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HISTÓRIA DA ARTE – PROF: ROBSON REIS

2° ANO

ARTISTAS DO MODERNISMO BRASILEIRO

1. ANITA MALFATTI

Anita Catarina Malfatti nasceu em 1889, em São Paulo – alguns dias após a proclamação da República. Veio de uma
família de ascendência alemã e foi estudar pintura em Berlim, na Alemanha. Nessa jornada de aprendizagem, ela
também foi para os Estados Unidos.

Em 1917, por incentivo de seus amigos, dentre eles Di Cavalcanti, fez uma exposição que chamou a atenção da
crítica e foi um marco para o movimento modernista. Em 1922, participou da Semana da Arte Moderna – um ponto
alto desse movimento que almejava produzir uma arte legitimamente brasileira.

Além disso, junto com outros artistas como Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade, formou o Grupo dos Cinco da
Arte Moderna.

A exposição de Anita em 1917 foi tão importante que é considerado o marco inicial do modernismo brasileiro. Além
disso, ela inspirou o movimento futurista, que negava a arte do passado e pretendia se desligar das tradições. Assim,
em 1922, foi realizada a Semana de Arte Moderna, onde ela fez uma exposição de suas obras.

As obras de Anita quebraram com o modelo tradicional e acadêmico de pintura, que valorizava o real. O estilo de
pintura da artista era interpretativo, dando destaque para alguns traços, revelando expressões e colocando mais
cores. Essas características mostravam sua relação com o expressionismo alemão, que aprendeu durante seus
estudos. Tal ruptura com o modo canônico chamou a atenção dos artistas do modernismo. Conheça algumas dessas
características:

 Cores vibrantes;

 Pinceladas visíveis;

 Destaque nas expressões;

 Descompromisso com o real;

 Quebra com o modelo artístico da academia;

 Temas pessoais e do cotidiano.


Principais obras
As obras de Anita Malfatti podem ser bastante variadas. Por exemplo, no final de sua vida, se dedicou a
pintar cenários populares. Entretanto, o que está presente com frequência em suas pinturas é um estilo que
não é aquele canônico e, por isso, foi alvo de críticas. Abaixo, selecionamos algumas de suas obras
principais.

O Farol (1915)
A Estudante Russa (1915) A Boba (1916)

O Homem de Sete Cores (1916)


O Homem Amarelo (1917) Mário de Andrade I (1922)

Mulher do Pará (1927)


2. LASAR SEGALL

De origem judaica, inicia estudos de arte, em 1905, na Academia de Desenho do mestre Antokolski, em Vilna, na
Lituânia. Muda-se para a Alemanha em 1906 e estuda na Escola de Artes Aplicadas e na Academia Imperial de Belas
Artes, em Berlim. Viaja para a cidade de Dresden, onde frequenta a Academia de Belas Artes. Amplia seu contato
com a pintura impressionista e realiza, em 1910, a primeira mostra individual na Galeria Gurlitt.

   No final de 1912, vem para o Brasil e no ano seguinte expõe em São Paulo e Campinas. No mesmo ano retorna à
Europa.

A pintura de Segall, sob o impacto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), reflete a preocupação com as injustiças
sociais e o sofrimento humano. Seus quadros são estruturados por meio de planos construídos em diagonais e
apresentam uma tendência à geometrização, com o predomínio de formas triangulares.

Entretanto, em comparação às cores vivas utilizadas por esses artistas, as obras de Segall têm caráter melancólico ou
lírico e são trabalhadas em tonalidades sóbrias, com predomínio de ocres, cinza, negros e violetas. Em 1923, Lasar
Segall muda-se para o Brasil, onde tem contato com os jovens modernistas. Nos primeiros trabalhos realizados no
país, revela um deslumbramento pela luz e pelas cores tropicais. Sensibiliza-se não apenas com a paisagem, mas
também com o ambiente artístico brasileiro: sua produção mantém diálogo com obras de Tarsila do Amaral (1886-
1973), e de outros artistas locais.

