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Paranoia ou Mistificação, Monteiro Lobato.

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Antecedentes da Modernidade

1914 – Anita Malfatti regressa da Europa, onde entrou em contato com a


vanguarda da pintura, e expõe seus quadros, apoiada pela crítica.

1914 – Em O Estado de São Paulo houve a publicação do artigo “Lições


do Futurismo”, do professor Ernesto Bertarelli.

1915 – Oswald de Andrade publica o artigo “Em prol da pintura nacional”.

1915 – No Rio de Janeiro, Ronald de Carvalho e Luís Montalvor idealizam


a revista portuguesa Orpheu nos novos moldes estéticos.

1916 – A palavra futurismo é usada pela primeira vez na ABL.

1917 – Encontro de Mário e Oswald de Andrade.


Antecedentes da Modernidade

1917 – Publicação de alguns livros modernistas de Mário de Andrade;


Guilherme de Almeida; Manuel Bandeira e Menotti del Picchia.
1917 – Segunda exposição de Anita Malfatti, provocando violento artigo de
Monteiro Lobato intitulado “Paranoia ou Mistificação?”.
1919 – Retorna da Europa o escultor Victor Brecheret, que, juntamente
com Anita Malfatti e Di Cavalcanti, torna-se o grande responsável pelo
antiacademicismo nas artes.
1920 – Projeto do Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret.
1921 – Na livraria de Jacinto da Silva, onde se costumavam reunir grupos
de jovens escritores e artistas, realizou-se uma mostra de pintura de Di
Cavalcanti. Durante a exposição, surgiu a ideia de uma semana de Arte
Moderna. Embora controvertida, essa ideia parece ter surgido do
expositor.
Monumento às Bandeiras, 1954.
Victor Brecheret.
Parque do Ibirapuera, SP.
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“Nada de imitar seja lá


quem for.(...) Temos de
ser nós mesmos(...).
Ser núcleo de cometa,
não cauda. Puxar fila,
não seguir.”

Monteiro Lobato
(Carta a Godofredo Rangel,
S.P. 15/11/1904)
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Parnaso – 1497

60 x 192 cm

Andrea de Mantegna
“Paranoia ou Mistificação?”, publicado em O Estado de S. Paulo em 20 de dezembro
de 1917.

“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as
coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da
vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos
clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é
Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na Holanda, é Rubens na
Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn na Suécia,
é Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento vai
engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis
imorredouros.”
Fragmentos
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“A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a natureza e a


interpretam à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica excessiva de
escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São
produtos de cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos
de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um
instante, as mais das vezes com a luz de escândalo, e somem-se logo nas trevas
do esquecimento. (...)

Embora eles se deem como novos precursores duma arte a ir, nada é mais
velho de que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a
mistificação. De há muitos já que a estudam os psiquiatras em seus tratados,
documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos
manicômios. A única diferença reside em que nos manicômios esta arte é sincera,
produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses; e fora
deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela imprensa e absorvidas por
americanos malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo
mistificação pura.(...)”
Fragmentos

“Todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não
dependem do tempo nem da latitude. As medidas de proporção e equilíbrio, na
forma ou na cor, decorrem do que chamamos sentir. Quando as sensações do
mundo externo transformam-se em impressões cerebrais, nós "sentimos"; para
que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que a
harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja
em "pane" por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sensorial
se fizer normalmente no homem, através da porta comum dos cinco sentidos,
um artista diante de um gato não poderá "sentir" senão um gato, e é falsa a
"interpretação" que do bichano fizer um "totó", um escaravelho, um amontoado
de cubos transparentes..(...)”
Fragmentos

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“Estas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti,


onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada
no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia. Essa artista possui
talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes, através de uma obra torcida
para a má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes.
Percebe-se de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é
independente, como é original, como é inventiva, em que alto grau possui um
semi-número de qualidades inatas e adquiridas das mais fecundas para
construir uma sólida individualidade artística.
Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna,
penetrou nos domínios dum impressionismo discutibilíssimo, e põe todo o seu
talento a serviço duma nova espécie de caricatura. (...)”
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A Estudante Russa. In:


ENCICLOPÉDIA Itaú
Cultural de Arte e
Cultura Brasileiras. São
Paulo: Itaú Cultural,
2020. Disponível em:
<http://enciclopedia.ita
ucultural.org.br/obra137
0/a-estudante-russa>.
Acesso em: 02 de Set.
2020. Verbete da
Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-
060-7
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A Mulher de Cabelos
Verdes. In:
ENCICLOPÉDIA Itaú
Cultural de Arte e
Cultura Brasileiras. São
Paulo: Itaú Cultural,
2020. Disponível em:
<http://enciclopedia.ita
ucultural.org.br/obra20
48/a-mulher-de-
cabelos-verdes>. Acesso
em: 02 de Set. 2020.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-
060-7
13

O Japonês. In:
ENCICLOPÉDIA Itaú
Cultural de Arte e
Cultura Brasileiras. São
Paulo: Itaú Cultural,
2020. Disponível em:
<http://enciclopedia.ita
ucultural.org.br/obra20
52/o-japones>. Acesso
em: 02 de Set. 2020.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-
060-7
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TROPICAL . In:
ENCICLOPÉDIA Itaú
Cultural de Arte e
Cultura Brasileiras. São
Paulo: Itaú Cultural,
2020. Disponível em:
<http://enciclopedia.ita
ucultural.org.br/obra20
46/tropical>. Acesso em:
02 de Set. 2020. Verbete
da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-
060-7
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O Homem Amarelo. In:


ENCICLOPÉDIA Itaú
Cultural de Arte e Cultura
Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2020. Disponível
em:
<http://enciclopedia.itaucul
tural.org.br/obra2054/o-
homem-amarelo>. Acesso
em: 02 de Set. 2020.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
O Homem Amarelo

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“Sejamos sinceros; futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam


de outros tantos ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões
onde não há até agora penetrado. Caricatura de cor, caricatura da forma –
caricatura que não visa, como a primitiva ressaltar uma ideia cômica, mas sim
desnortear, aparvalhar o espectador. (...)”

“(...) Há de ter essa artista ouvido numerosos elogios à sua nova atitude estética.
Há de irritar-lhe os ouvidos, como descortês impertinência, esta voz sincera que
vem quebrar a harmonia de um coro de lisonjas. Entretanto, se refletir um bocado,
verá que a lisonja mata e a sinceridade salva. O verdadeiro amigo de um artista
não é aquele que o entontece de louvores, e sim o que lhe dá uma opinião
sincera, embora dura, e lhe traduz chãmente, sem reservas, o que todos pensam
dele por detrás.(...)”
Grupo dos Cinco
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 Anita Malfatti

 Mário de Andrade
 Menotti del Picchia
 Oswald de Andrade
 Tarsila do Amaral
Anita Malfatti
1922

 Anita Malfatti e Mário de Andrade, no sofá.


 Menotti del Picchia e Oswald de Andrade, no chão.
 Tarsila do Amaral, no sofá.

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Manifesto Pau-Brasil (1924)
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“Não há luta na terra de vocações acadêmicas. Há só fardas. Os


futuristas e os outros.
Uma única luta – a luta pelo caminho. Dividamos: Poesia de importação.
E a Poesia Pau-Brasil, de exportação.”

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