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NOME DO ALUNO: Allan Dias Velasque

RESENHA DO CURSO ONLINE:

Catequese e renovação da igreja:


posição de Lutero sobre catequese, com reflexão sobre questões práticas

CIDADE: CUIABÁ/MT
ANO: 2023

Resenha crítica apresentada em cumprimento às exigências da


Didática e Psicologia do Ensino do Curso Médio em Teologia do
Instituto Bíblico Rev. Augusto Araújo-IBAA, ministrada
pelo prof. Manoel Delgado Jr
Nome: Allan Dias Velaque
Curso: Médio em Teologia
Data: 17/11/2023
Disciplina: Didática e Psicologia do Ensino
Professor: Manoel Delgado Jr

1. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA DO CURSO ONLINE

Tema: Catequese
Professor: Franklin Ferreira
Plataforma: Canal da Editora Fiel
Ano de Realização: 2015

2. APRESENTAÇÃO DO AUTOR

Franklin Ferreira é Bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia da Universidade


Presbiteriana Mackenzie, pós-graduado em Bíblia e Teologia pela Universidade Luterana
do Brasil e Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. Atua
como diretor e professor de teologia sistemática e história da igreja no Seminário Martin
Bucer, em São José dos Campos, São Paulo, e como secretário geral do Conselho
Deliberativo do IBDR. É consultor acadêmico de Edições Vida Nova e autor de diversos
livros, incluindo "Teologia Sistemática", "A Igreja Cristã na História" e "Pilares da fé".

3. PERSPECTIVA TEÓRICA DO CURSO

O curso aborda a prática da catequese como um meio vital para instruir os membros da
igreja nos fundamentos da fé cristã. Baseia-se no modelo histórico de transmissão da
doutrina, como praticado pelos pais da igreja, durante a Reforma e pelos puritanos. O curso
destaca a importância de um entendimento comum da doutrina apostólica entre todos os
membros da igreja, incluindo adultos e crianças.

4. BREVE SÍNTESE DO CURSO

Ele explora o conceito de catequese, seu desenvolvimento histórico e sua prática na igreja
moderna. Discute-se o Catecismo Menor de Martinho Lutero e sua abordagem para a
instrução da fé. O currículo catequético tradicional, composto pelo Decálogo, Credo, Pai
Nosso e sacramentos, é examinado. Além disso, são apresentados os momentos-chave
da catequese na história da igreja e a importância da preparação para o batismo e a
membresia da igreja.
5. PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NO CURSO

O conceito de Catequese é profundamente enraizado na linguagem bíblica e na prática da


igreja primitiva. Ele deriva do verbo grego “katecheo”, que significa instruir oralmente,
conforme demonstrado em várias passagens do Novo Testamento como Atos 18:25,
Romanos 2:18, 1 Coríntios 14:19 e Gálatas 6:6. Além disso, a catequese está intimamente
ligada ao substantivo “didachê”, que se refere a "ensino" ou "doutrina", ilustrado em
versículos como Mateus 7:28, Atos 2:42, Romanos 6:17 e 1 Coríntios 14:6.

Outro aspecto do processo catequético é capturado pelo verbo "paradidomi", traduzido


como “transmitir”, “entregar”, “passar adiante”, destacado em passagens como 1 Coríntios
11:2,23 e 15:3-5. Esta palavra enfatiza a transmissão contínua e cuidadosa dos
ensinamentos da fé de uma geração para a próxima, consolidando o papel da catequese
como um meio vital para preservar e difundir a doutrina cristã ao longo do tempo.A
catequese é o processo de instruir todos os membros de uma igreja nos fundamentos da
fé cristã.

Destaca-se em três momentos áureos:

Pais da Igreja - Ano e Contexto: A era dos Pais da Igreja estende-se aproximadamente
do século II ao século V d.C. Esse período é marcado pelo estabelecimento e solidificação
das doutrinas cristãs fundamentais no contexto do Império Romano, após o cristianismo
ter se espalhado pelo Mediterrâneo. A catequese nesta época focava no ensino e na
preparação dos novos convertidos para o batismo, bem como na defesa da fé contra
heresias. Figuras-chave como Agostinho de Hipona desempenharam um papel crucial no
desenvolvimento do pensamento teológico e da prática catequética.

