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Resenha do Livro: LIBANIO, João Batista; MURAD, Afonso.

Introdução à Teologia. São Paulo: Loyola, 1996.

Leandro Cesar Bernardes Pereira

INTRODUÇÃO

O livro escrito em 1996, ou seja, há apenas quatorze anos, se refere a todo o desenrolar do
processo teológico na história da Igreja católica. A obra possuiu um caráter introdutivo, portanto o
método empregado pelo autor é de introduzir os leitores em uma visão geral do modo como fazer
teologia e do modo como foi sendo feita a teologia no decorrer dos séculos e nos últimos anos no
Brasil.

1. CONTEÚDO GERAL

Capítulo 1: Contexto atual

Existem sinais de esperança hoje para a teologia presentes nos fatos novos que a
circundam. Verifica-se um crescente número de estudiosos leigos e leigas na Igreja. Ao mesmo
tempo verifica-se um crescente número de leigos que procuram estudar e conhecer a teologia
para dar razões de sua fé diante da sociedade atual. A teologia hoje se encontra com a chance de
espandir-se em sua influência em um contexto pluralista. Há também em nossos dias uma grande
diversidade de teologias dentro do horizonte ecumênico e também inter-religioso. A todos a Igreja
é chamada a aperfeiçoar-se e dialogar.

O contexto atual faz com que a teologia se desloque do seu centro ocidental para o
confronto com outras teologias também não cristãs presentes no terceiro mundo como a Índia,
África e Américas com as grandes tradições religiosas orientais e afro-indígenas. A pastoral se
tornou mais exigente com a mudança do contexto social, que de rural agrário, se tornou urbano e
técnico, onde as informações e os meios de comunicação se tornaram um fator cultural. A
exigência está agora no como colocar-se diante deste contexto pastoralmente.

Cresce o número de pessoas que buscam uma espiritualidade mais aprofundada


teológicamente em pequenos círculos de partilha. Ao mesmo tempo a Nova Era tem povoado as
livrarias com livros de espiritualidade distantes da visão cristã.

Diante do contexto da pós-modernidade, estamos na era da liberdade e da criatividade e isto


também no ambito da reflexão teológica onde encontramos uma pluridiversidade dos lugares
teológicos. Ou seja a teologia hoje é chamada a ser companheira do homem moderno. Esta nova
exigência faz com que a teologia seja forçada a sair dos seminários e dos ambientes somente
clericais para ir para outros horizontes sociais. Neste sentido o ensino da teologia sofre também
na sua estrutura interna que passa por transformação. O estudante de teologia agora não é
somente o candidato ao sacerdócio, se insere a figura de leigos e leigas que a estudam em vista
da competência pastoral. Ao mesmo tempo vivemos ainda um contexto de uma certa separação
entre a teologia e a pastoral.

Capítulo 2: Conceito e natureza da teologia

O termo tem origem grega, "theo" (Deus) e "logia" (sabedoria, conhecimento, ciência).
Etimologicamente é um saber, um conhecimento sobre e de Deus. O termo não aparece nem no
Antigo Testamento, nem no novo. Trata-se de uma nomeclatura de origem grega, cujo ambiente
se encontra no culto às divindades pagãs. A teologia consistia no louvor, ou na oração voltada aos
deuses, o teólogo era aquele que discursava sobre eles.

Com o passar do tempo encontramos o termo na obra de Platão. Na patrística encontramos


o mesmo em vários padres como Agostinho e Orígenes. Permanece porém neste primeiro
momento a concepção grega de teologia como um discurso sobre Deus. Na Idade Média com
Santo Tomás a Teologia equipara-se a Sagrada Doutrina. Já a partir da Idade moderna, a teologia
passou a ser vista em suas múltiplas distinções: Teologia moral, mística, apologética, dogmática
etc...

A teologia é um processo de aprofundamento da compreensão do mistério trinitário. Deus


revelou-se na história. Essa revelação divina é registrada sobretudo nas sagradas escrituras. A
Revelação tem seu ápice na pessoa de Jesus, ensinada pela Igreja. A teologia nasce portanto da
experiência de uma comunidade, não se trata de um ato isolado de um indivíduo. O teólogo reflete
sobre a fé da comunidade em sua diversas implicações vitais. Portanto, a atividade da teologia é
uma atividade complexa.

