Você está na página 1de 13

COLÉGIO PEDRO II – CAMPUS SÃO CRISTOVÃO II

DEPARTAMENTO DE DESENHO E ARTES VISUAIS

DOCENTE: COORD. SHANNON BOTELHO TURMA:

NOME: NÚMERO:

Modernismo no
Brasil
Modernismo Brasileiro: Década de 30

A década de 1930 se inicia em meio à crise internacional decorrente da quebra da Bolsa de Nova York. No
Brasil, a consequência imediata foi a ruina de fazendeiros paulistas que sustentavam a economia do Estado. Do
ponto de vista político, a Revolução de 1930, que derrubou a República Velha, provocaria muitos outros
acontecimentos — tais como a fundação do Partido Fascista (1930), a Revolução Constitucionalista em São
Paulo (1932), o manifesto da Ação Integralista Brasileira (1932), a Aliança Nacional Libertadora (1935) e a
Intentona Comunista (1935), coroando com o golpe de Estado, em 1937, ano em que Getúlio Vargas funda o
Estado Novo e inicia seu governo ditatorial que iria se estender até 1945.

Durante esse tempo, a questão nacionalista continua a ser valorizada, mas a preocupação social será a tônica
predominante dos artistas na vertente modernista. A arte produzida nesse período seria marcada por essa
inclinação, ponto crucial numa segunda fase do modernismo no Brasil.

Emiliano Di Cavalcanti
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo – que se assinava “Di Cavalcanti” —
estudou Direito no Rio de Janeiro, até começar a apresentar seus trabalhos artísticos em
exposições. Encaminhando-se na direção das artes, buscou a contramão do academismo nas
vertentes modernistas das soluções de Cezanne, Gauguin, Dufy, Picasso e Matisse. Foi ainda
caricaturista, desenhista e pintor. Carioca de nascimento, Di Cavalcanti divide seu
tempo entre o Rio de Janeiro e São Paulo, onde frequenta o círculo dos primeiros
modernistas. Logo após a Semana de 22, vai para Paris, cidade que o fascina. O
impacto das obras de Picasso, sobretudo as mulheres pintadas nas fases de
retomada da figura - portanto, sem as escamas e as angulações cubistas -, vai
marcar profundamente sua obra, o que ele nunca negou.

Na década de 1930, cinco anos após ter


retornado ao Brasil, Di Cavalcanti já se
Samba, 1925
expressa numa caligrafia própria, em que a
cor se apresenta em contrastes e se verifica uma liberdade maior na articulação
das formas. Sua vida boemia se reflete no gosto de algumas cenas em que a
mulher e o seu tema preferido - brasileira, negra, com formas sinuosas e lábios
carnudos em composições que nos remetem a Matisse, o que se verifica até
mesmo no uso de certos ornamentos pintados para compor o fundo de suas
telas.

Favela, 1958
Cândido Portinari
É um dos expoentes da arte brasileira a partir da década de 1930. Nasceu em Brodósqui, São
Paulo, numa família humilde, de imigrantes italianos. Desde muito cedo gostava de desenhar
e, ainda adolescente, trabalhou como ajudante dos pintores que decoravam o teto da Igreja
de Santo Antônio, em sua cidade natal, tornando-se logo a seguir, auxiliar de artesãos italianos
que executavam ornatos em estuque nas fachadas de casas e igrejas de Brodósqui. Em 1918 vem para o Rio de
Janeiro e passa a frequentar o curso livre da Escola Nacional de Belas Artes. Dez anos depois recebe o prêmio de
viagem ao exterior do Salão Nacional de Belas Artes e vai para a Europa, onde permanece por dois anos,
retomando ao Brasil em 1930. Viaja muito pela Europa e absorve, subconscientemente, as novas soluções que a
vanguarda europeia adotara para romper com os padrões clássicos.
Ao retornar ao Brasil, em 1931, passa a se concentrar nos
problemas sociais brasileiros. Trabalha incansa-
velmente. Em seis meses pinta cerca de quarenta
quadros e suas preocupações se voltam para essa
temática. É na década de 1930 que a base de seu estilo e
construída. A forma é resultado de assimilações do
cubismo de Picasso e a visualidade, de modo geral,
vincula-se ao expressionismo — pelas deformações, pela
forca com que Portinari atravessa os fatos para registrar
Colhedores de Café, 1935
sentimentos. Sua temática se desenvolve sempre ligada a
terra. Nos murais Portinari explora a nação pela riqueza da terra. Em outros momentos, como os de intenção
social, que, aliás, são os mais presentes, o artista se prende à terra, como acontece no mural O café, no qual os
lavradores se ligam ao solo e onde a cor da terra parece impregnar toda a pintura.

