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Leontina, Maria (1917 - 1984)  

Biografia
Maria Leontina Mendes Franco da Costa (São Paulo SP 1917 - Rio de Janeiro RJ 1984). Pintora,
gravadora, desenhista. Inicia estudos de desenho com Antônio Covello, em São Paulo, em 1938, e na
primeira metade da década de 1940 estuda pintura com Waldemar da Costa. Em 1946, no Rio de Janeiro,
freqüenta o ateliê de Bruno Giorgi e faz curso de museologia no Museu Histórico Nacional - MHN, entre
1946 e 1948. Em 1947, participa da exposição 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, ao
lado de Lothar Charoux, Marcelo Grassmann, Aldemir Martins, Luiz Sacilotto e Flavio-Shiró. Em 1951, é
convidada pelo psiquiatra e crítico de arte Osório César para orientar o setor de artes plásticas do
Hospital Psiquiátrico do Juqueri. No mesmo ano, organiza uma mostra dos internos no Museu de Arte
Moderna de São Paulo - MAM/SP. Em 1952, com bolsa de estudo do governo francês, viaja para a
Europa, acompanhada pelo marido, o pintor Milton Dacosta. Em Paris, entre 1952 e 1954, freqüenta o
ateliê de gravura de Johnny Friedlaender. Na década de 1960, realiza painel de azulejos para o Edifício
Copan e vitrais para a Igreja Episcopal Brasileira da Santíssima Trindade, ambos em São Paulo.
Inicialmente, sua obra é pautada no figurativismo de cunho expressionista, mas paulatinamente passa ao
abstrato, sem seguir o rigor da geometria pura. Em 1960, em Nova York, recebe o prêmio nacional da
Fundação Guggenheim e, em 1975, o prêmio pintura da Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA.

As mulheres que foram, em quase toda história da arte, objetos do olhar masculino, musas, modelos, no
Brasil, elas marcaram presença com trabalhos singulares e inovadores, a exemplo de Maria Leontina
(1917-1984). Conhecida por sua pintura produzida às margens dos movimentos: Concreto e Neoconcreto,
mas seguindo de forma livre a tendência construtiva, Leontina passou pelo academicismo e o
expressionismo, fez experiências com a cor e o gesto, direcionando sua pintura para um abstracionismo
geométrico espontâneo. Um construtivismo lírico, e porque não, pessoal e sensível.

Essa exposição de desenhos de Maria Leontina, guardados na sua mapoteca, por cerca de vinte e cinco
anos, é um achado quase arqueológico. Só a curiosidade de um curador com a permissão da família foi
possível encontrar essas pequenas preciosidades. Quem visita o atelier de um artista sempre encontra
surpresas, um mundo particular de quem passou a vida reinventando o olhar, fixando sobre superfícies
ou suportes gestos, traços, cores, os devaneios da mão e as imagens do confronto com o estar no
mundo.

Estamos diante de anotações, esboços, obras acabadas ou inacabadas. Não temos certeza. Não importa.
São exercícios da artista que demonstra uma disciplina de trabalho. São desenhos em pequenos
formatos, despretensiosos, com traços modernos e leves. Muitos parecem que vão sair do papel e flutuar
no mundo da imaginação. Esses desenhos, além da qualidade estética de obra de arte, são documentos,
registros que descrevem uma vida de trabalho, referências existenciais da artista que não
comprometeram os valores plásticos de suas construções pictóricas.

O traço intencionalmente delicado do desenho de Leontina tem uma história, deixaram de ser contornos
de coisas e passaram a ser intervenções e reações do sujeito para ocupar um espaço. Desenhos infantis,
estudos acadêmicos, retratos expressionistas, naturezas mortas e desenhos geométricos que narram a
passagem do figurativo para o abstrato. A ventura da artista para construir uma obra e a opção por
composições não ortodoxas, narrativas visuais, indiferentes ao suporte teórico que sustentava a
vanguarda geométrica, com um senso poético que surpreende a razão construtiva.

MARIA LEONTINA FRANCO DA COSTA

(1917- 1984)

Romance com final feliz


     Corria o ano de 1945 e o término da 2ª Grande Guerra reabria as portas do
mundo para um intercâmbio cultural mais amplo. Do Brasil, vai para os Estados
Unidos, e depois para a Europa, o pintor Milton Dacosta   (1915-1988). Em sua
companhia, segue também a artista Djanira da Mota e Silva (1914-1979), com
quem ele vivia um romance.

     Dacosta tinha sua excursão financiada por um prêmio de viagem que
acabara de ganhar e esperava aperfeiçoar sua arte, já bem desenvolvida;
Djanira, mais velha que ele, mas menos experiente na arte, viajava por conta
própria, valendo-se no dinheiro que conseguira amealhar em umas poucas
exposições de que participou.

