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A esse respeito, é importante salientar bem antes do Concílio de Nicéia II, no século
IV, Eusebio de Cesareia rejeitou as imagens; no final do século VI, Sereno, o bispo de
Marselha, assumiu postura ríspida, destruindo todas imagens e representações dentro
da Igreja. Porém, a questão era bem aceita entre muitos na Igreja que, inclusive,
fomentavam diversas crendices relacionadas a elas. Destaca-se nessa defesa
iconólatra, o monge João Damasceno, que no século VII realizou inúmeras defesas
ao culto das imagens.
A polêmica entre os iconoclastas e os iconólatras teve mais ímpeto, especialmente,
no contexto oriental, quando Leão III, imperador bizantino, em 730 d.C., decretou a
proibição do culto às imagens. Reafirmando as decisões de Leão III, o Concílio em
Hiereia, no ano de 754, convocado por seu filho Constantino V, condenou o culto às
imagens. Porém, essas medidas encontraram considerável resistência de uma ala da
Igreja Oriental, promovendo um momento de grandes repressões por parte do império
oriental contra os rebeldes.
Apesar Leão IV e Constantino VI, sucessores do trono bizantino, terem resgatado o
culto às imagens, estabelecendo uma distinção entre a idolatria (Latria) e veneração
(Dúlia) no Concílio de Niceia II, em 787, a Igreja Ortodoxa, entre resgates e
condenações, passou a se desprender das imagens no decorrer do tempo, enquanto,
a Igreja Romana aderiu a distinção nicênica, perpetuando as imagens em seu
contexto, além de reforçar a defesa da tradição da igreja como autoridade.
É oportuno mencionar, sobre essas polêmicas da cristandade, o quanto os interesses
políticos acabaram prevalecendo sobre as questões bíblico-doutrinárias, permitindo
um afastamento gradual da tradição apostólica.
Seguindo no conteúdo da disciplina, o próximo recorte apresentou a questão da
supremacia papal e da Igreja Romana, ou seja, se tomou nota de alguns eventos e
personagens históricos que levaram os católicos romanos crerem que os papas são
sucessores dos apóstolos do primeiro século da era cristã e que a Igreja, debaixo da
liderança desses homens, era autoridade divina incontestável no mundo.
Sobre esse assunto, é relevante a menção de que a autoridade papal está diretamente
relacionada à hierarquização da igreja no decorrer dos primeiros séculos da
cristandade, quando os bispos passaram a reivindicar uma autoridade centralizada
necessária para a igreja lidar de maneira mais segura com as muitas heresias que se
levantaram.
Docente: Emmanuel Athayde
Discente: Pablo Rodrigo Ferreira
Um dos principais nomes que iniciaram a defesa da supremacia da Igreja Romana foi
Irineu de Lião, no século II, que reforçou a tradição estabelecida por Roma como
autoridade procedente dos apóstolos de Cristo. Começava no segundo século, então,
a cristalização da hierarquia eclesiástica, que culminaria no fortalecimento da figura
do bispo e da igreja como autoridades supremas da cristandade.
Já no século III, outro importante nome a esse respeito foi o de Cipriano de Cartado,
que robusteceu a primazia de Pedro, como o primeiro pontífice, e de Roma, como a
sé da tradição cristã.
A partir dos pais da igreja, a supremacia papal e da Igreja Romana foi se solidificando,
até que, na Idade Média, a questão se estabeleceu definitivamente, em particular, pela
afirmação da exclusão da Igreja Oriental, considerados cismáticos.
No século XI, o papa Gregório VII, estabeleceu um marco histórico às supremacias
do papa e da Igreja Romana, ao definir, em “Didactus Papae”, a exclusividade do título
de pontífice ao bispo de Roma, além de defender a autoridade papal superior ao
próprio imperador, que poderia ser deposto pelo superior da Igreja Romana.
Sobre isso, também, vale o destaque de Tomás de Aquino, no século XIII, que em sua
obra “Contra errores graecorum” apontou algumas características que afastavam a
tradição bizantina da tradição cristã ocidental. Dentre as características que definiram
a igreja grega como herética, destaca-se o não reconhecimento da primazia do bispo
de Roma.
Outro documento medieval a respeito dessas supremacias, são a Bula Unam Sanctam
de Bonifácio VIII, de 1303, que reforçaram a autoridade papal e da Igreja Romana na
disputa de poder com o rei Felipe IV.
Por fim, apesar de vários erros defendidos por papas no decorrer da história da Igreja
Romana, e de documentos fraudados para justificar a supremacia papal, no Concílio
do Vaticano I, já na segunda metade do século XIX, se estabeleceu a doutrina da
“infalibilidade papal”, confirmando essa construção histórica da supremacia papal e
da Igreja Romana para a cristandade.
Sobre isso, mais uma vez merece destaque o quanto os interesses políticos e
econômicos da igreja romana a distanciaram dos fundamentos bíblico-cristãos; algo
que a história revela para que a igreja protestante contemporânea reflita sobre as
possibilidades de estar reproduzindo erros semelhantes.