Século 16, Reforma - Ano e Contexto: O século 16 é marcado pela Reforma Protestante,
que começou com a publicação das 95 Teses de Martinho Lutero em 1517. Este movimento
se estendeu por toda a Europa, provocando profundas mudanças religiosas, políticas e
culturais. A catequese durante a Reforma foi caracterizada por um retorno às Escrituras
como a principal fonte de ensino cristão e pela produção de catecismos como ferramentas
para instruir tanto o clero quanto os leigos nas doutrinas fundamentais do cristianismo.
Martinho Lutero e outros reformadores, como João Calvino, enfatizaram a importância do
ensino da fé e da doutrina através de catecismos simples e acessíveis.

Século 17, Puritanos - Ano e Contexto: O século 17 foi o período do Puritanismo,


principalmente na Inglaterra e na Escócia, após a Reforma Protestante. Os Puritanos,
surgidos em meados do século 16, buscavam "purificar" a Igreja da Inglaterra das
influências católicas remanescentes. Eles enfatizavam a piedade pessoal, a leitura da
Bíblia e a pregação baseada nas Escrituras. Durante este tempo, a catequese foi usada
extensivamente para educar tanto crianças quanto adultos nos princípios do calvinismo,
com um foco especial na catequização familiar e na preparação para o batismo.
Catequistas notáveis como Richard Baxter foram influentes na promoção da catequese
como um dever pastoral fundamental.

O princípio é "transmitir exatamente o que foi recebido", passar adiante como em uma
corrida de revezamento. Esta expressão, usada por Paulo, refere-se à transmissão do
Evangelho de Cristo, incluindo sua morte conforme as Escrituras, seu sepultamento e sua
ressurreição.

Catequisar envolve passar uma doutrina adiante, instruir e ensinar uma tradição. O objetivo
dos pais da Igreja, da Reforma e dos Puritanos era que todos os membros da igreja, tanto
adultos quanto crianças, tivessem um entendimento comum quanto à doutrina ou tradição
dos apóstolos. O catecismo, então, designa o conteúdo no qual as pessoas são
catequizadas, tradicionalmente composto pela exposição do Decálogo, dos Credos
Apostólicos, do Pai Nosso e dos sacramentos, considerados por Martinho Lutero como
"exatamente tudo aquilo que um cristão precisa saber."

Momentos-Chave da Catequese:

1. Período da Igreja Antiga (séculos II ao V): Notável pelo desenvolvimento do


catecumenato, com Agostinho de Hipona como catequista notável.

2. Reforma Continental (século XVI): Considerada a era dourada da catequese, com


destaque para Martinho Lutero.

3. Puritanos Ingleses e Escoceses (século XVII): Foco no dever pastoral da


catequização de famílias, com Richard Baxter sendo uma figura chave.

Durante uma inspeção pelas igrejas da Saxônia entre 1527 e 1528, Lutero constatou a falta
de conhecimento da fé cristã entre pastores e povo, e o abandono das escolas. Isso o levou
a escrever o Catecismo Menor em 1529. No catecismo, Lutero aborda temas como os Dez
Mandamentos, o Credo dos Apóstolos, a oração do Senhor, o batismo, a confissão, a
absolvição e a Ceia do Senhor, enfatizando a importância da compreensão e da repetição
destes ensinamentos. O Catecismo de Lutero começa assim:

"A lamentável e miserável necessidade experimentada recentemente, quando também fui


visitador, é que me obrigou e impulsionou a preparar este catecismo ou doutrina cristã
nesta forma breve, simples e singela. Meu Deus, quanta miséria não vi! O homem comum
simplesmente não sabe nada da doutrina cristã, especialmente nas aldeias. E infelizmente,
muitos pastores são de todo incompetentes e incapazes para a obra do ensino. Não
obstante, todos pretendem o nome de cristãos, estão batizados e fazem uso dos santos
sacramentos. Não sabem nem o Pai-Nosso, nem o Credo, nem os Dez Mandamentos. Vão
vivendo como brutos e irracionais suínos."

Este catecismo foi escrito para preparar e desafiar pastores a instruir os membros da igreja
de Cristo.

Conteúdo do Catecismo Menor:


• O catecismo contém nove seções, estruturadas em perguntas e respostas.

