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A ORAÇÃO COMO PRINCÍPIO DE COMUNHÃO DO HOMEM PARA COM DEUS

RESUMO

Trata-se de um estudo cujo objetivo foi abordar a história da oração como princípio de
comunhão do homem para com Deus. Ele tem tratado com o homem de diversas maneiras, em
várias etapas, denominadas de dispensações. O homem foi criado, colocado em um ambiente,
sujeito e advertido às consequências. Por isso, é através da oração que se comunica com Deus
e começa o caminhar, o aprendizado de que Deus responde às orações e espera que isso
aconteça. A oração não se define, nem se ensina, só há um meio de conhecê-la e aprendê-la:
Orando. Assim como aprendemos a nadar, aprendemos a orar. Quando duas pessoas
convivem, o relacionamento se torna natural. O mesmo ocorre em nossa vivência com Deus.
É uma comunicação entre nosso espírito recriado e o Espírito de Deus que em nós habita. É a
expressão que resulta de um relacionamento íntimo com o Senhor residente em nosso
coração, pelo Seu Espírito. Portanto, a oração é a comunhão com o Deus. E a vida inteira deve
ser estabelecida sobre o fundamento de uma comunhão pessoal, profunda e íntima com Deus.
Uma ligação permanente. Uma comunhão com um Deus residente no cristão. No Velho
Testamento, Deus estava no meio do povo, era pelo povo, mas não estava no povo. No Novo
Testamento, Deus não somente está em nosso meio, é por nós, mas está em nós, pelo Seu
Espírito residente em nosso espírito. Conclui-se que um dos maiores privilégios que podemos
obter é a comunicação com o Criador, através da oração. É a oportunidade do homem se
relacionar com Ele.

Palavras-chave: Oração. Comunhão. Comunicação.


PRAYER AS A PRINCIPLE OF COMMUNION OF MAN TO GOD

ABSTRACT

This is a study whose objective was to address the history of prayer with the principle
of communion of man with God; he has dealt with man in various ways, at various stages,
called dispensations. Man was created, placed in an environment, subjected and warned of the
consequences. Therefore, it is through prayer that communicates with God and begins to
walk, the learning that God answers prayer and expect that to happen. Prayer is not defined
nor teaches, there is only one way to know and learn it: Praying. As we learn to swim, we
learn to pray. When two people live together, the relationship becomes natural. The same is
true in our experience with God. It is a communication between our recreated spirit and God’s
Spirit that dwelleth in us. It is the expression that results from in an intimate relationship with
the Lord residing in our hearts by His Spirit. So prayer is communion with God. It’s our
whole life must be established on the basis of a personal communion, deep and intimate
relationship with God. A permanent connection. A communion with God in the Christian
resident. In the Old Testament, God was in the midst of the people, by the people was, but it
was not the people. In the New Testament, God is not only in our country, is for us, but in us,
by His indwelling Spirit in our spirit. Concludes that it is one of the greatest privileges that we
get is communicating with the Creator through prayer. It is an opportunity that we have with
God relacition us with Him.

Keywords: Prayer. Communion. Communication.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. BASES BÍBLICAS PARA O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO..........................................................11

1.1 Os princípios da oração e a fé em Deus..................................................................................12

1.2 A oração como diálogo da existência de Deus.......................................................................18

2. A TEOLOGIA E A PRÁTICA DA ORAÇÃO.............................................................................20

2.1 A oração e as fraquezas humanas..........................................................................................21

2.2 O motivo da oração: o desprezo e o abandono......................................................................24

3. A ORAÇÃO, COMUNHÃO E COMUNICAÇÃO......................................................................25

3.1 Orando a um Deus triuno.......................................................................................................25

3.1.1 A unidade de Deus...........................................................................................................26

3.2 Comunhão................................................................................................................................27

3.2.1 O significado da oração e da comunhão com Deus.......................................................28

3.3 Comunicação...........................................................................................................................29

3.4. As dispensações e a comunicação entre o homem e Deus....................................................30

3.4.1 A criação e o surgimento do homem..............................................................................31

3.4.2 A aliança entre Deus e o homem....................................................................................31

3.4.3 A aliança de Deus com Noé.............................................................................................32

3.4.4 A comunhão de Deus com Adão.....................................................................................32

3.4.5 A comunhão de Deus com os profetas............................................................................33

3.4.6 A comunhão de Deus com Abraão.................................................................................34

3.4.7 A comunhão com os discípulos.......................................................................................35

3.4.8 A comunhão dos cristãos na contemporaneidade.........................................................36

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................39
INTRODUÇÃO

Deus criou o homem como coroa e glória de toda a criação, à sua própria imagem,
para ser ele o regente e o cabeça da criação perfeita do mundo. Adão foi feito do pó da terra,
consoante o Filho de Deus, embora este ainda não se tivesse encarnado. Cristo iria reinar
sobre a criação através do seu representante: o homem (Lc 3:38).
Uma dispensão citada por Berkhof (1981) é a maneira como Deus trata com o homem
durante determinados tempos em sua vida, quando este é testado de diversas maneiras e posto
a certas revelações da vontade tanto permissiva como diretiva de Deus, e em variadas etapas
denominadas de dispensações. Entende-se que esse tempo o homem passa a ter comunhão
com Deus e se torna totalmente dependente dele.
Cada dispensação apresentada tem o seu próprio começo e fim. Porque Deus tem um
propósito específico e definido, porém o seu projeto e proposito vêm através das várias
dispensações que são de libertar o homem de tal forma que são dotados de livre-arbítrio,
estejam voluntários e sujeitos a Deus, a Cristo e ao Espírito Santo. Portanto, qual o objetivo
de nossa oração e como se deve orar?
A oração é um diálogo com Deus, no se é enxertado nele, é uma arma espiritual.
Mesmo quando se peca, quando se está debaixo de maldição, por pior que a situação possa
parecer sempre se pode orar. As situações podem ser revertidas por meio da oração. A oração
de justo pode muito em seus efeitos. A oração move o coração de Deus. O Senhor fala que a
oração e a conversão dos maus caminhos de alguém farão com que Deus o ouça.
O Senhor Jesus deseja que as orações sejam definidas e específicas naquilo que se
pede. “Que queres que te faça?” é a pergunta que ele faz a cada um que, em aflição e prova,
chega-se a Ele. Se alguém quiser obter respostas bem definidas, deve apresentar seus pedidos
de maneira clara.
A oração é considerada tanto uma dádiva quanto uma tarefa. Deus toma a iniciativa,
mas o homem deve corresponder. Esse tipo de oração é personalista e dialógico. Importa na
revelação do mais íntimo de alguém a Deus, mas também na revelação da vontade de Deus
para o outro (Provérbios 1:23).
Quando estamos convencidos de que a oração muda o modo como Deus age, e de que
Deus de fato causa notáveis mudanças no mundo em resposta a oração, como as Escrituras
repetidamente nos ensinam, então devemos orar muito mais do que o fazemos hoje. Se
alguém ora pouco, é provavelmente porque não crê realmente que a oração consegue de fato
muita coisa.
Pela oração confirmamos a sua presença em nós. O simples desejo de orar já é uma
forma de oração. É o Espírito de Deus que suscita em nós esse desejo. (Romanos 8:15).
Ninguém chama a Deus de Pai sem ser por obra no Espírito. Resta, então, fazer frutificar essa
semente até que se possa saborear o fruto da oração contemplativa que é a adequada de nossa
vontade a vontade de Deus (Romanos 8:15).
Quando um pensamento sobe à presença de Deus, pode tomar uma entre diversas
formas. A oração mediativa, que é oferecida mentalmente com olhos abertos ou fechados, a
oração falada ao qual alguém se expressa em voz audível, traz diversos benefícios, orações
faladas de louvor podem ser cantadas, quando se louva ao Senhor com um coração atento e
sincero, o louvor se torna em oração. Um dos grandes propósitos da oração está no fato de
que, orando vencemos as provações. Por isso a oração é algo sério, específico, objetivo e
segue regras e princípios estabelecidos na palavra de Deus.
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1. BASES BÍBLICAS PARA O PRINCÍPIO DA ORAÇÃO

Orar é comunicar-se com Deus. Expressar amor, gratidão, adoração e louvor a ele é a
melhor maneira de começar qualquer oração. Também é saudável para a mente e a alma, bem
como para o corpo. Muitas vezes, em nosso dia atarefado, não adoramos nem louvamos a
Deus tanto quanto deveríamos. Ele quer mais louvor do que lhe damos, pois tem muito mais
que deseja nos dar. Quando o louvamos, o Senhor se revela a nós. E ele quer nos revelar tanto
de si quanto pudermos receber. Grandes coisas acontecem quando adoramos a Deus, muito
mais até do que percebemos (HODGE, 2001).
De acordo Millard (1997), a oração significa o homem comunicando-se com Deus e
dando a ele o direito e permissão de interferir nos assuntos da terra. Através desta comunhão
com Deus, o homem está essencialmente dando a ele acesso para interferir nos assuntos da
terra através do próprio homem que é autoridade delegada por Deus aqui. Oração, portanto,
não é uma opção para a humanidade, mas uma necessidade. Se não houver oração, o céu não
pode interferir nos assuntos da terra. É imperativa a necessidade de assumir a
responsabilidade pela terra e determinar o que acontece aqui pela vida de oração. Quando
Deus criou o homem inicialmente deu a “eles” o direito e a autoridade de operar e conduzir o
planeta.
“E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar. Quando acabou, lhe disse um
dos seus discípulos: Senhor ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus
discípulos” (Lucas 11:1).
De acordo com Horton (1996),

A oração é uma comunicação multifacetada entre os crentes e o Senhor. Além de


palavras como “oração” e “orar”, essa atividade é descrita como invocar a Deus.
Invocar o nome do Senhor, clamar ao Senhor, levantar nossa alma ao Senhor, buscar
ao Senhor, aproximar-se do trono da graça com confiança e chegar perto de Deus.