A teologia é uma ciência, portanto sua reflexão parte de um método. No decorrer da história
do cristianismo este variou muito. Em uma visão geral, a teologia como as demais ciências utiliza
modelos e paradigmas para entender seu objeto central, a saber, a autocomunicação de Deus na
história em ações e palavras. Ela tem o mesmo estatuto epistemológico no sentido de aproximar-
se da revelação de Deus com categorias, matrizes, paradigmas interpretativos, hauridos da
filosofia e demais ciências humanas.
Para entender melhor a estrutura interna da teologia é importante analisá-la em seu duplo
movimento: Dedutivo e indutivo. A teologia dedutiva parte dos princípios gerais da fé para aplicá-
los as diversas realidades. O modo indutivo consiste em partir das realidades da vida humana
através de perguntas, com o intuito de respondê-las à luz da revelação.

Capítulo 3: Breve história da teologia

A história da teologia passou por diversas etapas. Em cada período o modo de fazer teologia
recebeu características próprias. Quanto as etapas Libânio as divide em: A teologia originante das
comunidades primitivas; a teologia simbólica da patrística; teologia escolástica medieval; teologia
antimoderna e manualística; teologia em mudança; tendências e características da teologia
contemporânea.

A teologia da comunidade cristã primitiva nasceu sobretudo da experiência pessoal com


Jesus. A expressão de sua fé está sobretudo nos escritos do NT. Em síntese pode ser
caracterizada como:

* Pneumática, embebida pelo Espírito que suscita a continuidade dos seguidores de Jesus;
* Eclesial, nascida no seio vivo de uma comunidade a caminho e referida a ela;
* Missionária, destinada a transmitir e recriar a fé cristã;
* Vivencial, repleta de sentimentos, conotações afetivas e força convocatória, proveniente da
experiência de seguimento do ressuscitado;
* Contextualizada na história da comunidade em que foi elaborada. Não retrata desejo
explícito de fazer reflexão única e universal, válida igualmente para todos;
* Aberta ao futuro, estimulando assim interpretações enriquecedoras, novas releituras
situadas.

A teologia patrística abarca os primeiros seis séculos do cristianismo até o início da Idade
Média. Caracteriza-se pelo caráter pastoral e inculturado no ambiente grego. Sua elaboração
muito se deve a presença das heresias, as quais suscitaram os escritos dos padres e dos
Concílios Ecumênicos. Subjaz a grande parte da reflexão patrística a matriz da gnose sapiencial,
na qual o conhecimento não se baseia simplesmente em conceitos racionais, e sim numa postura
complexiva, na qual intervem o afeto, vontade, conceito, raciocínio, intuição e atitudes de vida.

A reflexão da fé dos padres parte sobretudo da Palavra de Deus, a teologia por eles escrita
chegou até nós também como explicação do conteúdo de fé expresso e vivido na liturgia. A
interpretação das escrituras se insere dentro de uma comunhão eclesial. E o modo de
transmissão do conhecimento é criativo, livre e ao mesmo tempo inculturado ao ambiente e
cultura grega.

A teologia escolástica medieval atravessou oito séculos. Podemos identificar três grandes
fases: A gestação que compreende os séculos VII a X, onde a teologia se baseia na leitura e
comentário das Escrituras e dos Padres; a grande escolástica, do século X ao XII, condiciona o
raciocínio, com a dialética e o método do "sic et non" (sim e não). Na Alta Escolástica
encontramos o surgimento da Escola Dominicana, tendo como principais representantes: Alberto
Magno, Tomás de Aquino e Mestre Eckart. Na Escolástica tardia (séc. XIV e XV), se destaca a
Escola Franciscana: Boaventura, Duns Escoto, Guilherme de Ockham, Gabriel Biel.

Por teologia antimoderna e manualística se entende o período que dominou desde os inícios
da Idade Moderna até o limiar do Concílio Vaticano II. A sociedade passou por diversas
mudanças, mas a teologia se enrigeceu nos manuais e documentos do magistério. Foi um período
onde a Igreja se concentrou na tarefa de expor, definir, defender, provar e confirmar a fé ortodoxa,
examinar e condenar os erros. A teologia se destina quase exclusivamente ao clero e se
desenvolve em três grandes áreas: fundamental, dogmática e moral.

Depois deste período a teologia começa a encontrar nos séculos XIX e XX, sinais de diálogo
com a modernidade, correntes e movimentos católicos e evangélicos de pensamento, os quais
depois deram origem ao Concílio Vaticano II.

