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Neoclassicismo no Brasil

Após a vinda da Família Real para o Brasil e a criação do Reino Unido de Portugal e Algarves, o
rei D. João VI buscou instituir um sistema educativo no Novo Mundo, que antes era
responsabilidade dos jesuítas, além de modernizar a nova sede do reino em que estavam
sendo criadas várias instituições. Para isso, em 1816, foi inaugurada a Missão Artística
Francesa, cujo objetivo era institucionalizar/tornar regular o ensino da arte. Seguindo uma
tendência mundial das elites, o estilo artístico que imperou foi o neoclássico, que se tornou o
estilo oficial da corte. Esses franceses acompanhados pelo espírito iluminista trouxeram o
ensino acadêmico através da criação da Academia de Belas Artes, em 1826.

Posteriormente essa vertente artística recebeu críticas pelos modernistas criadores do


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pois ela teria impedido o
processo de construção de uma arte brasileira legítima. Contudo, esse estilo se estabeleceria
de qualquer forma, dado a vinda da Corte Portuguesa e a difusão dessa vertente pela Europa
Ocidental.

Jean-Baptise Debret

Pintor e desenhista, Debret foi chamado de artista histórico por ter deixado um amplo registro
dos costumes e das paisagens brasileiras nas primeiras décadas do século XIX. Ele foi aluno de
Jacques-Louis David, o principal nome do neoclassicismo francês, na Academia de Belas Artes
da França. No Brasil, foi professor na Academia de Belas Artes no Rio de Janeiro e organizou a
primeira Exposição da Classe de Pintura Histórica na academia que lecionava.

-“Um jantar brasileiro”: retrata sobretudo a desigualdade no regime escravista brasileiro. É


fácil notar quem é livre e quem não, sobretudo pelo comportamento dos negros na obra,
como o fato da mulher estar abanando a família e pela aparente disposição dos negros a
prestarem qualquer serviço aos brancos. Além disso, nesse regime os escravos não apreciavam
a comida farta de seus senhores, situação que pode ser exemplificada pelo homem que olha
fixamente para a mesa na obra, além das crianças próximas da mesa que ainda recebem
alguns mimos da senhora, talvez por uma empatia pela condição de criança, mas logo ou já,
iriam começar a trabalhar para esse mesmo casal.

-“Cenário para o balaido histórico”: foi uma encomenda do rei D. João VI, que está no centro
da pintura em uma espécie de pedestal. Abaixo, estão três figuras masculinas que
representam as Nações Unidas de Portugal, Brasil e Algarves. São usados elementos
mitológicos na obra. A cena se passando sobre as águas faria referência a corte chegando no
novo mundo trazendo a monarquia e a civilização.

-Cortejo de uma família brasileira no século XIX: retrata a estrutura patriarcal da família
brasileira, em primeiro vem o pai depois as filhas sendo protegidas por ele, a esposa e depois
os escravos obedientes a ele.

-Segundo casamento de D. Pedro I: novamente os personagens são dispostos segundo a


importância social, sendo que no centro há os noivos, na parte superior direita o clero
responsável pelo matrimônio e no lado esquerdo a corte.

-Escravo sendo açoitado: retrata o cenário de violência, sendo que no primeiro plano um
escravo amarrado em um pau de arara era açoitado e no segundo ouro escravo recebia o
mesmo castigo, mas amarado em uma árvore.
Johann Moritz Rugendas

Desenhista alemão que se formou na Academia de Belas Artes de Munique, fez amizade com
os artistas da Missão Artística Francesa e passou a retratar objetivamente as pessoas, a fauna,
a flora e as paisagens sob tutela de naturalistas. O artista cria imagens idealizadas, amenizando
o sofrimento dos escravos, por exemplo.

https://prezi.com/oizx2rn3-249/negros-no-porao-por-johann-moritz-rugendas/

-Negros no fundo do porão ou O navio negreiro: é possível notar que os escravos ficavam
seminus ou até nus, além de se alimentarem de farinha e água. Como a alimentação era
escassa alguns não aguentavam e tinham que ser levados pelos traficantes. Também é possível
notar algemas e o amontoamento dos escravos que se distribuíam em prateleiras em um
ambiente com teto baixo.

-Dança do lundu: retrata a influência africana na cultura nacional através da música, sendo que
mulheres, homens e até um clérigo se reuniram ao som do instrumento de corda.