Criança Morta, série Retirantes, 1944 O Mestiço, 1934 O lavrador de café, 1939

Não deixe de conferir!


Portinari do Brasil
https://www.youtube.com/watch?v=Jcg7rbh-cd0
Djanira Motta e Silva
Foi uma artista autodidata que aprendeu pintura “a partir dela mesma”, como gostava de
afirmar. Nasceu em São Paulo, mas veio para o Rio de Janeiro aos 28 anos, já casada, onde se
estabelece em Santa Teresa, como proprietária de uma
pensão. E com esse trabalho que ajuda o marido a pagar os
compromissos financeiros. Para sua formação, a troca de experiências com o
pintor Emeric Marcier (1916-1990), que ali se hospedara, foi bem importante.
Em troca de lições de pintura, Djanira oferecia a hospedagem e as refeições ao
pintor romeno recém-chegado ao Brasil. Ela teve uma vida muito difícil.
Tuberculosa ainda muito jovem, venceu a doença e disputou com a vida as
chances para ser vitoriosa. Para aprimorar seu trabalho, frequentou as aulas do
Liceu de Artes e Ofícios a noite, pois durante o dia precisava trabalhar para se
Colheita de Banana, 1961 manter. Muito inteligente, a partir do momento em que começou a conviver
com artistas tais como Milton Dacosta e Lasar Segall, e de escritores e críticos tais como Murilo Mendes e Rubem
Navarra, pode melhor sentir o momento em que se inseria no panorama artístico e cultural do pais.
Em muitas de suas obras procura elevar a linha do horizonte, explorando o espaço da tela sem céu, numa
perspectiva de observação, em que funde, numa ótica moderna, o formalismo de suas figuras que, assim, se
destacam do fundo. A tela e o lugar onde ela desenvolve o
seu artesanato. Para Djanira, existia uma luta plástica e esta
era artesanal. Sua pintura possui um compromisso social e
se expressa por meio de um formalismo que se acentua
através do tempo, e de uma cor que ganha novos reflexos e
passa de sombria para viva. Djanira registra operários,
negros, índios, brancos, homens e santos, amalgamando a
cultura nacional da qual sempre retirou seus temas. Três Pescadores, 1960

Figuração versus Abstração na Arte Brasileira

O caminho na abstração já vinha sendo construído na Arte Brasileira. Os artistas, cada vez, estabeleciam
contato com a produção artística internacional. Guignard, ao utilizar-se das manchas no fundo de seus
trabalhos encaminhava a pintura para a Abstração Informal. Por sua vez, Volpi sintetizava a forma para
compreendê-la, através da geometria – assim, se desenvolvia a Abstração Geométrica.

Entretanto, muitos artistas que acreditavam no papel social da Arte, não aderiram ao abstracionismo e se
posicionaram veementemente contra esta nova forma de produção artística. A partir desse momento os artistas
de dividiriam em dois grupos distintos: figurativos ou abstratos.
Alberto da Veiga Guignard
Nascido no Rio de Janeiro, muito cedo perdeu seu pai. Sua mãe casou-se novamente com um
nobre alemão. A família vai para a Alemanha, onde Guignard
começaria a estudar desenho. Mais tarde cursa a Academia de
Munique. Sua pintura nos atrai para a superfície do quadro. Ele
não se preocupa com a profundidade do espaço, nem se atem as exigências da
perspectiva Renascentista. Sua espacialidade se realiza na própria pintura. Não há
focos que nos obriguem a encontrar o ponto principal. Os elementos de sua
pintura são povoados de espaço e diluem seus contornos, sem qualquer
comprometimento da forma. Flores, 1932
Em 1944, transfere-se para Minas Gerais com o objetivo de orientar um
curso livre de desenho e pintura. A generosa topografia mineira, com suas
montanhas e serras, impressionou o artista. As igrejinhas que pontuavam
as ondulações da terra e o recorte barroco das grandes igrejas de Ouro
Preto povoariam o imaginário de Guignard e se tornariam presentes em
telas onde os céus estão cheios de balões. Eles se fixaram na memória do
artista, quando, ainda muito pequeno, ia ao colo do pai contemplar as
Léa e Maura, 1940 noites de São Joao.
As pequenas imagens de balões se associam a outras
pequenas imagens de igrejas, palmeiras e trens - e anulam o
perto e longe, o acima e abaixo. Existe a superfície da tela e
o espaço pontuado pelas nuvens. Em alguns momentos, as
referências são surrealistas. Sua visualidade expressionista
possui lirismo e leveza. Sua obra resulta da conjugação de
elementos dispares que mantem uma perfeita coesão entre
Paisagem Mineira, 1947 c.
si, enquanto identificam o pais.