A partir do Concílio Vaticano II, a teologia está em continuo diálogo com a modernidade.
Esta marca da teologia contemporânea valoriza o homem e descobre o valor das realidades
terrestres. O pluralismo atual reflete matrizes e correntes filosóficas bem diferentes. E isto se dá
também na teologia. Verifica-se uma criatividade livre para o pensamento em diálogo com as mais
diversas realidades culturais.

Capítulo 4: A teologia latino-americana da libertação: estatuto teórico

A Teologia da Libertação recebeu este nome também devido ao contexto de seu


nascimento. Depois da segunda guerra mundial, o mundo se deparou com o avanço do
capitalismo. Surge então o desenvolvimento acelerado dos países europeus e dos EUA. A
América Latina começou a se deparar com um disparate grande entre a minoria rica e a grande
massa de pobres oprimidos. Surge então muitos movimentos em vista da superação desta
realidade. Estes movimentos receberam esta conotação libertadora, com a conotação marxista de
luta de classes, em vista de uma revolução político-econômica. É dentro deste quadro que
começa a surgir perguntas diante da realidade dos pobres que surge a TdL. No interior deste
contexto, muitos membros da Igreja começam a refletir, surgem perguntas a respeito da realidade,
a nescessidade de uma aplicação prática em vista da mudança desta realidade. A partir disto
nasce a TdL.

Quanto a maneira de interpretar a tradição teológica, a TdL comunga com a teologia


moderna européia em contraposição à escolástica. A TdL diferencia-se da teologia européia
quanto à raiz do questionamento do sem-sentido das formulações de fé. Se a teologia liberal
européia procura resgatar o sentido da revelação para o homem moderno ameaçado pelo sem-
sentido de sua existência, a TdL intenta também recuperar esse sentido, mas em relação ao sem-
sentido provocado por contexto de opressão, pedindo ação libertadora.

No princípio da TdL está a práxis como pergunta. A práxis pastoral, cultural, política, social
libertadora levanta questões diretamente às formulações, interpretações, compreensões até então
dadas da revelação cristã.

O termo "práxis" na TdL ocupa lugar fundamental. Resumindo de modo didático, a TdL é
uma:
* teologia da práxis: O seu material provem da reflexão da prática intraeclesial ou socio-
política
* teologia para a práxis: O seu produto teológico nasce do confronto do material assumido
da prática com o conteúdo da Revelação.
* teologia na práxis: O teólogo precisa de certo modo estar articulado com a prática que
reflete e para a qual reflete.
* teologia pela práxis: Uma vez terminada a tarefa teológica de ter ter interpretado à luz da
revelação as práticas pastorais e sociais e ter devolvido o produto teológico aos interessandos,
estes submetem-no à sua crítica.

O ideal da TdL é servir à própria libertação que vai acontecendo na história. Quando esta
chegar a sua plenitude, a TdL poderá cantar com alegria seu "nunc dimittis", a oração do velho
Simeão. Até lá, ela se faz nescessária à libertação.

Capítulo 5: O ensino acadêmico da teologia

Existem diferentes níveis de teologia. Há teologia popular ou cotidiana, nasce da reflexão da


fé, realizada por cristãos, em âmbito pessoal ou comunitário. A teologia pastoral situa-se a meio
caminho entre à reflexão existencial concreta e a teologia acadêmica. A teologia do terceiro nível,
denominada "profissional", denota as exigências de qualquer pensar elaborado na complexa
sociedade moderna. Ela portanto possui uma lógica, um método e um sistema. O desafio sempre
presente esta em conjugar o conhecimento teológico com a pastoral.

