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DANILO CORREIA

O PIETISMO

PORTO UNIÃO – SANTA CATARINA

Abril/2021
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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA PROJETO 70

TRABALHO DO MÓDULO HISTÓRIA DA IGREJA III

Professor: Pr. Ivan Andrade dos Santos

Aluno: Danilo Correia


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SUMÁRI O

INTRODUÇÃO................................................................................04

DESENVOLVIMENTO.....................................................................05

2.1 Felipe Jacó Spener.............................................05

2.2 O Ponto
Central....................................................07

2.3 August Hermaann


Francke.................................07

2.4 A influência
Pietista.............................................09
2.5 Wesley e o Pietismo...........................................
11

2.6 A Dimensão do movimento


Pietista....................12

CONCLUSÃO..................................................................................14

REFERÊNCIAS...............................................................................15
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O PIETISMO

1. INTRODUÇÃO

Com a franca expansão do luteranismo dentro da vida religiosa que


teve seu ápice em meados do século XVI, assim também outros
movimentos iam se organizando em volta desse conceito concordando e
muitas vezes discordando em alguns pontos. Foi assim que aconteceu com
os Anabatistas, Zuínglio e Calvino. Essas discussões doutrinárias, que
causaram até rompimento dentro de um mesmo movimento, foram se
estendendo adentrando nos próximos séculos, mais especificamente na
segunda metade do século XVII, onde encontramos então o Pietismo.

Esse período era uma época em que a consolidação e fortalecimento


da ortodoxia luterana já estava bem resolvida como a Confissão de
Augsburgo, por exemplo. Porém ela caminhava da direção de uma frieza
intelectual que parecia dominar a vida religiosa se deixando levar por
dogmatismos teológicos e até mesmo racionalismos filosóficos, os quais
contrastavam com a fé viva tanto buscada pelos reformadores.

“O espírito escolástico, ou seja, da ortodoxia luterana, estendeu uma


mortalha de intelectualismo sobre a fé cristã. As pessoas tinham a
impressão de que o cristianismo consistia no recebimento da palavra
salvífica de Deus pela pregação e pelos sacramentos, além da aderência
leal às confissões luteranas. Dizia-se que, com poucas exceções os
pastores evitavam qualquer ênfase à interioridade.” (SPENER)

Sendo assim, levanta-se um movimento preocupado com a santidade


de vida, a fé cristã (que pareceria ter perdido algo de sua graça) e a prática
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religiosa. O alvo do pietismo era o retorno à teologia viva dos apóstolos e da


Reforma, com forte ênfase na pregação do Evangelho, acompanhada de
um testemunho cristão condizente.

E foi com seus maiores representantes Felipe Jacó Spener e August


Hermann Francke que o Pietismo toma a sua real forma.

2. DESENVOLVIMENTO

A palavra “pietismo” frequentemente ganhou conotações


negativas de beatice e teve seu início, como já citado, com Spener
considerado o “pai do pietismo”. Spener então reage a essa ortodoxia
luterana, o qual a considerava como ortodoxia morta. Essa proposta de
renovação que Spener traz para dentro do luteranismo teve mais ênfase
numa preocupação de porquê o cristianismo bíblico não se reflete na
vida das pessoas. Se valia a pena as densas discussões doutrinárias, e
para eles impecáveis, dentro do corpo pastoral e teológico sendo que
não havia piedade, uma fé verdadeira. Seu desejo era despertar a fé de
cada cristão. Para isso, apelava à doutrina luterana do sacerdócio
universal dos crentes e sugeria que se desse menos ênfase nas
diferenças entre leigos e clérigos, e mais destaque na responsabilidade
de todos os cristãos. Além disso ele convidava os pregadores a
deixarem seu estilo acadêmico e polêmico, pois o propósito da pregação
não era mostrar a sabedoria do pregador, mas chamar todos os fiéis à
obediência à Palavra de Deus.

2.1 Felipe Jacó Spener

O primeiro grande líder do pietismo foi o alemão Philipp Jakob


Spener (1635-1705),que estudou em Estrasburgo, Basiléia, Genebra,
Stuttgart e Tübingen. Na Suíça, entrou em contato com a teologia
reformada, todavia continuou na confissão luterana. Ele também fez um
bom uso dos escritos puritanos, especialmente dos trabalhos do bispo
anglicano Lewis Bayly (c. 1565-1631), autor de A Prática da Piedade, e
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de Richard Baxter (1615-1691), autor de O Necessário Ensino da


Negação de Si Mesmo e O Pastor Reformado (1656).

