, Durrës e toda Albânia,
disse que o significado cristão da paz interior "não está
relacionado à apatia ou à alienação em relação ao que acontece
ao nosso redor". Para mais informações sobre a Assembleia de
2013, consulte o site disponível em:
<http://www.oikoumene.org/po/novidades/newsmanagement/por/
article/1634/assembleia-de-2013-d.html>. Acesso em: 4 abr.
2012.
24

ECUMENISMO E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO.

No Brasil, a vida ecumênica é construída pela oração, pelo diálogo e pelas


práticas conjuntas:
1) O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) promoveu, em
2008, a celebração dos 100 anos da Semana de Oração. Na celebração do
centenário, o CONIC recebeu o pedido oficial da Igreja Ortodoxa Antioquina para
fazer parte desse movimento ecumênico.
2) Nos anos 2000 e 2005, a Campanha da Fraternidade, promovida pela
Igreja Católica, foi assumida como campanha ecumênica, pelo envolvimento da
reflexão e pela mobilização conjunta de muitas igrejas cristãs.
3) O CONIC, em sua assembleia de novembro de 2007, com a presença de
80 representantes das tradições cristãs, decidiu encaminhar à Conferência dos
Bispos Brasileiros a proposta de que a Campanha da Fraternidade de 2010 fosse
ecumênica, em homenagem ao centenário do Congresso de Edimburgo que, por
sua vez, deu extraordinário impulso ao movimento ecumênico contemporâneo.
4) Acolhendo as sugestões, a comissão organizadora da CFE-2010, reunida
em Brasília nos dias 16 e 17 de maio de 2008, anunciou que a 3ª Campanha da
Fraternidade Ecumênica, em 2010, terá o tema "Economia e vida" e o lema "Vocês
não podem servir a Deus e ao dinheiro" (Mt 6,24c)1.
Além das igrejas historicamente empenhadas no ecumenismo, há um
caminho sendo construído, na América Latina, com as igrejas pentecostais. Na
Conferência Latino-americana do Episcopado católico em Aparecida, em maio de
2007, os bispos estiveram atentos ao diálogo ecumênico com as igrejas
pentecostais. Oficialmente, foi convidado o pastor Dr. Juan Sepúlveda, da Igreja
Missão Pentecostal do Chile, que teve uma participação intensa e aplaudida.
D. Oneres Marchiori escreve, em 22 de março de 2007:

Boa notícia tem sido o Diálogo Católico-Pentecostal, já na quinta fase de


sua agenda internacional, desde 1972. Dele participam representantes
pentecostais norte-americanos das Assembleias de Deus, Igreja
Internacional do Evangelho Quadrangular, Igrejas "Bíblia aberta", Igreja do

1
Para saber mais sobre a Celebração do Centenário da Semana de Oração pela Unidade dos
Cristãos, acesse a notícia da CONIC disponível em:
<http://www.conic.org.br/index.php?system=news&news_ id=689&action=read>. Acesso em: 27 fev.
2012.
25

Deus da Profecia e peritos convidados. Temas tratados: 1. Conversão,


iniciação cristã, carismas e efusão do Espírito
Santo; 2. Experiência de fé, dom de línguas e a figura de Maria; 3.
Formação cristã e discipulado; 4. A comunhão cristã (koinonia); 5.
Evangelização, proselitismo e testemunho comum. Na esteira desse
diálogo, o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos
(PCPUC), em colaboração com Celam e CNBB, promoveu o Simpósio
latino-americano sobre Pentecostalismo em São Paulo, Brasil, de 20 a 24
de setembro de 2005. (MARCHIORI, 2007).

Na Igreja Católica Romana.

Desde a publicação do documento Dominus Iesus, da Congregação para a


Doutrina da Fé, ratificado em 6 de agosto de 2000 pelo papa João Paulo II, e que
trata da unicidade e da universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, as
igrejas evangélicas que participam de movimentos dos organismos ecumênicos no
Brasil e nos outros países da América Latina se mostraram apreensivas.
O texto é amplo, com muitas reflexões sobre a teologia católica e o diálogo
ecumênico. Contudo, o número 16 foi o trecho que mais causou reações adversas,
por parte das outras tradições cristãs. Lê-se no documento:

Com a expressão "subsistit in", o Concílio Vaticano II quis harmonizar duas


afirmações doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de Cristo, não
obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja
Católica e, por outro, a de que "existem numerosos elementos de
santificação e de verdade fora da sua composição", isto é, nas Igrejas e
Comunidades eclesiais que ainda não vivem em plena comunhão com a
Igreja Católica. Acerca destas, porém, deve afirmar-se que "o seu valor
deriva da mesma plenitude da graça e da verdade que foi confiada à Igreja
Católica" (DOMINUS IESUS, 2000).
26

DIÁLOGO E ALTERIDADE

1 DIALOGAR: EXIGÊNCIA DO UNIVERSO E DO PLANETA TERRA2.


Iniciaremos nosso tópico com um trecho extraído da Carta da Terra, que foi
lavrada após a ECO-92, no Rio de Janeiro, com representantes de todos os
continentes e a participação ativa de mais de cem mil pessoas.
CARTA DA TERRA...:

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa


época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida
que o mundo se torna cada vez mais interdependente e frágil, o
futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes
promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio
de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos
uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino
comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade
sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos
humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz.
Para chegar a esse propósito, é imperativo que nós, povos da Terra,
declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a
grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012).

O diálogo mundial é possível na busca de compreensão da urgência solidária


com a comunidade da vida e do compromisso com a sustentabilidade do planeta.
Isso é necessário para quebrar a separação exagerada entre os humanos e a
comunidade de vida que criamos nos últimos séculos. Grande parte da ciência e da
nossa linguagem está marcada por um estilo dominador e não dialogal de olhar e
tomar a natureza como algo à nossa disposição.
Quebramos o diálogo e, em vez de nos relacionarmos com a comunidade da
vida, destruímos e abusamos dos recursos e das matérias-primas. Perdemos a
atitude de profundo cuidado com a nossa casa comum e nos tornamos predadores
vorazes.
O planeta Terra, com sua comunidade de vida, não é um conjunto de bens
em estado bruto para a ação exploratória. Ele é um corpo vivo e espiritual que, em
seus diversificados organismos, se assemelha a características humanas e se

2
Texto extraído do caderno “DIALOGO ECUMÊNICO E INTER-RELIGIOSO” Claretiano, COELHO,
Antonio Salvador. Batatais, 2014.
27

compõe e recompõe continuamente. Nós também somos a Terra de um modo


próprio, podendo viver de modo consciente cada estremecimento desse encantado
corpo.