A oração é comunhão com Deus, pois a nossa vida inteira deve ser estabelecida sobre
o funcionamento de uma comunhão pessoal, profunda e íntima com Deus. Uma ligação
permanente. Oração é um encontro do Pai celeste com Seu filho, numa comunhão de amor (1
Coríntios 6.17).
Segundo Berkhof (1981) é algo sério, específico, objetivo e segue regras e princípios
estabelecidos na Palavra de Deus. Estar em desarmonia com esses princípios resulta em uma
experiência frustrante de não ver as orações e súplicas respondidas. O momento talvez seja de
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valorização da oração comunitária. Todavia, nem sempre ficamos satisfeitos com a oração
comunitária: parece excessivamente formal, diretiva, solene, sem dar lugar à dimensão de
gratuidade, de fantasia e de festa de nossa fé no ressuscitado.

1.1 OS PRINCÍPIOS DA ORAÇÃO E A FÉ EM DEUS

Segundo Grudem (1999) a definição da oração é a comunicação pessoal com Deus. É


uma definição muito ampla. O que se chama de “oração” abrange a oração que pede algo para
nós e para outros (as vezes chamada de oração de petição ou de intercessão), a confissão de
pecados, a adoração, o louvor e a ação de graças, e também a comunicação divina de
indicações de sua resposta.
Quando se ora sinceramente, na totalidade do ser e do caráter, relaciona-se com um
Deus pessoal, na totalidade do seu caráter, assim, tudo o se pensa ou sente, em relação a Deus,
se expressa na oração. Nada mais natural que Deus se deleite com essa atividade, e assim
destaque bastante no seu relacionamento.
De acordo com Ferreira (2007) a teologia que é bíblica e evangélica sempre será
nutrida pela oração. Mais que isso, dará atenção especial à vida de oração, visto ser a teologia
inseparável da espiritualidade. A teologia não se ocupa somente com o logos, mas também
com o Espírito que revela e aplica aos corações a sabedoria de Cristo.
A oração ritual representa uma etapa mais significativa. Nesse caso, é a forma e não o
conteúdo da oração que traz a reposta. A oração é reduzida a litanias e repetições que,
segundo é comum se acreditar, tem um efeito mágico.
Já a oração filosófica significa a dissolução da oração realista ou ingênua. Agora, a
oração passa a ser uma reflexão sobre o significado da vida ou a resignação à ordem divina do
universo. Na melhor das hipóteses, a oração filosófica inclui uma nota de ações de graça pelas
bençãos da vida.
Segundo Cullman (2009):

A oração do homem primitivo, Deus é visto como um ser superior, que escuta e
responde aos pedidos dos seres humanos, embora em geral, Ele não seja considerado
onipotente e santíssimo. A oração primitiva nasce da necessidade e do medo, e,
frequentemente, o pedido visa o livramento dos infortúnios e dos perigos.

A oração é considerada tanto uma dádiva quanto uma tarefa. Deus toma a iniciativa,
mas o homem deve corresponder. Esse tipo de oração é personalista e dialógico. Importa na
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revelação do mais íntimo do seu ser a Deus, mas também na revelação da vontade de Deus
para você (Provérbios 1:23).
Na perspectiva bíblica, a oração é espontânea, embora possa assumir formas
estruturadas, mas as formas em si devem ser mantidas de modo experimental, devendo ser
deixadas de lado quando se tornam barreiras para a conversação entre o coração e o Deus
vivo. A oração verdadeira, no sentido profético ou bíblico, jorra através de todas as formas e
técnicas. Porque tem sua base no Espírito de Deus, não pode ser limitada a uma forma
sacramental nem a fórmula ritualista.
De acordo com Calvino (1994) se referia à oração como “a alma da fé”, e realmente, a
fé sem a oração logo perde a vigor. É através da oração que você faz contato com Deus. Da
mesma forma, é através da oração que Deus se comunica contigo.
A reflexão tem o seu papel na religião bíblica, não como estágios superiores da oração
(como no caso de misticismo), mas como suplementos à oração. Em sua meditação, a atenção
não se dirige para a essência de Deus, nem para a profundidade infinita de toda a existência,
mas para os atos redentores de Deus na história bíblica, culminando na pessoa de Jesus Cristo.
O alvo não é ficar mais distante do mundo de tumulto e confusão, mas apegar-se mais a Deus
e ao próximo. A espiritualidade bíblica tem um lugar para o silêncio, mas o silêncio não deve
ser usado para ficarmos distantes da Palavra, e sim para se preparar para ouvir a palavra.
Em contraste com certos tipos de misticismo, a piedade da fé não procura transcender
a razão, mas quer colocar a razão a serviço de Deus. Uma oração pode consistir somente de
gemidos ou suspiros, ou de gritos e brados de júbilo; mas não é oração completa nem inteira
até tornar-se a forma de comunicação significativa com o Deus vivo.
Assim a oração no sentido cristão, não nega a dimensão mística, mas também não
aceita a ideia de um sentido superior na oração, em que a petição é deixada para trás. O
progresso que ela vê na vida espiritual é da oração mecânica para a oração do fundo do
coração.
De acordo com Megrath (2005) a oração é a conversa da alma com Deus. Nela
manifesta-se ou expressa-se diante dele a reverência e amor por sua divina perfeição, a
gratidão por todas as suas mercês, a penitência pelos pecados, a esperança em seu amor
perdoador, a submissão à sua autoridade, a confiança em seu cuidado, os anelos por seu favor
e pelas bênçãos providenciais e espirituais indispensáveis para outros.
A oração cristã é coletiva e individual. Você acha Deus na solidão, mas nunca
permanece nesse estado. Pelo contrário, procura unir os sacrifícios de louvor e as petições e
intercessões às dos irmãos na fé. O homem ou mulher de oração pode encontrar Deus tanto na
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solidão como na comunhão. Até mesmo na solidão, acredita-se que a pessoa que faz as suas
petições não está sozinha, mas sim, cercada por uma nuvem de testemunhas (Hb 12:1), os
santos e os anjos na igreja triunfante.
O alvo da oração não é ficar absorvido na pessoa de Deus, mas transformar o mundo
para a glória de Deus. É preciso ter anseio pela bendita visão de Deus, e procurar ainda mais
coloca as vontades de todas as pessoas, em harmonia com os propósitos de Deus. Você ora,
não simplesmente pela felicidade pessoal nem pela sua própria proteção (como é o caso da
oração primitiva), mas pela promoção e expansão do reino de Deus.
Com religião, no sentido subjetivo do termo, é o estado mental induzido pela devida
apreensão do caráter de Deus e de nossa relação com ele como nosso Criador, Preservador e
Redentor, e assim a oração é a expressão, verbal ou não, de todos os sentimentos e desejos
que esse estado mental produz ou exerce. Uma pessoa que não sente necessidade de orar é
totalmente destituída de religião. Não pode haver vida sem atividade. Como o corpo está
morto quando cessa de agir, assim a alma que, em suas ações, não se encaminha a Deu, vive
como se não Deus existisse, está espiritualmente morta.
Segundo Hodge (2001) a oração por si mesma gera grande valor pressupõe:

Em primeiro lugar, a personalidade de Deus. Somente uma pessoa pode dizer Eu ou


ser abordada como Tu; somente uma pessoa pode ser o sujeito e objeto de ação
inteligente, pode apreender e responder, pode amar e ser amada, ou manter diálogo
com outras pessoas. Portanto, se Deus não passa de um nome para uma força ignota,
ou para a ordem moral do universo, a oração se torna irracional e impossível.
Segundo, Deus, contudo, embora seja uma pessoa, habita a longínqua imensidão e
não mantem relação com suas criaturas na terra. A oração, pois, não revela só a
personalidade de Deus, mas também que ele está perto de nós; que não só é capaz,
mas também, está disposto a manter relação conosco, ouvir e responder; conhece
nossos pensamentos a distâncias; e as inexpressíveis aspirações lhe são inteligíveis.
Terceiro, pressupõe que ele tem o controle pessoal de toda a natureza, ou seja, de
todas as coisas fora dele; e governa todas as criaturas e todas as ações delas.
Pressupõe que ele tem não só poderes, mas também que está em toda a parte
presente, controlando a operação de tais forças e poderes de modo que nada ocorre
sem a sua direção ou permissão.

Quando chove, é porque ele quer que chova, e controla as leis da natureza para que
produzam tal efeito. Quando a terra produz fruto em abundância, ou quando as esperanças do
agricultor são frustradas, tais efeitos não devem ser atribuídos a cega operação das leis da
natureza, mas ao inteligente e pessoal controle de Deus. Não existe o chamado reino da lei
que faz de Deus um sujeito. É ele que reina e ordena todas as operações da natureza para que
se cumpram seus propósitos pessoais.
No livro de Lucas (18:1), o Senhor nos diz:
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“Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer”
(Lucas 18:11). “Orar sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17). “Com toda oração e
súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda
perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6:18).

