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Cristologia
Material Teórico
A Cristologia nos Reformadores e no Concílio Vaticano II
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
A Cristologia nos Reformadores
e no Concílio Vaticano II
• Introdução;
• A Cristologia sob a Perspectiva de Lutero, Calvino e Zuínglio;
• Concílio Ecumênico Vaticano II: Aspectos Diversos;
• Conclusão – Revisão.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Apresentar, dentro da matiz protestante e católica, peculiaridades sobre o entendi-
mento acerca do Cristo.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE A Cristologia nos Reformadores e no Concílio Vaticano II
Introdução
Caro(a) estudante:
O objetivo desta sessão, tal como das anteriores, é adentrar de maneira di-
dática e prática naquilo que ao longo da história nos eventos mais significativos
para as tradições católicas e protestantes foi construído como reflexão cristológica.
A proposta é apresentar o que, nos país do Protestantismo e no Concílio Vaticano
II foi estabelecido como verdade acerca de Jesus Cristo. De Lutero ao Vaticano II, o
ideal é imergir o estudante no que foi definido como refletido sobre Jesus na pena
dos teólogos de cada período.
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A Cristologia sob a Perspectiva
de Lutero, Calvino e Zuínglio
Antes de adentrar na questão propriamente dita cristológica tratada sob a ótica
de Lutero, Calvino e Zuínglio, convém recordar ao estudante o que foi a reforma
protestante, suas raízes, seus efeitos e sua história.
A reforma protestante é um movimento religioso que salta aos olhos como defi-
nidor dos rumos do cristianismo universal. A rigor, ele não foi o primeiro evento que
abalou a estrutura e a unidade de Igreja. Outros acontecimentos como o grande cis-
ma do ocidente (1054) já haviam sido elementos de divergência ou causaram fissura
na unidade da Igreja Universal. A reforma protestante, contudo, emulou um conjunto
de ideias religiosas e políticas que facultou mudanças em nível eclesial e extraeclesial.
“A reforma protestante desencadeou mudanças não apenas no contexto
religioso, mas também nas esferas extraeclesiais. É fato que a reforma
contribui decisivamente para libertação do Espírito crítico da nova socie-
dade ocidental” (MURAD, et. Ali, p.103).
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Suas teses são rapidamente difundidas em toda Alemanha. Por isso, Lutero
é submetido a um processo no qual é acusado de heresia. Ele recebe uma bula,
“Exsurge Domine”, alertando para que reveja, no mínimo, quarenta e um pon-
tos de sua doutrina. Essa bula Pontifícia ele queima. Finalmente em 03 de janeiro
de 1521 é excomungado da Igreja católica pelo documento Pontifício: Decet
Romanum Pontificem. De todo esse movimento de Lutero, três princípios fun-
damentais podem delinear claramente o que foi o início do que mais tarde se
chamou protestantismo.
Outro argumento de Lutero é o Sola Fide. De acordo com BHILMEYER & TUECHLE
(1965, p.25-26), esta descoberta de Lutero é conhecida como “Turmerlenbnis” ou “Epi-
sódio da Torre” e relaciona-se com a sua nova compreensão da passagem escriturística de
Rm 1, 171. Segundo seu entendimento, Lutero vê nessa passagem que todas as atitudes
do homem, grandes ou pequenas, boas ou más, meritórias ou desprezíveis, são desneces-
sárias à salvação humana. Elas não têm nenhuma potencialidade salvífica, somente a fé no
sacrifício de Cristo é que salva.
1 O Texto diz: Rm 1, 17: Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
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Associa-se a estes três solas outros dois, um chamado Solus Christus (Somente
por Cristo) e Sola Deo gloria (Somente a Deus a glória). Este se liga à certeza de
que a salvação vem de Deus e, por isso, a ele somente deve ser dado todo louvor,
toda adoração e glória. O outro, por seu turno, testifica a certeza de que Cristo é o
único viés da salvação dada gratuitamente por Deus à humanidade.
Nesse sentido, a cristologia proposta por Lutero deriva como um corolário, des-
ses cinco pontos iniciais. Ele advoga, sem parcimônia, a precedência da graça de
Deus ante qualquer ação humana no processo de salvação, a incontestável força
da fé como caminho possível para atingir a salvação sem necessidade de obras, e
ainda a centralidade da Escritura, de Cristo e da glória devida ao Senhor. Com esse
pressuposto, constitui-se a cristologia de Lutero.