     Na mesma época, em São Paulo, uma jovem aluna, Maria Leontina Franco
da Costa, terminava seus estudos com Valdemar da Costa, professor do Liceu
de Artes e Ofícios, este com nome respeitável nos meios artísticos. Leontina,
ao contrário, preparava-se para começar uma longa jornada, abrindo caminho
por entre pedras e espinhos, na longa e estreita vereda que conduz à fama e
consagração.

     Três vidas e três destinos que se cruzam. Djanira, em breve, voltará à sua
rotina no aprazível bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro, independente por
opção, indócil por temperamento, despachada, falastrona, amiga de todos mas
senhora do próprio destino.

     Milton da Costa volta ao Brasil em 1947 e conhece Maria Leontina, com
quem estabelece uma sólida e duradoura parceria. Dacosta e Leontina se
casam em 1949 e o compromisso matrimonial somente irá se romper 37 anos
depois, com a morte da pintora, uma perda que o veterano artista não
conseguiu superar, vindo a falecer quatro anos depois.

O tempo e o vento

     Quem era essa mulher, desconhecida da crítica, sem nome firmado no
mercado, que conquistara o coração do jovem, mas já famoso pintor ?

     «Leontina falava pouco - comenta o crítico de arte Valmir Ayala (1933-
1991). - Sua antieloqüência era fecunda de reflexão e disciplina. Era um ser
atento à vida e ao mundo visível, procurando e projetando os toques invisíveis
das formas conhecidas e catalogadas.»

     Maria Leontina Franco da Costa nasceu em São Paulo em 1917 e faleceu
no Rio de Janeiro em 1984. Seu currículo como estudante a recomendava
bem, mas passou os primeiros anos de sua carreira no semi-anonimato, só
despertando a atenção da crítica após seu casamento e, ainda assim, na
observação de Sérgio Milliet (1898-1966), era impressonante o «quanto havia
de doentio em sua pintura acinzentada e quente, feita quase toda de fusões e
de impulsos também, de muita melancolia, senão de amargura».

     Essa característica, originária de sua primeira fase, mudaria completamente


na década de 1950, alterando seu relacionamento com a crítica e projetando-a
no cenário artístico, com o que sua presença em exposições passou a ser uma
constante. Entre 1952 e 1954, esteve na França em companhia de Milton
Dacosta: ele como "free-lancer"; ela com uma bolsa de estudos concedida pelo
governo francês.

     De volta ao Brasil, participou das Bienais de São Paulo em 1955, 1957,
1965 e 1989, inscrevendo-se e participando de mostras no Brasil e no exterior
e realizando exposições individuais praticamente todos os anos, o que dá idéia
do volume de sua produção artística e da boa aceitação de seu nome no
mercado de arte.

Criar primeiro, filtrar depois

     É costume dos pintores dividir seu trabalho em fases. Às vezes o fazem por
opção, em outras, isso ocorre inconscientemente, sendo a mudança de fase
detectada pelo próprio mercado e pela crítica.

     No caso de Maria Leontina, essa mudança de fases é plenamente


consciente e a freqüência com que isso ocorre chega a ser quase doentia. Seu
trabalho é bem classificado, como se classificam documentos em um arquivo:
«Jogos e Enigmas, Narrativas, Episódios, Da Paisagem e do Tempo, Formas»,
e assim por diante, a perder de vista.

     É a própria pintora que se justifica, em uma de suas declarações, ao dizer


que as manifestações interiores de um artista não podem ser contidas e é
preciso «que o artista as deixe fluir livremente. Não podem ser inibidas,
reprimidas, senão soam falsas, inautênticas. (...) Qualquer artista tem,
logicamente, suas mudanças dentro de si, que elimina ou filtra, à sua maneira,
contanto que conserve sua unidade íntegra».

     Sabendo contrabalançar a emoção com a razão, buscando


incessantemente novas formas de expressão, Maria Leontina ganhou destaque
entre seus contemporâneos, experimentando sempre, variando continuamente,
mas sem se tornar inconstante, pois é possível vislumbrar, em sua pintura, uma
unidade total, uma costura entre entre as várias fases, da mesma forma que
um escritor amarra os vários capítulos de seu livro para formar uma única obra.

     O nome de Maria Leontina Franco da Costa tornou-se um referencial


importante na pintura moderna brasileira. O estudo de sua obra é fundamental
para o conhecimento desse periodo, ainda vivo no Brasil, tendo grande
repercussão especialmente no período compreendido pela segunda metade do
Século 20.

(Texto de Paulo Victorino)

www.historiadaarte.com.br

EXPRESSIONISMO
 

O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva,


“expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao
ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para
ressaltar o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais. Corrente artística concentrada
especialmente na Alemanhaentre 1905 e 1930.