-Roda de capoeira: nota-se o espírito festivo do negro, expressado pelas lutas de origem
africana que eram permitidas pelos senhores para que os escravos não se rebelassem, porém,
as lutas permitiram um maior desenvolvimento físico e de combate pelos escravos que
conseguiram fugir e formar quilombos.

Nicolas Antoine Tauney

Pintor e ilustrador, foi chamado de artista paisagista, sendo que atuou com professor de
pintura de paisagens na Academia de Belas Artes, depois de ter retratado algumas campanhas
de Napoleão Bonaparte. (pinturas salvas no computador)

Auguste Henry Victor Grandjean de Montigny

Arquiteto e urbanista, formou-se na Escola de Arquitetura de Paris. Foi influente no Império


Napoleônico, mas após a queda desse imperador decidiu integrar o grupo de franceses que
viriam ao Brasil. Foi professor de arquitetura da Academia Imperial.

-Casa França-Brasil (Antiga Praça do Comércio), Rio de Janeiro: possui colunas dóricas e
abobada de berço.

-Solar Grandjean de Montigny: foi construído para ser a residência do arquiteto. Possui
escadaria (dar monumentalidade), colunas, pórtico e sala cilíndrica. Hoje é museu Universitário
da PUC-RJ.
-Academia Imperial de Belas Artes: foi demolida e seu pórtico faz parte do Jardim Botânico
hoje.
Igreja Curitiba na Praça Garibaldi: presença de frontões e rotunda.
Universidade Federal de Curitiba: frontões, colunas coríntias, platibanda e colunata no pórtico.
Palácio de Petrópolis: frontão, bandeira.
Palácio do Catete: águias que são símbolo de Roma e representam poder forma removidas e
foram colocadas estátuas. No centro a da República tendo à direita a Agricultura e a Primavera,
à esquerda a Justiça e o Outono e nos fundos e ao lado do parque a do Inverno e do Verão. Há
decoração com mitologia greco-romana.
Palácio Imperial do Rio de Janeiro ou Palácio São Cristóvão e Quinta da Boa Vista: foi o local
onde residia a família real no Brasil