A doutrina bíblica consiste em que Deus é um Ser extraterreno e pessoal, independente


do mundo que ele criou, e dotou as coisas materiais com suas diversas propriedades ou
poderes, os quais ele, em sua onipresente infinitamente sábia onipotência, controla
constantemente.
De acordo com Ferreira (2007) esta doutrina é pressuposta na oração:

Oração e resposta a oração é simplesmente a apresentação de um pedido, de um


lado. E a aquiescência ao pedido, do outro o homem se esforça, Deus consente. O
homem pede um favor, Deus o concede. Admite-se uma sequência, como efeito,
donde o antecedente é uma oração elevada da terra, e o consequente é o
cumprimento dessa oração em virtude de um mandato celestial.

A oração também pressupõe que o governo de Deus se estende sobre a mente dos
homens, sobre seus pensamentos, sentimentos e volições; que o coração está em suas mãos e
que ele pode volvê-lo mesmo como faz com os rios cujas águas retornam.
É evidente, pois, que não só o ateísmo, o panteísmo, o materialismo e todos os demais
sistemas de filosofia que envolve a negação da existência ou da personalidade de Deus, mas
também todas as demais teorias querem cientificas quer filosóficas, que não admitem o
controle de Deus sobre as operações da natureza e o caráter e conduta dos homens, são
inconsistentes com a oração.
A teoria do universo que se fundamenta na Bíblia, que por toda a parte se pressupõe e
se assevera no sacro volume, que concorda com nossa natureza moral e religiosa, e que,
portanto, é o fundamento da religião natural e revelada, consiste em que Deus criou todas as
coisas pela palavra de seu poder; que dotou suas criaturas com suas propriedades ou forças;
que está em toda a parte presente no universo, cooperando com e controlando a operação de
causas secundárias em escala proporcional a sua onipresença e onipotência, como cada
pessoa, em sua medida, coopera com elas e as controla dentro dos estreitos limites de sua
eficiência.
Segundo essa teoria, não é irracional se orar por chuva ou bom tempo, por viagens
prósperas ou estações saudáveis; ou que alguém se sinta grato pelas inumeráveis bênçãos que
recebe desse Pai sempre presente, sempre ativo e sempre vigilante benfeitor. “Se pedirmos
alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve”. (1 João 5:14).
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O principal propósito tem sido exaltar o Criador e humilhar a criatura. A tendência


quase universal hoje em dia é a de magnificar o homem e desonrar e degradar a Deus. A todo
instante verifica-se que, os homens insistem sobre o lado e o elemento humano; e o lado
divino, quando não é totalmente ignorado, é relegado a segundo plano. Isso se aplica a
considerável parcela dos ensinamentos modernos concernentes à oração.
Pink (1990) um dos representantes científicos da época, diz que um a um dos
fenômenos naturais têm sido associados com as suas causas próximas; e a ideia de volição
pessoal direta, incorporando-se na economia da natureza, está retrocedendo mais e mais.
Na maioria dos sermões pregados acerca da oração, o elemento humano domina o
cenário quase completamente: fala-se das condições que nós devemos preencher, das
promessas que nós devemos “reivindicar”, das coisas que nós devemos fazer, para que os
nossos pedidos sejam atendidos, mas as exigências de Deus, os direitos de Deus, a glória de
Deus são frequentemente deixados de lado.
Deus, em sua soberania, ordenou que os destinos dos homens pudessem ser
modificados e moldado pela vontade do homem. Este é o âmago da verdade de que a oração
muda as coisas, ou seja, que Deus muda as coisas quando os homens oram. Alguém expresso
isso de maneira admirável, nos seguintes termos: “Há certas coisas que sucederão na vida de
um homem, quer ele ore, quer não. Há outras coisas que acontecerão e ele orar e que não
acontecerão se ele não orar”.

Assim “os destinos dos homens podem ser mudados e moldados pela vontade do
homem” é crassa heresia; não há outra maneira de descrever tal aberração. Dizer que
“Deus ordenou que os destino humano é decido, não pela vontade do homem”, e,
sim, pela vontade de Deus. O que determina o destino do homem é se o homem
nasceu de novo ou não, porquanto está escrito: “Se alguém não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus”. (Jo 3:3).

E qualquer dúvida, se é a vontade de Deus ou a vontade do homem a responsável pelo


novo nascimento, é esclarecida, de forma inequívoca, em João 1:13: “Os quais não nasceram
do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.
Dizer que o destino humano pode ser mudado pela vontade do homem é tornar
suprema a vontade da criatura, o que virtualmente significa destronar a Deus.

Porque o Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. O
Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó e
desde o monturo exalta o necessitado, para fazê-lo assentar entre os príncipes para
fazê-lo herdar o trono de glória. (1 Samuel 2:6-8).
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Se um crente orar com fé e pedir coisas que estão de acordo com a vontade de Deus se
tornará mais real para quem orar, e suas promessas tornar-se-ão mais preciosas, porque o
mesmo Deus que decretou os fins também decretou os meios pelos quais suas finalidades
serão alcançadas; e um desses meios é a oração.

As possibilidades e a necessidade da oração, seu poder e seus resultados se


manifestam no refrear e alterar os propósitos de Deus e nos aliviar o impacto do seu
poder... segundo a sua vontade.... opera com o exército do céu e os moradores da
terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? (Dn 4:35).

Esperar em Deus significa em si: orar e esperar que ele responda. Esperar até ver
acontecer, pois já tem recebido aquilo pelo que oram. Essa fé é constitutiva do diálogo.
Experimentar a presença de Deus, que vê e ouve, já ser respondido.
Em Isaías 64:24 diz: “Acontecerá então que antes de me invocarem, eu, já lhes terei
respondido; enquanto ainda estiveram falando, eu já os terei atendido”.
O poder da oração de intercessão consiste no fato de que os que oram se unem a
vontade de Deus, contribuindo para que um muro de amor seja edificado em torno daqueles
pelos quais se ora (CULMMANN, 2009).
Segundo Brandt e Bicket (1995) “há oração em todas as religiões. Deus e a oração são
inseparáveis. A crença em Deus e na oração são elementares e intuitivas. As ideias podem ser
cruas e cruéis entre os povos primitivo e pagãos, mas pertencem a instituições da raça
humana”.
A oração é pessoal, ela é um dom de Deus para criar um relacionamento entre a
criatura e o Criador. É o quebrantar-se diante de Deus deveria ser um modo de vida levado a
sério por cada cristão. Quando se ora, clamando por quebrantamento, ou na verdade, quando
se permite que o verdadeiro quebrantamento brote com uma expressão sincera de um encontro
com Deus, entende-se o quão dependentes devemos ser deste Deus e, percebe-se o quanto o
orgulho humano é a raiz de muitos males que afetam nosso coração (PINK, 1990).
Desse modo a oração é uma troca de informações e ideias entre Deus e seu povo. É
antes de tudo uma declaração explicada de nossa dependência de Deus. Porque na verdade o
Senhor sabe de tudo que você precisa, mas espera que confie nele para suprir cada
necessidade que tiver.
O Senhor diz pela boca de Jeremias o seguinte: “Invocai-me, e de responderei;
anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (JEREMIAS 33:3).
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A finalidade da oração é expressa a Deus o nosso reconhecimento de que ele sabe do


que cada um tem necessidade. A oração jamais se destinou a proporcionar a Deus o
conhecimento daquilo que se precisa; antes visa a ser o meio de alguém confessar suas
necessidades (PINK, 1977).
1.2 A ORAÇÃO COMO DIÁLOGO DA EXISTÊNCIA DE DEUS