Spener parece ter tido contato com esta obra desde muito jovem
quando era estudante em Estrasburgo. Em Genebra conheceu o francês
Jean de Labadie, que era um dos principais críticos da frieza intelectual
e dogmática em que caíra o protestantismo. Após estudar em vários
outros centros, Spener recebeu o título de doutor. Quando estava pronto
a dedicar-se ao pastorado, foi chamado ao púlpito de Frankfurt, em
1666. Ali fundou em 1670 seus “colégios de piedade”, grupos dedicados
à devoção e ao estudo cuidadoso da Bíblia. Em 1675 publicou então
uma pequena obra a qual se tornou a carta fundamental do pietismo
chamada Pia desideria ou Desejos Piedosos.

Os líderes da ortodoxia luterana não viam com bons olhos o


movimento que Spener encabeçava e logo sofreu amargos ataques.
Nessa obra podemos destacar quatro características principais do
movimento, a saber:

1. Experiência religiosa: a experiência religiosa assume um


caráter preponderante na vida do crente.

2. Biblicismo: seus padrões doutrinários emanam da Bíblia, ainda


que o Catecismo (Catecismo Menor de Lutero, 1529) deva ser ensinado
às crianças e aos adultos.

3. Perfeccionismo: preocupação com o desenvolvimento


espiritual, bem como com a proclamação do Evangelho e com a prática
social de socorro aos necessitados.

4. Reforma na igreja: desejo de reformar a igreja, combatendo a


sua letargia espiritual, bem como as suas práticas consideradas
mundanas.

Além dessa obra principal, Spener produziu mais de 300


publicações, incluindo livros, sermões e cartas, sendo que 123 de seus
trabalhos versavam sobre teologia, moral e história.
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2.2 O Ponto Central

O pietismo insistia no contraste entre o que a sociedade esperava


de seus membros e o que Deus requeria de seus fiéis. Havia um ponto
central do movimento em que propunha o novo nascimento, ou seja, a
ênfase na conversão pessoal, muito enfatizada depois por Francke. Em
certo sentido, o que estava em jogo em toda essa controvérsia era a
questão de se a fé serviria simplesmente para sancionar a moral da
época ou se a vida cristã era algo diferente do povo comum. Pode-se
dizer ainda que esse programa deva ser visto sob cinco aspectos:

a) maior uso das Escrituras;

b) diligente exercício do sacerdócio espiritual;

c) ensino de que o saber não é suficiente — ele deve manifestar-


se na obediência a Deus;

d) espírito de amor cordial nas controvérsias;

e) alimento devocional e preparação pastoral dos estudantes de


teologia.

Um aspecto que parece relevante, é que o pietismo era uma


“nova posição teológica, que se baseava em novo conceito de realidade
e que continha em seu âmago as sementes da posição moderna. ”

2.3 August Hermaann Francke

O pensamento petista ganhou muitos seguidores e adeptos em toda a


Alemanha, o mais destacado foi August Hermaann Francke. Este procedente
de uma família burguesa influente, iniciou os estudos no ginásio de Gotha,
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ingressando depois nos cursos de Teologia das universidades de Erfurt e Kiel


sendo que nessa última foi poderosamente influenciado por Christian Kortold
(1632 – 1694), oriundo do círculo pietista de Rostock, em cuja universidade
lecionou, e que era também amigo de Spener.

Posteriormente seguiu para Leipzig para estudar hebraico e grego,


graduando-se em 1685 sendo então nomeado privatdozent (livre docente);
segue então para Hamburgo, onde se constituíra ao longo do século XVII
vários centros de estudos de línguas bíblicas, a fim prosseguir suas pesquisas
exegéticas e ali funda o Collegium Phillobiblicum, um centro de estudos
bíblicos onde a pesquisa exegética era aplicada imediatamente à realidade
prática da vida cristã e da rotina 2 eclesiástica.

Designado cura em Lüneburg, entrou em conflito com seu


superintendente KH Sandhagen, deixando suas funções para, mais uma vez,
retornar a Hamburgo onde trabalha como professor de uma escola privada, ao
mesmo tempo em que conhece e se torna amigo de Nikolaus Lange.

Em 1687 vai a Dresden conhecer o próprio Spener que nessa época era
pregador da corte Wettin da Saxônia e desse contato volta completamente
transformado. Retoma as atividades do Collegium Phillobiblicum, agora
instalado em Leipzig, granjeando reputação imensa como professor, mas
também despertando a ira das autoridades eclesiásticas que censuram tanto a
metodologia inovadora que ele aplica quanto também o seu pietismo que ele
assume sem peias.

