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É ainda mais curioso notar, porém, que este trabalho já foi feito. Mas
do lado protestante. À frente do movimento neo-ortodoxo, Karl Barth
buscou condensar num só princípio o motivo por que, para ele, não se
pode ser católico. "Por isso", escreve em sua Dogmática Eclesial,
"sustento que a analogia entis é uma invenção do anticristo, e penso
que exatamente por causa dela não é possível tornar-se católico." [1]
O primado da analogia fidei, por sua vez, encontra em Barth uma tal
radicalidade que, em consonância com a visão luterana de
uma natureza humana essencialmente corrompida, toda teologia
natural — na medida em que se serve de conceitos extraídos do
mundo criado para exprimir a realidade de Deus — se torna uma
verdadeira fábrica de ídolos. "Quero acrescentar ainda", conclui, "que
todas as outras razões que se podem aduzir para não se tornar
católico parecem-me pueris e sem importância." [2]
1. Karl Barth, Die kirchliche Dogmatik, I/1, 1993, apud R. Gibellini, A Teologia do
Século XX. Trad. port. de João P. Netto. São Paulo: Loyola, 1998, p. 27.
2. Id., ibid.