De acordo com Berkhof (1981) a existência de Deus é a grande pressuposição da


teologia. Não há sentido em falar-se do conhecimento de Deus, se não se admite que ele
exista. A pressuposição da Teologia Cristã é definida, mas a suposição não é apenas de que há
alguma coisa, alguma ideia, poder ou tendência com proposito, a que se possa aplicar o nome
de Deus, e sim que há um ser pessoal autoconsciente, auto existente, que é a origem de todas
as coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em cada parte
da criação.
Não significa que a existência de Deus seja passível de uma demonstração lógica que
não deixa lugar algum para dúvida (Ferreira, 2007); mas significa, sim, que, embora a verdade
da existência de Deus seja aceita pela fé, esta fé se baseia numa informação confiável.
Segundo Grudem (1999) a prova bíblica não vem na forma de uma declaração
explícita, e muito menos na forma de argumento lógico. A bíblia não prova a existência de
Deus. O que mais se aproxima de uma dedicação seja talvez em Hebreus 11:6; “... é
necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador
dos que o buscam”. A bíblia pressupõe a existência de Deus em sua declaração inicial, “no
princípio, criou Deus os céus e a terra”. Ela não somente descreve a Deus como criador de
todas as coisas, mas também como o sustentador de todas as criaturas, e como o governador
de indivíduos e nações.
Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que ele se revela em
palavras e atos, essa revelação, que vem de Deus, constitui a base da fé cristã na existência de
Deus, e a torna uma fé inteiramente razoável, pois é somente com diálogo e fé que se aceita a
revelação de Deus, e se obtêm uma real compreensão de seu conteúdo.
Em Jó 7:17 disse Jesus: “Se alguém, quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito
da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”. Este é um conhecimento
intensivo, resultante de íntima comunhão ao Senhor”. Os incrédulos não têm nenhuma real
compreensão da Palavra de Deus. As palavras de Paulo são pertinentes nisso: “Onde está o
sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a
sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua
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própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação”. (1 Co 1:20-
21).
De acordo com Cullmann (1976) a essência de toda oração é o diálogo com Deus,
como um face a face que vem se assemelhar a um falar a sós com Deus, pois ele que é o
exterior em nós, habita ao mesmo tempo em nós, em secreto.
Dialogar não pressupõe somente que Deus vê em secreto, mas também que ele ouve
em secreto. Quer as orações sejam pronunciadas em voz alta ou baixa da mesma forma
também aqueles que oram querem escutá-lo ali. Pois esperar que Deus escute significa em si:
esperar que ele responda. Isto acontece porque em Marcos 11:24, Jesus pode exortar seus
discípulos a crer, contanto que eles orem, pois “já tem recebido” aquilo pelo que oram. Essa
fé é constitutiva do diálogo. Experimentar a presença de Deus, que vê e ouve, já é uma oração
respondida (MILLARD, 1997).
Em Lucas 18:10 a parábola do fariseu e do publicano faz acreditar, a si mesmo e aos
outro, que ele rende graças a Deus. Na realidade, quando ele ora, não tem em vista senão a si
mesmo e aos homens. O fariseu não fala a Deus; o publicano, ao contrário, que está
consciente dos seus pecados, procura, suplicando por sua graça, o contato com Deus.
A oração é o estabelecimento de um diálogo do homem com Deus, sendo que, tem-se
que estar atento à resposta de Deus, que vem através de nosso espírito ou através das
circunstâncias exteriores. É através da oração que são colocadas as ansiedades nas mãos de
Deus, crendo que Ele é poderoso para dar paz interior, e resolver os problemas de cada um, da
melhor maneira possível para crescimento espiritual.
20

2. A TEOLOGIA E A PRÁTICA DA ORAÇÃO

De acordo com Cullman (2009) Orar é difícil. Acaso podem, pobres criaturas
humanas, simplesmente ousar e orar a Deus? Em sua fraqueza, poderá um ser humano se
arrogar ao direito de dirigir a palavra a Deus? Como exatamente funciona a oração? Será que
a oração só nos faz bem, mas também afeta a Deus? A oração muda o modo com Deus age.
Diz-nos Tiago:

“Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2). Ele sugere que o não pedir nos priva
daquilo que Deus poderia nos dar. Oramos, e Deus atende. Jesus também diz: “Pedi,
e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Lc 11.9-10). Ele faz uma
clara associação entre buscar as coisas de Deus e recebê-la. Quando pedimos, Deus
atende.

Ameaçando castigar seu povo pelos pecados dele, declara Deus: “Se o meu povo, que
se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e converter dos seus maus
caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei sua terra” (2Cr7.14).
Segundo Grudem (1999) a oração faz parte dos principais dons, que por meio do amor,
Deus oferece as suas criaturas. Desprezar esse presente é manifestar arrogância humana. O
Espírito não é inacessível a ninguém, se bem que se expresse sob diversas formas: pelas
línguas compreensíveis ou, em casos especiais.
Se, e quando o povo de Deus ora (com humildade e arrependimento), então ele ouvirá
e perdoará. As orações do seu povo claramente afetam o modo como Deus age. Igualmente,
“Se confessarmos os nossos pecados, ele e fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1.9). Se confessarmos, então ele perdoará.
Se alguém estiver realmente convencido, como as Escrituras claramente nos ensinam,
de que a oração muda o modo com Deus age, e de que Deus de fato causa mudanças
extraordinárias no mundo em resposta à oração, então esse alguém deve estar orando mais que
21

os outros. Quando se ora pouco, demonstra-se a falta de fé no fato de que Deus ouve e
responde cada oração.
De acordo com Pink (1977) a prática da oração envolve também mistérios
insondáveis. Pois qualquer que seja o nosso entendimento sobre oração, o Ser de Deus e o seu
agir estarão envolvidos. “A oração é tanto uma atitude como é um ato, um ato humano;
todavia há também o elemento divino, e é isso que nos impossibilita uma análise exaustiva, o
que, aliás, seria irreverente tentativa”.
A oração eficaz é possível por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. O ser humano
é pecado, e Deus é santo, por isso não tem direito nenhum, por si só, de comparecer perante o
Senhor. Ninguém nunca será justificado pelas suas boas obras. Todos precisam de um
mediador para levá-lo à presença de Deus. As escrituras claramente ensinam: “Há um só Deus
e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (Tm 2.5).
Entretanto, Deus em lugar nenhum prometeu atender as orações dos descrentes. As
únicas orações que ele prometeu “ouvir”, no sentido de escutar com solidária atenção e se
dispor a atender, são aquelas feitas segundo a vontade dele, são as orações dos cristãos
alçadas por meio do único mediador, Jesus Cristo (Jó 14.6).
A atividade de Jesus como mediador se revela especialmente na sua obra de sacerdote:
ele é nosso “grande sumo sacerdote que penetrou os céus”, aquele que foi “tentando em todas
as coisas, a nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.14-15).
Não se entra na presença de Deus como estranho, ou como visitante, ou como leigo,
mas como sacerdote, como alguém que tem o direito e até o dever de estar nos lugares mais
sagrados do templo. Usando símiles derivados da cerimônia de consagração de sacerdotes de
Deus, e assim capazes de comparecer perante ele, pois diz que nos aproximamos com “o
coração purificado de má consciência e levando o corpo com água pura” (Hb 10.22; 1 Pe 2.9).
Será que tudo isso faz parte da vida de um cristão de hoje? Ninguém hoje vai a
Jerusalém e entra no templo para ali “aproximar-se” de Deus. O que é orar “em nome de
Jesus?”.
Apresentar-se em nome de alguém, significa que outra pessoa deu permissão para que
você se apresente com a autoridade dela, não com a própria. Pois com Pedro foi assim:

“Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3.6). Ele fala com a autoridade
de Jesus, não com a sua própria autoridade. Quando o Sinédrio pergunta aos
discípulos: “com que poder ou em nome de quem fizeste isto?” (At 4.7), é como se
perguntassem: com autoridade de quem vocês fizeram isso? “Quando Paulo
repreende um espírito impuro, de imoralidade” (1 Co 5.4) que há entre os membros
da igreja, age com a autoridade do Senhor Jesus.
22

Orar em nome de Jesus é, portanto, oração que se faz com autoridade dele. Os
caminhos do Senhor são inescrutáveis; isto é, o seu agir é incompreensível. Ele “faz grandes
coisas que nós não compreendemos” (Jó 37.5).

2.1 A ORAÇÃO E AS FRAQUEZAS HUMANAS

Segundo Berkhof (1981) a oração é uma das mais importantes atividades cristãs.
Através da oração uma pessoa mantém um caminhar íntimo com o Senhor, e lança a fundação
para o êxito de outras atividades espirituais. Ela também garante a vitória na luta contra
Satanás, ao comprometer-se pela fé a proteger e cuidar do Grande Vencedor Jesus Cristo.
De acordo com Cullmann (2009):

Estou convencido de que nós nunca apreciaremos por completo o grande significado
da oração, enquanto a olharmos apenas como veículo para sustentar a nossa própria
vida espiritual. Mas se aprendermos a olhá-la como a mais importante tarefa que nos
foi confiada, a base e força de todo o nosso labor, então compreenderemos que não
há nada que nós devamos estudar e praticar como a arte de orar corretamente.

A maior fonte de poder é o nome de Jesus. Ele disse aos discípulos que eles ainda não
haviam pedido nada no nome dele, mas que deveriam começar a fazê-lo e, assim, receberiam
de Deus o que pedissem. Quando se caminha próximo a Deus e se ora no nome de Jesus,
também se vê um grande poder liberado e maravilhosas respostas acontecendo (Jó 16:24-26).
“E havia fome naquela terra; e desceu Abrão ao Egito, para peregrinar ali, porquanto a
fome era grande na terra”. (Gn 12:10). “E tomaram o seu gado e os seus bens que tinham
adquirido na terra de Canaã, e vieram ao Egito, Jacó e toda a sua descendência com ele” (Gn
46:6).
De acordo com Brandt e Bicket (1995), devemos demarcar a Terra do Messias, Deus
chamou Abraão a fim de também demarcar em definitivo a terra que seria o lar terrestre do
Messias, a “Terra Santa”. Essa terra tinha como fronteiras, no sul, o rio Nilo no Egito, ao
oeste, o Mar Mediterrâneo, ao norte, o rio Eufrates, e ao leste, as águas do Golfo Pérsico e
Oceano Índico. Esse território jamais foi totalmente ocupado pelo povo judaico, o qual ainda
espera essa ocupação durante o Milênio.
Mesmo que a velha natureza, possa ser crucificada, como cristão sempre se está sujeito
às fraquezas e enfermidades do corpo humano. A santidade é a única solução para este
problema. Estas fraquezas são as limitações da nossa força, conhecimento, fragilidade
23

emocional e também a possibilidade de sermos tentados através dos nossos sentidos. (PINK,
1977).
Em Romanos (6:19) diz: “Eu falo-vos em termos humanos devido à fraqueza da vossa
carne; agora apresentai os vossos membros como escravos da retidão para santidade”. Uma
vez que as fraquezas inerentes à nossa condição humana não são por si próprias pecado,
Cristo compreende-as: “Porque nós não temos um sumo Sacerdote que não possa
compreender as nossas fraquezas. Portanto, aproximemo-nos ousadamente do trono da graça,
para que possamos obter compaixão e encontrar graça que nos ajudem na hora da
necessidade” (Hb. 4:15-16).
A promessa de Isaque. Deus procurou estabelecer o concerto abraâmico com cada
geração seguinte, a partir de Isaque, filho de Abraão (Gn 17:21). Em outras palavras, não
bastava que Isaque tivesse por pai a Abraão; ele, também, precisava aceitar pela fé as
promessas de Deus. Então, Deus diria: “Eu sou contigo, e abençoar-te-ei, multiplicarei a tua
semente” (Gn 26:24).
“E não quereis vir a mim para terdes vida”. (Jó 5:40). Mesmo com as melhores
promessas da nova aliança, os homens continuaram não obedecendo totalmente ao plano
divino, isso mostra que mesmo na época da Graça de Deus, continua sendo observado o ato
condicional do fracasso.