Para uma leitura sobre a cristologia de Lutero, sobretudo a partir da Confissão de Ausburgo
Explor
Para Lutero, de igual modo, Cristo é o centro das escrituras, embora ele não fale
diretamente e continuamente sobre ele. O texto bíblico, por sua vez, é a palavra
Deus revestida de palavra humana. Assim, a imagem do Cristo na Manjedoura é a
corporificação da Palavra de Deus, eterna (MURAD, et ali. p.106). Cristo, de igual
modo, é plenamente humano e plenamente divino, a face concreta encarnada de
Deus. Por ele e nele, a plenitude da salvação chegou à humanidade, ele é, portanto,
o único salvador.
Em síntese, convém afirmar que Lutero, mesmo tendo sua teologia aprofunda
por seus discípulos, fundamentou na tradição cristã sedimentada desde os concílios
e fixou sua germinal cristologia. Assegurando que Cristo, verdadeiro homem e ver-
dadeiro Deus é e segue sendo o único caminho de Salvação.
Cristologia em Calvino
Na esteira do ex-monge agostiniano, Pai da reforma protestante, desponta um
outro paladino das ideias do protestantismo, o teólogo francês João Calvino. Entre
estudiosos e pesquisadores se diz, não sem razão, que aquilo que Lutero fizera pela
difusão das ideias reformistas na Alemanha Calvino o fizera pelos países de língua
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francesa. De fato, a vertente do protestantismo difundida por Calvino, conhecida
como calvinismo, foi bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países
Baixos, África do Sul, Inglaterra, Escócia e Estados Unidos.
Para uma rápida compreensão dessa valiosa obra escrita por Calvino, pode-se ler a resenha:
Explor
ROCHA, Nelson Célio Mesquita. A Cristologia de Calvino. Rio de Janeiro. Julho-agosto, 1999.
Disponível em: https://goo.gl/Qrx2Uf
O tema que domina a sua cristologia é o papel que Jesus Cristo detém, ele é
o grande e decisivo mediador da humanidade. A revelação de Deus em Cristo é
o supremo exemplo da sua capacidade de assumir a humanidade. Para Calvino,
a humanidade necessita de um Mediador pelo fato de ser pecadora e, ao mesmo
tempo, pela certeza de que somos obra desse criador, criaturas. Cristo é, assim, um
mediador da redenção humana, salvador dos homens, prometido por Deus para
trazer à fonte da Vida humanidade. Como atesta o reverendo ROCHA (1999):
Segundo Calvino, para povo eleito de Deus prometeu um redentor a fim
de que a humanidade pudesse retornar à fonte a ver Vida, a verdadeira
vida. Assim, Cristo é verdadeira vida (Jo 11, 25; 14, 16). No mediador,
segundo João 12, o que O recebem tornam-se filhos de Deus.
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Zuínglio e a Cristologia
Inserido no rol dos grandes nomes que impulsionaram a reforma protestante, ao
lado de Lutero e Calvino, desponta Ulrich Zuínglio. Ele difundiu o protestantismo
mormente na região de Zurique, Suíça. Ele nasceu em Wildhaus, Sankt Gallen, em
1 de Janeiro de 1484. Filho de um magistrado, teve educação refinada. Estudou
nas universidades de Viena e Basiléia. Ordenou-se sacerdote católico, atuou em
duas paróquias em cidades distintas, entre elas, a portentosa abadia de Einsedeln.
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predestinação, a primazia da Escritura e da Graça redentora de Deus que pode,
entre outros, salvar e eleger aqueles que querem salvar.
No que tange a Cristo, Zwuiglio segue a linha dos demais baluartes do protes-
tantismo. Chancelando a tradição oriunda dos concílios, ele atesta também a dupla
natureza de Cristo e todas as demais definições relativas a Cristo definidas ante-
riormente. Sua cristologia admitia, desse modo, os conceitos dos quatro primeiros
concílios gerais de Nicéia, 325; Constantinopla, 381; Éfeso, 431 e Calcedônia,
451, bem como dos credos apostólico, Niceno e Atanasiano (Cf. COUTO, 2018).
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O Concílio Vaticano II, diferente dos outros concílios estudados neste tema, é
aceito somente pela tradição católica em seus vários matizes. Suas definições legis-
lam e explicam, do ponto de vista católico, a fé. Ele não nega as verdades definidas
como elementos de fé nos concílios anteriores. Ele, não raro, é chamado de um
Concílio de cunho Pastoral e não de definições dogmáticas, embora tenha se atido
em fazer afirmações sobre a natureza da Igreja, da revelação, entre outros. Foi um
longo processo até se chegar a todas às resoluções conciliares.