2 DIÁLOGO: NATUREZA E HUMANIDADE ENTRE O SIMBÓLICO E DIABÓLICO.

Na natureza tudo se entrelaça. Matéria e energia não são duas realidades


autônomas, mas intercambiáveis. A teoria da relatividade de Einstein apontou para a
conexão entre matéria e energia, e as redes de energia vibracional expandem-se e
aglutinam-se em um permanente intercâmbio criativo.
O que nos desafia, humanos tragicamente presentes no mundo, é a nossa
fratura radical. O corte do cordão umbilical é uma metáfora de tantas outras
rupturas. Participantes do cosmos, nós nos surpreendemos ao perceber que
estamos desligados de toda a criação e sós. Os humanos vivem oscilando entre a
ruptura e o encontro, a negação e a aproximação, a inclusão e a rejeição, a
fraternura (ternura de irmãos) e a dominação, o convívio e o apoderamento.
Parte da humanidade levantou as causas da integridade pelas quais vale a
pena empenhar e arriscar a vida. A outra parte tratou como coisa tudo o que
aparece pela frente. Uma vez que somos seres fraturados, cindidos da natureza e
dos outros seres do universo, só podemos ligar provisoriamente nossa existência ao
universo e aos outros seres pelos caminhos dos símbolos.
A sabedoria dos povos criou uma infinidade de mitos em busca das "terras
sem males", do paraíso terrestre, do novo céu e da nova terra, das Áfricas
primordiais, dos elos cósmicos, das alianças libertárias, das terras prometidas.

O diabólico e o simbólico
As palavras diabólico e simbólico estão, por vezes, desgastadas.
A primeira, enquanto dimensão do caos criativo, ficou obscurecida pela
condenação histórica e persistente de tudo o que, sendo novo, podia desestabilizar
as certezas tranquilizantes. Assim, foram cerceadas as vertentes utópicas e
anuladas as capacidades críticas e as divergências criativas.
A segunda, enquanto dimensão harmônica e agregadora e convocação à
religação, foi perdendo seu potencial para a arrogância instrumental que desprezou
28

a linguagem do mistério indecifrável e que pretendeu anular o simbólico,


apresentando-o como mera fantasia representativa.
Na obra O despertar da águia, Leonardo Boff faz uma exposição longa e
multidimensional desta dinâmica, e afirma:

Nunca o dia-bólico e o sim-bólico se anulam ou um suplanta


totalmente o outro. Eles convivem sempre em equilíbrios difíceis,
dando dinamismo à vida [...]. Sim, podemos ir mais longe e afirmar:
dia-bólico e sim-bólico são princípios estruturadores da natureza e do
cosmos, dos comportamentos sociais e da própria natureza humana
(BOFF, 1998, p. 13).

Para Boff, a dimensão águia aponta para a busca de horizontes mais amplos,
enquanto a dimensão galinha nos remete ao cotidiano da vida. Ambas são
importantes para a completude do humano.
Além dessa abordagem, uma análise das raízes gregas desses termos pode
nos ajudar a compreender a dinâmica do nosso tempo e a urgência do diálogo.

Raízes gregas dos termos diabólico e simbólico.


• Diabólico: movimento da desagregação sem rumo definido.
• Dia (disperso) ballein (lançar). É o caos criativo, o universo inteiro em expansão, a
divergência sem fim, a dispersividade que não deixa as coisas como estão.
• Simbólico: em grego, significa o movimento adiante que mantém a união. Reunião
das realidades que correm o risco de se desagregar.
• Sym (unido) ballein (lançar). O sentido dos símbolos é, justamente, o de recompor
o que se perdeu.
• Religião: "re-ligar", refazer, retomar o sentido primeiro, juntar o que está disperso.
É caminho e risco, equilíbrio no movimento.
Para mais informações, consultar BOFF (1998: 11-12).

3 DIÁLOGO E ALTERIDADE: O ENCONTRO COM O DIFERENTE.

Para se refazer a comunidade da vida, que está gravemente fraturada, é


necessário aprender a "encontrar o outro como outro". As várias mortes precoces e
as guerras impedem o outro de viver. Tanto a destruição como a assimilação são
formas complementares de negação do outro. No entanto, para que exista o diálogo,
é preciso existir o outro.
29

Hypnos e Tanatos são dois irmãos na mitologia grega: o primeiro "anestesia"


a vida e o segundo "termina" com ela. Quando a morte de outro ser humano não
desperta interesse nem tem significado à parcela acomodada da humanidade, há
cumplicidade por indiferença. Hipnotizados, não nos incomodamos nem criamos as
defesas necessárias para que a voz do outro seja efetiva no mundo.
Há uma ligação visceral entre o diálogo e a defesa da vida.
Diversas práticas pastorais surgiram na década de 1970. Nesse tempo, com
Dom Luciano Mendes de Almeida, Julio Lancelotti, Maria do Rosário, Ruth Pistori e
muitos educadores e educadoras, iniciou-se a Pastoral para a Defesa da Criança e
do Adolescente. Esse pequeno sinal divino nasceu em Belém (distrito de São
Paulo), em Belém do Pará e em muitos outros lugares escondidos e frágeis.
O grande estimulador do diálogo com meninas e meninos empobrecidos foi
Dom Paulo Evaristo Arns que, em palestra na III Semana Ecumênica do Menor, em
1983, afirmou: "Se a criança não fala, os adultos não dizem nada que preste". Ele
também valorizou a criança viva como sacramento da sociedade justa e a sua
escuta como um critério para reconhecer o acerto de caminho da comunidade
(COELHO, 1996).
Quando se assume que o outro não pode morrer só, no abandono, tem início
a consistente arte de reconhecer a alteridade, base do diálogo verdadeiro.

Ao outro, não se lhe calarão a vida e a voz.

Um dos maiores profetas brasileiros do diálogo foi Dom Hélder Câmara, que
certa vez afirmou:
Eu tenho fome e sede de paz. Dessa paz do Cristo que se apoia na
justiça. Eu tenho fome e sede de diálogo e é por isso que eu corro
por todos os lados de onde me acenam à procura do que pode
aproximar os homens em nome do essencial [...].
E falar em nome daqueles que são impedidos de fazê-lo (apud
BEOZZO, 2009, p. 3).

Dom Hélder Câmara (1909-1999) foi um dos fundadores da Conferência


Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Defensor dos direitos humanos durante o
regime militar brasileiro, pregava uma igreja simples voltada aos pobres e à não
violência.
30

Para ele, a melhor maneira de ajudar os outros é lhes provar que são
capazes; é apoiar o voo sem tomar o lugar das asas; é ajudar a redescobrir a
dimensão águia que mora em cada um, é lutar pela dignidade do outro, pela
qualificação de seu projeto sem assimilação anulatória: "não são os pobres que
devem compartilhar minha esperança. Sou eu quem tenho que compartilhar a deles.
Eu aprendi muito daqueles que são chamados pobres, mas que são ricos do espírito
do Senhor".