Proibido de lecionar em Leipzig em 1690, Francke aceita ser pároco em


Erfurt e logo sua pregação inflamada começa a atrair multidões, inclusive de
católicos, o que enseja uma reação violenta do clero ortodoxo que em 27 de
setembro de 1691 dá a Francke 48 horas para deixar a cidade. A sua expulsão
de Erfurt, que coincide com a saída de Spener de Dresden, solidifica ainda
mais as ligações de amizade entre os dois além de confirmar o prestígio de
Francke como líder do pietismo alemão apenas abaixo do próprio Spener.

Em 1694 os dois decidem criar uma instituição de ensino destinada a


promover a formação de um quadro de pastores e professores que
lecionassem a teologia dentro dos cânones pietistas e para erigir a nova
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instituição foi escolhida a cidade de Halle, situada no território de


Brandemburgo onde o príncipe eleitor Friedrich III protegia totalmente os
pietistas. Francke é designado livre docente de grego e ao mesmo tempo,
assume a paróquia de Glaucha, localidade situadas nas imediações de Halle.
Daí para frente toda vida de Francke se ligará completamente àquela cidade
aonde viverá e de cuja vida social participará intensamente.

Comovido pela situação de miséria e abandono dos órfãos, consegue,


por meio de subscrições públicas, criar um orfanato em 1695 e, em 1698, uma
escola de artes e ofícios e um internato para as meninas que dentro em pouco
atendiam mais de 500 crianças pensionistas e que após a morte de Francke se
reuniriam num só educandário com o nome de Organizações Francke.
Nomeado em 1698 professor de Teologia em Halle aonde já exercia a cadeira
de Filosofia, nos anos seguintes passa a se envolver também com projetos
missionários chegando a conseguir, em 1706, o apoio do governo dinamarquês
para o envio de missionários à Índia. A Missão Halle-Dinamarca, assim
constituída enviou os alemães Heinrich Plutschau (1677 – 1747) e
Bartholomaus Ziegnbalg (1682 – 1716) para missionar em Tranquebar e com
essa experiência praticamente se inicia o movimento missionário no meio
evangélico escandalosamente desprezado pela Reforma nos primeiros
séculos.

O trabalho de Francke no magistério acadêmico em Halle, suas ações


filantrópicas no educandário e suas iniciativas missioneiras na Missão Halle-
Dinamarca converteram essa cidade, as ideias de Francke foram ficando cada
vez mais semelhantes às de Spener que vinha se destacando ainda mais do
que seu mentor.

2.4 A influência Pietista

Com toda essa efervescência, muitos teólogos o atacavam


repetidamente acusando Spener e principalmente Francke de ser em extremo
individualista, subjetivo, emotivo e até herético. Não obstante, o número de
pessoas continuava aumentando, pois viam neles um retorno à fé do Novo
Testamento e dos reformadores. Sob a direção de Francke a Universidade de
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Halle tornou-se um centro no qual se arrecadavam fundos e preparavam-se


pessoas para a obra missionária. Um desses alunos então dessa renomada
Universidade foi o jovem Nicolau Luís Zinzendorf, o teólogo dos morávios.

Além da Alemanha e à Dinamarca. A influência petista atingiu a


Inglaterra, de modo especial através de John Wesley (1703-1791), que recebeu
ampla influência dos morávios. Atingiu também a América do Norte (1725-
1726), através do pastor da Igreja Reformada Holandesa no Vale de Raritan,
Nova Jersey, Theodore Jacobus Frelinghuysen (1691-1748). A partir daí, por
conta dessa grande importância histórica que teve o pietismo, um grande
movimento missionário protestante se iniciou.

O maior representante desse movimento missionário petista foram os


morávios. Eles se estabeleceram e fundaram uma comunidade que chamaram
Herrnhut (o redil do Senhor), que estava destinada a fazer parte de um papel
importantíssimo na história das missões. Zinzendorf interessou-se tanto por
aquela comunidade que se estabeleceu nela. Sob sua direção, os morávios
decidiram fazer parte da paróquia luterana que lhes correspondia. Sempre
existiam tensões, pois os luteranos não estavam dispostos a aceitar em seu
seio aquela comunidade que Zinzendorf transformara em foco do pietismo.
Todavia a comunidade de Herrnhut depois de ter testemunhado obras
missionárias com alguns esquimós que Zinzendorf conheceu, eles também se
entusiasmaram e também partiram para Caribe para suas primeiras obras
missionárias as quais foram se estendendo pela América do Norte, América do
Sul, África e Índia. Logo aquele movimento, que a princípio contava com
duzentos refugiados, tinha mais de cem missionários nessas regiões.

