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Docente: Jonas Machado

Discente: Pablo Rodrigo Ferreira

SÍNTESE DO CONTEÚDO UNIDADE CURRICULAR

A disciplina Teologia dos Pais da Igreja se caracterizou como um conjunto de


importantes recortes históricos, trabalhados pelo professor Jonas Machado, do
período inicial da era cristã, denominado Pais da Igreja.
Ainda que o período apresente falta de fontes históricas e, às vezes, questionamentos
relativos à autenticidade da autoria de alguns relatos conhecidos, a produção dos pais
apostólicos e dos pais da igreja posteriores precisaria de um programa de pós-
graduação inteiro para conseguir uma profundidade maior a respeito dos personagens
e temas, por eles, trabalhados.
Dessa maneira, o professor Machado optou por realizar recortes, considerando alguns
importante nomes e/ou obras da formação inicial da teologia da igreja cristã, como, o
Didaquê, Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Justino
Mártir, Irineu de Lião, dentre outros, até chegar em Agostinho de Hipona, no século IV
d.C.
As considerações iniciais da unidade curricular serviram de balizamento teórico-
conceituais importantes, além, da identificação de características do cristianismo
primitivo e antigo, que ajudam o estudante a perceber os movimentos teológicos dos
primeiros séculos da era cristã.
Dentre as definições alistadas pelo professor, se destaca a de cristianismo primitivo,
que, em termos teológicos, compreende o primeiro século da era cristã, contudo,
historicamente, abrange os quatro primeiros séculos, quando, a partir do Édito de
Milão, o cristianismo foi incorporado às principais instituições de poder da época, a
saber, o Império Romano.
Outra definição delimitada foi a respeito de pais da igreja, que teologicamente, pode
ser entendida como o período dos discípulos dos apóstolos e os primeiros líderes da
igreja, que influenciaram na formação da sua teologia. Entendido, assim, o período
vai até Agostinho, no século IV, ainda que, para outros estudiosos do assunto, os pais
da igreja chegam até Tomas de Aquino e Anselmo da Cantuária, até o século XIII.
Uma importante definição apontada pelo professor Jonas, foi a da teologia ortodoxa,
que, a partir de Eusébio de Cesareia, passou a designar uma teologia correta, visto
que muitos movimentos heréticos cresciam com o avançar do cristianismo entre os
pagãos.
Docente: Jonas Machado
Discente: Pablo Rodrigo Ferreira

Além dessas definições, também foi mencionada a da grande igreja, que passou a
representar, como tempo, muito mais o colégio dos clérigos, reforçando a ideia da
igreja imperial, do que toda a comunidade dos crentes em Cristo, esta última, muito
mais comum ao período apostólico.
Por fim, um nivelamento conceitual trabalhado pelo professor Machado, foi o de
movimentos heréticos, que, segundo o docente, devem ser entendidos, inicialmente,
como conteúdos discutidos entre diferentes grupos cristão, que, posteriormente,
começaram a ser rejeitados por um grupo de líderes da igreja imperial a partir de
concílios e sínodos, especialmente, do século II d.C. em diante.
Estabelecidas as definições, algumas características do cristianismo após a década
de 70 d.C. foram muito úteis para a melhor compreensão da consolidação da
supremacia da Igreja Romana e dos seus bispos na história cristã.
Após a queda de Jerusalém, no ano 70 d.C., o professor apontou a tendência entre
os pais apostólicos e pais da igreja posteriores, que é o arrefecimento da ideia de
iminência do fim, além de um distanciamento notório entre o cristianismo e o judaísmo,
em que, até mesmo na igreja, se tornou incomum a presença de judeus à medida que
os séculos avançaram.
Outra característica do cristianismo pós-queda de Jerusalém, oportunamente
apresentada pelo professor Machado, foi a associação da filosofia helênica à fé cristã,
comumente notada em Clemente de Alexandria, Justino Mártir e Orígenes, por
exemplo. A respeito da influência do pensamento helênico na formação da teologia
cristã, vale destacar o surgimento das especulações a respeito da pessoa de Jesus
Cristo, que ameaçavam a doutrina apostólica a respeito de Cristo, como, o
Adocionismo da epístola do Pastor de Hermas, que defendia que Jesus não era em
essência divino, mas passou a ser quando foi adotado por Deus Pai em seu batismo.
Outra distorção foi o Docetismo, que reconhecia a divindade de Jesus Cristo, contudo,
negava a sua humanidade, já que afirmava que um ser transcendental no máximo
teria uma aparência de homem, mas jamais poderia existir em um corpo material.
Ainda sobre a influência da filosofia helênica entre muitos pais da igreja, vale
mencionar, que algumas das ideias que posteriormente foram consideradas heréticas,
surgiram na tentativa de combater desvios claros das doutrinas apostólicas, como, por
exemplo, as variáveis do gnosticismo, que se opuseram ao legalismo do judaísmo,
assumindo a típica libertinagem do mundo helênico-romano.
Docente: Jonas Machado
Discente: Pablo Rodrigo Ferreira