4 DIÁLOGO ENTRE AS RELIGIÕES.

A humanidade conheceu as mais belas elaborações da ternura e das utopias


dignificantes em liberdade solidária, mas viveu também as mais cruéis ações e
instituições devastadoras da natureza e dos humanos. A religião, que brotou para a
religação das pessoas com o objetivo de restabelecer o diálogo, foi também,
algumas vezes, capturada para as dominações desintegradoras.
Foi Gandhi quem disse, inicialmente, que não haverá paz no mundo sem que
haja paz entre as religiões e que não haverá paz entre as religiões se não houver
diálogo. Hans Küng, na busca de uma ética que possibilite a união da humanidade
ao redor das causas fundamentais da vida e da paz, popularizou esta expressão: "ou
a rivalidade entre as religiões, o choque de culturas e a guerra de nações ou o
diálogo das culturas e a paz entre as religiões como condições para a paz entre as
nações!" (KÜNG, 2005 p. 104).
Para que a humanidade possa se sentar à mesa do pão e da cultura, do
trabalho e da poesia, da ciência e da espiritualidade, as religiões precisam se dispor
a sentar à mesa do diálogo.
Giuseppe Barbaglio diz:

[...] Toda religião deve voltar-se para sua própria tradição, para
oferecer à cultura dos humanos as riquezas até agora conservadas
em redomas fechadas. Nessa operação, alguns dados serão
modificados, outros enriquecidos com as contribuições de culturas
diferentes, outros ainda serão oferecidos em sua integridade às
outras religiões. Nenhuma religião pode renunciar a essa tarefa
universal porque todas parecem hoje invadidas por uma nostalgia de
projetos vislumbrados no passado e nunca realizados. Muitos
interpretam
31

essa nostalgia como retomo a promessas antigas e como esperança


de reivindicações reprimidas.
Na verdade, testemunhar Deus hoje talvez seja mostrar que essa
nostalgia é uma chamada para outros espaços de humanidade e que
o outro é o lugar da possível resposta por parte de todas as religiões.
Elas poderão exercer a sua missão somente com a condição de que
saibam viver uma fidelidade nova. Isto é, com a condição de que
acolham os estímulos da própria tradição, mas ao mesmo tempo
exige que ela seja superada na modalidade com que foi acolhida e
compreendia até este momento. Para essa superação é necessário
que cada um encontre na própria tradição os estímulos necessários
para sair fora dela. Toda tradição contém necessariamente tais
estímulos, porque faz parte da experiência religiosa conduzir para
além das próprias fronteiras, instigar a difícil fidelidade aos profetas
(apud CANTON E, 1995, p. 544).

Quando a religião se torna um projeto a serviço da humanidade, há muita


esperança em jogo. Entretanto, quando essa se torna um projétil contra a
humanidade, há muito perigo em cena.
As religiões têm acesso ao coração humano, àquelas cordas mais sensíveis à
musicalidade espiritual mais encantatória. É com essa sensibilidade que se fecunda
a paz no mundo. É com a mobilização dos sonhos mais belos das comunidades
humanas que o diálogo das religiões que tecerá uma ética mundial.
32

REFERÊNCIAS.

ABADÍAS, David. Breve História dos Concilios Ecumênicos. Trad. Renato Adriano
Pezenti. Rio de Janeiro: Vozes, 2019.

ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de Referências Thompson. Compilada por Frank
Charles Thompson. 4ª Ed. E.U.A: Editora Vida, 1995.

HERVIEU-LÉGER, Daniele. O Peregrino e o Convertido-a religião em movimento. 2ª


Ed. Petropolis: Vozes, 2015

HORTAL, Jesús. E haverá um só rebanho; história, doutrina e prática católica do


ecumenismo. 2ª Ed. São Paulo: Edições paulinas, 1996.

KASPER, W. Que todos sejam um: o chamado à unidade hoje. São Paulo: Loyola,
2008.

MAÇENEIRO, M. O caminho ecumênico. Taubaté: Mimeo, 2010.RIBEIRO, Claudio.


CUNHA, Magali. O rosto ecumênico de Deus: reflexões sobre ecumenismo e paz.
São Paulo: Fonte editorial, 2013.

NETO, Jorge Silvino da Cunha. Dialogo inter-religioso (volume 3).FTD Educação,


2015.

REVISTA De Magistro de Filosofia ISSN 1808-0626 Ano XI nº 23. Anápolis, 2018. P


43-62.

WOLFF, Elias. Caminhos de ecumenismo no Brasil: história, teologia, pastoral. São


Paulo: Paulus, 2002.

WOLFF, Elias. Espiritualidade do dialogo inter-religioso: contribuições na perspectiva


cristã. São Paulo: Paulinas, 2016.
33

ANEXO A.

EM BUSCA DA UNIDADE: Aspectos do Ecumenismo e do Diálogo Inter-religioso3.

3
Artigo extraído da Revista De Magistro de Filosofia.2018
43

EM BUSCA DA UNIDADE: ASPECTOS DO ECUMENISMO E DO


DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

Fábio Carlos de Araújo14

RESUMO
Este artigo foi realizado para apresentar alguns aspectos sobre o ecumenismo
que é a relação da Igreja com os cristãos e alguns aspectos sobre o diálogo
inter-religioso. Baseado nos documentos do Concílio Vaticano II e nos
documentos do Magistério da Igreja o trabalho busca revelar os benefícios e os
malefícios do diálogo iniciado há muitos anos e hoje em dia está sendo cada
vez mais intensificado. A pesquisa resultou da combinação dos pensamentos
de vários autores e certa ênfase sobre os progressos ecumênicos no Brasil
através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A ênfase maior será no
ecumenismo e como consequência foi tratado o diálogo inter-religioso.
Palavras-chave: ecumenismo, diálogo inter-religioso, unidade, cristãos,
religiões.

INTRODUÇÃO

“Para que todos sejam um”(Jo 17, 11). Este é o apelo de Jesus na
Oração Sacerdotal, um fortíssimo chamado à unidade.

Hoje, num mundo tão diversificado, vemos tantas coisas positivas e


negativas por causa deste pluralismo. Um ponto negativo seria a pluralidade
das religiões, seitas, denominações, igrejas, comunidades eclesiais ou outros
termos usados. Reconhecemos, por isso, que a busca pela unidade é um

14
Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Anápolis; pós-graduado em
Docência Universitária pela Faculdade Católica de Anápolis; pós-graduando em Liturgia; pós-graduando
em Filosofia Clínica na Faculdade Católica de Anápolis; docente nas áreas de Filosofia e Teologia na
Faculdade Católica de Anápolis.
De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018
44

caminho muito árduo e desafiador para todos os cristãos de boa vontade que
tentam corresponder ao apelo de Jesus Cristo.