As áreas de estudos e disciplinas teológicas são diversas. Estas são organizadas em blocos
de pesquisa:
* Teologia fundamental: Lança as bases do conhecimento teológico e reflete sobre o fato
constituinte da realidade cristã. Ela compreende dois grandes blocos, agrupados em uma ou
várias disciplinas o primeiro trata-se de uma introdução a teologia e o segundo se ocupa do
círculo hermenêutico da existência cristã;
* Teologia bíblica: Visa uma introdução geral a escritura e um aprofundamento dos vários
temas do AT e NT;
* Teologia moral vinha sendo considera como a parte "prática" da teologia, ela se divide em
dois grandes blocos, compreendendo várias disciplinas. O primeiro bloco oferece reflexão global
sobre as bases e os critérios do agir do cristão. O segundo bloco compreende a reflexão ética
específica sobre os diversos setores da existência humana;
* Teologia sistemática ou dogmática: A matéria prima é o dado revelado, aprofundado,
reinterpretado e enriquecido pela tradição viva e regulada pelo magistério no decorrer da história,
compreende algumas disciplinas centrais: Cristologia, eclesiologia, sacramentos, Trindade,
antropologia teológica, abarca ainda pequenos tratados como a escatologia e a mariologia;
* Direito canônico: Estudo o conjunto nuclear das normas e prescrições jurídicas mais
importantes da vida da Igreja;
* História da Igreja: Os diversos contextos sociais e a presença da Igreja em seu meio em
suas diversas etapas.
* Liturgia e espiritualidade: Quando o cristão desce ao nível das motivações de sua fé, toca
na espiritualidade; quando a expressa em comunidade por meio da oração, louvor, ação de
graças etc... toma parte a liturgia. Quando reflete este conjunto faz teologia.

Existem outras disciplinas que não foram elencadas. Todas ela porém precisam de uma
postura pedagógica e de um método para a sua transmissão.O fim de tudo está no conjugar a
teologia com a espiritualidade. Alimenta-se espiritualidade no espaço eclesial e não no espaço
acadêmico.

Capítulo 6: Da teologia às teologias

A teologia em si possui bases essenciais sobre as quais se deve desenvolver o pensar


teológico como a única revelação divina. A aplicação desta porém se insere em diversos
contextos de homens e mulheres. Hoje a Igreja católica apresenta uma grande pluralidade
teológica, com correntes e pensamento e enfoques teológicos múltiplos. Os enfoques teológicos
diferenciam-se das "teologias do genitivo".

No caso de uma teologia do genitivo, escolhe-se como objeto de estudo teológico um tema
ou aspecto da realidade, usando mediação hermenêutica teológica corrente. Surgem assim as
teologias do trabalho, do lazer, da política, da ecologia, da educação etc... As teologias do genitivo
não possuem a pretensão de ser uma chave de leitura para compreender e reelaborar toda a
teologia ou grande parte dela. O enfoque teológico nasce do desejo de reorientar toda a visão
teológica em cima de uma nova perspectiva. Exemplo de enfoques teológicos recentes
encontramos: A teologia feminista, o caso da teologia negra e ameríndia, a teologia holística, a
teologia das religiões, a teologia inculturada, a teologia continental.

No ensino acadêmico da teologia, os enfoques impulsionam, criticam e purificam. Mas o


conteúdo dos cursos não se reduz às "novidades teológicas". O aluno necessita de um "varal",
onde sejam incorporados os dados da Escritura, da tradição e do magistério. Quando um enfoque
adquire certa consistência, pode exercer efeito aglutinador, ser chave de leitura privilegiada, mas
nunca exclusiva para a leitura e organização dos dados.

Capítulo 7: Grandes matrizes ou paradigmas da teologia

A teologia sistemática se estruturou ao longo dos séculos sobre grandes matrizes filosóficas.
Através dessas foram refletidas as verdades da fé segundo uma determinada concepção dialética.
Uma matriz filosófica permite uma visão mais ampla de uma realidade. A medida que se faz uma
reflexão diante de uma determinada matriz, ao se utilizar uma outra gera-se um acréscimo, pois
não se anula o processo feito anteriormente, somente se acrescenta e isso gera um
amadurecimento na concepção dos conceitos.

A primeira grande matriz da teologia é o sagrado. Sob esta matriz uma variedade de formas
teológicas surgiram. O sagrado dá sentido a toda a criação, eleva o seu valor e sua consistência.
Essa matriz torna o divino mais acessível as pessoas. Nessa matriz, um dos problemas
fundamentais é mostrar como realidades terrestres possam ser manifestação de forças divinas.

