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Algumas considerações devem ser feitas, antes da análise simbólica

propriamente dita. A arquitetura bizantina tem sua origem durante o reinado do


imperador Justiniano. Muitos autores referem-se a esse período como “A Idade
de Ouro Justiniana”. Surge uma série de possibilidades técnicas visando às
necessidades litúrgicas e formais que concorre para a criação de grandes
obras de arte do cristianismo. No ano 532 devido à violenta insurreição de
Nika, todo o esplendor clássico de Constantinopla da época de Constantino
havia se tornado em ruínas. Nessa época, deixa de existir a cidade clássica, e
graças aos esforços de Justiniano, começa a surgir a cidade bizantina.
Uma das novidades da arquitetura religiosa bizantina do século VI é a
combinação das plantas basilical e central, cujo máximo expoente é, sem
dúvida, Santa Sofia de Constantinopla.

Arquitetura Bizantina

A arquitetura bizantina desenvolveu características próprias, sendo que as construções mais


conservadas foram os edifícios eclesiásticos, sobretudo as igrejas. Essas construções contam
com três elementos básicos: as abóbadas, as cúpulas e o plano centralizado.

O principal legado da arquitetura bizantina foi a abóbada, uma vez que os arquitetos
precisaram construir uma cúpula em uma base quadrada. Diante desse problema, eles usaram
pendentes, que eram triângulos que se elevavam dos ângulos do retângulo e se curvavam
unindo-se em um círculo. Além disso, também usaram arcos, que criavam abóbadas absidais
ligando os ângulos do quadrado.

O plano centralizado está relacionado às antigas basílicas gregas do século V, em que os fiéis
eram distribuídos em três grandes áreas, chamadas naves, e a missa era celebrada em uma
nave central. Nisso eles optaram pela forma de cruz.

Em geral, na primeira fase dessa arquitetura, as igrejas eram pequenas, com núcleo
cruciforme, além de grossas colunas sustentando a cúpula sobre o cruzamento dos braços da
cruz, que também formavam abóbadas cilíndricas que se estendiam pelos quatro braços. As
áreas abobadadas adicionais eram colocadas nos ângulos da cruz, dando um aspecto
retangular a igreja. O interior apresentava vastidão e claridade, por conta, respectivamente, da
simplicidade dos pilares e arcos e pela luminosidade que vinha das grandes janelas na cúpula e
nas paredes. O exterior era marcado por formas geométricas simples e janelas desadornadas.

Na segunda fase da arquitetura bizantina, as igrejas continuavam na forma de cruz, porem


inscritas em um quadrado. Além disso, houve a diminuição das pilastras de suporte da cúpula,
uma vez que abobadas foram construídas nos ângulos da cruz. Isso proporcionou um
aparência de maior amplitude e complexidade às igrejas, acabando com a simplicidade da
primeira fase. No interior, a claridade diminuiu, visto que as janelas diminuíram e se tornaram
menos numerosas. O exterior ficou mais complexo, com diferentes níveis de andares e
botaréus. Nesse período as superfícies forma trabalhadas, sendo que externamente foram
usados ladrilhos dispostos em desenhos decorativos e internamente as pedras foram
ornamentadas com desenhos também.

Basílica de Santa Sofia, Istambul, Turquia

História:
Santa Sofia – em grego, “divina sabedoria” – foi construída por iniciativa do imperador
Justiniano na capital do antigo Império Romano do Oriente (Constantinopla), entre os anos de
532 e 537. Para tal feito contratou Isidoro di Mileto(médico) e Antemio di Tralle (matemático),
e reuniu mais de 10 mil trabalhadores. No local, onde antes existia um templo pagão, haviam
sido erguidas duas outras basílicas. A primeira, no século 4, acabou incendiada durante uma
rebelião. E a segunda, maior, no século seguinte, fora destruída na sangrenta Revolta de Nika,
juntamente com outros edifícios da cidade.

A cúpula da basílica ruiu algumas vezes em consequência de terremotos, ao mesmo tempo em


que reformas e reconstruções eram empreendidas. Foi por nove séculos o centro que
comandou o mundo ortodoxo cristão, dela os missionários propagavam a cultura bizantina em
toda a Europa Oriental e na Rússia. No século 13, durante a Quarta Cruzada, foi saqueada por
cristãos latinos. Dois séculos depois, em 1453, pelas tropas do sultão Mehmed, que havia
prometido aos seus soldados três dias de saques como recompensa pela tomada da até então
invencível Constantinopla.