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque
haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis,
caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores,
obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo
aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te “Porque deste
número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias
carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e
nunca podem chegar ao conhecimento da verdade (2 Tm 3:1-7).

De acordo com Cullmann (2009), Satanás será solto do abismo, por um pouco de
tempo e enganará as nações a fim de congregá-las para a batalha. O fato de que o homem dará
ouvidos aos enganos de Satanás, embora tenha usufruído das bênçãos e da melhores
influências espirituais, durante este período, mostrará que o estado de depravação natural do
coração humano, ainda se encontra enraizado dentro do seu instinto pecaminoso, por natureza,
e este estado de depravação será revelado nesse período de 1.000 anos. O período do fracasso
da rebelião final.
24

E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, e sairá a enganar as
nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é
como a areia do mar, para ajuntá-las em batalha. E subiram sobre a largura da terra,
e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu o fogo, do céu, e
os devorou (Ap 20:7-9).

Segundo Grudem (1999) o fim do Milênio marcará também o fim de todas as


dispensações terrestres e o fim do tempo. Satanás será solto do abismo, e começará a agir
fazendo o que é sua especialidade: enganará as nações de todo o mundo.

2.2 O MOTIVO DA ORAÇÃO: O DESPREZO E O ABANDONO

De acordo com Hodge (2001), o fato de se negligenciar a oração ou de abandoná-la


não é combatido diretamente no Novo Testamento, senão quando muito, de maneira indireta.
Além das fraquezas humanas, tais como a preguiça, as ocupações (stress), a displicência, a
impaciência, a falta de coragem, que engendram um abandono da oração, na verdade uma
renúncia total.
Essas fraquezas que não estão sendo combatidas, sempre foram obstáculos à oração.
Pode-se deduzir implicitamente, das exortações a oração e dos exemplos de orações
verdadeiras que o Novo Testamento contém, que elas eram desde aquele tempo um empecilho
para o povo de Deus. É fato de que, as fraquezas geram como resultado o abandono da
oração. Percebemos exigências frequentes, a se “perseverar” na oração, e ainda se exorta a
orar “sem cessar” ou “sem relaxar”.
A parábola da viúva que luta para que lhe seja feita justiça (Lucas 18:1), como
exemplo que Jesus queria ordenar a que se “orasse constantemente”. A continuidade de uma
vida de oração proporciona a todas as orações a força de que elas necessitam. Deve-se orar
“em toda ocasião”, escreve aos Tessalonicenses e aos Filipenses que também devem “em todo
negócio” levar suas preocupações a Deus. Na Epístola de Tiago a mesma exigência quanto a
uma continuidade: quer estejamos em boa ou má disposição. Ao lado de ouras manifestações
da vida da comunidade primitiva, tendo sublinhada sua “perseverança” na oração cotidiana no
Templo.
Segundo Millard (1997) perseverar na oração é, por sua vez, uma exigência, um
remédio, um caminho para se superar a tentação humana de se negligenciar a oração. Não se
deve orar mecanicamente, por rotina, mas, por prazer em estar na presença de Deus. Uma
oração regular facilita a união com Deus. No desespero, não se deve resistir à ação de orar.
25

O desespero não ensina alguém somente a orar, mas também, submete-o a uma prova
extraordinária, resistir a tudo que torna a oração impossível, exigindo, por consequência,
maior coragem. Deve-se demonstrar coragem na luta contra os empecilhos à oração, e
também contra a incredulidade, a dúvida que nos rodeia no meio das tempestades da vida, e
que tenta nos desanimar, nos impedindo de orar. (GRUDEM, 1999).

3. A ORAÇÃO, COMUNHÃO E COMUNICAÇÃO

De acordo com Tillich (1963), a oração e a providência divina e a maneira pela qual se
vê a contemplação do mistério. É uma experiência de êxtase, um elemento de santificação.
Segundo Grudem (1999) oração é comunhão com Deus, pois a nossa vida inteira deve
ser estabelecida sobre o funcionamento de uma comunhão pessoal, profunda e íntima com
Deus. Uma ligação permanente. É um encontro do Pai celeste com seu filho, numa comunhão
de amor (1 Coríntios 6.17).

3.1 ORANDO AO UM DEUS TRIUNO

Segundo Pink (1977) a doutrina da Trindade sempre enfrentou dificuldades e,


portanto, não é de admirar que a Igreja, em seus esforços para formulá-la, tenha sido
repetidamente tentada a racionalizá-la e a dar-lhe uma construção que deixava de fazer justiça
aos dados da Escritura.
A “Trindade” de Deus é uma trindade em unidade, e uma unidade que é trina. Os
atributos comunicáveis de Deus à usa personalidade o revelam como um Ser moral bem como
racional. Sua vida apresenta-se claramente nas Escrituras como uma vida pessoal; e,
naturalmente que o homem foi criado à imagem de Deus (BERKHOF, 1981).
De acordo com Ryrie (1972) a trindade é um ser que contém essência, as três pessoas
com qualidades e personalidades distintas que fazem parte da triunidade de Deus no antigo
testamento.
26

“O vocabulário a respeito da trindade usa ousia (ser ou essência, em grego) para


essência da Deidade e hypostases (“estar sobre” ou alicerce, em grego) para falar das
pessoas. Sua ênfase nas três pessoas naturais reunidas em um Deus”. (RYRIE, 1972).
Segundo Ferreira (2011) toda oração deve ser direcionada ao Deus triúno: Pai, Filho e
Espírito Santo. A Bíblia ensina que podemos orar a um ou aos três, porque os três são Um. Ao
Pai, oramos com o salmista: “Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti
orarei” (Salmos 5:2).
Oração a um dos membros da Trindade é oração a todos. Estevão, enquanto estava
sendo martirizado, orou: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (Atos 7:59). Também
devemos orar no nome de Cristo.
Segundo Cullmann (2009) a trindade depende decisivamente da revelação. É verdade
que a razão humana pode sugerir algumas ideias para consubstanciar a doutrina, e a
experiência parece exigir algo parecido com essa construção da doutrina de Deus, ao mesmo
tempo, é uma doutrina que não se teria conhecido, nem se teria sido capaz de sustentar com
algum grau de confiança, somente com base na experiência, e que foi traduzida ao
conhecimento unicamente pela auto revelação especial de Deus.
Paulo exortou os crentes da Igreja de Éfeso a sempre dar “graças pôr tudo a nosso
Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5:20). Jesus assegurou aos seus
discípulos que qualquer coisa que pedissem em Seu nome – teria sua vontade concedida (João
15:16; 16:23). Semelhantemente, devemos orar ao Espírito Santo e em Seu poder.
De acordo com Calvino (1994) se referir à trindade é dizer que Deus é “um em
essência e três em pessoa”. Isto não configura uma contradição, visto que não estamos
dizendo que Deus “é um em essência e três em essência”, ou que Deus é “um em pessoa e três
em pessoa”. Isto é, não dizemos que Deus é um e três no mesmo sentido, mas que ele é um
num sentido, e três em outro sentido. Portanto, não há contradição na doutrina da Trindade.
Segundo Grudem (1999) há orações que são dirigidas a Deus, visando o próprio Deus,
o que Ele é, o que ele faz e o que ele nos tem feito. Outras coisas não se devem buscar nesta
vida, senão apresentar a Deus nossa gratidão, louvor e adoração, pelo que ele é.

