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PÓS-GRADUAÇÃO EAD

TEOLOGIA
SISTEMÁTICA AULA 4

INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DA TEOLOGIA HISTÓRICA

META
Conhecer as especificidades da Teologia Histórica e suas características.

OBJETIVOS
Apresentar o desenvolvimento e crescimento da Teologia Histórica
Conhecer a Teologia Histórica como divisão do estudo teológico.

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DA TEOLOGIA HISTÓRICA

PARA A INÍCIO DE CONVERSA


Definição de Teologia Histórica
É o desvendar da Teologia Cristã através dos séculos. Ela é a percepção
do desenvolvimento, crescimento e mudanças da Teologia Cristã. Grant R.
Osborne citando Stuart G. Hall (1988, p. 106), compreende que a “Teologia
Histórica é o estudo da teologia do ponto de vista do passado. Essa matéria
pergunta o que foi dito sobre Deus e suas ações, bem como por quem,
quando e por qual motivo isso foi afirmado. A teologia, como a maioria dos
estudos intelectuais modernos, em grande parte é conduzida
historicamente. A verdade do presente é apresentada como uma
interpretação do foi dito e escrito no passado”.

Propósito da Teologia Histórica


É “descrever a origem histórica do dogma da Igreja e traçar as
subsequentes mudanças e desenvolvimento”. Como afirma Grant R.
Osborne (2014, p. 200), “assim como a teologia bíblica traça o
desenvolvimento na história de Israel e da igreja primitiva (o progresso da
revelação), da mesma forma a teologia histórica traça o desenvolvimento da
doutrina na história da igreja e no presente (o progresso da iluminação). A
teologia histórica, portanto, mostra como a igreja colocou em prática sua
própria teologia bíblica em cada estágio de seu desenvolvimento”.

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A Teologia Histórica delineia o movimento teológico, através dos séculos.


Ela é importante e muito útil para se observar os primórdios das doutrinas,
como elas se desenvolveram, e como elas têm, por vezes, se desviado da
verdade bíblica.
A Teologia Bíblica é aquela disciplina que investiga a todas as fases e
períodos da compreensão progressiva do Cristianismo. Busca compreender
a verdade da revelação divina na vida e no pensamento da humanidade.
Semelhante a Teologia Bíblica, a tarefa da Teologia Histórica é descritiva,
pois se relaciona com o passado como passado. Ela procura responder à
pergunta: “O que as gerações passadas compreendiam e ensinavam com
referência à fé cristã e por que entendiam e ensinavam dessa forma?”. “Por
isso, tecnicamente, teologia histórica fica entre a teologia bíblica e a
sistemática, apontando como as comunidades de fé posteriores entenderam
as doutrinas bíblicas e as organizaram em sistemas” (OSBORNE, 2014, p.
200).
Paul Enns destaca que “a teologia histórica é uma disciplina híbrida que
deriva tanto da teologia quanto da História. Esse híbrido reconhece que
forças históricas e sociológicas estão envolvidas na forma em que as
questões são elaboradas e as respostas são dadas, mas a teologia histórica
não faz que as respostas sejam absorvidas pelo aspecto sociológico” (ENNS,
2014, p. 45).

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O labor teológico de quem desenvolve a história da teologia exige


cuidados específicos; é nessa questão que o historiador deve estar sempre
atento às mudanças e influências de fatores culturais na sua percepção e
pressupostos.
Conforme Enns, “o historiador da teologia cristã deve estar atento ao
contexto cultural dos teólogos e das proposições que ele investiga e registra.
Toda teologia é formulada num contexto cultural. Fatores culturais
influenciaram a teologia de teólogos no passado de maneira que os próprios
teólogos nem sempre percebiam” (ENNS, 2014, p.45).

A Teologia Histórica é dividida em:

1.Teologia antiga (primeiro século – 590 d.C.);


2.Teologia medieval (d.C. 590-1517);
3.Teologia da Reforma (1517-1750);
4.Teologia moderna (1750-presente).