Os desenhos são importantes na produção de Segall e, como na gravura, apresentam temas recorrentes como o
universo de desfavorecidos e marginalizados pela sociedade. O artista confere a suas figuras deformações expressivas
e situa os personagens em espaços que os oprimem, o que gera um clima de tristeza e abandono.

   O humanismo, revelado pela preocupação com a violência, a miséria e as injustiças sociais, e certo caráter lírico
estão presentes em toda a sua carreira. Segall aborda temas universais, expressando-os com emoção, por meio da cor
em sua pintura ou pelo jogo entre linha e vazio em suas produções gráficas.

FAMILIA ENFERMA (1920) MÃE MORTA (1940) ENCONTRO (1924)


3. EMILIANO DI CAVALCANTI

Di Cavalcanti (1897-1976) foi um pintor brasileiro. Apesar da influência cubista e surrealista, foi um dos mais típicos
pintores brasileiros pela representação dos temas populares, como o carnaval, as mulatas, o samba, as favelas e os
operários.

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque, conhecido como Di Cavalcanti, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de
setembro de 1897. Era filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Rosália de Sena.

Desde 1916, Di Cavalcanti já publicava charges políticas para a revista Fon-Fon. No mesmo ano, expôs no Salão dos
Humoristas uma série de ilustrações sobre a Balada do Cárcere de Reading, de Oscar Wilde.

Em 1917 começou a pintar sob a influência do art nouveau. Neste mesmo ano, fez sua primeira individual para a
revista "A Cigarra".

Exposição na Semana de Arte Moderna

Em 1919, Di Cavalcanti ilustrou o livro "Carnaval" de Manuel Bandeira. Em 1921, casou-se com sua prima Maria.
Nesse mesmo ano, mudou-se para São Paulo, onde participou com destaque da Semana de Arte Moderna de 1922.
Elaborou a capa do catálogo e expôs 11 telas no hall do Teatro Municipal de São Paulo, entre elas:

Pierret (1922)

Di Cavalcanti mudou-se para Paris, em 1923, como correspondente do jornal Correio da Manhã. Voltou ao Brasil, em
1925, com visíveis influencias cubistas de Picasso e Braque. Em 1926, ilustrou o livro Losango Cáqui, de Mário de
Andrade. Nesse mesmo ano entrou para o Diário da Noite, como ilustrador e jornalista.

Em 1929 executou os primeiros painéis modernos do Brasil, para o Teatro João Caetano, no Rio, onde revela as
marcas do cubismo atuado por curvas barrocas e motivos populares como o carnaval e o samba:
Em 1932, Di Cavalcanti fundou o Clube dos Artistas Modernos, junto com Flávio de Carvalho, Antônio Gomide e
Carlos Prado. Em 1934, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro. Simpatizante das ideias comunistas foi perseguido
pelo governo de Getúlio Vargas. Nesse mesmo ano mudou-se para a cidade do Recife.

Di Cavalcanti voltou para a Europa, onde permaneceu entre 1935 e 1940. Expôs seus trabalhos em galerias de
Bruxelas, Amsterdã, Paris, Londres, onde conheceu artistas como Picasso, Satie, Léger e Matisse. São dessa época.

Vênus (1938) e Ciganos (1940)

Di Cavalcanti ilustrou livros de Vinícius de Moraes e Jorge Amado. Em 1951, participou da Bienal de São Paulo e
doou seus desenhos ao MAM- Museu de Arte Moderna.

Em 1953, recebeu o prêmio de melhor pintor nacional, na II Bienal de São Paulo. Em 1954, O MAM do Rio de
Janeiro fez uma retrospectiva de sua obra. Em 1955, publicou o livro "Memórias de Minha Vida".