3.1.1 A UNIDADE DE DEUS

Inicie a oração com a afirmação de que há um Deus e que podemos nos comunicar
com Ele. Essa afirmação teológica imediatamente elimina o deísmo que diz que Deus é o
Senhor ou Criador ausente que, depois de concluir sua obra da criação, a abandonou. A
27

teologia da oração também elimina o panteísmo que diz que Deus é concebido como um
poder impessoal que permeia tudo, incluindo nós. Nesse sentido, a oração bíblica se distingue
da meditação oriental que busca a integração com a consciência cósmica, enquanto a oração
busca a comunhão com o Deus pessoal.
A oração atua na compreensão Trinitária de Deus. Quando alguém ora, dirige-se à
Deus com a convicção da fé de que ele está ativamente envolvido conosco ao elevarmos nossa
alma. O Espírito Santo ouve todas as débeis expressões e articula-as a fim de expressa a
verdadeira intenção de cada ser humano (Rm 8:26).
Então o Filho faz a mediação diante do Pai, que é o objetivo de nossa oração (Sl 5:2),
e o Pai libera o poder de que se necessita em resposta à solicitação. Essa visão específica de
Deus provê estrutura teológica da referência à oração. Confie naquele a quem eleva sua
oração certo de que será ouvido.
A comunhão é a participação comum que assume uma forma dupla: ou por se dar a
alguém parcela do que possuímos, ou por se receber de alguém uma porção do que ele possui
ou do que ele está fazendo. Na comunhão cristã e bidimensional: primeiramente é vertical e
depois horizontal.
O plano horizontal da comunhão que é a parte mais interessante, pressupõe a dimensão
vertical, para a própria existência. A dimensão vertical foi escrita por João, quando ele
escreveu: “Ora a nossa comunhão é com o Pai e seu filho Jesus Cristo” (1 Jo 1.3). Essa
comunhão é aquela que constitui um crente.
Sabe-se que o Pai tem prazer em ter comunhão com seus filhos porque Ele é amoroso,
correto e piedoso, então cada cristão deve reconhecer que a comunhão é uma necessidade
espiritual.
De acordo com Grudem (1999):

Orar é ter comunhão com Deus. A comunhão e o companheirismo que se tem com
Deus são ímpares porque através deles se mantêm o diálogo exatamente com a
origem e fonte da vida do cristão. Sem dúvida, há uma profunda koinonia na oração.
A fim de que o relacionamento seja real e significativo, as partes envolvidas devem
ter um centro gravitacional comum que as une e as mantêm juntas por interesses e
alvos em comum. A oração encontra seu centro gravitacional na pessoa de Cristo,
em quem Deus esteve presente reconciliando o mundo consigo (2Co 5:17). Mal se
compreende ou se entende o que ocorre na mente e alma humanas quando, na
oração, um cristão entra em comunhão com Deus (Cf Tiago 5:19). Nesse encontro
com Deus, mediante a oração, a mente se torna moral e espiritualmente renovada, o
ser se torna nutrido e revigorado, se torna capacitado a permanecer diante dEle para
servi-Lo (Lc 22:32; At 6:4; 1Tm 2:8).

Entretanto a comunhão dos crentes tem como alvo a comunhão com Deus.
28

3.2 COMUNHÃO

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas


orações” (Atos 2:42). A palavra grega mais frequentemente traduzida como “comunhão”, por
definição e uso bíblico, dá o sentido de participação num interesse ou projeto comum. Quando
duas ou mais pessoas têm o mesmo interesse por causa de sua relação espiritual, elas têm
comunhão ao participarem desse interesse em comum. Sem essa relação, a participação em
algum interesse ou trabalho não constitui comunhão.
“Quando a individualização alcança a forma perfeita que se chama de pessoa, a
participação alcança a forma perfeita que se chama de comunhão” o ser humano participa de
todos os níveis de vida, mas só participa plenamente daquele nível de vida que é ele mesmo,
ele só tem comunhão com pessoas. Comunhão é participação em outro eu, completamente
centrado e completamente individual. A participação não é acidental para o indivíduo; é
essencial (TILLICH, 1963).
Essa comunhão tem um objetivo, participar de tudo quanto Deus pai e o filho tem
feito, fazem e farão a fim de compartilhar conosco pecadores a sua glória. Deus criou Adão
para ter comunhão com ele. “E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela
viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as
árvores do jardim” (Gn 3.8).
Quando Deus procurou Adão no jardim, Adão teve liberdade de se expressar através
da intimidade que tinha com o Deus vivo e seu criador, entretanto não tinha a consciência do
seu pecado. O amor do Criador fez com que Adão saísse do jardim, mas a comunhão com ele
não foi quebrada. Deus se dá a nós, como o nosso Pai e com base na redenção realizada por
seu filho. A comunhão com o homem consiste em dar a Deus e receber de Deus.

3.2.1 O SIGNIFICADO DA ORAÇÃO E DA COMUNHÃO COM DEUS

A comunhão é um meio de graça, mediante a comunhão a alma do crente é regenerada


e nutrida; mediante o esforço de transmitir o seu conhecimento sobre a realidade divina, o seu
entendimento dessas realidades é fortalecido. A alma de um crente é enriquecida quando os
seus irmãos na fé oram por ele, cuidam dele como irmã e compartilham de suas provações e
de seus triunfos; e quando um crente ajuda os outros, tal como ele também é ajudado, todos
29

amadurecem e são beneficiados. “Confessai, pois os vossos pecados uns aos outros, e orai uns
pelos outros, para serdes curados” (Tg 5:16).
Na oração coletiva, nas conversas particulares com um pastor ou um grupo de estudo,
nos diálogos entre amigos, aplica-se em reuniões informais de comunhão. Entretanto alguns
fatores podem nos impedir de ter comunhão. Serão incapazes de perceberem que dependem
uma das outras. Hoje os crentes de toda a idade precisam da comunhão, ninguém é
espiritualmente alto suficiente; Deus não nos criou assim.
Alguns compreendem o formalismo como a comunhão cristão que se resume em
envolver-se superficialmente, com uma postura correta, porém formal, na adoração cristã, na
ocasião da ceia do Senhor, e em outros momentos evitando qualquer atitude mais íntima.
Entretanto, o formalismo tem diminuído em nossos dias, especialmente através do
informalismo do movimento carismático, embora haja lugares onde ainda persiste uma vida e
adoração litúrgicas. “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que
nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hb
12:15).
Toda raiz de amargura expressa uma constante atitude de hostilidade. Esta raiz pode se
derivar de orgulho ferido, da malícia defensiva de algum senso de injustiça, maus tratos, ou de
traição ou então de alguma inveja que surge em face dos dons da posição ou do sucesso de
outro. Elitismo é uma atitude de superioridade que produz panelinhas alicerçadas sobre o
exclusivismo trata-se de uma imitação satânica da verdadeira comunhão da qual nada é
excluído, exceto a incredulidade.
Nesta percepção damos ênfase para a situação em que o orgulho se sobressai e a
comunhão definha. Entretanto precisamos valorizar a comunhão e a saúde das nossas próprias
almas, como parte da graça de Deus para todos os membros do corpo de Cristo. “Na história e
na teologia, a comunhão e o avivamento avançam de mãos dadas – de fato, um renovado
espírito de comunhão entre os crentes é um dos aspectos do avivamento” (PARKER, 1994).

3.3 COMUNICAÇÃO

De acordo com Cullmann (2009) a definição das palavras “comunicar” e


“comunicação” não são usadas nas Escrituras para descrever a oração, a ideia é inerente. A
oração pressupõe alguma forma de comunicação, seja esta unilateral ou recíproca.
30

Por outro lado, a oração é uma transmissão de informações, públicas ou privadas, dos
seres humanos para Deus. Nesta acepção, é praticamente um monólogo, cuja iniciativa é
nitidamente humana. Em Daniel 9:3-6:

E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração, e rogos, e jejum,
e saco, e cinza. E orei ao Senhor, meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus
grande e tremendo, que guardas os teus mandamentos, pecamos e cometemos
iniquidade, e procedemos impiamente, e fomo rebeldes, apartando-nos dos teus
mandamentos e dos teus juízos; e não demos ouvidos aos teus servos, os profetas,
que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como
também a todo o povo da terra.

Da outra perspectiva, a oração é uma troca de informações e ideias entre Deus e seu
povo. Não importa a iniciativa, pois há reciprocidade, diálogo. Em Atos 9:10:

E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias. E disse-lhe o Senhor em


visão: Ananias! E ele respondeu: Eis me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor:
Levanta-te e vai à rua chamada Direita, e pergunta na casa de Judas por um homem
chamado Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão ele viu que entrava um
homem chamado Ananias e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver. E
respondeu Ananias: Senhor, de muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem
feito aos teus santos em Jerusalém.

Segundo Pink (1977) a oração é resultado da iniciativa divina. A mais antiga


comunicação bidirecional (diálogo, conversa) registrada na Bíblia entre o Criador e a criatura
humana, a coroa da criação, partiu de Deus. Em Gênesis, quando Adão e Eva tentam evitar a
Deus, a quem haviam desobedecido. Deus então, tomou a iniciativa:
E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim. E chamou o Senhor Deus a
Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque
estava nu, e escondi-me (Gênesis 3:8-10).
De acordo com Millard (1997) “Comunicar” e “Comunicação” serão usadas para
descrever a oração em qualquer um destes três sentidos: 1) pessoas falando com Deus; 2)
pessoas e Deus em diálogo; 3) Deus falando com pessoas em circunstâncias que assim exijam,
principalmente quando elas se inclinam por ouvir a sua voz.