Este artigo tratará sobre o Ecumenismo. Não iremos esgotar os


conteúdos e assuntos que poderíamos imaginar com relação ao tema, pois
foram escritos muitos e muitos livros sobre ele como poderemos verificar na
Bibliografia. Aqui gostaríamos apenas de dar um apanhado geral sobre o tema,
mostrando especialmente aquilo que após o Concílio Vaticano II se pensou e
escreveu sobre nossa temática.

Sabemos que o Ecumenismo é um tema muito abrangente e não é


possível, nestas breves páginas, esgotá-lo. O limite deste artigo será tentar
definir o Ecumenismo para termos as distinções necessárias e assim
compreender e mostrarmos o esforço da Igreja Universal e da Igreja no Brasil
de praticá-lo. Faremos isto através dos documentos da Igreja Universal e da
Igreja no Brasil.

Será tratado, de forma bem sucinta, o diálogo inter-religioso, pois além


do trabalho feito com os outros cristãos, também existe um trabalho feito com
os membros de outras religiões, trabalho que se assemelha muito com o
ecumenismo, mas que possui seus pontos conflitantes próprios, pois quando
não temos a mesma crença em Jesus Cristo, o diálogo já fica mais difícil. A
abordagem se dará para eximir qualquer dúvida entre a diferença de
ecumenismo e diálogo inter-religioso e mostrar que neste campo também
existe grande esforço rumo à unidade, pois esta unidade não é proposta
apenas aos cristãos, mas a todos os homens de boa vontade.

Que sejamos impelidos a responder generosamente ao apelo de Nosso


Senhor Jesus Cristo: “Para que todos sejam um”(Jo 17, 11).

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


45

ECUMENISMO

ASPECTOS PRELIMINARES

“O termo ecumenismo provém do grego oikoumene que, por sua vez,


encontra sua raiz no substantivo oikós (casa, habitação) e no verbo oikein
(habitar)” (HORTAL, 1996, p. 11).

Forma-se de “ecumene”, termo que significou na cultura antiga


“o mundo habitado” e, depois, por natural derivação, “o mundo
civilizado”. Na Sagrada Escritura o termo coloca-se, por vezes,
de matiz religioso, vindo a significar “o mundo de que Iahvé é o
Senhor”, “o mundo submetido ao juízo de Deus”, “o mundo a
vir”, o mundo dos tempos messiânicos (VILLAIN, 1962, p. VII-
VIII).

Seu significado inicial era casa, habitação, ou seja, aqueles que faziam
parte da mesma Igreja, da mesma casa, por isso os Concílios foram chamados
ecumênicos, não porque tinham outros membros de outras igrejas, mas porque
reuniam todos da mesma Igreja. Ao longo dos anos o termo foi tomando novo
significado, passando de apenas geográfico para cultural-religioso e até político.
Não iremos inserir a evolução do conceito mas apenas o que significa nos dias
atuais. Eicher (2005) faz uma completa consideração sobre a evolução do
conceito ecumenismo.

No século XX o conceito ecumenismo transformou-se bastante daquele


que originalmente era e passou a designar a “doutrina das iniciativas que visam
a reconstrução da unidade entre os cristãos” (GUIA ECUMÊNICO, 2003, 1964).
Já não se refere tanto mais aos que fazem parte da mesma Igreja mas tem uma
conotação de diálogo com os outros cristãos. A definição deixa bem claro que o
ecumenismo se refere aos cristãos, então, já deixamos as outras
denominações que não são cristãs e mesmo as outras duas grandes religiões o
Judaísmo e o Islamismo.

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


46

“Por movimento ecumênico entendem-se as atividades e iniciativas,


que são suscitadas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e
oportunidades dos tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos”
(UNITATIS REDINTEGRATIO, 1997, 4).

“O Batismo constitui o fundamento da comunhão entre todos os


cristãos, também com os que ainda não estão em comunhão plena com a
Igreja Católica” (CATECISMO IGREJA CATÓLICA, 1997, n. 1271). Podemos
dizer que este sacramento une os vários cristãos que, por diversas
circunstâncias, foram dispersos, seja pelo cisma ou por outras diversas formas
de divisões, todavia, estão unidos pelo fundamento de comunhão que é o
Batismo.

Por isso, nas seitas onde o Batismo não é válido, nem podemos dizer
que há um diálogo ecumênico, pois falta o fundamento, e nós cristãos somos
unidos por meio dele, seja os que estão em comunhão com a Igreja, seja os
que não possuem a comunhão plena, mas mesmo assim todos os batizados
possuem certa comunhão com a Igreja, mesmo se não admitem ou não
aceitam.

Ecumenismo por sua vez não é um sincretismo religioso, uma mistura


de várias religiões em uma única. O Concílio e os documentos posteriores
lutaram contra esta visão errada, que faz com que o Ecumenismo seja visto de
forma negativa. Este foi um dos motivos de muitas pessoas, dentro da própria
Igreja, terem repudiado o movimento ecumênico. “Como toda a renovação da
Igreja consiste essencialmente na maior fidelidade à própria vocação, ela é,
sem dúvida, a razão do movimento para a unidade” (UNITATIS
REDINTEGRATIO, 6).

O DECRETO UNITATIS REDINTEGRATIO

O Decreto UnitatisRedintegratio sobre o Ecumenismo do Concílio


Vaticano II foi promulgado pelo Papa Paulo VI no dia 21 de novembro de 1964

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


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e, desde a sua publicação, tem sido um guia para a ação ecumênica da Igreja
Católica e com base nele é que foram desenvolvidos todos os documentos
posteriores. De fato, a riqueza deste documento é muito grande e foi um marco
muito positivo para o desenvolvimento do diálogo ecumênico nos últimos anos.

O proêmio traz uma sobrevisão geral da relação da Igreja com as


“numerosas comunhões cristãs” (DIRETÓRIO PARA A APLICAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS E NORMAS SOBRE O ECUMENISMO, 2000, 1) e demonstra a
ação do Espírito Santo em todos os cristãos para fomentarem a unidade entre
eles.

Pois Cristo Senhor fundou uma só e única Igreja. Todavia, são


numerosas as comunhões cristãs que se apresentam aos
homens como legítima herança de Jesus Cristo. Todos, na
verdade, se professam discípulos do Senhor, mas têm
pareceres diversos e caminham por rumos diferentes, como se
o próprio Cristo estivesse dividido (ibid).

Homens fundaram outras denominações e colocam-se no mesmo


patamar de Cristo que, sobre a herança de Israel, na pedra que é Pedro,
fundou a única Igreja.