Naquele mesmo ano, a obra foi transformada na primeira mesquita de Istambul, sendo que
maioria dos turcos já havia se convertido ao islamismo. Santa Sofia funcionou como mesquita
durante cinco séculos. Ao longo desse período recebeu reparos que a mantiveram em
pé. Historiadores reconhecem a importância da intervenção dos otomanos para que esse
patrimônio arquitetônico e cultural tenha sido preservado. Já no século 20, Santa Sofia foi
transformada em museu e muçulmanos e cristãos ainda reivindicam que a basílica volte a ser
espaço sagrado de orações.

Características arquitetônicas:
-Possui altura de um prédio de quase 20 andares, ou seja, 53 metros de altura, além de 140
metros de comprimento de ponta até ponta.
-O exterior da basílica é semelhante ao dos outros edifícios bizantinos, sendo volumoso e
atarracado, o que evidencia a cúpula. Os minaretes são produto da invasão turca, com tijolo
vermelho e calcário branco.
-A nave central tem aparência muito ampla, com a presença da cúpula, de semi-cúpulas da
abside (completamente coberta de mosaicos), arcadas e naves laterais, sendo que o núcleo da
construção parece expandir-se para fora e para cima, criando uma ilusão de ótica. 50%
-A cúpula é construída com tijolos de vidro e o seu interior é coberto com mosaicos
decorativos brilhantes, desde o topo até a sua base. As quarenta janelas (dias que cristo esteve
no deserto) na base da cúpula são decoradas com mosaicos multicolor, a cúpula mede 31 m
diâmetro e contem 40 nervuras. Ela foi construída sobre uma base quadrada e possui
pendentes que formaram uma outra base octogonal.
-As paredes interiores da nave central estão cobertas de mármore até a parte superior da
galeria. As paredes das naves laterais possuem mármore do chão até o teto. Esses mármores
de diferentes cores foram trazidos de vários lugares especialmente para essa basílica. O
mármore foi cortado de maneira a que os veios ficassem simétricos para criar padrões
decorativos para adornar as paredes. Descrições gravadas na pedra em forma de painel
encontram-se maioritariamente nas duas naves laterais, embora, alguns encontram-se por
cima do portão imperial.

-O interior tem 107 colunas, 40 delas no nível do térreo e as demais na galeria superior. As
mais importantes e maiores das 107 colunas estão no térreo, algumas delas trazidas de
templos ainda mais antigos e de diferentes regiões do império, da Espanha até o Oriente
Médio, como do Templo de Artemis.
-Os capitéis e os arcos que os ligam são elementos importantes da beleza arquitetônica, são
meticulosamente esculpidos num delicado rendilhado, com a presença de monogramas de
figuras teocráticas.

Igreja de São Vital, Ravena, Itália

História:
A Basílica de São Vital é um dos monumentos mais famosos de Ravena (cidade dos mosaicos) ,
Itália, começou a ser construída em 527 antes de Cristo, pelo Bispo Ecclesius ( durante o
reinado de Teodórico, rei ostrogótico); e terminou em 548 antes de Cristo, pelo Bispo de
Ravena, Maximiniano, sob domínio bizantino, por isso possui tanto características da
arquitetura romana quanto bizantina.
A construção da Basílica foi patrocinada por um banqueiro grego, Juliano Argentário, de que se
sabe muito pouco, tirando o fato de que o mesmo também promoveu a construção da Basílica
de São Apollinare, por volta da mesma época.

A basílica foi a inspiração para que Filippo Brunelleschi projetasse a cúpula da Santa Maria del
Fiore, em Florença.

Caracteríticas arquitetônicas:
A mescla de diferentes estilos é notada no formato octogonal e na cúpula (elementos
romanos) e na abside, nos capiteis e nos mosaicos (elementos orientais). O espaço interno da
basílica mede 25 metros, possui uma cúpula centralizada rodeada por oito semi-cúpulas,
passando a ideia das pétalas de uma flor. Há muitas portas e janelas com arcos e grande
utilização de mármore.