3.4. AS DISPENSAÇÕES E A COMUNICAÇÃO ENTRE O HOMEM E DEUS

Segundo Ferreira (2007) dispensação é um período de tempo em que o homem é


provado com respeito à sua obediência, seu caráter e sua intimidade com Deus obtendo assim
31

alguma revelação específica da vontade divina. Entende-se que esse tempo o homem passa a
ter comunhão com Deus e se torna totalmente dependente dele.
Cada dispensação tem seu próprio começo e fim. Pois em cada dispensação Deus tem
um propósito específico e definido, porque o grande projeto e propósito de Deus através das
várias dispensações são de libertar a humanidade de todas as rebeliões, de tal forma que
estejam voluntários e permanentes a Deus, a Cristo e ao Espírito Santo.
De acordo com Berkhof (1981) a palavra grega traduzida por comunhão expressa a
ideia de compartilhar ou de ter algo em comum com outrem. A participação comum assume
uma força dupla: ou por darmos a alguém uma parcela do que possuímos. A comunhão cristã
é bidimensional: primeiramente ela é vertical; e, depois, horizontal.
O plano horizontal da comunhão, que é o nosso interesse imediato, pressupõe a
dimensão vertical, para a sua própria existência. A dimensão vertical da comunhão foi
descrita por João quando ele escreveu: “Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu filho
Jesus Cristo” (1 Jó 1.3).
Segundo Parker (1997) a comunicação é aquilo que constitui um crente. De fato, a
declaração de João fornece uma definição precisa de um crente. “Aquele que não goza de
comunhão com o Pai e com a comunhão de Deus, pois, é a fonte da qual se origina a
comunhão entre os crentes; e a comunhão com Deus é o fim para a qual a comunhão cristã é
um meio”.

3.4.1 A CRIAÇÃO E O SURGIMENTO DO HOMEM

Deus criou o homem como coroa e glória de toda a criação, à sua própria imagem,
para ser ele o regente e a cabeça da criação perfeita do mundo. Adão foi feito do pó da terra,
consoante o Filho de Deus, embora este ainda não se tivesse encarnado. Cristo iria reinar
sobre a criação através do seu representante: o homem (Lc 3:38).

E disse Deus: façamos o homem à nossa imagem conforme a nossa semelhança; e


domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre
toda a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus os criou:
macho e fêmea os criaram (Gn 1:26-27).

De acordo com Packer (1994) não há contestamento da existência real de Adão e Eva.
Porque suas objeções foram em aceitar esta verdade em que se baseiam nos conceitos
subjetivos de impossibilidades. Mas para muitos, Adão e Eva não passam de mitos. São seres
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humanos que querem de todas as formas negar a história bíblica por não desejarem saber a
verdade.
Jesus citou o fato da existência de Adão e Eva como um fato real, historicamente sem
qualquer nuance de dúvidas (Mt 19:4-6). Assim a raça humana é oriunda de um único ser,
Adão (Rm 5:12). “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez
no princípio macho e fêmea os fez” (Mt 19).

3.4.2 A ALIANÇA ENTRE DEUS E O HOMEM

Pela aliança, Deus concedeu ao homem inteligência, instituição e capacidade


administrativa, pelas quais regeria toda a criação na qualidade de responsável perante Deus.
Certas obrigações foram impostas ao homem, como: Ocupar a terra; comer somente ervas e
frutas; guardar o Jardim do Éden; abster-se de comer da árvore do conhecimento do bem e do
mal (Gn 2:16).
Era necessária essa proibição única, uma vez que o homem tinha livre-arbítrio. A
escolha seria o meio de provar essa liberdade, pois ao homem cabia a opção de obedecer ou
desobedecer a Deus (Gn 2:17).

3.4.3 A ALIANÇA DE DEUS COM NOÉ

Logo após sair da arca que o salvou das águas, Noé se aproximou de Deus levantando
o altar, com sacrifício de sangue (Gn 8:20). “E edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de
todo animal limpo e de toda ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o altar. E o Senhor
cheirou suave cheiro e disse o Senhor em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra
por causa do homem, porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice;
nem tornarei mais a ferir todo vivente, como fiz” (Gn 8:20-21).
Segundo Cullmann (2009) Deus atendeu ao servo, concedendo-lhe os termos duma
nova aliança com o homem. Durante os séculos os homens haviam abusado do amor e da
graça de Deus, e gastaram seu tempo entregues a toda qualidade de pecado e vício.
De acordo com Hodge (2001) após o Dilúvio, o caminho, o único Caminho para a vida
eterna, ainda permanecia aberto diante deles, e cabia-lhes o direito de aceitar ou rejeitá-lo.
Mas se o rejeitassem, continuando desobedientes às leis divinas, eram passiveis de punição
imediata por parte dos seus contemporâneos, pois Deus instituiu um governo terrestre que
serviria de freio sobre os delitos dos ímpios.
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3.4.4 A COMUNHÃO DE DEUS COM ADÃO

Deus criou o homem para governar sobre tudo que foi criado antes dele. O objetivo de
Deus ao criar o homem era ser o Senhor de tudo através do homem. Adão foi feito do pó da
terra, consoante o Filho de Deus, embora este ainda não se tivesse encarnado. Cristo veio,
habita hoje na vida dos filhos de Deus e também reina através de cada um que creia nele.
Em Gênesis (3:8) “Ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela
viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as
árvores do jardim”.
Ao criar o homem, Deus visitava o jardim na hora sexta para ter comunhão com o
Adão, à Bíblia diz que todos os dias Deus vinham ter comunhão na hora sexta, nos nossos
dias isso não mudou Deus ainda quer ter comunhão conosco todos os dias.
Em Êxodo (33:11) “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu
amigo”. Podemos perceber claramente que Deus tinha comunhão com Moisés, pois Deus
comunicava a Moisés tudo que iria fazer, antes mesmo que algo acontecesse. Foi assim
também com outros homens na bíblia.
Nesta dispensação que estendeu de Adão até Abraão. Deu-se um período de comunhão
entre Deus e o homem, uma comunhão estritamente pura e sem pecados. Havia sido instituído
o culto a Deus mediante sacrifícios. Os sacrifícios foram uma instituição divina destinada a
ensinar o método da salvação. E este é o método que a consciência comum dos homens tem
adotado em todos os lugares.
O caminho ensinado por Deus de sacrifícios em troca de perdão seria o caminho
exigido por nossa condição de pecadores. E ditame da consciência que a culpa requer
expiação; e que a expiação se faz pelo derramamento de sangue. Portanto, não sendo os
sacrifícios uma instituição arbitrária, mas a que tem seu fundamento em nossa relação real
com Deus como pecadores, podem inferir que foi por sua ordem, direta ou indireta, que tais
sacrifícios eram oferecidos.
Isso também pode ser deduzido do fato de Deus os aprovar, adotar e incorporar nas
observâncias religiosas subsequentemente ordenadas. O fato de que o homem deveria ser
salvo por meio do sacrifício de Cristo, e de que este foi o grande evento a que se referiam as
instituições das dispensações anteriores torna evidente que essa referência fora dada pelo
desígnio e se fundamentava na instituição divina.
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3.4.5 A COMUNHÃO DE DEUS COM OS PROFETAS

Volte e diga a Ezequias, líder do meu povo: “Assim diz o Senhor, Deus de Davi, seu
predecessor: Ouvi sua oração e vi suas lágrimas; eu o curarei. Daqui a três dias você subirá ao
templo do Senhor”. (2 Rs 20:5).
Neste contexto da história bíblica podemos perceber a comunhão de Isaias e de
Ezequias para com Deus. A história relata que antes mesmo de Isaias chegar aos portões do
palácio Deus já tinha uma resposta para Ezequias.
Estende-se de Abraão a Moisés. Eles foram escolhidos a fim de preservar o
conhecimento da genuína religião no meio da apostasia geral da humanidade. Receberam
revelações especiais, em uma aliança divina, onde Deus promete que seria seu Deus, e que
eles seriam o seu povo.
Entende-se que esta dispensação que foi de Moisés até Cristo, foi apresentada para o
povo de Deus antes do advento como Divina e obrigatória. Em relação ao estado da Igreja
depois do advento, ela é declarada como obsoleta. É descrita como casca sem vida da qual o
cerne e o gérmen vivos foram extraídos, um corpo do qual a alma se foi.
Sua verdadeira importância e desígnio como dispensação preparatório do pacto da
graça, é mencionada como proclamação do evangelho, o mesmo método de salvação de
proclamação dos próprios Apóstolos. A Luz que foi contemplada por aqueles que rejeitavam
o evangelho, como mero sistema legal, é declarada como ministério de morte e condenação. A
qual nos fez também capazes de serem ministros de um novo testamento, não da letra, mas do
espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.

E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de


maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por
causa da glória do seu rosto, a qual era transitória. Como não será de maior glória o
ministério do Espírito? Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito
mais excederá em glória o ministério da justiça. Porque também o que foi
glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória. Porque,
se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece.
Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E não somos como
Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não
olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Mas os seus sentidos
foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar-se na lição do
velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; E até hoje, quando e lido Moisés, o
véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então
o véu se tirará. Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a
glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como
pelo Espírito do Senhor. (2 Coríntios 3:6-18).
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Entende-se na citação anterior que Paulo chama a Lei de ministério de morte, porque o
descumprimento da Lei implicava na morte do infrator em vários casos. As tábuas de pedra
eram o ministério da morte e da condenação. Paulo deixa claro que a Lei, não tinha mais o
mesmo efeito sobre o povo como quando o rosto de Moisés resplandeceu, e pelo contrário, foi
ofuscado pela glória do ministério da justiça, nos próximos versículos ele coloca os ministros
do Evangelho de Cristo em superioridade em relação a Moisés, que cobria o rosto, para que o
povo não visse o brilho de sua face.
Os judeus que ainda estão apegados à letra da Lei, estão como que obscurecidos por
um “véu” que só pode ser retirado mediante a conversão dos judeus a Cristo, pois o legalismo
da lei que é o ministério da morte e da condenação, prosseguem sem compreender que a Lei
havia tido o objetivo de conduzi-los a Cristo. E somente em Cristo este véu é removido, eles
deixavam de olhar para Moisés e passavam a olhar diretamente para a Graça de Deus.