Alfredo Volpi
Nasceu na Itália e veio para o Brasil com menos de 2 anos de idade. Iniciou-se na pintura como
autodidata e, na década de 1930, já participava dos movimentos artísticos em São Paulo, cidade em
que se fixou. Os concretistas viam nele um precursor,
apesar de Volpi nunca ter se considerado como tal, mesmo tendo
participado de algumas exposições com o grupo. Sua pintura parte
do impressionismo e, buscando a síntese formal sem perda da poesia
e da interioridade, vai se encaminhando para uma certa estilização.
Grande Fachada Festiva, 1950.
Volpi vai se afastar da imitação na procura da forma elementar. Sua pintura se resume a esquemas de fachadas e
casas, onde a simplificação se faz com o auxílio da geometrização. Sua temática
partiu da natureza para a arquitetura que, aos poucos, cresceu e dominou o
quadro até se tornar simplesmente pintura. A tridimensionalidade foi substituída
pela bidimensionalidade. Tudo se passa no plano. É a fase das bandeirinhas, sua
maior contribuição para a arte brasileira moderna, expressa em seu trabalho
"Bandeiras e Mastros". Só pintava com a luz do sol e se envolvia totalmente com
a criação de sua obra, o que incluía esticar o linho para as telas. Depois de
dominar a técnica da têmpera com clara de ovo, o artista nunca mais usou tintas
industriais - "elas criam mofo e perdem vida com o passar do tempo", dizia.
Num processo típico de um pintor do Renascimento, fazia suas próprias tintas,
diluídas em uma emulsão de verniz e clara de ovo, em que ele adicionava Festa de São João, 1953.

pigmentos naturais purificados (terra, ferro, óxidos, argila colorida por óxido de ferro) e ressecados ao sol.

Num sentido amplo, Abstracionismo refere-se às formas de arte não regidas pela figuração e pela imitação
do mundo. Em significado específico, o termo liga-se às vanguardas europeias das décadas de 1910 e 1920,
que recusam a representação ilusionista da natureza. A decomposição da figura, a simplificação da forma, os
novos usos da cor, o descarte da perspectiva e das técnicas de modelagem e a rejeição dos jogos convencionais
de sombra e luz, aparecem como traços recorrentes das diferentes orientações abrigadas sob esse rótulo.
Inúmeros movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna a partir da década de 1930, um dos eixos
centrais da produção artística no século XX.
É possível notar duas vertentes a organizar a ampla gama de direções assumidas pela arte abstrata. A primeira,
inclinada ao percurso da emoção, ao ritmo da cor e à expressão de impulsos individuais, encontra suas matrizes
no expressionismo e no fauvismo, denominada abstração informal (abstração não-geométrica). A
segunda, mais afinada com os fundamentos racionalistas das composições cubistas, o rigor matemático e a
depuração da forma, aparece descrita como abstração formal (abstração geométrica).

Concretismo
Na Europa, a arte concreta já era uma realidade desde 1930, ano em que Theo van
Doesburg fundara, em Paris, a revista Art Concret. A verdade é que os artistas
simpatizantes da nova tendência buscavam uma arte absolutamente geométrica e
rigorosamente não expressiva. Suas origens estavam alicerçadas no neoplasticismo
holandês, nos princípios da Bauhaus e no construtivismo russo. O real, na arte, era
a concretude: um plano seria sempre um plano, assim como uma linha seria sempre
uma linha. Ou seja, A arte concreta deve ser compreendida como parte do
movimento abstracionista moderno e os princípios do concretismo afastam da arte
Unidade Tripartida, Max Bill.
qualquer conotação lírica ou simbólica. O quadro, construído exclusivamente com elementos plásticos - planos e
cores -, não tem outra significação senão ele próprio.
A exposição de Max Bill em 1951 no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e a presença da delegação suíça na 1ª
Bienal Internacional de São Paulo, no mesmo ano, abrem as portas do país para as novas tendências construtivas,
que são amplamente exploradas a partir de então. Um ano depois desta I Bienal, em São Paulo, surgiria o Grupo
Ruptura, após uma exposição no MAM-SP em que esses princípios seriam evidenciados num manifesto e nas
obras de Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Leopoldo Haar, Anatol Wladyslaw, Lothar Charroux, Kazmer
Fejer e Luis Sacilotto.