Em 1956, recebeu o prêmio da mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste, na Itália. Em 1958, elaborou a tapeçaria
para o Palácio da Alvorada e pintou a Via Sacra da catedral de Brasília. Entre outras obras destacam-se:

SAMBA (1928) CINCO MOÇAS (1930) MULATAS (1961)


4. CÂNDIDO PORTINARI

Cândido Portinari foi um dos pintores brasileiros mais famosos da história das artes plásticas do Brasil. Destacou-se
também nas áreas de poesia e política. É considerado um dos grandes nomes da arte moderna do nosso país.
 
Biografia resumida
 
Este grande artista nasceu na cidade de Brodowski (interior do estado de São Paulo), em 29 de dezembro de 1903.
 
Durante sua trajetória, ele estudou na Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro; visitou muitos países, entre eles, a
Espanha, a França e a Itália, onde finalizou seus estudos.
 
No ano de 1935 ele recebeu uma premiação em Nova Iorque por sua obra "Café". Deste momento em diante, sua obra
passou a ser mundialmente conhecida.

Características principais de suas obras (estilo artístico):


 
- Retratou questões sociais do Brasil;
 
- Utilizou alguns elementos artísticos da arte moderna europeia;
 
- Suas obras de arte refletem influências do Surrealismo, Cubismo, Expressionismo e da arte dos muralistas
mexicanos;
 
- Arte figurativa, valorizando as tradições da pintura.

O tema essencial da obra de Candido Portinari é o Homem. Seu aspecto mais conhecido do grande público é a força
de sua temática social. Embora menos conhecido, há também o Portinari lírico. Essa outra vertente é povoada por
elementos das reminiscências de infância na sua terra natal: os meninos de Brodowski com suas brincadeiras, suas
danças, seus cantos; o circo; os namorados; os camponeses... o ser humano em situações de ternura, solidariedade,
paz.

Pela importância de sua produção estética e pela atuação consciente na vida cultural e política brasileira, Candido
Portinari alcança reconhecimento dentro e fora do seu País. Essa afirmação de seu valor se expressa nos diversos
convites recebidos de instituições culturais, políticas, religiosas, para realização de exposições e criação de obras; nos
prêmios e honrarias obtidos nas mais diferentes partes do mundo; na aura de amizade e respeito construída em torno
de sua imagem; no orgulho do povo brasileiro, tão bem representado em sua obra
5. VITOR BRECHERET
Nasceu em 22 de fevereiro de 1894 e morreu em 17 de dezembro de 1955, foi um escultor
ítalo-brasileiro.
Ele viveu a maior parte de sua vida em São Paulo, com exceção de seus estudos em Paris em
seus vinte e poucos anos.

O trabalho de Brecheret combina técnicas de esculturas Europeu modernista com


referências a seu país de origem através das características físicas de suas formas humanas e
motivos visuais extraídos da arte brasileira arte.
Muitos de seus temas são os números do Bíblia ou da mitologia clássica.

Seus personagens são marcados por possuir volumes geométricos

Brecheret foi um dos primeiros modernistas brasileiros que alcançaram o sucesso.

O seu trabalho mais conhecido, os enormes Monumento às Bandeiras, no Parque


Ibirapuera, em São Paulo, foi proposta (na forma de uma miniatura de gesso), em 1920.
Começou em 1936 e foi concluída em 25 de janeiro de 1953.

Monumento às Bandeiras, no Parque Ibirapuera, em São Paulo

Bailarina
6. VICENTE DO REGO MONTEIRO

Nasceu no Recife, no dia 19 de dezembro de 1899. Filho de Ildefonso do Rego Monteiro e Elisa Cândida
Figueredo Melo, prima do pintor Pedro Américo, desde cedo demonstrou vocação para a pintura.
Iniciou-se nesta arte sob a orientação de sua irmã, também pintora Fédora do Rego Monteiro. Em 1911
mudou-se para Paris, onde estudou na Académie Julian, e frequentou a Académie Colarosi e a Académie de
la Grande Chaumière. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, voltou ao Brasil, fixando
residência no Rio de Janeiro.