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Seu desenvolvimento foi marcado pelos acontecimentos, fatos e produções


literárias efetivados nos seguintes períodos:

(1) Na Igreja Primitiva. Este é o período da gênese da Igreja Cristã. Seu


fundamento, suas doutrinas, seu sistema de governo e, também, seus
primeiros desafios para manter a pureza doutrinária começam nesta
época. Foi também nesta época que os apóstolos começaram um grande
projeto de evangelização e expansão missionária. Além dos apóstolos,
surge a figura, personalidade e trabalho do apóstolo Paulo que
desenvolveu o maior trabalho missionário de toda a História da Igreja no
século I. Nos séculos II ao IV temos duas questões importantes: de um
lado surgem as heresias Arianas, Docetas, Apolinaristas, Eutiquinianas,
Nestorianas e Ebionitas, que negavam tanto a divindade quanto a
humanidade de Cristo. Por outro lado, surgem os Pais da Igreja, homens
capacitados e fieis como Orígenes, Tertualiano, Irineu, Agostinho e outros.
Eles defenderam a fé salvadora com brilhantismo e com fundamento
escriturísticos.

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(2) Na Igreja Medieval. Dos séculos V ao XV a Igreja Cristã andou por


caminhos tenebrosos. Logo no século V começa a adesão da Igreja pelo
poder estatal e o governo dos Papas entra em vigor. Ela se distancia dos
fundamentos dos profetas e apóstolos. O declínio espiritual, moral e a
devassidão torna-se uma marca registrada nesta época. Poucos foram os
que se mantiveram fieis, ainda assim, teólogos como Tomás de Aquino,
Dunns Scotus e Guilherme de Occam escreveram tratados sobre a
verdadeira fé cristã.

(3) Na Igreja da Reforma. O século XVI estava marcado pelas trevas de


toda a Idade Média, pois a autoridades eclesiásticas tinha se distanciado
da ortodoxia e comprometido o conceito de Igreja Cristã. Martinho Lutero
buscava incessantemente uma pureza doutrinária na Igreja que apontasse
para a salvação eterna; ele formulou e decidiu fixar as 95 Teses na porta
do castelo de Witenberg, o que aconteceu em 31 de outubro de 1517.
Começa aí o maior e mais extraordinário movimento da fé cristã, a Reforma
Protestante, que se expandiu por toda a Europa e influenciou todo o
mundo. Entretanto, no século XVIII, com o advento do Iluminismo, a fé e a
teologia cristã entraram em declínio através do Liberalismo Teológico que
desconstruiu as principais doutrinas da fé cristã.

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(4) Na Igreja Moderna. A Igreja Moderna coleciona acertos e erros:


acertos devido a ter sido alvo de grandes avivamentos nos séculos XIX e
XX; além disso, investiu muito das suas forças no evangelismo e na obra
missionária. Erros porque aceitou a inserção das doutrinas da Confissão
Positiva, Teologia da Prosperidade no seu culto e na sua espiritualidade.
Atualmente vive um dilema entre o verdadeiro evangelho e o evangelho
da autoestima e da psicologização pastoral, para não falar de sua
intimidade com a política e o sincretismo religioso.

FONTES DA HISTÓRIA DA IGREJA

A composição deste tópico sobre as fontes da História da Igreja se


fundamenta especialmente no capítulo sobre a Teologia Histórica do livro
Introdução à Metodologia das Ciências Teológicas, escrito por Hermisten
Maia Pereira da Costa. Nesta obra, o autor considera que “Quando
estudamos a História da Igreja até o final do primeiro século, temos
documentos infalíveis, inspirados pelo Espírito: o Antigo e o Novo
Testamentos. No entanto, fora deste período, temos que nos valer
exclusivamente de fontes humanas que não são infalíveis. Vejamos então,
como classificá-las”:

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FONTES ESCRITAS (COSTA, 2015, p. 193-194):

1) Documentos oficiais de autoridades civis e eclesiásticas: atas de


concílios e sínodos, confissões de fé, liturgias, decretos da igreja, cartas de
papas, patriarcas, bispos, grupos representativos.
2) Escritos privados de personagens da história analisada. Por exemplo:
a. Primeiros seis séculos: obras dos Pais da Igreja, líderes heréticos e outros
autores. b. Idade Média: missionários, escolásticos e místicos. c. Reforma: os
Reformadores e seus opositores, cartas. Contudo, no estudo destes
documentos é preciso sempre uma análise criteriosa, especialmente nos
escritos apologéticos onde os fatos podem ser explicitados de forma
tendenciosa e parcial. Além disso, há o aspecto da fidedignidade textual que
é um assunto mais complexo, e que não pode ser simplesmente ignorado.
3) Crônicas e histórias feitas por amigos ou inimigos, que foram
testemunhas oculares do relato. Obviamente, o valor destes registros
depende da capacidade e credibilidade dos autores, que poderá ser
avaliada por intermédio de um criterioso exame. Historiadores subsequentes
podem ser considerados, especialmente aqueles que se tornaram a fonte
para documentos total ou parcialmente perdidos. Algumas vezes tais
documentos foram unicamente preservados em seus escritos.