Geraldo de Barros
Iniciou sua carreira dedicando-se à pintura de figura e paisagens, mas tornou-se conhecido ao
estabelecer vínculos com a arte experimental. Foi um dos pioneiros da fotografia abstrata, além de
ser considerado um dos mais importantes artistas do movimento concretista brasileiro. As imagens
de Geraldo de Barros se formam a partir da desconstrução, onde o efêmero, o fragmento, o tempo, o descontínuo,
e a ação estão presentes. A partir da reordenação de elementos, o artista cria uma nova composição. Em seus
trabalhos, estão sempre presentes as questões sociais e urbanas, além da inquietude diante da relação entre a arte
e a sociedade.

Coerente em sua trajetória, seus trabalhos estão conectados ao contexto


histórico, político e artístico do período em que foram desenvolvidos. Foi
da geometria à arte pop, voltando à geometria, mas sempre ligado ao
desenho industrial e a fotografia. Ao entrar em contato com a fotografia se
apaixona, seu olhar se aguça,
passa a criar interferências, recriar
a imagem. Sofrendo influências
Fotoforma
do movimento construtivista e da arte concreta, muda sua
visão de representação da realidade e lhe aplica novas regras. Suas
fotoformas representam uma
nova era no processo de
fotografia no Brasil, dá a ela
novas possibilidades, onde esta
deixa o campo da mera representação e passa a ser considerada uma
nova linguagem artística. Explora ao máximo todas as possibilidades de
manipulação do negativo. A fotografia lhe permitia a possibilidade do
erro, e para Geraldo era importante errar.
Luiz Sacilotto
Foi pintor, desenhista e escultor brasileiro. Adepto do Abstracionismo no Brasil, Luiz Sacilotto
foi revelado durante a década de 1940. Definido por Waldemar
Cordeiro como "a viga mestra da arte concreta", explora em suas obras
o princípio de equivalência entre figura e fundo, a igualdade de medida entre cheios e
vazios e as contraposições entre positivo e negativo. Utiliza, como matéria-prima e
suporte para os trabalhos, materiais não-convencionais, como esmalte, madeira
compensada, chapas de cimento-amianto (nome popular do fibrocimento), alumínio, latão e ferro. A partir de
1954, Sacilotto começa a dar às pinturas, relevos e esculturas o título de Concreção e as numera pelo ano e
sequência de execução. Também é pioneiro no âmbito da tridimensionalidade, ao desdobrar o plano no espaço.
Na escultura Concreção 5730 (1957), trabalha sobre um quadrado de alumínio: por
meio de recortes simétricos e dobraduras, cria um apoio que permite que a peça se
torne autoportante, sem a necessidade da base.
Sacilotto divide regularmente as figuras para multiplicá-las, sem perder a referência
inicial e cria um jogo ambígu o com as
formas, trabalhando com questões que serão
desenvolvidas mais tarde pela Op Art. Nas
C8215
várias séries produzidas a partir da década de
1970, produz efeitos de expansão e retração, rotações e dobras virtuais,
obtendo grande dinamismo com base em formas elementares. Em suas
composições, as cores destacam ou suavizam a geometria. Concreção5629

Neoconcretismo
Em 1954, no Rio de Janeiro, surgia o Grupo Frente, formado por artistas de várias origens e tendências, razão
pela qual não possuía uma unidade estética. Havia, entretanto, um ponto comum entre eles: o desejo do novo.

Enquanto o Grupo Ruptura defendia uma arte abstrata, em que os princípios construtivos eram observados
de maneira rígida, o Grupo Frente postulava princípios semelhantes, permitindo uma certa flexibilidade
partindo do princípio da liberdade na arte.