O capítulo primeiro trata dos princípios ecumênicos. Com base na


unidade da própria Igreja é que se pode pensar nas relações com os irmãos
separados e assim fazer uma tentativa de unidade, terminando com a definição
de movimento ecumênico que já citamos anteriormente. Evidenciando as várias
divisões que foram feitas ao longo dos séculos na caminhada da Igreja não é
intenção do presente documento condenar nenhum daqueles que fundaram
outras denominações, mas afirma a relação com as outras igrejas sobre a
verdade vivida pela Igreja de Cristo.

O segundo capítulo trata do tema na prática. O que deve ser feito para
a renovação: conversão do coração, oração, conhecimento, formação e uma
verdadeira cooperação. Através destes pontos é que deve manifestar-se a
ação ecumênica da própria Igreja. Nos últimos anos tem-se feito muito
progresso nestes pontos, de forma especial no que concerne à oração. É

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


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preciso que o coração convertido seja um coração orante e suplicante, pedindo


luzes do Espírito Santo para que possam alcançar a graça da unidade. Os
agentes da unidade devem ser formados e orientados para trabalharem com
eficácia pela causa da unidade.

O último capítulo trata das Igrejas Orientais e Igrejas e Comunidades


eclesiais do Ocidente, que estão separadas da Igreja Católica. O documento
faz reconhecer as diferenças substanciais que as outras igrejas e comunidades
eclesiais alcançaram ao longo das suas histórias, mas expõe os aspectos que
podem ser usados para o diálogo, ou seja, o que ainda possuímos em comum.
A reflexão séria deste capítulo levaria a uma mudança de opinião e de
paradigmas em relação ao ecumenismo.

A infidelidade dos próprios membros da Igreja é um grande obstáculo


pela procura da unidade. A desunião também é nossa culpa, por não vivermos
unidos como irmãos, por não estabelecermos entre nós os laços de
fraternidade. É necessário viver a unidade dentro da própria Igreja e só depois
procurar a unidade daqueles que estão fora da Igreja. Será sempre este o
nosso desafio.

CONSELHO PONTIFÍCIO PARA A PROMOÇÃO DA UNIDADE


DOS CRISTÃOS

Apresentamos um breve histórico deste dicastério da Santa Sé que


promove a Unidade entre os cristãos, mostrando o grande interesse da Igreja
Católica pela unidade dos cristãos:

A 5 de junho de 1960, o Papa João XXIII criou um Secretariado


para promover a Unidade dos Cristãos, como organismo
preparatório do Concílio Vaticano II. Confirmado pelo Papa
Paulo VI, recebeu uma nova estrutura pela Constituição
Apostólica Regimini Ecclesiae Universae, de 15 de agosto de
1967. A Constituição Apostólica do Papa João Paulo II Pastor

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


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Bonus, datada aos 28 de junho de 1988, deu-lhe a estrutura


atual trocando o nome Secretariado pelo de Conselho
Pontifício.
O Conselho Pontifício está encarregado, em primeiro lugar, de
promover, no interior da Igreja Católica, um espírito ecumênico
autêntico, de acordo com o Decreto conciliar Unitatis
Redintegratio. Assume esta tarefa em união com outros
dicastérios da Cúria Romana, especialmente os que cuidam do
diálogo com os diversos setores da sociedade (GUIA
ECUMÊNICO, 2003,p.127).

A Igreja se organiza de forma exemplar e dedicada à causa da unidade


entre os cristãos. É uma grande preocupação da Igreja e isto exige esta grande
organização. E o que guia esta ação ecumênica são os documentos do
Concílio Vaticano II, especialmente o decreto sobre a unidade, como já foi
apresentado.

A primeira coisa em que o Pontifício Conselho está encarregado é de


promover um espírito ecumênico autêntico no interior da Igreja, é necessário
que os membros da Igreja possam se conscientizar da necessidade de
possuírem um espírito ecumênico, saber do que isso se trata e se esforçar pela
oração a suplicar a Deus pela unidade, só então deve-se passar para o diálogo
fora da Igreja.

Importante trabalho deste dicastério foi a publicação do “Diretório para


a aplicação dos princípios e normas sobre o ecumenismo”, documento
bastante extenso, mas bem prático, que abrange o tema à luz do Concílio
Vaticano II. Foi publicado pelo então Cardeal Edward Idris Cassidy, na época
Presidente deste Conselho Pontifício e seu secretário D. Pierre Duprey, no ano
de 1993. A edição portuguesa vem com notas explicativas para a aplicação do
Diretório aqui no Brasil.

Atualizando o Concílio Vaticano II e em continuidade com ele este


diretório se torna como que um norte a ser seguido em relação ao diálogo
ecumênico, especialmente que não se faça nada contrário à fé, ou seja, que se
evite qualquer resquício de sincretismo religioso.

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


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Atualmente, o Presidente deste Conselho Pontifício é o Cardeal suíço


Kurt Koch e o secretário o arcebispo D. Brian Farrel.

MAGISTÉRIO DA IGREJA

O mundo de hoje apresenta muitas religiões, denominações; e do


ponto de vista do relativismo religioso tudo está correto, quase com este
slogan: escolha você a sua religião e vá tranquilo. Não podemos ceder a isto e
devemos pregar a verdade, por isso, gostaríamos de expor parte do conteúdo
da Declaração Dominus Iesus, da Congregação para a Doutrina da Fé, para
que possamos compreender de forma mais clara a situação.

Falando sobre a situação das Igrejas a presente declaração inicia


falando claramente da Igreja Ortodoxa e das Igrejas Orientais que não estão em
comunhão com o Papa, mas que possuem a sucessão apostólica e a Eucaristia
válidas, o diálogo com estas igrejas possui mais eficácia, pois os fatores de união
são bem maiores do que nas outras comunidades eclesiais. Depois afirma a
verdade da única Igreja de Cristo, mostrando que as divisões não podem ser
tratadas como algo correto. Esta Declaração causou muito mal-estar pela sua
interpretação errônea e pela sua não aceitação, por parte até de católicos
(TORNIELLI, 2006, p. 187).

As Comunidades eclesiais, invés, que não conservaram um


válido episcopado e a genuína e íntegra substância do mistério
eucarístico, não são Igrejas em sentido próprio. Os que, porém,
foram batizados nestas Comunidades estão pelo Batismo
incorporados em Cristo e, portanto, vivem numa certa comunhão,
se bem que imperfeita, com a Igreja. O Batismo, efetivamente,
tende por si ao completo desenvolvimento da vida em Cristo,
através da íntegra profissão de fé, da Eucaristia e da plena
comunhão na Igreja (DOMINUS IESUS, 2000, 17).

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


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A Carta Encíclica Ut unumsint, continua na mesma linha dos


documentos anteriores, especialmente segue à luz do Decreto do Concílio
Vaticano II. É um grande marco ecumênico do pontificado de São João PauloII.