3.4.6 A COMUNHÃO DE DEUS COM ABRAÃO

“Depois destas coisas pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão. Este lhe
respondeu: Eis-me aqui” (Gn 22:1). Deus estava falando: “Você está aí? Eu tenho minha
amizade para você; sei que posso chamá-lo a qualquer hora que eu quiser. Chegou a hora.
Abraão! Cadê você?” e como Abraão respondeu? “Eis-me aqui”. Isto mostra a relação que ele
tinha com Deus. Ele não tinha medo da voz de Deus. Ele disse: “Senhor, eis-me aqui. O que o
Senhor quer?” Deus falou: “Leva teu filho Isaque e sacrifica-o”. E Abraão respondeu: “Está
certo, Senhor. Eu irei”.
Abraão tinha uma comunhão íntima com Deus. Ele não podia duvidar. Ele não se
perguntava: “Será que foi Deus que falou comigo? Acho que não foi. Acho que foi”. Não, ele
tinha uma relação íntima com Deus ele não tinha medo que Deus ia lhe falar uma coisa
errada. “Vai, sacrifica teu filho!” Abraão podia responder: “Eis-me aqui. Sei que Tu estás me
chamando para ter comunhão e sei que esta comunhão vai levar para a vida e não para a
morte. Portanto estou disposto a fazer qualquer coisa”.

3.4.7 A COMUNHÃO COM OS DISCÍPULOS

Esta dispensação é, portanto, a última antes da restauração de todas as coisas; a última,


ou seja, designada para a conversão dos homens e a congregação dos eleitos.
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De acordo com Cullmann (2009) a comunhão com os discípulos significa formar


discípulos. Ele diz que é para fazer discípulos, ensinando-os a guardar tudo o que ele mandou.
O ensino de Jesus visava a formação de vida. Quando Jesus diz: fazei discípulos, significa:
formar discípulos. Ele diz que é para fazer discípulos, ensinando-os a guardar tudo o que ele
mandou. O ensino de Jesus visava a formação de vida.
Paulo também ensinava com vistas à formação de discípulos. O propósito dos seu
ensino era: “Cristo formado em vós” (Gálatas 4:19). Não diz: Cristo informado em vós, mas
Cristo formado em vós. Formar discípulo é aplicar a palavra de Deus em sua vida, dar-lhe
acompanhamento, e concretizar a sua prática.
“Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus
é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com ele e
andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz,
como ele está na luz, mantém comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho,
nos purifica de todo pecado” (1 João 1:5-7).
A vontade de Deus para os discípulos do Mestre é o nosso crescimento espiritual
progressivo, através de uma vida na plenitude do Espírito Santo, vivendo em santidade, até
que cheguemos à maturidade cristã.
A oração de Paulo pelos colossenses e sua visão de crescimento espiritual manifestada
aos efésios mostra isso, “não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do pleno
conhecimento de sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; para que possais
andar de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e
crescendo no conhecimento de Deus”. “... Tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para
a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade
da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da
estatura da plenitude de Cristo”.
Em Hebreus 1:5-6 “Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu filho, eu hoje te
gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será filho? E, novamente, ao introduzir o
Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.
Segundo Ferreira (2007) ser discípulo é estar sujeito a grandes mudanças, ser discípulo
é deixar Deus interferir até mesmo nos nossos sonhos.

3.4.8 A COMUNHÃO DOS CRISTÃOS NA CONTEMPORANEIDADE


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Esta dispensação é algo para o futuro, logo após o julgamento das nações descrito em
Mateus 25:31-46 e antes do Juízo do Grande Trono Branco, é necessário compreender o que
Deus traçou para o futuro da Igreja.
No período em que vivemos, o cristianismo sofre, devido à aceleração histórica e suas
respectivas demandas, com a perda de espaço na sociedade.
“A comunhão cristã não pode ser desprezada, pois é um caminho valioso em meio à
graça na igreja. Os membros da igreja primitiva “perseveravam na doutrina dos apóstolos na
comunhão no partir do pão e nas orações” (At 2.42). E o autor de Hebreus lembra aos
cristãos: “Considere-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e as boas
obras. “Não deixemos de congregar-nos como é de costume de alguns, antes façamos
admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima”. (Hb 10.24-25).
“Na comunhão dos crentes, crescem a amizade e o afeto naturais uns pelos outros, e
assim se cumpra o mandamento de Jesus que vos ameis uns aos outros” (Jo 15.12). Além
disso, quando os crentes se importam uns com os outros, seguem o conselho de Paulo: “levai
as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2).
De acordo com Berkhof (1981) a comunhão dos crentes como meio de graça também
ajuda a superar a excessiva atribuição de valor ao clero ordenado como principal despenseiro
de graça na igreja, especialmente quando a igreja como todo se reúne. Também seria saudável
que os cristãos reconhecessem que se prova certa medida de graça de Deus quando os cristãos
conversam e comem juntos, quando vivem juntos momentos de trabalho e lazer desfrutando
da comunhão uns com os outros.
“Diariamente perseveram unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e
tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na
simpatia de todo o povo” (At 2.46-47). “Mas, a todos quanto o receberam, deu-lhes o poder
de serem feitos filhos de Deus” (Jo 1.12).
De acordo com Parker (1994) a comunhão de Deus com os homens envolve tudo
quanto o Pai e o Filho têm feito, fazem e farão, a fim de compartilhar com cada cristão, sendo
ainda pecadores, a sua glória. Toda comunhão com Deus envolve todos os atos de dar a Ele e
de receber dele, para que se possa expressar nosso arrependimento e nossa fé. Deus se dá a
todo aquele que crê, da mesma maneira que um Pai, com base na redenção realizada por seu
Filho. Recebe-se a filiação da parte de Deus, bem como o direito a todas as bênçãos inerentes
a essa filiação, por se ter recebido o Senhor Jesus Cristo como Salvador.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A oração que Deus responde é aquela que está misturada com fé. Podemos ter fé sem
orar, mas não podemos orar sem fé! (Marcos 11:23,24).
A oração é um meio de comunhão, porém alguns usam para vários fins tirando do seu
objetivo central, oração não deve ser usada nem para expulsar demônio, pois como Jesus
disse, uma casta de demônio se expulsa, somente à força de Jejum e oração (Marcos 9:29).
As dispensações relatadas são caracterizadas demonstrando a ordem progressiva do
relacionamento de Deus com a humanidade e o crescente propósito que percorre os períodos
de tempo durante os quais o homem ficou responsável por testes específicos e variados quanto
a sua obediência a Deus, desde o começo da história humana até o seu final.
A história das dispensações vem nos mostrar as fases do homem em cada período
desde a sua criação, seu desenvolvimento, contendo assim seus erros e acertos. Este assunto
tratado aqui vem nos mostrar que ao lermos a Bíblia Sagrada, logo percebemos o estreito agir
de Deus em relação ao homem. Cada fase é marcada por períodos específicos cada um com
seus propósitos e objetivos que parecem se eternizarem na história deixando uma marca muito
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forte como que um memorial para gerações futuras. Dando firmeza a essa vontade tão perfeita
de Deus que parece interrompida de tempos em tempos por intervenções humanas. Após cada
intervenção, cada “fracasso” uma nova fase se fez surgir.
A grande lição é que a principal fonte de estudo “Bíblica” mostra claramente no seu
desfecho, em cada período as várias formas que Deus agiu através dos tempos sempre
mostrando ao homem o caminho a seguir. E conforme as decisões de cada época surgiam uma
nova determinação, uma nova dispensação.
Observando assim, esperamos que tudo aprendemos aqui nos fortaleça a cada dia, que
não nos esqueçamos das experiências que nossos antepassados passaram que os exemplos
fiquem impregnados na nossa consciência e continuemos esperando pelo que ainda está por
vir, com a certeza de que se cumprirá fielmente tudo que foi expressado na última
dispensação. Que a oração seja o alimento diário que sustentará cada cristão neste tempo de
espera, e que transformará o que parecia apenas uma simpatia, em um relacionamento
verdadeiro, cheio de amor e prazer em falar com Deus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Traduzido por Felipe Delgado Cortez. Grand
Rapids: TELL, 1981.

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Vida
Nova, 1977.

BÍBLIA. Revista e Corrigida, Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

CULLMANN, Oscar. A oração no Novo Testamento: ensaio de respostas. São Paulo, 2009.

FERREIRA, Franklin. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.


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HODGE, Charles Caldwell. Survey of Bible Doctrine. Moody Publishers: Reprint edition,
2001.

HORTON, Stankey M. Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

MCGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, História e Filosófica: Uma introdução à


Teologia Cristã. Tradução de Marisa. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.

MILLARD, Erickson J. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.

PARKER, Christián. Religião Popular e Modernização Capitalista. Petrópolis: Vozes, 1997.

PINK, A. W. Deus é soberano. Doutrina Cristã. São Paulo, 1977.

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