Embora a igreja dos morávios nunca tenha contado com grandes


multidões, logo tornando-se impossível continuar o sustento de um número
muito elevado de missionários, seu impacto na história do cristianismo
protestante foi notável. Em primeiro lugar, porque imprimiu seu selo sobre Jonh
Wesley e, através dele, sobre o metodismo.
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2.5 Wesley e o Pietismo

Wesley foi decerto profundamente influenciado pelo pietismo e seria


perda de tempo dizer o contrário. Os primeiros contatos de Wesley com os
pietistas se deram por ocasião de sua viagem missionária à Geórgia, quando
estabeleceu relações com o bispo David Nitschemann e com o pastor
Spagenberg, que já estava em Savannah. Mais tarde assimilou o plano
eclesiástico de Zinzendorf para a reforma da igreja, que este por sua vez havia
recebido de Spener. Os próprios Collegia Pietatis de Spener representam a raiz
de suas futuras sociedades.

Por fim, em 1738, logo depois do seu retorno à Inglaterra e à sua


experiência de conversão de Aldersgate, Wesley viajou à Saxônia onde
estabeleceu contato com o próprio Zinzendorf. Como diz Paul Eugene Buyers
que descreve os pietistas alemães Spener, Francke e Zinzendorf como
místicos, é inegável a influência dos pietistas sobre o reformador inglês. A base
do Misticismo e a do Metodismo é uma experiência espiritual e pessoal. E a
doutrina da segurança não está muito longe da "luz interior" dos místicos.
Ambos dão importância à certeza espiritual.

Igualmente o Metodismo insiste em que a conversão é baseada sobre


uma faculdade superior à da razão. Contudo, a despeito das profundas
influências recebidas por Wesley e pelo Metodismo nascente, da parte dos
pietistas alemães, é, todavia, impossível dizer que tais influências foram de
algum modo perenes ou que foram recebidas incondicionalmente.

Na verdade, é possível mesmo dizer que o pietismo de Zinzendorf está


tão distante do metodismo quanto o arminianismo wesleyano do calvinismo
presbiteriano, não só no que concerne ao calvinismo em si, mas também ao
perfeccionismo, o antinomismo e o exacerbado misticismo que tornam o
pensamento teológico de Zinzendorf tão particularizado, inclusive em relação
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ao do próprio Spener. O próprio Wesley expôs algumas diferenças entre seu


pensamento teológico e o da comunidade dos morávios que a essa altura
(1740) se encontrava tomada da poderosa influência da teologia mística das
chagas de Cristo que Zinzendorf vinha ensinando e divulgando por toda parte.

Antinomismo, perfeccionismo e predestinacionismo foram alguns dos


elementos divergentes encontrados.. Eles afirmam, lembra Wesley em seu
diário (22 de junho de 1740), que todos nós ainda estamos enganados; que
não temos fé alguma; que a fé não admite graus e, portanto, que fé pequena
não é fé nenhuma; que ninguém é justificado antes de ter um coração limpo e
de ser impassível de dúvidas e temores. Afirmam também que não há nenhum
outro mandamento no Novo Testamento a não ser “crer”.

Não será esta outra das razões pela qual se torna tão difícil aos
ricos entrarem no Reino dos Céus? A grande maioria deles está
debaixo de maldição, sob a maldição particular de Deus, porque [...]
não roubam unicamente a Deus, mas também ao pobre, ao faminto e
ao despido [...] e se tornam culpados por toda a necessidade, aflição e
dor que poderiam eliminar, mas não o fizeram. (John Wesley)

Com este, não há nenhum outro dever, e que, quando um homem crê,
não está obrigado a fazer nenhuma outra coisa que ali se ordena;
particularizando: o que não está sujeito a nenhuma ordenança, o que quer
dizer (segundo a explicação deles mesmos) que não tem o dever de orar, nem
de transmitir, ler ou ouvir as Escrituras; mas pode fazer uso dessas coisas ou
não (sem estar escravizado), segundo a liberdade que se acha em seu
coração.