Divide-se em três grandes capítulos: o primeiro analisa o empenho


ecumênico da própria Igreja Católica, com ênfase na oração e no diálogo,
mostrando que antes de qualquer tentativa se faz necessária a oração como
meio para transformar os corações; o segundo trata dos frutos do diálogo, aqui
damos ênfase ao crescimento da comunhão, ao progresso no diálogo e às
relações eclesiais, mesmo em meio a grandes dificuldades o diálogo já
produziu muitos frutos, já vistos a mais de 20 anos atrás quando este
documento foi publicado e muito mais em nossos tempos; enfim o último
capítulo mostra o quanto ainda é preciso caminhar, não com base numa
desânimo, mas com base numa grande esperança, pois ainda que devagar, a
passos lentos, qualquer êxito no diálogo já é algo muito significativo.

O que é mais presente nesta Encíclica é a esperança de que através


da boa vontade e um coração aberto a divisão entre os cristãos pode ser
superada: “Estes nossos irmãos e irmãs, irmanados na generosa oferta de
suas vidas pelo Reino de Deus, são a prova mais significativa de que todo o
elemento de divisão pode ser vencido e superado com o dom total de si próprio
à causa do Evangelho” (JOÃO PAULO II, 2004, 1).

A PLURALIDADE DAS RELIGIÕES

Podemos nos confundir quanto às diversas formas de culto religioso


sob as diversas nomenclaturas, por isso faz-se necessária uma explicação
para sabermos com quem realmente há um ecumenismo real. Estas formas
estão sob os nomes de: fenômenos religiosos contemporâneos, seitas,
comunidades eclesiais, comunhões cristãs, Igrejas e tantas outras, que podem,
muitas vezes, ser sinônimas, mas que devemos ter ao menos uma ideia clara
sobre elas.

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


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As numerosas comunhões cristãs, Igrejas e comunidades eclesiais


As Igrejas cristãs são:

As comunidades que reconhecem Jesus Cristo como


verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Filho unigênito do
Pai Eterno; e proclamam que Ele, o Crucificado e
Ressuscitado, é o único Salvador, Mediador entre Deus e
os homens, Senhor glorificado do universo (DIRETÓRIO
PARA A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS E NORMAS
SOBRE O ECUMENISMO, 2000, p. 135).

E é com estas que podemos ter um diálogo ecumênico.

É claro que só se pode realizar um diálogo quando as duas partes são


interessadas. É por isso que não é possível realizar tal diálogo com muitas
outras denominações cristãs, pois elas não desejam nenhum tipo de diálogo
com a Igreja Católica.

Seguindo o Guia Ecumênico, inserimos as Igrejas que batizam


validamente e as que não batizam validamente:

Diversas Igrejas batizam, sem dúvida, validamente; por esta


razão, um cristão batizado em uma delas não pode ser
rebatizado, nem sequer sob condição. Essas Igrejas são:
1) Igrejas Orientais [...]
2) Igrejas vétero-católicas [...]
3) Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e todas as Igrejas que
formam parte da Comunhão Anglicana;
4) Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB) e
todas as Igrejas que se integram na Federação Luterana
Mundial;
5) Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB);
6) Igreja Metodista e todas as Igrejas que pertencem ao
Conselho Metodista Mundial (GUIA ECUMÊNICO, 2003,p. 48-
49).

Segundo o Guia Ecumênico há Igrejas em que se pode duvidar da


validade do Batismo, mas se a validade é comprovada, usa-se o mesmo
princípio anterior, estas Igrejas são: Igrejas presbiterianas, Igrejas Batistas,
Igrejas Congregacionais, Igrejas Adventistas, a maioria das Igrejas
pentecostais e Exército da Salvação.
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Outras igrejas devemos prudentemente duvidar da validade do batismo


e outras com toda certeza batizam invalidamente.

Há Igrejas de cujo batismo se pode prudentemente duvidar e,


por razão, requer-se, como norma geral, a administração de
um novo batismo, sob condição: Essas igrejas são:
1) Igrejas pentecostais que utilizam a fórmula eu te batizo em
nome do Senhor Jesus, como a Igreja Pentecostal Unida do
Brasil ou a Congregação Cristã no Brasil
2) Igrejas Brasileiras [...]
Com certeza, batizam invalidamente:
1) Mórmons
2) Testemunhas de Jeová
3) Ciência Cristã
4) Certos grupos não propriamente cristãos, como a Umbanda
(ibid,p. 49-50).

As Igrejas Orientais
A primeira separação que houve na Igreja foi no século V; por causa da
doutrina, os nestorianos e os monofisitas saíram da comunhão da Igreja, são
os chamados, de acordo com Bettencourt, heterodoxos.

A Igreja no Oriente, com sede em Constantinopla, separou-se no ano


de 1054 da Igreja de Roma, formando assim um cisma, que ainda dura até os
nossos dias, originando o que comumente chamamos de Igreja Ortodoxa.

O protestantismo tradicional
Apesar de existirem algumas seitas de cunho protestante ou que
popularmente são chamadas de 'igrejas protestantes”, é preciso caracterizar o
protestantismo tradicional separadamente, por causa das Igrejas cristãs que
são nelas incluídas e com as quais é possível fazer um diálogo ecumênico.
Sobre as Igrejas tradicionais podemos dizer que:

É um movimento ‘reformador’ da Igreja que teve início no


século XVI e hoje existe sob a forma de centenas de
denominações independentes umas das outras.
O tradicional compreende três grandes comunidades:
- a luterana, derivada de Martinho Lutero (1483-1546), que
começou a se insurgir contra a autoridade da Igreja em 1517;

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


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- a calvinista (que absorveu o zvinglianismo ou a reforma de


Ulrico Zvinglio em Zürich, Suíça), movimento afim ao de Lutero,
empreendido por João Calvino (1509-64) em Genebra, Suíça;
- a anglicana, na qual distinguem a High Church (Alta Igreja) e
a Low Church(Baixa Igreja) (BETTENCOURT, 1999, p. 19).

Seitas e fenômenos religiosos contemporâneos


O Guia Ecumênico diz que a palavra seita significa etimologicamente,
uma coisa separada, cortada (do latim secta = cortada).

O documento do CELAM, em Santo Domingo, fala de maneira forte,


mas verdadeira sobre estas seitas e com muita propriedade:

As seitas fundamentalistas são grupos religiosos que insistem


em que só a fé em Jesus Cristo salva e que a única base da fé
é a Sagrada Escritura, interpretada de maneira pessoal e
fundamentalista, portanto com a exclusão da Igreja, e a
insistência da proximidade do fim do mundo e do juízo
próximo15 (CELAM, 1994, p. 669).

Alguns exemplos destas seitas nos dias atuais, podemos dizer que são
as igrejas pentecostais e neopentecostais como: Assembleia de Deus,
Congregação Cristã no Brasil, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja
Universal do Reino de Deus, Árvore da Vida, Adhonep, dentre outras várias,
até milhares de denominações, como falam BETTENCOURT e AQUINO.