Igreja de Santo Apolinário:


A Basílica de Sant’pollinare fica localizada na cidade de Classe, perto de Ravenna na Itália, é
uma construção da metade do século VI e o edifício foi financiado pelo bispo Ursicino e pelo
banqueiro Giuliano Argentário. A igreja foi consagrada pelo bispo Maximiano e foi dedicado ao
Santo Apolinário que foi o primeiro bispo de Ravenna.

Essa igreja é feita de tijolos e pedra, possui janelas gradeadas e de dimensões grandes, dois
corredores cobertos por abobadas, 24 colunas de mármore grego e uma torre sineira
(campanário), em forma de cilindro com o topo piramidal e com 12 metros.

Igreja de Santo Apolinário Novo:

Basílica de Santo Apolinário Novo é uma basílica em Ravena, na região da Emília-Romanha,


na Itália. Foi construída pelo Rei ostrogótico Teodórico, o Grande, para ser a capela de seu
palácio, durante o primeiro quarto do século VI, sendo uma igreja ariana dedicada ao Cristo
Redentor.
Foi reconsagrada em 561, sob o reinado do imperador Justiniano (r. 527–565), sob o nome
"São Martim em Céus Dourados". Foi dedicada a Martinho de Tours, um inimigo dos arianos.
De acordo com a lenda, o papa Gregório I ordenou que os mosaicos da igreja fossem
escurecidos para que os visitantes não ficassem distraídos em suas orações. A Basílica foi
renomeada em 856, quando as relíquias de Santo Apolinário em Classe foram transferidas para
a Basílica de Santo Apolinário Novo.
Possui vários arcos e 24 colunas de mármore, assim como a Igreja de Santo Apolinário em
Classe, torre de tijolos e um interior bastante iluminado.
Igreja da Ressureição ou Igreja do Salvador do Sangue Derramado

História:

É uma igreja ortodoxa russa em São Petersburgo que marca o local onde o czar Alexandre II foi
fatalmente ferido por revoltosos do grupo Vontade do Povo, em 1881. Seu filho, Alexandre III,
imediatamente ordenou que ali fosse construída uma igreja em estilo bizantino, já que o novo
czar achava que a influência ocidental estava descaracterizando a linda cidade de São
Petersburgo. Um dos mais impressionantes aspectos dessa igreja era o altar construído
exatamente no local onde tombou o czar.

Características arquitetônicas:

A Igreja demorou 24 anos para ser construída, devido a decoração abundante e diversificada e
as novas técnicas de engenharia usadas. As cinco cúpulas da igreja são revestidas de cobre e
esmalte de diferentes cores, além disso, as cúpulas menores e a do campanário são douradas.
A igreja é de tijolos vermelhos e castanhos, possui azulejos nos telhados e nas paredes, além
de cobertura piramidal.

A cantaria teve importante papel na aparência majestosa e festiva da igreja, sendo que esse
trabalho contou com pedras de diversos lugares, como dos Montes Urais (para o local onde o
czar foi assassinado), que fica na Rússia, e de Nápoles, na Itália.

Essa igreja sofreu saques após a Revolução Russa e sofreu danos durante o cerco de
Leningrado, durante a Segunda Guerra Mundial. Contudo, pouco a pouco a igreja foi
restaurada.

Igreja de Santa Sofia, Novgorod

Foi em Novgorod que se desenvolveram as características fundamentais da arquitetura russa,


com um conjunto de monumentos que tem como exemplo mais notável a catedral de Santa
Sofia (1045-1052), sendo o principal templo da Rússia, com duas naves, três absides e cinco
cúpulas.

Todas essas igrejas foram construídas com base na tradição bizantina, após a conversão da
Rússia para o cristianismo.. A parte central do templo foi construída em forma de cruz grega e
a nave central e as quatro laterais terminavam em absides circulares. A catedral tinha 13
cúpulas, que simbolizavam Cristo e os 12 apóstolos.

A Catedral, estilo bizantino, ele se dedicou a St. Sophia, embora na tradição ortodoxa também
é conhecido como “Santa Sabedoria” (Santa Sabedoria ), para lembrar as grandes igrejas com o
mesmo nome em Constantinopla e Kiev.

Ela foi construída como um gesto de agradecimento ao Novgorodians pelo apoio em uma luta
em Kiev.

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