Entre os dois grupos, surgiram divergências teóricas que, com o tempo, foram se aprofundando até sua divisão.
Em 1959 surge, no Rio, o Neoconcretismo – movimento que reuniu, numa exposição no Museu de Arte
Moderna, obras de Ligia Clark, Ligia Pape, Franz Weissmann, Amilcar de Castro e que, juntamente com Ferreira
Gullar, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, que proclamava o rompimento com o racionalismo exacerbado do
concretismo. Buscava reintroduzir a expressividade na criação artística e, com isso, resgatar a subjetividade.
Para os neoconcretos o objeto artístico necessitava de interação com o observador. Para os artistas do grupo, a
obra só se completaria no relacionamento com que a observasse ou manipulasse.
Lygia Clark
É uma das fundadoras do Grupo Frente que foi criado em 1954.
Dedicando-se ao estudo do espaço e da materialidade do ritmo.
Integra a I Exposição de Arte Neoconcreta, assinando
o Manifesto Neoconcreto. Clark propõe com a sua obra, que a pintura não se
sustenta mais em seu suporte tradicional. Nas “Unidades,
1959”, moldura e “espaço pictórico” se confundem, um
invadindo o outro, quando Clark pinta a moldura da cor da Bicho, s.d..
Lygia Clark.
tela. É o que a artista chama de “linha orgânica”, em 1954.
A experiência com a maleabilidade de materiais duros converte-se em material flexível. Lygia
Clark chega à matéria mole: deixa de lado a matéria dura (a madeira), passa pelo metal flexível dos “Bichos” e
chega à borracha na “Obra Mole, 1964”. A trajetória de Lygia Clark
faz dela uma artista atemporal e sem um lugar muito bem definido
dentro da História da Arte. Tanto ela quanto sua obra fogem de
categorias ou situações em que podemos facilmente embalar; Lygia
estabelece um vínculo com a vida.

Hélio Oiticica
Foi um pintor, escultor, artista plástico. É considerado um dos
maiores artistas da história da arte brasileira. Buscou a superação da
noção de objeto de arte como tradicionalmente definido pelas artes
plásticas até então, em diálogo com a Teoria do não-objeto de Ferreira Gullar. O
espectador também foi redefinido pelo artista carioca, que alçou o indivíduo à
posição de participador, aberto a um novo comportamento que o conduzisse ao
Relevo Espacial, 1959. “exercício experimental da liberdade”. Nesse sentido, o objeto foi uma passagem
Helio Oiticica.
do entendimento de arte contemplativa
para a arte que afeta comportamentos, que tem uma dimensão ética,
social e política. Propõe, então, uma arte que busca uma abertura ao
participador e do participador, através de experiências que promovam
uma volta do sujeito a si
mesmo, redescobrindo e
Penetrável, 1960 c..
libertando-se de seus condicionamentos éticos e Hélio Oiticica.

estéticos, impelindo-o a um estado criativo em uma vivência


suprassensível.

Parangolés
Amilcar de Castro
Foi um escultor, artista plástico e designer gráfico brasileiro.
Introduziu a reforma gráfica do Jornal do Brasil nos anos
1950, que revolucionou a diagramação, e design de jornais
como um todo, no Brasil. Amilcar de Castro experimenta infinitas
possibilidades do plano. Resistente ao excesso de racionalismo, suas dobras
tornam a geometria maleável e mais humana.
Em sua escultura, em vez de adicionar ou subtrair matéria, parte de um plano
(circular, retangular, quadrado etc.) que é cortado e dobrado, formando um objeto
tridimensional articulado por intenso diálogo com o espaço. Sem fragmentar a
matéria, a separação provocada pelos cortes e dobras mantém a unidade interna
da escultura. A ausência da solda, o que lhe daria um caráter artificial, e a resistência
do ferro à ação do homem, devido à espessura das placas, convivem com a
S/ Título, 1968.
Amilcar de Castro. presença do tempo que o encardido da ferrugem explicita.

Abstração Informal

A arte informal deve ser compreendida no contexto de crise mundial instaurada também na Europa do pós-guerra.
Além disso, acentua-se a descrença em relação à racionalidade ocidental e à civilização tecnológica, celebradas
pelas vanguardas do começo do século XX. O reexame crítico dos movimentos artísticos da primeira metade do
século XX dirige o foco dos novos artistas para o cubismo, do qual é recuperada a ideia de decomposição. Mas
esta, no caso da abstração informal, deve ser explosiva - e não analítica como querem Pablo Picasso e Georges
Braque -, refletindo-se no rompimento radical da forma. A ênfase na gestualidade coloca-se como uma tentativa
de ultrapassagem tanto dos conteúdos realistas quanto dos formalismos geométricos.
No Brasil, as obras de Manabu Mabe, Tomie Ohtake e Flavio-Shiró parecem se ligar ao abstracionismo informal,
que conhecem adesões variadas entre nós, em Cicero Dias, Antônio Bandeira e Iberê Camargo.

