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O Modernismo surgiu nos países da Europa no final do século XIX com o objetivo de
desconstruir a arte tradicional. Chegou ao Brasil somente na primeira metade do século
XX, com destaque nas artes plásticas e literatura. A Semana de Arte Moderna foi
responsável por impulsionar esse movimento modernista no país. Ela foi uma
manifestação artística-cultural que proporcionou a apresentação de ideias inovadoras.
Cerca de 100 obras foram expostas durante os sete dias, além de três sessões literárias-
musicais que contaram com nomes importantes. Além dos integrantes do Grupo dos
Cincos, participaram também artistas como Vicente do Rego Monteiro, Di Cavalcanti e
Zina Aita.
Anita Malfatti
Um dos grandes nomes das artes no Brasil, Anita Malfatti (1889 – 1964) foi desenhista, ilustradora, pintora e
professora. Seus primeiros dons artísticos foram desenvolvidos enquanto ainda era criança, por sua mãe Eleonora
Elizabeth Krug, que após a morte do marido, precisou dar aulas de idiomas e pintura para manter o sustento da
família.
Anita estudou gravura e pintura na Alemanha entre os anos de 1910 e 1914. Neste último ano, já no Brasil, realizou
sua primeira exposição com o objetivo de arrecadar fundos para retornar à Europa. Seu trabalho foi muito criticado
pelo então senador José de Freitas Valle.
Sua segunda exposição aconteceu somente em 1917, também alvo de muitas críticas de Monteiro Lobato.
Entretanto, anos depois ela foi convidada para ilustrar diversos livros do escritor. Em 1919, conheceu Tarsila do
Amaral e juntamente com os demais amigos integrou o Grupo dos Cinco. Participou da Semana de Arte Moderna em
1922 com 22 trabalhos expostos.
Após esse acontecimento, Anita Malfatti voltou à Europa retornando ao país de origem apenas em 1928 e se deparou
com um ambiente artístico diferenciado de quando deixou o país. Nesse período ela passou a lecionar na
Universidade Mackenzie, onde ficou até 1933. Foi ainda nomeada presidente do Sindicado dos Artistas Plásticos de
São Paulo em 1942.
Atualmente, algumas de suas obras mais importantes figuram nos grandes museus do país, como “A Estudante”,
no Museu de Arte Moderna de São Paulo; “Uma Rua”, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro; e
“A Boba”, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Anita faleceu na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo no dia 06 de novembro de 1964.
Tarsila do Amaral
Conheceu o escultor sueco radicado em São Paulo, William Zadig, em 1916, onde
aprendeu modelagem em barro e em 1920 foi à Paris estudar na pintura e
escultura na Academia Julian. Seu quadro foi aceito no Salão Oficial dos Artistas
Franceses em 1922, ano em que integrou o Grupo dos Cinco e liderou a Semana
de Arte Moderna.
Suas obras tiveram características das três fases (Pau Brasil, Antropofágica e
Social). Algumas delas são: “A Estação Central do Brasil” (1924), “A Feira”
(1924), “O Pescador” (1925) e “Abaporu” (1928).
Começou a se formar por volta de 1935, em torno do ateliê de Francisco Rebolo, na sala 231 do
Palacete Santa Helena, na Praça da Sé, em São Paulo. Pouco a pouco outros artistas se juntaram a
esse grupo (e dividindo as despesas de aluguel, de manutenção da sala e com modelo vivo) como
Mário Zanini, Humberto Rosa, Fulvio Pennacchi, Aldo Bonadei, Clóvis Graciano, Manuel Martins,
Volpi e Alfredo Rizzoti.
Imigrantes ou filhos de imigrantes, quase todos oriundos de uma classe média pobre, exercendo
atividades humildes e artesanais, geralmente ligadas ao uso de tintas e de desenho. Seus integrantes
se colocaram ao mesmo tempo contra o intelectualismo e a aristocracia de espírito dos modernistas
e a pintura acadêmica tal como era ensinada nas escolas de belas-artes. No Palacete Santa Helena
praticavam desenho com modelo vivo e nos fins de semana saiam em grupo pelos arredores da
capital paulista, pintando a paisagem simples, com seu casario proletário, festas, etc.
A cor, o desenho, o realismo pós-impressionista ou à moda de Cézanne, os temas e o próprio
despojamento de sua pintura, traíam esta origem operária do grupo, a economia expressiva como
metáfora de uma situação de classe.