2.6 A Dimensão do movimento Pietista

Portanto o pietismo, a despeito de sua influência e contribuição vemos,


particularmente a ênfase em uma vida que refletisse uma fé comprometida,
bem como o seu ardor missionário contribuições que não devem ser
minimizadas no seu âmbito geral da história da igreja. Também teve seu
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grande impacto nas correntes filosóficas como no Liberalismo representado por


Friedrich Schleirmacher (1768 – 1834),

“Não há nenhum lugar que como este tenha favorecido a viva


rememoração de todo a trajetória de meu espírito, desde o primeiro despertar
daquilo que é melhor até o ponto em que agora me encontro. Aqui, pela
primeira vez, dei-me conta da consciência da relação do ser humano com um
mundo superior (...) Aqui se desenvolveu pela primeira vez a disposição mística
que me é tão essencial, e que me preservou e salvou sob todas as procelas do
ceticismo. Outrora ela apenas desabrochava, agora está plenamente formada;
e posso dizer que depois disso tudo novamente tornei-me um moraviano (ein
Herrnhuter); só que, agora, um moraviano de uma ordem superior. ”

e também o Racionalismo o qual Emanuel Kant (1724 – 1804) discorria


inúmeras críticas científicas.

“Mas como há em nós “a priori” uma certa forma da intuição sensível que
assenta sobre a receptividade de nossa capacidade representativa (da
sensibilidade), o entendimento pode então, como uma espontaneidade,
determinar o sentido interno, de acordo com a unidade sintética da apercepção
pela diversidade das representações dadas, e conceber “a priori” a unidade
sintética da apercepção do que há de diversos na intuição sensível, como
condição à qual necessariamente devem sujeitar-se todos os objetos de nossa
(humana) intuição.”

A dimensão do pietismo podemos notar também não só na reforma


dentro da Igreja Luterana, mas adquiriu tal dimensão que hoje pode ser
encontrado em praticamente todas as tradições protestantes e no movimento
pentecostal. Suas influências também podem ser facilmente identificadas na
arte. A música de Bach e de Handel (que estudou Direito em Halle) com sua
dimensão espiritual, está entre os tesouros da música sacra alemã e são sem
dúvida patrimônio da igreja evangélica. Halle proporcionou uma reforma radical
no ensino não somente teológico, mas da própria universidade como tal,
estabelecendo as bases de um ensino com sólida ética cristã.

O pietismo também exerceu influência duradoura e dominante na política


fortalecendo o estado prussiano e, em última análise, abrindo caminho da
unificação da Alemanha sob a égide da Prússia. Se for certo falar que Hegel
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moldou a consciência intelectual da mocidade e restabeleceu os fundamentos


da metafísica e por meio dessa, a união sacra entre a Filosofia e a Teologia.

3 CONCLUSÃO

Finalmente, o pietismo abriu caminho para o movimento missionário


moderno, que é, sem dúvida, o maior e o mais importante legado desse
despertamento que ainda hoje serve de alicerce para a proclamação do
evangelho. Também pode-se observar claramente que esse movimento trouxe
um cristianismo visível e ativo no sentido de que acreditava que o autêntico
cristão deveria revelar sua genuína conversão e comunhão com Deus por meio
de atitudes, comportamentos, ações e conduta aprovável.
As críticas feitas à teologia são atemporais, muitos doutores sem fé
estão espalhados pelos púlpitos e cátedras causando sérios danos a vida
espiritual dos seus ouvintes, mas diferente da época do Spener, onde teólogos
incrédulos repetiam a ortodoxia por razões políticas e culturais.

O amor ao próximo, a preocupação social da igreja continua deficiente.


O compromisso de pregar com fidelidade a Palavra levando as pessoas ao
conhecimento de Cristo é fundamental, pois como o próprio Spener menciona,
Deus não pedirá os nossos diplomas no dia da prestação de contas. A mania
de se envolver em polêmicas, bem como a mistura de coisas inúteis com a
teologia, continuarão, na minha opinião a ser um mal que só será sanado na
volta do nosso Senhor Jesus Cristo.
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REFERÊNCIAS

GONZALEZ, Justo L. História Ilustrada do Cristianismo: A era dos


Reformadores até a Era Inconclusa. 2ª edição revisada. Revisada Volume
2 São Paulo: Editora Vida Nova, 2011.

ARTIGOS:

 PIESTISMO - UM DESAFIO A PIEDADE E A TEOLOGIA

Por Hermisten Maia Pereira da Costa

 O PIETISMO E SUA INFLUÊNCIA NA VIDA E NA IGREJA CRISTÃ

Prof. Edson Douglas de Oliveira http://comunidadewesleyana.blogspot.com.br/

PODCAST:

Pietismo – BTCast 286


https://www.youtube.com/watch?v=DHnxpo8ZNJ8

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