Principais características:

 * pesquisa no domínio psicológico;


 * cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
 * dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
 * pasta grossa, martelada, áspera;
 * técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou
provocando explosões;
 * preferência pelo patético, trágico e sombrio

OBSERVAÇÃO: Alguns historiadores determinam para esses pintores o movimento ”Pós


Impressionista”. Os pintores não queriam destruir os efeitos impressionistas, mas queriam levá-
los mais longe. Os três primeiros pintores abaixo estão incluídos nessa designação.
 

 No Brasil, observa-se, como nunca, um desejo expresso e intenso de pesquisar nossa
realidade social, espiritual e cultural. A arte mergulha fundo no tenso panorama ideológico da
época, buscando analisar as contradições vividas pelo país e representá-las pela linguagem
estética.

Principais Artistas:

Lasar Segall - De volta da Alemanha, até 1923, seu desenho anguloso e suas cores fortes
procuram expressar as paixões e os sofrimentos de ser humanos. Em 1924, retornando para o
Brasil, assumiu uma temática brasileira: seus personagens agora são mulatas, prostitutas e
marinheiros; sua paisagem, favelas e bananeiras. Em 1929, o artista dedica-se à escultura em
madeira, pedra e gesso. Mas entre os anos de 1936 e 1950, sua pintura volta-se  para os
grandes temas universais, sobretudo para o sofrimento e a solidão. 

Anita Malfatti - Sua arte era livre das limitações que o academicismo impunha, seus trabalhos
se tornaram marcos na pintura moderna brasileira, por seu comprometimento com as novas
tendências.
Obras destacadas: A Estudante Russa, O Homem Amarelo, Mulher de Cabelos Verdes e
Caboclinha.

Candido Portinari - Importante pintor brasileiro, cuja temática expressa o papel que os artistas
da época propunham: denunciar as desigualdades da sociedade brasileira e as consequências
desse desequilíbrio. Seu trabalho ficou conhecido internacionalmente através dos corpos
humanos sugerindo volume e pés enormes que fazem com que as figuras pareçam relacionar-
se intimamente com a terra, esta sempre pintada em tons muito vermelhos. Portinari pintou
painéis para o pavilhão brasileiro da Feira Mundial de Nova York, Via Crucis - para a igreja de
São Francisco, na Pampulha, Belo Horizonte (MG) e murais da sala da Fundação Hispânica na
Biblioteca do Congresso, em Washington. Sua pintura retratou os retirantes nordestinos, a
infância em Brodósqui, os cangaceiros e temas de conteúdo histórico como Tiradentes,
atualmente no Memorial da América Latina, em São Paulo, e o painel A Guerra e a Paz,
pintado em 1957 para a sede da ONU.
 

O Figurativismo, também conhecido como pintura figurativa representa temas como


pessoas, objetos como um vaso ou uma garrafa, um animal, uma flor, uma paisagem,
etc. Ela pode ser realista ou estilizada. O Renascimento, o barroco, e o realismo, são
exemplos de estilos artísticos onde o figurativo realista, a capacidade de mimese do
pintor contava muito. Estilos mais recentes como o impressionismo e o expressionismo
também são figurativos, porém menos preocupados com o que podemos chamar de
fotorealismo ou a representação "correta" dos objetos.

Uma pintura abstrata não se preocupa em representar objetos, ela se expressa por si
mesma, ela em si é um objeto de arte, não a representação de algo, um tipo de ilusão
para o mundo, como a arte figurativa. Porém, tanto a pintura figurativa como a pintura
abstrata, podem expressar estados emocionais.

A pintura figurativa e a abstrata estão presentes na arte contemporânea. Clement


Greenberg, famoso crítico de arte norte-americano, deu normas gerais do que seria a
pintura moderna, entre as quais que a pintura não deveria competir com a escultura em
representações tridimensionais. Já na época, movimentos como a Arte Pop e o
surrealismo não se importaram muito com isso, ambos são figurativos. Greenberg
apoiou movimentos como a Action Paint, no qual Jackson Pollock foi um dos principais
representantes.

Outros Nomes

Figurativismo; Figurativo; Figuração

Definição

Tipo de arte que se desenvolve principalmente na pintura pela representação, de seres e objetos em suas formas
reconhecíveis para aqueles que as olham. Na arte ocidental a prática da arte figurativa só se transforma, perdendo sua
soberania, a partir do início do século XX, com o surgimento da arte abstrata, que busca expressar o mundo interior, o
mundo dos sentidos, bem como relações concretas usando como referência apenas os recursos da própria pintura,
como a cor, as linhas e a superfície bidimensional da tela.

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