Modernismo no Brasil
Durante quase um século, entre 1816 e 1916, a arte no Brasil se baseou nas influências trazidas
pelos europeus que acompanhavam a Missão Artística Francesa. Porém, já no final do século
XIX, já eram encontrados indícios de desejo de mudança, por parte dos artistas, com relação
aos ideais acadêmicos impostos.
Na primeira década do século XX, alguns acontecimentos já anunciavam esse desejo. Entre
eles, a exposição do pintor Lasar Segall, em 1913 nas cidades de São Paulo e Campinas, que
apresentava obras com as novas tendências ligadas às vanguardas europeias. Entretanto, foi a
grande exposição de Anita Malfatti, em 1917, responsável pelo grande escândalo da época.
Lasar Segall
Pintor, desenhista, gravador e escultor.
Foi um artista expressionista, sobretudo, que nasceu na Lituânia e vem pela primeira vez ao
Brasil em 1913, quando ainda era influenciado pelo impressionismo, pois ele tinha estudado na
Academia Imperial de Belas Artes de Berlim. A partir de 1914 que ele passou a interessar-se
pelo expressionismo, por conta da Primeira Guerra Mundial que o influenciou a considerar
mais os sentimentos. Ele foi internado em um campo de concentração, pois era judeu, fato que
influenciou em suas pinturas sobre a Segunda Guerra posteriormente.
Nos anos 20 ele instala-se definitivamente no Brasil, pois estava na Alemanha, naturalizando-se
cinco anos depois. Nesse período que as suas obras passam a ter temas mais brasileiros. Ele
passa a retratar mulatos, negros, marinheiros e prostitutas.
Com a aproximação da guerra seus quadros retornam aos temas trágicos e possuem tom lírico.
Ele acreditava que as obras deveriam ser despidas de requintes se quisessem demonstrar o
sofrimento humano de forma profunda. Em muitas obras ele buscou representar os
desfavorecidos e marginalizados da sociedade, o artista confere aos personagens deformações
expressivas e o ambiente geralmente os oprimem, dando tristeza às obras. Suas obras
expressionistas são normalmente geometrizadas, com muitos triângulos, por conta da
influência do cubismo na Alemanha.
-Sem pai, 1909: caracterização social e psicológica das personagens, tons escuros, atmosfera
sombria- impressionista
-Aldeia russa, 1912: cores escuras e contrastantes
-Leitura, 1914: monocromatismo, tons mais claros
-Os eternos caminhantes, 1919: sucessivas camadas de tinta, tons mais sombrios
-Pobreza, 1921: cabeças e olhos enormes, deformação, linhas arredondadas
-Menino com lagartixas, 1924: drama de um marginalizado, cores claras, influência da Tarsila.
-Mae negra, 1930: aspecto de escultura, tons terrosos, volume
-Navio de emigrantes. 1939: tratava dos emigrantes, drama humano, grande quadro
- Guerra, 1940: matéria densa, cor peculiar, era judeu e esse contexto é o da 2GM
-Floresta crepuscular, 1956: mais liberdade de composição, abstrato, luz e cor com inspiração
na natureza
Exposição de Pintura Moderna- Anita Malfatti (1917-1918)
A exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti realizada em São Paulo, durou cerca de um
mês. Essa exposição é considerada um marco da história da arte moderna no Brasil e o estopim
da movimentação que culminou na Semana de arte Moderna.
O impacto das telas de Anita tem a ver com o caráter expressionista delas, com a presença de
tons fortes e usados de forma não convencional ou padronizada, pinceladas livres e sugestões
de luz que fogem do padrão claro-escuro. Essa liberdade de composição gerou polêmica e
rendeu muitas críticas, mas deu a ela o título de precursora do movimento modernista de
1922.
Anita Catarina Malfatti
Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora.
Devido a uma atrofia no braço e na mão direita, usa a mão esquerda para pintar, sendo que
inicia seu aprendizado artístico com a mãe. Residiu na Alemanha por quatro anos e frequentou
a Academia de Belas Artes de Berlim por um ano. Enquanto ela estava na Alemanha, ela tomou
contato com o expressionismo muito presente na época. Além disso, ela teve aulas com um
professor ligado ao pós-impressionismo que a influenciou. Posteriormente teve aulas nos EUA,
com um professor que continuou ensinando sobre o desenvolvimento da arte moderna, visto
na Alemanha.
-A estudante, 1915: deformação moderada, pós-impressionista, buscou manter um caráter
mais acadêmico.
-A estudante russa, 1915: cores chamam atenção, por serem mais escuras e neutras que o
habitual, foi feita na Alemanha
-A boba, 1916: fundo tem rápidas pinceladas, cubista, feita nos EUA, desarmônica
-A mulher de cabelos verdes, 1916: deformação, pós-impressionismo, representa as pessoas
sem relação com o mundo artístico
-O farol, 1915 e O homem amarelo, 1916: sentido interpretativo, contorno grosso e sinuoso dá
características pesadas e volumosas, cores contrastantes, teve aula com paisagista norte-
americano
-Tropical, 1917: usou sua liberdade de composição para criticar os modelos importados de
representação e valorizar o aspecto nacionalista.
-Interior de Mônaco, 1923: voltou para Paris, fauvista, simplicidade do privitivismo, tomou
distância das vanguardas
Paranoia e mistificação
O maior ataque veio de Monteiro Lobato com o artigo intitulado “A Propósito da Exposição
Malfatti”, publicado no jornal o Estado de São Paulo em dezembro de 1917. Posteriormente o