Dentro destas seitas em seu livro Falsas doutrinas, seitas e religiões o


Prof. Filipe Aquino trata de muitas correntes ou fenômenos religiosos
contemporâneos que podemos elencar neste ponto.

Cabe distinguir várias correntes ou tipos de fenômeno:


a) Formas paracristãs ou semicristãs, como Testemunhas de
Jeová e Mórmons.
b) Formas esotéricas que buscam uma iluminação especial e
compartilham conhecimentos secretos e um ocultismo religioso.
Tal é o caso de correntes espíritas, Rozas-cruzes, gnósticos,
teósofos etc.;

15
Tradução nossa. Original: Las sectas fundamentalistas son grupos religiosos que insisten en que solo la
fe en Jesu Cristo salva y que la única base de la fe es la Sagrada Escritura, interpretada de manera
personal y fundamentalista, por lo tanto con exclusión de la Iglesia, y la insistencia en la proximidad del
fin del mundo y del juicio próximo.
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c) Filosofias e cultos com facetas orientais mas que


rapidamente estão adequando-se ao nosso continente, tais
como Hare Krishna, a Luz Divina, Ananda Marga e outros, que
trazem um misticismo e uma experiência [sic!] de comunhão;
d) grupos derivados das grandes religiões asiáticas, quer seja
do budismo (seicho no iê etc.), do hinduísmo (yoga etc.), ou do
islã (baha’i);
e) Empresas sócio religiosas, como a seita Moon ou a Nova
Acrópolis, que têm objetivos ideológicos e políticos bem
precisos;
f) Uma multidão de centros de “cura divina” ou atendimento aos
mal-estares espirituais e físicos de gente com problemas e de
pobres. Esses cultos terapêuticos atendem individualmente a
seus clientes (AQUINO, 2005, p. 34).

O Papa João Paulo II falando das seitas diz: “A expansão dessas


seitas constitui uma ameaça para a Igreja Católica e para todas as
comunidades eclesiais com quem ela mantém um diálogo” (JOÃO PAULO II,
2003, 50). No contexto do número citado o Papa alerta para onde for possível
que se possa fazer um diálogo ecumênico.

Com quem fazemos ecumenismo?


O ecumenismo é feito apenas com os cristãos, no entanto, existem
muitas dificuldades para definir a forma correta: como fazer e com quem fazer.
Algumas citações poderão dar-nos uma luz.

Dentro do novo pluralismo religioso em nosso continente, não


se tem diferenciado suficientemente os cristãos que pertencem
a outras igrejas ou comunidades eclesiais, tanto por sua
doutrina como por suas atitudes, dos que fazem parte da
grande diversidade de grupos cristãos (inclusive pseudo-
cristãos) que se têm instalado entre nós. Isso porque não é
adequado englobar a todos uma só categoria de análise.
Muitas vezes não é fácil o diálogo ecumênico com grupos
cristãos que atacam a Igreja Católica com insistência
(DOCUMENTO DE APARECIDA, 1997, 99).

E Pe. Jesús Hortal vai ainda mais longe:

Embora nos capítulos anteriores já tenhamos incluído grupos


que não são propriamente cristãos – Mórmons, Testemunhas
de Jeová, Ciência Cristã, Meninos de Deus –, fizemo-lo porque
se trata de movimentos religiosos surgidos basicamente no
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seio das confissões cristãs. Além desses, porém, há outros


grupos que buscam sua inspiração originária em outras
religiões, acrescentando alguns elementos aparentemente
cristãos. Pode-se dizer, com toda a verdade, que, no fundo,
são grupos neopagãos, já que lhes falta o conceito cristão de
Deus, substituído, na maior parte dos casos, por ideias de
cunho panteísta ou até – como no caso de alguns cultos afro-
brasileiros – politeísta (HORTAL, 1996, p. 90).

Então, o ecumenismo pode ser realizado apenas com aquelas Igrejas


ou comunidades eclesiais onde o Batismo é ministrado validamente, pois a
característica mais básica dos cristãos é o sacramento do Batismo. E são com
os batizados que podemos realizar um diálogo ecumênico.

O ECUMENISMO NO BRASIL

No Brasil também existem muitos esforços naquilo que diz respeito ao


diálogo ecumênico e inter-religioso e também algumas obras publicadas que
podem ser usadas como aprofundamento do tema, de forma especial a do Pe.
Elias Woff assessor da CNBB para o diálogo ecumênico (WOLFF, 2004).

O trabalho ecumênico é bem complexo, muito mais do que podemos


imaginar, mas a CNBB, desde o início de sua abertura ao diálogo, tem feito um
grande trabalho. Seguindo o autor citado a pouco, queremos expor alguns
pequenos traços desta atividade ecumênica.

No Brasil existe o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC),


composto de cinco Igrejas e que juntas desenvolvem um trabalho em prol da
unidade dos cristãos.

O CONIC foi fundando em 1982. Define-se como uma


associação fraterna de Igrejas que confessam o Senhor Jesus
Cristo como Deus e Salvador. Sua missão é servir às Igrejas
cristãs no Brasil, na vivência da comunhão em Cristo, na
defesa da integridade da criação, promovendo a justiça e a paz
para a glória de Deus. Atualmente, fazem parte do CONIC:
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Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Episcopal Anglicana


do Brasil, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil,
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, Igreja Sirian Ortodoxa de
Antioquia (CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA,
2010, p. 13).

É preciso louvar esta atitude das Igrejas cristãs no Brasil de se


unirem para fazerem uma ação em conjunto e assim caminharem, ainda que a
passos pequenos, rumo à unidade tão querida por Jesus e por nós.

As Igrejas fundadoras do CONIC são: a Igreja Católica Apostólica


Romana, a Igreja Cristã Reformada do Brasil, a Igreja Episcopal Anglicana do
Brasil, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e a Igreja Metodista.

O CONIC é membro de dois outros conselhos: o Conselho Mundial


de Igrejas (CMI) e o Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI).

O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

Entendemos por diálogo inter-religioso o diálogo feito com os


membros de outras confissões religiosas que não são cristãs, especialmente as
outras duas religiões monoteístas: Judaísmo e Islamismo, as outras religiões,
porém, não são excluídas.

O Guia Ecumênico da CNBB diz o seguinte sobre o diálogo inter-


religioso:

Todos os que admitem Deus e que guardam em suas tradições


preciosos elementos religiosos e humanos desejam que um
diálogo aberto nos leve todos a aceitar fielmente os impulsos
do Espírito Santo e a cumprí-los com entusiasmo. O desejo de
tal diálogo que é guiado somente pelo amor à verdade,
observada a devida prudência de nossa parte, não exclui
ninguém (GUIA ECUMÊNICO, 2003, 149).