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4) Inscrições, especialmente aquelas feitas em tumbas e catacumbas, as


quais revelam a fé e esperança dos fiéis em tempos de perseguição. Para o
Antigo Testamento, de modo especial, temos as ruínas do Egito e Babilônia
com as suas bibliotecas as quais têm sido uma fonte riquíssima para
entender a sua religião e cultura, bem como para lançar luzes sobre algumas
partes da História registradas no Antigo Testamento.

FONTES NÃO ESCRITAS (COSTA, 2015, p.195):

Costa aponta várias razões para justificar a relevância da História da Igreja


(2015, p. 195-199):

1) Evidenciar que o Cristianismo além de princípios espirituais e éticos,


que envolvem a nossa visão de mundo e, portanto, toda a nossa existência, é
uma religião que se ampara na história; é uma realidade concreta, não
docética. Os atos de Deus ocorreram, de modo especial em Jesus Cristo, na
história (Ver: Ex 20.2-3; Lc 1.1-2; Jo 1.14; 1Jo 1.1). ‘Estudar a história do
cristianismo é lembrar continuamente o caráter histórico da fé cristã’;

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2) Retratar os desafios enfrentados pela Igreja em suas escolhas – muitas


delas com grandes dificuldades – as quais estavam ligadas a determinadas
perspectivas teológicas, dentro de um contexto histórico, e contribuíram
para moldar o perfil de determinados grupos;
3) Educar a nossa mente, mostrando o desenvolvimento moral do povo
de Deus, e a execução gradual do plano divino da redenção;
4) De um modo especial, para os pastores e líderes da Igreja, é uma chave
para a compreensão da presente condição da Cristandade, e um guia para a
Igreja ser bem-sucedida em seu trabalho: o nosso labor presente está
diretamente ligado ao testemunho do passado, sendo nós mesmos o
gérmen do futuro. ‘O estudo do passado pode ser útil para moldar atitudes
cristãs apropriadas’;
5) Realçar a nossa herança e dívida para com os nossos irmãos do
passado, estimulando-nos à humildade e à gratidão sincera. ‘Não devem os
filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos’ (2Co 12.14). Paulo
entendia que como pai na fé dos crentes coríntios (1Co 4.14-15; 2Co
6.13;1Co 3.6,10; 9.1) deveria alimentá-los e fortalecê-los em sua fé. Esta
analogia fala-nos, portanto, da responsabilidade do pastor em buscar o
suprimento necessário, por intermédio da Palavra, para o progresso
espiritual de seu rebanho. Por isso é que ‘a infidelidade ou negligência de
um pastor é fatal à Igreja’;

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6) Ela tem um valor prático para todos os crentes, sendo um tesouro de


admoestação e encorajamento, de consolo e de orientação. Atesta como
Deus tem preservado o seu povo apesar de sua frequente desobediência. O
Escritor de Hebreus recorreu ao Antigo Testamento – relatando o
testemunho de fé dos Patriarcas – para admoestar e encorajar a Igreja de
seus dias (Hb 11).

Cada um dos tópicos acima justifica a relevância da História da Igreja, ou


da Igreja Cristã na História. A importância da cosmovisão fortalece a
existência da Igreja. Os sofrimentos ora enfrentados pelos cristãos foram
instrumentos pedagógicos de Deus para purificar sua Igreja e levar a mente
cativa a obediência de Cristo. O estudo do passado fortalece a identidade da
Igreja e faz lembrar da nossa herança com os irmãos do passado. Todas
essas questões fortalece a fé do povo de Deus e nos proporciona um valor
prático.

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SÍNTESE DESSA AULA

Nessa aula você estudou sobre conceitos e definições de Teologia Histórica


e as suas divisões:

Conceitos e objetivo da Teologia Histórica;

Compreensão do propósito da Teologia Histórica;

A relevância da História da Igreja Cristã.

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