artigo ficou conhecido como “Paranoia ou mistificação”. O artigo revela que para Lobato há
duas espécies de artistas. Uma seria composta por aqueles que veem normalmente a vida e
por isso realizam arte pura, sendo que eles concretizam as emoções artísticas e usam as regras
tradicionais para tal. Uma outra seria composta por artistas que vêem anormalmente a
natureza, influenciados por escolas rebeldes e com cultura excessiva.
Ele considerou que as obras desses artistas, entre eles a própria Anita, é produto de cansaço e
sadismo (prazer com a dor alheia). Por fim ele afirmou que essa segunda espécie brilha por um
tempo, à luz do escândalo, porém logo cai no esquecimento. As obras O japonês e O homem
amarelo foram consideradas deformadas e extravagantes.
Reação ao artigo
As réplicas se sucederam nos jornais da época por poetas e escritores como Mário de Andrade
e Oswald de Andrade. A pintora foi defendida e Monteiro foi desqualificado como crítico e
posteriormente culpado por um certo distanciamento das vanguardas por Anita, tanto é que
ela passa a ter aulas com um acadêmico, buscando obras mais realistas. Contudo,
posteriormente ela volta a expressar as vanguardas.
Semana de Arte Moderna de 1922
Inserida nas festividades do centenário da Independência do Brasil, em 1922, apresenta-se
como a primeira manifestação coletiva a favor de um espírito novo e moderno na arte. Ela foi
resultado das duas exposições anteriores, de Lasar Segall e de Anita Malfatti. Ela já estava
sendo pensada em 1921, por Oswald de Andrade por exemplo, como um momento também de
emancipação artística. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, foi realizado no Teatro
Municipal de São Paulo um festival com cerca de 100 obras, três sessões de literatura e música
e amostras de arquitetura, sendo que Anita foi a artista com mais obras, no caso com 20. O
poema “Os sapos” de Manuel Bandeira foi lido nesse festival entre gritos e vaias. Ali foram
expostas obras de Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Oswald de Andrade, entre outros.
O apoio de muitos barões do café e pessoas influentes, mediante doações, foi essencial para a
realização do evento, pois assim os jovens modernistas conseguiram alugar o teatro e serviu
como estratégia para dar seriedade à exposição.
Foi um acontecimento destrutivo de rejeição ao conservadorismo vigente nas produções
literárias, artísticas e musicais. Eles negavam todo o passadismo, importado de civilizações que
já tinham sido superadas, que é manifestado através do ideário futurista, como desejo de
demonstrar a velocidade, a máquina e a eletricidade. Eles queriam mais liberdade de
expressão e o fim das regras na arte, mostrando as mudanças que eram necessárias.
Durante a Semana, o grupo formado por Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de
Andrade, Tarsila do Amaral e Menotti del Picchia foi conhecido como O Grupo dos Cinco.
Tarsila do Amaral
Pintora e desenhista paulista.
Teve aulas com o mesmo professor acadêmico que Anita Malfatti, por isso, as duas passaram a
ser amigas. Estuda em Paris por dois anos, quando teve contato com a arte moderna, com o
cubismo e dadaísmo por exemplo. Um ano após a Semana de Arte Moderna ela passa a morar
em Paris com Oswald de Andrade e aprende técnicas modernas lá. Possui três fases: a pau-
brasil (caipira), a social (problemas da industrialização e do capitalismo) e antropofágica
(densidade mágica).
- Retratos de Oswald e Mário: cores expressionistas, pinceladas marcadas e gestualidade.
-A caipirinha, 1923: busca ser um caipira, como na infância, brincando de boneca de mato na
fazenda, figuração brasileira e lírica
-o mamoeiro, 1925: usa o que aprendeu no exterior, geometria para retratar sua terra, fez
depois de ter visto o carnaval carioca e as cidades históricas de Minas Gerais.
-Abapuru, 1928: presente ao Oswald, que funda o movimento antropofágico em que a ideia é
se alimentar das vanguardas europeias, mas dar a elas caracterização brasileira. O nome foi
dado pelo Mário e significa antropófago, sendo que está em tupi-guarani, pois o Mário
defendia a retomada e o estudo das origens brasileiras. Critica a sociedade da época, pois
mostra um homem com cabeça pequena e grandes braços, ou seja, trabalha com força
fisicamente sem pensar muito. Ele parece melancólico e o pé grande simboliza a conexão com
a terra, no caso um trabalhador. Releitura do Britto, pois influenciou muito a arte
- O ovo ou urutu, 1928: o ovo simboliza o nascimento e a cobra a deglutição e a ameaça.
Transmite a proposta da Antropofagia
-Os operários, 1933: influenciadas pela movimentação socialista, ela retrata questões sociais.
Há 51 trabalhadores com expressões parecidas, ou seja, cansadas, mas feições diferentes, por
conta das diferentes etnias presentes no Brasil e vivendo juntas nesse período de imigração.
Todos olham para a mesma direção, querendo apenas o próprio objetivo. Essa classe ainda não
tinha leis que a defendesse devidamente.
-Segunda Classe, 1933: êxodo rural, quando pessoas deixam suas famílias para tentar encontrar
emprego, sendo um risco necessário dada a sobrevivência deste. Todos estão triste e sem
esperança, crianças com medo
-A praia, 1947: tema rural volta de maneira simples e mais tradicional

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