Iberê Camargo
Foi um pintor, professor e gravurista brasileiro. Iniciou seus
estudos ainda no Rio Grande do Sul, na Escola de Artes e
Ofícios da Cooperativa da Viação Férrea de Santa Maria. Em 1942 chegou
ao Rio de Janeiro, onde ingressou na Escola Nacional de Belas-Artes.
Frustrado com o método acadêmico vigente, abandonou a Escola e, por
recomendação de Cândido Portinari,
S/ Título, 1966.
passou a frequentar o curso livre de Alberto da Veiga
Guignard. Embora Iberê tenha estudado com figuras representativas de variadas
correntes estéticas, não se pode afirmar que tenha se filiado a alguma. Iberê
Camargo foi uma grande referência para a arte gaúcha e brasileira em geral.
Tomie Ohtake
Foi uma artista plástica japonesa naturalizada brasileira. Tomie Ohtake é
uma das principais representantes do abstracionismo informal. Sua obra
abrange pinturas, gravuras e esculturas. chegou ao Brasil em 1936 para visitar um irmão.
Conheceu o engenheiro agrônomo Ushio Ohtake, também japonês, com quem se
casou e teve dois filhos, Ruy e Ricardo. A família estabeleceu-se no bairro da Mooca,
na capital paulista. Passou um certo tempo produzindo obras no contexto da arte
figurativa, mas a artista definiu-se pelo abstracionismo. Tomie se destacou também com
o trabalho com esculturas em grandes dimensões em espaços
públicos, sendo que na 23ª Bienal Internacional de São Paulo, em
1995, teve uma sala especial de esculturas. Atualmente, 27 de suas
obras são obras públicas, as quais estão em algumas cidades
brasileiras. Em São Paulo, algumas dessas obras se tornaram marcos da cidade.

A Arquitetura Moderna no Brasil

O Modernismo no Brasil foi o reflexo da efervescência cultural do início do


século XX: durante o período o país passou pela industrialização e por período
de grande ufanismo, o que levou a busca pela arte – incluindo aqui a arquitetura
– nacional, sem se prender aos padrões europeus. O movimento gerou uma
nova fase estética que acabou integrando tendências que já vinham

Casa Modernista. SP. Warchavchik aparecendo, fixadas na valorização da realidade do país, sugerindo um descarte
das tradições que até então vinham sendo seguidas tanto na literatura como nas artes. O movimento Moderno
não se limitou apenas arquitetura e arte moderna, pois envolveu aspectos ligados a áreas sociais, tecnológicas,
econômicas e artísticas.
Devido aos problemas gerados pelas mudanças sociais e econômicas durante a Revolução Industrial, o
modernismo arquitetônico nasce na Europa para encontrar soluções geradas por tamanhas mudanças. No Brasil
ele surge sem a necessidade de solucionar problemas sociais, pois as obras modernistas surgem quando ainda se
iniciava o processo de industrialização. No Brasil o campo da
arquitetura teve influência de arquitetos estrangeiros, adeptos do
movimento. O russo Gregori Warchavchik projetou a “Casa
Modernista” (1929-1930), obra que foi marcada como a primeira
casa em estilo Moderno em São Paulo, porém o estilo se tornou
conhecido e aceito em solo brasileiro através de projetos de Oscar
Niemeyer e Lúcio Costa. Pedregulho
Affonso Reidy
Os projetos modernistas eram marcados pelo racionalismo e funcionalismo,
além de características como formas geométricas definidas, falta de ornamentação
– a própria obra é considerada um ornamento na paisagem; separação entre
estrutura e vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos
de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da
Casa de Vidro. Lina Bo Bardi arquitetura com o paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego
de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas.
Destacam-se no Movimento moderno brasileiro Lúcio Costa, Oscar Niemeyer,
Affonso Eduardo Reidy, os irmãos Marcelo, Milton e Maurício Roberto, Paulo
Mendes da Rocha, Lota de Macedo e Lina Bo Bardi e outros. Um dos fatores
predominantes para difusão do estilo modernista no Brasil foi o apoio do Estado
Novo que via nesse estilo um símbolo de modernidade e progresso. Projetado em
1936 durante o período de governo de Getúlio Vargas pela equipe de arquitetos:
Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani
Vasconcelos, liderados por Lúcio Costa o Ministério da Educação e Saúde do Rio de
Janeiro foi a primeira obra moderna de repercussão nacional.
Edifício Gustavo Capanema - RJ