Outra matriz dos inícios da reflexão teológica é a gnose sapiencial. Esta funcionou
fundamentalmente no mundo da bíblia. Como gnose, é conhecimento que reflete a atitude
sapiencial da afetividade, da vontade, da ação. Inclui perceber, julgar, nortear-se retamente em
todas as coisas em busca da perfeição, da felicidade, da salvação. Portanto, não busca somente
a felicidade, ou a salvação a nível de conhecimento e sim busca o como encontrar meios
concretos para alcança-los. Quem persegue tal conhecimento completo não quer ser somente
douto, mas também piedoso, religioso, perfeito, salvo, feliz.
O ser-essência é uma matriz que trouxe ao entendimento da revelação um caráter mais bem
elaborado de um lado, enquanto rompe de outro a harmonia da gnose sapiencial. A intelecção da
realidade é vista sob o prisma metafísico-ontológico. Nessa matriz, a teologia adquire a obsessão
das definições essenciais para exprimir a substância mesma das coisas, das verdades, da fé, do
dogma. Porém, o risco do dualismo pervade essa matriz, fazendo com que realidades espirituais
sejam sobrepostas a materiais. Neste sentido um saber intelectual, torna-se mais valorizado que
um trabalho manual, a virgindade consagrada torna-se um estado superior ao matrimônio etc...

Uma virada no pensamento teológico aconteceu com a reflexão baseada na subjetividade,


intersubjetividade, existência. O centro da reflexão para do esquema teo- e cosmocêntrico para
antropocêntrico. O ser humano a partir da própria experiência consciente e livre, procura
interpretar a si mesmo, suas relações com os outros e com o mundo, a própria transcendência.

Na europa depois do Concílio Vaticano II, preponderou a matriz da história. A América Latina
a partir do peruano G. Gutiérrez lançou o projeto de uma teologia a partir da práxis, contrapondo-a
à teologia como sabedoria e razão. A práxis permite uma nova leitura da revelação.

Diversas outras matrizes existem como a linguagem, a narração e a holística etc... As


matrizes funcionam como um varal teórico onde se pode dispor em ordem o material teológico
acumulado ao longo dos anos de estudo.

Capítulo 8: Tarefas da teologia

Ao longo das reflexões anteriores deduz-se que a teologia possui diversas tarefas, diversas
funções dentro da Igreja, em vista de sua edificação. Em vista de respostas precisas para o nosso
tempo.

A primeira tarefa é a hermêutica, pois é a partir do estudo da revelação que se compreende


a fé dentro do horizonte histórico, cultural e social. Esse modo de analisar a realidade choca no
decorrer dos séculos a tradição com a realidade presente. Nesse sentido abre novos horizontes.
Uma outra tarefa é a crítico-construtiva onde se questiona constantemente a vida interior da
igreja, também a sua dimensão ecumênica e inter-religiosa e ético-social. Este aspecto da
teologia purifica a igreja e a lança para a realização de sua missão diante das várias realidades
temporais. É preciso porém um diálogo com essas realidades. Por isso, é tarefa da teologia
propiciar a melhor maneira de se dialogar com o diferente. A teologia, como "ciência eclesial"
também possui a tarefa da práxis que na América Latina, exige a "libertação da teologia". É tarefa
da teologia estar também inserida com a produção das ciências teológicas que servem como
instrumenstais pré-teológicos.

Desde o Concílio de Trento, a teologia voltou-se quase exclusivamente para a formação de


futuros sacerdotes. Uma prática mais recente se tornou a teologia para leigos seja na forma de
cursos como também de pesquisa acadêmica. Cresce cada vez mais o número de leigos que se
interessam pela teologia, o que torna urgente a presença de professores que conjuguem
conhecimento com metodologia.

2. DESTAQUES DO TEXTO

Libânio seguiu um processo lógico e pedagógico na elaboração de sua obra. A lógica foi: O
que é a Teologia, como foi feita a Teologia no decorrer da história, o conteúdo abordado em cada
etapa, a Teologia na América Latina em nosso tempo, as novas perspectivas teológicas, o
contexto atual e seus desafios.

3. APRECIAÇÃO DE ALGUNS PONTOS

Para mim, o autor foi muito preciso e pedagógico na exposição de todo o conteúdo.
Destacou a presença dos novos teólogos e estudantes de teologia que aparecem após o Concílio
Vaticano II: os leigos. Muito útil é a presença expositiva da história e das principais diretrizes da
Teologia da Libertação, um fenômeno teológico de muita importância para a compreensão não
somente da produção teológia da América Latina, como seu efeito ainda hoje forte em muitas
regiões do Brasil.

4. CONCLUSÃO

Após quatorze anos de elaboração do livro, acredito que a obra é de muita importância para
a compreensão da ciência teológica em toda a história da Igreja católica. A única lacuna ao meu
ver seria a não presença do desenvolvimento teológico também nas demais Igrejas como por
exemplo nas Igrejas Ortodoxas e nas provindas da Reforma.

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