Para uma rápida compreensão de como aconteceu o Concílio Vaticano II, oportuna leitura
Explor
de: PASSOS, João Décio Processo. Conciliar. In: PASSOS, João Décio e SANCHEZ, Wagner Lopes
(org.). Dicionário do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulinas/Paulus. 2015 p. 784-788.
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Explor
Para uma rápida compreensão da construção dos documentos do Concílio Vaticano II,
Consultar: SOUZA, Ney. Esquema dos Documentos Conciliares. In: PASSOS, João Décio e
SANCHEZ, Wagner Lopes (org.). Dicionário do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulinas/
Paulus. 2015. p. 372- 374.
Dois aspectos, numa perspectiva transversal, podem ser listados como caracte-
rísticos de uma cristologia proveniente do Concílio Vaticano II, a saber: noção de
redentor, a historicidade de Cristo. O primeiro atine à questão da missão de Jesus,
isto é, salvar a humanidade; o segundo aspecto, concerne à ação concreta de Cris-
to na história humana.
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como uma salvação que tende a salvar o homem em sua inteireza, na história em vista
do Reino Definitivo e, de igual modo, como um povo, não de maneira individualizada.
Em Síntese Importante!
Esta sessão apresentou o que, nos país do Protestantismo, isto é, Lutero, Calvino, Zu-
ínglio, pensaram sobre Cristo. Todos os três, não prescindem como foi dito, da tradição
cristã acerca das verdades da fé definidas nos concílios. Reconhecem e admitem a dupla
natureza de cristo – humana e divina - e sua missão na redenção humana. Eles acen-
tuam aspectos particulares desse mesmo cristo, sobretudo em decorrência das posições
dos reformistas, acenando para Cristo como único mediador da humanidade.
O Concílio Vaticano, largos traços, desenvolve uma Cristologia transversal. Seus Docu-
mentos conclusivos não são de viés exclusivamente dogmáticos. Esse fato não conflita
com uma reflexão teológica sobre cristo. O concílio, tal como afirmamos, atribui em seus
postulados cristológicos a missão de Cristo como Salvador – numa perspectiva concreta
e comunitária – e sua ação na história proveniente de sua encarnação que salva o ho-
mem no seu universo real.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Cristologia de Calvino
ROCHA, Nelson Célio Mesquita. A Cristologia de Calvino. Rio de Janeiro. Julho-
agosto, 1999.
Concílio Vaticano II: Análise e Prospectivas
MANZATTO, O paradigma Cristológico do Vaticano II e sua incidência na Igreja da
América Latina. In: GONÇALVES, Paulo Sérgio Lopes. BOMBONATO, Vera Ivanise
(org.). Concílio Vaticano II: Análise e prospectivas. São Paulo: Paulinas. 2. ed.2005.
Dicionário do Concílio Vaticano II
PASSOS, João Décio Processo. Conciliar. In: PASSOS, João Décio e SANCHEZ,
Wagner Lopes (org.). Dicionário do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulinas/Paulus.
2015 p. 784-788.
Leitura
Solus Christus
BEEKE, Joel. Solus Christus.
https://goo.gl/zWs8Cw
Teologia dos reformadores
GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Edições Vida Nova, 1994.
https://goo.gl/Hrup4X
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Referências
ALBERIGO, G. (org.). História dos concílios ecumênicos. São Paulo: Paulus, 1997.
JOÃO XXIII, Alocução aos Dirigentes da Ação Católica: Concílio e União. In: KLO-
PPENBURG, Boaventura. Concílio Vaticano: Documentário pré-conciliar. v. I. Petró-
polis: Editora Vozes, 1963. p.39.
MARTINA, Giacoma. História da Igreja: de Lutero aos nosso dias. São Paulo:
Loyola, 1995.
PASSOS, João Décio Processo. Conciliar. In: PASSOS, João Décio e SANCHEZ,
Wagner Lopes (org.). Dicionário do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulinas/
Paulus. 2015 p. 784-788.
SOUZA, Ney. Esquema dos Documentos Conciliares. In: PASSOS, João Décio e
SANCHEZ, Wagner Lopes (org.). Dicionário do Concílio Vaticano II. São Paulo:
Paulinas/Paulus. 2015. p. 372- 374.
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Sites visitados
COMISSÃO INTERLUTERANA DE LITERATURA. Disponível em: <www.lutero.
com.br> Acesso em 20 out. 2018.
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