• Trata dos Dez Mandamentos, do Credo dos Apóstolos, da oração do Senhor, do


batismo, da confissão e absolvição e da Ceia do Senhor.

• Tabelas de comportamentos esperados, por temas, simples e carregadas de versos


bíblicos; não há palavras de Lutero, apenas a Bíblia.

Lutero fundamentou a noção de casamento e família cristã. Os objetivos, portanto, são:

• Ser uma fonte de ajuda no culto familiar.

• Apelar para que os pais ensinem as doutrinas com simplicidade em suas casas.

O pressuposto filosófico era o trivium (gramática, lógica e retórica), com a ideia de que o
trivium conduzia as pessoas à sabedoria. O catequisado precisava ter noções básicas de
gramática, saber interpretar e reproduzir em suas próprias palavras, de maneira clara e
exata, sua compreensão do catecismo.

O trivium é, portanto, uma filosofia pedagógica defendida por Lutero para que pais,
crianças, adultos, jovens, pastores e membros fossem capacitados a interpretar o mundo
ao seu redor:

• O pressuposto pedagógico do catecismo era o trivium, com ênfase em gramática,


lógica e retórica.

• A mente precisa ser alimentada de fatos e imagens, de ferramentas lógicas para


organizá-los e equipada para expressar conclusões.

Lutero desejava que a igreja fosse ensinada nos fundamentos rudimentares da fé cristã,
mas acima de tudo soubesse interpretar o mundo e tivesse ascensão social.

• Para Martinho Lutero, as doutrinas cristãs não devem depender da lógica humana
ou da filosofia, embora não devam ser tratadas de forma fideísta.
• Ele reconhecia as dificuldades de se explicar logicamente doutrinas como as da
Trindade e da encarnação, que deveriam ser cridas como essenciais à fé cristã.

Lutero acreditava que, durante o período formativo, as pessoas deveriam ser ensináveis:

"Tenha o pregador acima de tudo o cuidado de evitar textos e formas diversas ou


divergentes dos Dez Mandamentos, do Pai-Nosso, do Credo, dos Sacramentos, etc. (...)
Atém-te a uma forma e maneira permanente e fixa, e ensina-lhes primeiro que tudo estas
partes (...) segundo o texto, palavra por palavra, de forma que também o possam repetir
assim e decorar. Mas àqueles que não o querem aprender, diga-se-lhes como negam a
Cristo e que não são cristãos."

• A catequese foi substituída por histórias bíblicas; a atenção foi retirada da graça de
Deus, revelada em Cristo, e voltada apenas para a repetição de eventos episódicos,
completados por advertências morais.

• Este parece ter sido um esforço consciente, motivado em parte pelo desejo de evitar
controvérsias doutrinárias, muito influenciado pelo Liberalismo Teológico nos
Estados Unidos, em seminários batistas e presbiterianos.

O currículo das Escolas Bíblicas Dominicais mudou radicalmente o foco do ensino cristão,
da catequese centrada em doutrina, em ética e devoção, para o enfoque moralista.

Fé é autodenúncia, o reconhecimento de que não temos como barganhar com Deus. Para
isso, precisamos conhecer os fundamentos da nossa fé.

Recuperando o Catecismo:

• A pregação pública não é suficiente para reformar uma congregação.


• Precisa ser suplementada pela catequese pessoal: "A Igreja de Deus nunca será
preservada sem catequese", disse João Calvino.
• Pode ser feita indo às casas das pessoas para instruí-las e exortá-las.
• Esta catequese pode ser feita não somente pelo pastor, mas também por
catequistas capacitados por ele.

Praticando o Ministério do Catecismo:

• Analise a situação.
• Apresente a visão catequética.
• Busque o consenso entre os líderes.
• Comece devagar, mas seja constante.
• Foque em jovens e famílias.
• Cuide dos hinos e cânticos da igreja.
• Faça ajustes conforme as necessidades.
• Proceda em oração.

6. REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE O CURSO E IMPLICAÇÕES PARA O MINISTÉRIO

Os catecismos são bastante significativos para orientar a visão dos membros das igrejas
para o lugar certo, gerando consonância, clareza e proteção contra espíritos enganadores.
A complexidade, porém, para a igreja histórica ou tradicional surge, algumas vezes (não
sempre, pra ser redundante neste ponto), de sua carência em saber “ler o tempo”, conforme
Maquiavel escreveu. Maquiavel enfatiza a importância de um líder compreender seu tempo
para agir de maneira eficaz e adaptativa às circunstâncias enfrentadas. Um empreendedor,
por exemplo, está em constante adaptação, lidando com a necessidade de gerenciar a
escassez da Terra após a queda e obter recursos, desenvolvendo modelos de negócios
para lucrar, sem discutir motivações, empreendedores são bons cases de “leitores do
tempo”. A igreja deve entender a sociedade e adaptar-se, não mudando seus valores ou o
alicerce sobre o qual é edificada (Cristo), mas utilizando ferramentas modernas, fruto da
capacidade criativa do homem, feito à imagem e semelhança de Deus.

Para tal entendimento, o componente cultural mais importante é a língua, que reflete o
cotidiano e molda a cosmovisão. Por exemplo, a estrutura gramatical nos Estados Unidos
sempre exige um sujeito, influenciando drasticamente a noção de responsabilidade
humana, ao contrário do Brasil, onde é possível dizer: “um vaso caiu e quebrou”. Tal
acontecimento não poderia ser descrito assim nos Estados Unidos. Ao passo que, em
muitos lugares, Lua e Sol não têm gênero, e em determinadas tribos não existem números.
Sem contar que as camadas de conhecimento são tão complexas hoje como jamais foram,
começando pelo acesso que a tecnologia nos dá a tanta informação. Apesar disso, Deus
ama as culturas e Sua multiforme graça é repleta de diversidade. No etnocentrismo do
Reino de Deus, o catecismo é Cristo, mas as línguas que confessam tal compreensão
fundamental são muitas, pois “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem
mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.” Gálatas 3:28

Contudo, no mínimo três alienações precisam ser combatidas, antes de que a gente critique
“a morte dos catecismos”:

• Alienação teológica: muitos convertidos não sabem explicar como, por quê ou para
que lado se converteram. Isso não se deve à falta de catecismos no passado, mas
ao excesso de divisão no presente, formando trincheiras de doutores assustados
com a guerra ideológica e da comunicação em constante transformação hoje. Eles
tendem a identificar tudo e todos como inimigos em potencial, sem dar espaço para
parcerias que produzam frutos de edificação entre mestres e a igreja. Isso contraria
à ideia de Paulo de passar o bastão do Evangelho, como ele mesmo recebeu,
desconsiderando que o “bastão” precisa ser transferido para uma equipe de
corredores que trabalha em conjunto. Essa abordagem ignora também o fato de que
a metáfora foi usada numa ocasião cuja ilustração era facilmente assimilada,
conforme Paulo descreve em 2 Timóteo 2:2: "E o que você ouviu de mim na
presença de muitas testemunhas, transmita a homens fiéis que sejam capazes de
ensinar a outros também."

• Alienação da linguagem: igrejas históricas e tradicionais, antes relevantes,


perderam a capacidade de influenciar porque não atualizaram sua linguagem. Os
movimentos neopentecostais ou emergentes, apesar de uma mensagem
geralmente rasa, crescem por usar a linguagem certa. Enquanto as denominações
antigas perdem membros tentando iluminar com velas e preservar com sal, as novas
usam energia elétrica e geladeira. Ninguém mais coloca uma candeia no alto, hoje
usamos postes, em vez de acendermos tochas, acionamos interruptores, pois, agora
temos refletores. A luz de Cristo ainda brilha nas trevas, mas a forma como essa luz
é espalhada se transformou.

• Alienação do fariseu: A passagem bíblica em Lucas 18:11, onde o fariseu diz: “Ó