Também, mereceu destaque do professor, o fortalecimento do episcopado, da


sucessão do colégio dos clérigos, como, por exemplo, em Inácio de Antioquia, que
passou a defender que algumas cerimônias eclesiásticas eram de exclusividade dos
ministros da igreja, dentre elas, o casamento.
Além dessas características do cristianismo pós-queda de Jerusalém, outra marca do
período dos pais da igreja foi a interpretação alegórica dos textos bíblicos, tema, que
até os dias atuais, suscita polêmicas. A esse respeito, merece destaque a influência
de Clemente de Alexandria e de seu discípulo Orígenes, do século III, este último,
considerado como herege, em 553 d.C., muito tempo depois de sua morte.
Dentre os pais da igreja que demonstrou considerável ímpeto contra a influência do
gnosticismo dentro da igreja, se pode destacar Irineu de Lião, com a sua Teoria da
Recapitulação, em que Jesus Cristo recuperou a imago Dei perdida em Adão a partir
da sua encarnação real e plena. Inclusive, destacou o professor Machado, a partir das
suas postulações a respeito da redenção, Irineu deixou um legado aproveitado e
aperfeiçoado por Agostinho de Hipona, já no século IV, dois séculos depois de seu
antecessor.
A esse respeito, contudo, uma controvérsia foi levantada pelo professor em aula, a
saber, sobre a razão da morte de Jesus Cristo. Foi muito interessante perceber que
teólogos conceituados a respeito da doutrina da redenção, como Agostinho de
Hipona, comungavam da mesma ideia de Irineu de Lião, que Jesus Cristo morreu na
cruz para pagar um resgate a Satanás, conforme Contra Heresias III 23:1. A ideia de
que a cruz foi para satisfazer a justiça de Deus, ressaltou Machado, só passou a ser
mais trabalhada na igreja a partir de Anselmo da Cantuária, quase dez séculos depois
de Irineu de Lião.
Outro personagem, que se destacou na tentativa de se opor à influência da filosofia
helênica na fé cristã, foi Tertuliano de Cartago, entre os séculos II e III d.C., autor da
célebre frase: “O que Atenas tem com Jerusalém?”. Apesar da sua resistência, acabou
sucumbindo às influências de seu tempo ao tentar tratar de assuntos, como a natureza
imutável de Deus. Nesse sentido, considerou-se oportunas as colocações de
Machado, que trabalhou a ideia de que a teologia não precisa e nem deve estar sujeita
à filosofia, mas que é difícil a teologia se ver livre totalmente da maneira de pensar do
tempo em que ela é formada.
Docente: Jonas Machado
Discente: Pablo Rodrigo Ferreira

A unidade curricular transcorreu apontando várias obras e personagens dentro dos


apontamentos iniciais apresentados anteriormente, reforçando que tais aspectos
cooperaram para que, após o Édito de Milão, a Igreja Romana viesse a reivindicar a
supremacia sobre as demais e as interpretações da igreja assumissem a
exclusividade que chancela a sua autoridade superior.
Outros apontamentos, também foram trabalhados, como os cristianismos derrotados,
que são ideias defendidas por clérigos que não alcançaram influência na igreja,
contudo, devido as limitações avaliativas deste instrumento não permite a
continuidade das explanações.

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