Os 5 Pilares da Arquitetura Moderna


1- Planta Livre: através de uma estrutura independente permite a livre locação das paredes, já que estas não
mais precisam exercer a função estrutural.
2- Fachada Livre: resulta igualmente da independência da estrutura. Assim, a fachada pode ser projetada
sem impedimentos.
3- Pilotis: sistema de pilares que elevam o prédio do chão, permitindo o trânsito por debaixo do mesmo.
4- Terraço Jardim: "recupera" o solo ocupado pelo prédio, "transferindo-o" para cima do prédio na forma
de um jardim.
5- Janelas em fita: possibilitadas pela fachada livre, permitem uma relação desimpedida com a paisagem.

Oscar Niemeyer
Foi um arquiteto brasileiro, considerado uma das figuras-
chave no desenvolvimento da arquitetura moderna. Niemeyer
foi mais conhecido pelos projetos de edifícios cívicos para
Brasília, uma cidade planejada que se tornou a capital do Brasil em 1960, bem Museu de Arte Contemporânea. Niterói
como por sua colaboração no grupo de arquitetos que projetou a sede das Nações Unidas em Nova Iorque, nos
Estados Unidos. Em 1956, Niemeyer foi convidado pelo novo presidente do
Brasil, Juscelino Kubitschek, para projetar os prédios públicos da nova capital
do Brasil, que seria construída no centro do país. Seus projetos para o
Congresso Nacional do Brasil, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, o
Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Brasília, todos concluídos
Catedral de Brasília anteriormente a 1960, foram em grande parte de natureza experimental e foram
ligados por elementos de design comuns.
Lina Bo Bardi
Foi uma arquiteta modernista ítalo-brasileira, conhecida por ter
projetado o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Lina estudou
na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma durante
a década de 1930. Ganha certa notoriedade e estabelece escritório próprio,
mas durante a II Guerra Mundial enfrenta um período de poucos serviços,
chegando a ter o escritório bombardeado em 1943. Casa-se com o jornalista Museu de Arte de São Paulo - MASP
Pietro Maria Bardi em 1946 e neste ano, em parte devido aos traumas da guerra e à sensação de destruição, parte
para o Brasil, país que acolherá como lar e onde passará o resto da vida (em 1951
naturaliza-se brasileira).
No Brasil, Lina encontra uma nova potência para suas ideias. Existe, para a
arquiteta, uma possibilidade de concretização das ideias propostas pela arquitetura
moderna, num país com uma cultura recente, em formação, diferente do
pensamento europeu. Ao chegar no Brasil, Lina deseja morar no Rio de Janeiro.
Encanta-se com a natureza da cidade e o edifício moderno do Ministério da
Educação e Saúde. Instala-se, porém, em São Paulo, projetando e construindo, mais
tarde, uma casa no bairro do Morumbi, a Casa de Vidro, e, maios tarde, o MASP.
SESC Pompéia - SP

Affonso Eduardo Reidy


Foi um arquiteto brasileiro. É considerado um dos pioneiros na introdução da arquitetura moderna
no país, sendo um dos grandes nomes do urbanismo moderno no país. Reidy foi um dos nomes
paradigmáticos do grupo de arquitetos conhecidos como Escola carioca. Dessa forma, sua obra
procura absorver as propostas do International style e interpretá-las no
contexto brasileiro. Por outro lado, sua obra foi uma das únicas elogiadas
pelo artista europeu construtivista Max Bill quando de sua conhecida crítica
à arquitetura brasileira moderna e especialmente à vertente carioca. Em 1954
projeta o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, obra de concepção
estrutural arrojada. Também é responsável pelos projetos do "Conjunto

Museu de Arte Moderna- RJ Habitacional da


Gávea", projeto mutilado pela construção do Túnel Zuzu
Angel, e do "Conjunto Habitacional Pedregulho",
considerado arrojado pela sua concepção espacial e pela
prioridade dada aos equipamentos de lazer e convivência.
Os críticos costumam apontar os dois projetos como suas
obras-primas.

Pedregulho- RJ

Você também pode gostar