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A Patrística é um período da história da Igreja que compreende aproximadamente do século

II ao VIII, marcado pela reflexão teológica dos Padres da Igreja. Essa época foi de grande
importância para a construção da teologia cristã, pois os Pais da Igreja desenvolveram e
defenderam as doutrinas e crenças fundamentais ao cristianismo.
Uma das principais contribuições da Patrística foi a transição da autoridade no cristianismo.
Nesse período, a autoridade passou dos apóstolos, que correspondia ao período apostólico,
para a tradição e a interpretação dos Padres da Igreja. Essa mudança foi de grande
importância para preservar a fé e fortalecer a igreja, já que esses padres cuidavam da
correspondência dos novos anseios dos fiéis, e faziam isso por meio da lógica e do raciocínio,
é necessário entender, entretanto, que as novas “teorias”, se é que podemos chamar assim,
não eram só destinadas aos fiéis, mas também aos próprios religiosos e teólogos da época que
muitas vezes organizavam debates entre si.
Uma outra importante contribuição da Patrística foi a construção de novas doutrinas e
conceitos teológicos, como a Trindade, encarnação de Cristo e a natureza humana e divina de
Jesus. Essas doutrinas se tornaram a base dos grandes conceitos teológicos que são seguidos e
estudados até os dias de hoje. Os principais Pais da Igreja foram Clemente de Roma, Inácio
de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Justino o Mártir, Atanásio e Agostinho. Cada um desses
teólogos contribuiu de forma significativa para a reflexão teológica da época. Clemente de
Roma, considerado o primeiro grande pai da igreja, foi responsável por traduzir as cartas do
apóstolo Paulo, ele escreveu uma carta aos coríntios que é considerada um dos primeiros
documentos da teologia cristã, e foi uma das primeiras cartas dirigidas a eles. Ele foi preso e
morto, se tornando o primeiro mártir. Inácio de Antioquia foi bispo da região de Antioquia,
discípulo de João e sucessor de Pedro. Um de seus feitos foi ser o primeiro a definir a igreja
como a igreja católica (igreja universal) e escreveu cartas antes de sua morte sobre a
plenitude da salvação. Ele também foi martirizado. Policarpo de Esmirna foi bispo de
Esmirna e sofreu perseguição por sua fé. Ele desistiu de fugir e foi queimado vivo,
tornando-se também um mártir. Justino o Mártir foi um defensor da fé e escreveu diálogos
entre o cristianismo e a filosofia. Ele argumentava para explicar o cristianismo e desmistificar
a fé cristã, foi um dos primeiros pais a usar com sabedoria e virtude a apologética, é
interessante como em todo período da história humana, apesar de agimos irracionalmente
algumas vezes, nós nos inclinamos para explicações que sejam racionais, objetivas e
fundamentais e é interessante também como todas as instituições se adaptam a isso, tendo em
vista isso esses pais da igreja tiveram uma importância que reverbera até os dias de hoje, isso
se mostra pelo fato de os estarmos estudando. Ele também foi martirizado. Atanásio foi um
importante defensor da fé e pai e doutor da igreja. Ele participou de debates sobre a natureza
de Jesus e defendeu a doutrina da Trindade.
Agostinho foi um dos maiores teólogos de todos os tempos. Inspirou Calvino e Lutero e,
embora não tenha sido cristão em sua juventude, se transformou em um grande estudioso da
área. Ele estudou retórica e, ao começar a ler as escrituras, virou bispo de Hipona. Um de
seus grandes legados foi a riqueza do seu pensamento filosófico e seus debates contra o
pelagianismo.
O pelagianismo afirmava que o homem tinha mérito na sua salvação e ajudava a Deus nela,
concluindo que o livre-arbítrio era a chave para a salvação, e que a vontade humana era capaz
de escolher o bem ou o mal, independentemente da graça divina. Agostinho subjugou essa
doutrina defendendo a soberania de Deus e a salvação pela graça.
Além de seus debates contra o pelagianismo, também é conhecido por suas obras, como
"Confissões" e "A Cidade de Deus", que se tornaram clássicos da literatura ocidental e
influenciaram a filosofia e a teologia até os dias de hoje.
Outro tema central da reflexão teológica da Patrística foi a relação entre a fé e a razão. Os
Pais da Igreja buscaram conciliar a fé cristã com a filosofia greco-romana, especialmente a
filosofia platônica. Para eles, a razão era um dom de Deus que deveria ser usado para
entender a revelação divina. Essa síntese entre a fé e a razão foi fundamental para o
desenvolvimento da teologia cristã e influenciou o pensamento filosófico e científico da
Idade Média, como já foi mencionado antes, essa síntese é de extrema importância pois se
vivia em um período de um grande cabo de guerra, tanto entre os que recebem a informação
quanto entre os que as fornecem e refletem sobre ela, diálogo esse que ia muito além da
própria bíblia, que é um manual de fé e prática, para a criação de uma nova racionalização do
processo interpretativo, embora processo esse que não podia ultrapassar o próprio Deus que
era absoluto, ou seja, a bíblia serve como regularização e reafirmação da própria soberania do
pai, o que entra em conflito com o próprio pelagianismo na minha visão.
A Patrística também foi um período de grande influência na liturgia e na prática cristã. Os
Padres da Igreja foram responsáveis por desenvolver as primeiras formas de culto cristão e
por estabelecer práticas como o batismo, a eucaristia e a confissão dos pecados. Eles também
lutaram contra heresias e cismas que ameaçavam a unidade da igreja.
Em resumo, a Patrística foi um período crucial para a construção da teologia cristã e da igreja
como instituição. Os Pais da Igreja foram responsáveis por desenvolver e defender as
doutrinas fundamentais ao cristianismo, como a Trindade e a natureza humana e divina de
Jesus, além de conciliar a fé com a razão e estabelecer as práticas da liturgia e disciplina da
igreja.

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