pai, te agradeço porque não sou como esse publicano pecador”, ilustra a alienação
a que me refiro. Este comportamento reflete uma atitude de superioridade e de
crítica, semelhante à tendência de algumas igrejas tradicionais de denunciar os
novos movimentos evangélicos. Entretanto, é crucial reconhecer que os novos
movimentos estão certos em um aspecto fundamental: eles se comunicam de
maneira que a cultura atual compreende. Há uma tendência entre as igrejas mais
históricas de se apegarem aos catecismos antigos, sem se esforçarem para
atualizar sua linguagem e abordagem, apesar de poderem e deverem fazer isso.
Boa parte dos líderes evangélicos hoje são teólogos da conveniência, não muito
diferentes dos fariseus com as pedras nas mãos para atirar em Maria. Eles sabem
criticar, mas não sabem ensinar; sabem argumentar, mas não sabem amar. Eles
amam a teologia de Paulo, mas não amam o Jesus que essa teologia revela.
Conseguimos fazer uma exegese detalhada e esmiuçada das epístolas pastorais,
mas não conseguimos ser como “o servo do Senhor não deve ser briguento, mas
sim gentil para com todos, apto para ensinar, paciente. Deve corrigir com mansidão
os que se opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento,
levando-os ao conhecimento da verdade." 2 Timóteo 2:24-25.

Os catecismos ajudam a interpretar a e fomentar a unidade teológica entre os membros da


igreja, sustentados pelos ensinos dos apóstolos. "Edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e profetas, sendo Cristo Jesus a pedra angular." - Efésios 2:20. "Firmando-se na
fé, conforme foram ensinados, e transbordando de gratidão." - Colossenses 2:7.
"Perseverando na doutrina dos apóstolos." - Atos 2:42.
No entanto, é essencial lembrar que o único sentido original que não deve ser alterado e
que deve ser veementemente protegido é o da Bíblia. Todos os demais textos ou
ensinamentos, escritos após a Bíblia, foram contextualizados para uma época, um lugar e
um público específicos.

Os líderes e membros das igrejas históricas devem preocupar-se menos com a veneração
de suas próprias tradições e mais em amar a Jesus. Amar a Jesus significa amar a quem
Ele ama, e Jesus demonstrou amor pelas nações, incluindo os publicanos e os
marginalizados, sem acesso à sã doutrina. Ele também ama as pessoas, inclusive dentro
de igrejas reformadas, que ainda não compreendem plenamente quem Ele é e a magnitude
de Sua obra. Portanto, é essencial que as igrejas históricas abracem a relevância da
comunicação atual, sem perder a essência da verdade bíblica, para alcançar efetivamente
todas as pessoas em seu contexto cultural e espiritual. Isso implica aceitar "aquele que é
fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos", conforme Romanos 14:1, com a
esperança de alcançar o objetivo de "que eles sejam encorajados e unidos em amor, para
que tenham a riqueza completa do entendimento, a fim de conhecerem plenamente o
mistério de Deus, isto é, Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria
e do conhecimento", como descrito em Colossenses 2:2-3.

Logo, catequizar as pessoas não é mais tão considerável como era para Lutero. Não é que
a igreja deva menosprezar a unidade e coerência quanto à base que fundamenta a fé, mas
o Catecismo perdeu sua importância na medida em que deixou de usar a linguagem correta
para influenciar as diferentes épocas. Fundamentar a fé com boa doutrina e teologia
profunda continua sendo vital para a sobrevivência de muitos que “desmaiam” ou
“naufragam” na fé e levam consigo muitas pessoas, ou ainda, para os falsos mestres que
se infiltram na fragmentada comunidade cristã enquanto não temos ninguém maduro o
suficiente para sequer perceber a presença e o ensino deles, porque os “verdadeiros”
mestres preferem se juntar em torno de si mesmos com a desculpa de “proteger a são
doutrina” ao invés de aplicá-la para fortalecer membros fracos do corpo. Movimentos
evangélicos que crescem numericamente e explodem ao redor do mundo retratam o
Evangelho e a Igreja de uma forma completamente diferente do que ela realmente deve
ser à luz do Novo Testamento.

Precisamos, com urgência, aprender com Maquiavel, Paulo ou Ester (“Quem sabe se não
foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha?” Ester 4:14) e,
acima de tudo, com Jesus e “falar por parábolas”. Não dá para ter fé sem compreensão; a
compreensão precisa ser bíblica. Entretanto, a linguagem precisa ser temporal. O
catecismo está quase morto, mas a palavra de Deus continua viva e eficaz; o que faltam
são obreiros que saibam manejá-la em nossa era, como o saudoso e amado Tim Keller
soube, por exemplo: "O catecismo é muito mais do que memorizar um documento – é um
compromisso comunitário de vida com o aprendizado e com o estudo." (Tim Keller)

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