Francisco Rebolo (1902-1980) nasceu em São Paulo, começa sua formação como aprendiz de
decorador na Igreja de Santa Ifigênia. Com suas paisagens, retratos dos subúrbios paulistanos,
Rebolo expõe no Salão Paulista de Belas Artes, em 1936. No ano seguinte, os Santelenistas,
marginalizados por praticar uma arte que foge aos padrões convencionais sem, no entanto,
filiar-se ao cosmopolita núcleo do modernismo, criam o Salão da Família Artística Paulista.
Nas décadas de 40 e 50, Rebolo permanece fiel ao figurativismo, ainda que incorporando
elementos geométricos. Convidado, no início dos anos 50, para as duas primeiras edições da
Bienal de São Paulo, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no Salão Nacional de Arte
Moderna, em 1954. Em 1968, é destaque da mostra “A Família Artística Paulista – 30 Anos
Depois”.
Mário Zanini (1907-1971) nasceu em São Paulo, começa a estudar pintura na Escola
Profissional Masculina do Brás, em 1920. De 1924 a 1926, cursa desenho e artes no Ateliê
de Artes e Ofícios. Em 1927, conhece Alfredo Volpi, uma de suas maiores influências, que,
como ele, ganha a vida como pintor especializado em decoração de interiores. Seus
primeiros trabalhos trazem a marca do movimento italiano chamado Macchiaiolli. Ao
contrário dos impressionistas, nos Macchiaiolli o uso da mancha é posto a serviço de uma
estética mais próxima do realismo. Durante sua carreira participou de diversas exposições,
como Salão Paulista de Belas Artes, Salão de Maio, Salão Nacional de Belas Artes, no Rio e
das Primeira e Segunda Bienais de São Paulo. A tendência à depuração acentua-se,
aproximando sua obra do construtivismo. Desenvolve também trabalhos como ceramista, no
ateliê de Bruno Giorgi. Nos anos 60, abandona pesquisas formais e retoma o figurativismo.
Alfredo Volpi (1896-1988) nascido em Lucca, Itália, chega com sua família no Brasil
quando tinha 1 ano de idade. No cenário suburbano do Cambuci, trabalha como pintor de
paredes, e, aos 19 anos, começa a trabalhar com decoração de interiores e a retratar
paisagens dos arredores de São Paulo. Participa do Salão da Família Artística Paulista, que
conta com a participação de convidados como Anita Malfatti. Em sua segunda edição, dois
anos depois, o salão atrai nomes como Portinari e Ernesto de Fiori. Na década de 40, as
paisagens começam a abrir espaço para composições com temas como janelas, fachadas e
bandeirolas. Em 1950, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no Salão Nacional de
Belas Artes. Vai à Itália, onde recebe a influência dos mestres pré-renascentistas. Sua
pintura torna-se mais despojada, num percurso, sem rumo à abstração geométrica pura. Em
1951, participa da 1ª. Bienal de São Paulo.
Aldo Bonadei (1906-1974) nasceu em São Paulo, mostra-se um talento precoce. Conclui
seu primeiro trabalho a óleo com 9 anos de idade. Autodidata, inicia, em 1923, um período
de cinco anos de estudos com o pintor Pedro Alexandrino. Outra influência marcante é a
do professor de arte Amadeo Scavone, com quem trava contato em 1929. Viaja em 1928
para a Itália, onde frequenta a Academia de Belas Artes de Florença. Volta a São Paulo em
1931. Três anos depois, recebe o Prêmio Prefeitura de São Paulo, no Salão Paulista de
Belas Artes. Em 1951, participa da 1ª. Bienal de São Paulo, à qual estará presente em cinco
das seis primeiras edições. Em 1952, figura em diversos eventos no exterior: Bienais de
Veneza e Cuba, Salão de Maio, em Paris, Mostra de Artistas Brasileiros no Chile, e uma
exposição no Japão. Em 1962, vence o Prêmio de Viagem ao Exterior do 11º. Salão de Arte
Moderna de São Paulo. Passa três meses em Portugal, retomando interesse pelas paisagens.
A fase final de sua produção marca a volta do figurativo.
LOPES, Adriana. GRUPO DOS CINCO, 2018. Disponível em:
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/grupo-dos-cinco acesso em 10 de out.
2023.
IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Grupo Santa Helena. História das Artes,
2023. Disponível em:
<https://www.historiadasartes.com/nobrasil/arte-no-seculo-20/modernismo/grupo-
santa-helena/>. Acesso em 10 Oct 2023.