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O SURGIMENTO DO PAPADO

Tanto o desenvolvimento do papado quando o seu declínio foi um


processo que durou vários séculos. Jesus já havia advertido os seus discípulos
quanto a ameaça da apostasia. Por causa desta obra de engano surgiria a
“apostasia” que seria personificada na pessoa que ele chamou de “o homem do
pecado, o filho da perdição” e ele se oporia a tudo que levasse o nome de
Deus e tentaria se exaltar acima de Deus, chegando até a assentar-se “no
santuário de Deus proclamando que ele mesmo é Deus” (2 Ts 2:3,4).
A igreja era um “corpo” pela atuação invisível do Espírito Santo, que
irmanava à todos e a liderança dos apóstolos. Os líderes nas igrejas locais
eram homens:
1. “Cheios do Espírito Santo” (At 6:3);
2. Escolhidos pelo Espírito Santo (At 13:3);
3. Eleitos (At 6.5);
4. E ordenados pela igreja (At 13:3).
A disposição de servir dos ¹primeiros líderes da igreja deram lugar ao
²autoritarismo eclesiástico nas mãos de um único oficial, o bispo. E então,
surgiu o conceito “hierarquia sacerdotal”.
Cipriano é considerado o fundador da hierarquia católica romana. Ele
defendeu que só existe uma igreja verdadeira e que fora dela não há salvação.
“Quem deixa a Igreja de Cristo não alcançará os prêmios de Cristo. É
um estranho, um profano, um inimigo. Não pode ter Deus por Pai
quem não tem a Igreja por Mãe. Se alguém se pode salvar, dos que
figuram fora da arca de Noé, também se salvará o que estiver fora da
Igreja.” (CIPRIANO)

FATORES QUE FAVORECERAM A SUPREMACIA PAPAL


1. A confissão de Pedro
O bispo de Roma forjou documentos, criou mitos e lendas e defendeu a
ideia de que Pedro exercia priorado sobre toda a Igreja. O papado se baseava
em uma equivocada interpretação de Mt 16:17-19. E a partir disso começou-se
a dizer que Pedro foi o primeiro papa.
2. A sucessão apostólica
Clemente alegava que os bispos haviam sido nomeados por pessoas
que foram escolhidas pelos apóstolos. Inácio de Antioquia defendeu que a
melhor forma de manter a unidade da igreja era a figura do bispo. “É, portanto,
evidente que o bispo deve ser considerado como se fosse o próprio Senhor”,
escreveu Inácio.
3. O martírio de Pedro e Paulo
Roma ganhou prestígio como local da morte dos dois principais
apóstolos e a partir daí começou a veneração dos santos martirizados.
4. População de Roma
Tanto o tamanho da cidade como o tamanho da Igreja contribuíram para
a autoridade do bispo de Roma. Como capital do império e metrópole do
mundo civilizado, Roma era o lugar natural para sede duma igreja mundial. A
ausência de lideranças políticas na cidade levou o bispo a suprir as funções
essenciais de governo civil para a cidade.
5. Proximidade com o poder
Depois do edito de Milão, que deu liberdade de culto aos cristãos, os
imperadores muitas vezes buscavam conselho sobre questões religiosas com
os bispos de Roma.
6. Idioma
O império Romano estava dividido pela língua. Enquanto na parte
ocidental falava-se o latim, na oriental era usado o grego.
7. Localização
Das cinco cidades patriarcais (Roma, Constantinopla, Jerusalém,
Alexandria e Antioquia), somente Roma ficava no Ocidente.
8. Alcance missionário
Gregório I estende a autoridade de Roma no ocidente por meio dos
missionários enviados. Esse trabalho missionário bem sucedido entre as tribos
bárbaras levaram-nas a considerar Roma com grande respeito.
9. Invasões bárbaras
Vinte e cinco anos após a morte de Constantino, os bárbaros
começaram a penetrar o Império Ocidente por toda parte. Em menos de 140
anos, o Império Romano do Ocidente foi riscado do mapa. Essas invasões
deixaram a igreja como a maior força de integração da sociedade. Além disso,
o bispo de Roma impediu várias vezes a cidade de ser atacada, aumentando o
prestígio político do papado.
10. Conquista mulçumana
A perda dos territórios dos patriarcas e a pressão contínua exercida
contra Constantinopla também aumentaram a autoridade do bispo de Roma.
11. Questões doutrinárias
O sucesso da igreja em Roma em resistir a vários movimentos heréticos deu-
lhe uma alta reputação de ortodoxia.
12. O caráter da igreja de Roma
A igreja romana apresentava um cristianismo prático. Nenhuma outra igreja
sobrepujava o cuidado com os pobres, não só entre seus membros, mas entre
os pagãos também. A igreja romana auxiliava outras igrejas perseguidas em
outras províncias.

APOIO FILOSÓFICO E POLÍTICO


A conversão de Constantino:
1. Uniu a igreja e o Estado.
2. Tornou o Estado um instrumento de poder da igreja.
Inocêncio I reivindicou a jurisdição suprema sobre todo o mundo cristão,
porém não foi capaz de exercer esse poder.
Agostinho criou a ideia de uma igreja universal, no controle dum estado
universal.
Leão I, foi o primeiro bispo de Roma a proclamar que Pedro foi o
primeiro papa. Foi ele que deu à teoria do poder papal a sua forma final e fez
desse poder uma realidade. Foi ele que obteve edito do imperador declarando
que as decisões papais tem força de lei.
A "Doação de Constantino" e as "Decretais Pseudo-Isidorianas" são
documentos fraudulentos que circularam na Europa após a queda do Império
Romano. A "Doação de Constantino" pretendia atribuir ao bispo de Roma
autoridade suprema sobre as províncias europeias do império, enquanto as
"Decretais Pseudo-Isidorianas" afirmavam ser decisões dos primeiros bispos
de Roma que falavam sobre:
1. Supremacia absoluta do papa sobre a Igreja universal,
2. A independência da Igreja em relação ao Estado
3. E a inviolabilidade do clero, isentando-os de prestar contas ao Estado
A conversão de Clóvis, líder dos francos, à fé romana, deu ao papa um
forte aliado político pronto a lutar as batalhas da igreja.
Depois disso, o Imperador Justiniano apoiou fortemente o bispo de
Roma e promoveu seus interesses através de um edito a sua supremacia
sobre as igrejas do Oriente e do Ocidente. Um edito que não pôde tornar-se
totalmente efetivo após a quebra do domínio Ostrogodo sobre Roma em 538
d.C.

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