E ainda nos fala o Documento de Aparecida que:

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O diálogo inter-religioso, em especial com as religiões


monoteístas, fundamenta-se justamente na missão que Cristo
nos confiou, solicitando a sábia articulação entre o anúncio e o
diálogo como elementos constitutivos da evangelização. Com
tal atitude, a Igreja, sacramento universal da salvação, reflete a
luz de Cristo que ilumina a todo homem (Jo 1, 9). A presença
da Igreja entre as religiões não cristãs é feita de empenho,
discernimento e testemunho, apoiados na fé, esperança e
caridade teologais (DOCUMENTO DE APARECIDA, 2007, 237,
p. 111).

A Igreja procura unir a todos, pois Deus criou todos nós para sermos
irmãos, por isso ninguém é discriminado por ela. Importante é salientar que o
diálogo é guiado pelo amor à verdade, isto quer dizer que a Igreja não
comunga dos erros dos outros e não vela estes erros, mas quando se fala em
diálogo o que interessa é aquilo que une as religiões.

Podemos assinalar que as condições essenciais para um verdadeiro


diálogo seriam: “a humildade, o reconhecimento do valor da alteridade, a
fidelidade à tradição, a abertura à verdade e a capacidade de compaixão”
(HEERDT, BESEN E COPPI, 1993, p. 210).

Para o ecumenismo existe o Conselho Pontifício para a Promoção


da Unidade dos Cristãos e para o diálogo inter-religioso existe o Pontifício
Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, que se empenha para o diálogo com
as outras religiões, especialmente os judeus e os muçulmanos, como já
falamos. Existe neste Conselho Pontifício uma comissão especial para o
diálogo com os muçulmanos. Para o diálogo com os judeus a comissão
especial está vinculada ao Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade
dos Cristãos.

O atual prefeito deste dicastério é o Cardeal Jean-Louis Pierre


Tauran e o secretário o Arcebispo D. Pier Luigi Celata.

O Concílio Vaticano II publicou um Decreto sobre o Diálogo Inter-


Religioso, o Decreto Nostra Aetate.

Todos os povos constituem, com efeito, uma só comunidade:


têm uma só origem, já que foi Deus quem fez habitar toda a
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raça humana sobre a face da terra; têm também um só fim


último, Deus, cuja providência, testemunhos de bondade e
desígnios de salvação se estendem a todos, até que os eleitos
se reúnam na Cidade santa, que a glória de Deus iluminará e
onde todos os povos caminharão à sua luz (Nostra Aetate,
1997, 1).

O texto fala das grandes religiões: Judaísmo e Islamismo, mas


também do Hinduísmo, Budismo e outras religiões universalistas.

A Igreja católica não rejeita nada que seja verdadeiro e santo


nestas religiões. Considera com sincero respeito esses modos
de agir e viver, esses preceitos e doutrinas, que, embora em
muitos pontos difiram do que ela mesma crê e propõe, não raro
refletem um raio daquela Verdade que ilumina todos os
homens. No entanto, ela anuncia, e é obrigada a anunciar a
Cristo, que é ‘caminho, verdade e vida’ (Jo 14, 6), no qual os
homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus
reconciliou a si todas as coisas(Nostra Aetate, 2).

A Igreja não força a ninguém, não faz proselitismo para a conversão


das pessoas, trabalha na questão da evangelização, prega verdade que
possui, mas no final, todos são livres para escolher o caminho que desejam
seguir.

A Declaração Dominus Iesus a respeito das diversas religiões fala


bem claro que a Igreja não é apenas mais um caminho de salvação ao lado de
muitos, mas sim o caminho pelo qual o desígnio misterioso de Deus usa para
também oferecer a salvação para os outros homens de boa vontade.

Quanto ao modo como a graça salvífica de Deus, dada


sempre através de Cristo no Espírito e em relação
misteriosa com a Igreja, atinge os não cristãos, o Concílio
Vaticano II limitou-se a afirmar que Deus a dá por caminhos
só por Ele conhecidos. [...] Todavia, de quanto acima foi
dito sobre a mediação de Jesus Cristo e sobre a relação
única e singular que a Igreja tem com o Reino de Deus
entre os homens - que é substancialmente o Reino de
Cristo Salvador universal -, seria obviamente contrário à fé
católica considerar a Igreja como ‘um caminho’ de salvação
ao lado dos constituídos pelas outras religiões, como se
estes fossem complementares à Igreja, ou até
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substancialmente equivalentes à mesma, embora


convergindo com ela para o Reino escatológico de Deus
(Dominus Iesus, 2000, 21).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Igreja promove o diálogo ecumênico não por capricho, mas recebeu


do próprio Jesus este mandato quando Ele rezou por seus discípulos e assim
por toda a humanidade, “Para que eles sejam um” (Jo 17, 11).

Reunimos diversas informações sobre a temática do Ecumenismo e


assim oferecemos as verdadeiras distinções, especialmente entre Ecumenismo
e Diálogo Inter-religioso.

Ecumenismo é o diálogo com os cristãos e Diálogo Inter-religioso é o


diálogo com as outras religiões.

Esperamos que a caminhada ecumênica continue sempre como uma


das metas principais da Igreja e para que, o quanto antes, possamos restaurar
esta unidade tão desejada e tão necessária.

Que os homens de boa vontade empenhem-se em viver neste mundo


como irmãos, seguindo o ensinamento de Cristo, fazendo deste mundo uma
grande casa de fraternidade.

Que possamos sempre dirigir ao Pai preces pela unidade de toda a


humanidade e sejamos um com Cristo e o Pai, unidos pelo Espírito Santo.

O diálogo é algo de fundamental importância para qualquer


relacionamento, de forma especial dentro da Igreja. Pesquisar e descobrir mais
sobre o ecumenismo faz-nos olhar de forma diferente para as iniciativas
ecumênicas e até tentar promover estas tentativas no trabalho pastoral.

De Magistro de Filosofia – ano XI no. 23 – 2018


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IN SEARCH OF UNITY: ASPECTS OF ECUMENISM AND INTER-RELIGIOUS


DIALOGUE
Abstract
This article presents some aspects of ecumenism, which is the church's
relationship with Christians and some aspects of inter-religious dialogue. Based
on documents of Vatican II Council and on the Church´s Magisterium
Documents, this article reveals the benefits and harmsof ecumenical dialogue
that started many years ago and has intensified today. The research resulted
from combination of thoughts of several authors and from emphasis on the
ecumenical progress in Brazil through the National Conference of Bishops. The
main emphasis will be on the ecumenism and consequently was treated inter-
religious dialogue.

Keywords: ecumenism, inter-religious dialogue, unity, Christians, religions.

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