Docente: Emmanuel Athayde
Discente: Pablo Rodrigo Ferreira
Depois de ter abordado sobre um dos pilares centrais da doutrina católica romana, a
disciplina oportunizou observar outro recorte histórico de uma doutrina relevante da
teologia católica, a saber, a doutrina mariana, que elevou Maria, a mãe de Jesus, de
uma serva fiel a Deus à mãe de Deus, a rainha do céu.
Ainda que a gênese da doutrina mariana na cristandade seja de difícil definição
histórica, a partir do século IV é possível traçar com mais detalhes a construção desse
importante pilar da teologia romana.
Apesar de não ser identificado qualquer apontamento da doutrina de Maria entre os
padres apostólicos, no século II, Justino Mártir e Irineu de Lião trataram a mãe de
Jesus num tipo de paralelo com Eva, a primeira mulher da criação divina, em
semelhança ao que apóstolo Paulo que comparou, na carta aos Romanos, Jesus
Cristo e Adão, o primeiro homem.
Dentre as obras históricas que ressaltam a pessoa de Maria na cristandade, merece
apontamento “Vida de Santo Antão”, um dos padres do deserto. Junto a essa obra,
“O outro Jesus segundo os apócrifos”, de Antônio Pinero, destaca que várias obras
apócrifas cooperaram para o início das práticas de veneração à Maria a partir de
inúmeros relatos místicos relacionados à mãe de Jesus.
Mas poucos contribuíram para a teologia mariana, como João Damasceno, entre os
séculos VII e VIII, que distinguiu Maria como a Mãe de Deus, imaculada em sua
perpétua virgindade, que subiu aos céus.
Mas o culto a Maria teve maior volume a partir da Idade Média, em especial, entre os
séculos XI e XII, quando ela passou a ser a protetora dos cavaleiros do movimento
das Cruzadas.
Para que se tenha a dimensão da crescente participação da teologia mariana nos
tempos medievais, vale a menção das citações de São Boaventura, do século XIII,
que substituiu em alguns salmos o nome de Javé (o próprio Deus da aliança) por
Maria. Esse fato requer uma avaliação honesta do quanto a veneração passou às
expressões dignas de adoração à divindade.
Em consonância a essa ideia do “Theotokos”, Alberto Magno, também, no século XIII,
traçou inúmeras razões para se prestar culto à Maria, ratificando a proeminência do
direito à adoração mariana na teologia católica medieval.
Apesar da considerável aceitação da teologia mariana entre os escolásticos, Bernardo
de Claravau se sobressaiu por ser um dos poucos, na época, a questionar alguns
Docente: Emmanuel Athayde
Discente: Pablo Rodrigo Ferreira
termos, como, por exemplo, a sua virgindade perpétua. O próprio Tomás de Aquino,
mesmo negando a concepção sem pecado de Maria, defendeu que a Mãe de Jesus
passou a estar livre do pecado entre a concepção e o nascimento, ou seja, Maria
nasceu sem pecado algum.
Inácio de Loyola, a ordem dos jesuítas e os documentos tridentinos da Igreja Romana,
contribuíram para reforçar à veneração à Maria. No século XVIII, a teologia mariana
ganhou um dos seus principais apologistas, Afonso de Ligório, até que no século XIX,
no ano de 1854, o papa Pio IX, formalizou o dogma da “Imaculada Conceição de
Maria”, sedimentando a crença romana de que a mãe de Jesus desde a sua
concepção era sem pecado algum, sendo, portanto, digna de adoração dos homens.
A esse respeito, é intrigante a percepção da maneira como a cristandade romana
ratificou afirmações e crenças relativas à Maria mais alinhadas aos muitos relatos
místicos e fantasiosos a seu respeito do que propriamente dos relatos
neotestamentários.
A disciplina, também, tratou de outro aspecto elementar da teologia católica: a
doutrina dos sacramentos, que podem ser considerados uma das principais heranças
da autoridade centrada na Igreja Romana Medieval.
A ideia de sacramento assumido pela cristandade romana assumiu um significado
mais amplo do que o seu sentido original, ou seja, além de juramento de obediência
– adotado pelos romanos –, a doutrina católica passou a considerar os sacramentos
como meios de transmissão da graça divina para a obtenção da salvação.
Apesar do Concílio de Trento ter definido sete sacramentos, a saber, batismo,
confirmação, eucaristia, penitência, unção dos enfermos, ordem e matrimônio; no
histórico medieval pôde-se identificar defesas de mais ou menos sacramentos. Por
exemplo, Pedro Damião, no século XI, defendeu doze; Pedro Abelardo e Hugo de São
Vítor, no século XII, defenderam apenas cinco; Bernardo de Claravau, no mesmo
período, estabeleceu dez sacramentos; enquanto Tomás de Aquino, no século XIII,
definiu sete, assim, como os Concílio de Florença-Ferrara, do século XV e de Trento,
século XVI.
Dentre os principais sacramentos, o Batismo e a Eucaristia (ceia) ganharam
relevância dentro da cristandade romana.
Sobre a Eucaristia, não é possível identificar se os padres apostólicos tinham uma
compreensão literal ou memorial, ainda que a observação do sacramento já fosse
Docente: Emmanuel Athayde
Discente: Pablo Rodrigo Ferreira