Em 1920 realizou uma exposição de quadros, explorando motivos indígenas, que foi considerada pela crítica
como futurista. Aproximou-se da corrente modernista de pintura de São Paulo, especialmente de Di
Cavalcanti e Tarsila do Amaral, além do romancista Oswald de Andrade.

Seus quadros foram expostos em museus nacionais e internacionais. Foi também escultor e poeta. A pintura
de Vicente do Rego Monteiro é marcada pelo volume, sinuosidade e sensualidade. Contido nas cores e
contrastes, as obras do artista nos reportam a um clima místico e metafísico.

A temática religiosa é frequente em sua pintura, chegando a pintar cenas do Novo Testamento, com figuras
que, pela densidade e volume, se aproximam da escultura.

A obra de Vicente do Rego Monteiro integra importantes acervos de museus brasileiros e europeus.

7. TARSILA DO AMARAL
Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma pintora e desenhista brasileira. O quadro "Abaporu"
pintado em 1928 é sua obra mais conhecida. Junto com os escritores Oswald de Andrade e Raul
Bopp, lançou o movimento "Antropofágico", que foi o mais radical de todos os movimentos do
período Modernista.

Tarsila do Amaral nasceu na Fazenda São Bernardo, município de Capivari, interior de São
Paulo, no dia 1 de setembro de 1886. Era filha de José Estanislau do Amaral Filho e Lydia Dias
de Aguiar do Amaral tradicional e rica família de São Paulo.

Era neta de José Estanislau do Amaral, proprietário de diversas fazendas no interior de São
Paulo, apelidado de "milionário". Seu pai herdou apreciável fortuna e diversas fazendas, nas
quais Tarsila passou a infância e adolescência.

Formação
Tarsila do Amaral estudou em São Paulo em uma escola de freiras e no Colégio Sion. Completou
seus estudos em Barcelona, na Espanha, onde pintou seu primeiro quadro, "Sagrado Coração de
Jesus", aos 16 anos.

De sua volta ao Brasil, em 1906, Tarsila casou-se com André Teixeira Pinto, primo de sua mãe,
com quem teve uma filha, Dulce Pinto.

Em 1916, Tarsila começou a estudar no ateliê de William Zadig, escultor sueco radicado em São
Paulo. Com ele aprendeu a fazer modelagem em barro.

Em 1920, separou-se de André Teixeira e foi para Paris, onde estudou na Academia Julian,
escola de pintura e escultura. Estudou também com Émile Renard.

Em 1922, tem uma tela sua admitida no Salão Oficial dos Artistas Franceses. Nesse mesmo ano
regressa ao Brasil.

O Modernismo
Em 1923, Tarsila volta à Europa e mantem contato com os modernistas que lá se encontravam,
são intelectuais, pintores, músicos e poetas, entre eles Oswald de Andrade.

Estudou com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes mestres cubistas. Manteve estreita
amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suíço que visitou o Brasil em 1924.

Em 1925, estando em Paris, Oswald de Andrade lançou o volume de poesias “Pau-Brasil”, com
ilustrações de Tarsila.

Em 1926, Tarsila casou-se com Oswald de Andrade e no mesmo ano a artista realizou sua
primeira exposição individual na Galeria Percier, em Paris.

Embora não tenha participado diretamente da “Semana de 22”, Tarsila se integrou com os
intelectuais modernistas.

Fez parte do "Grupo dos Cinco", juntamente com Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de
Andrade e Menotti del Picchia.

Em 1929 expõe individualmente pela primeira vez no Brasil, no Palace Hotel em São Paulo.

Em 1930, Oswald de Andrade deixa Tarsila e passa a viver com Pagu. Deprimida, durante um
ano produziu uma única tela intitulada “Composição (Figura Só)”.
Composição (Figura Só) (1930)

Fases da Obra de Tarsila do Amaral


Tarsila do Amaral foi uma das artistas plásticas mais importantes da primeira fase do
Modernismo, concretizando em sua obra todas as aspirações de vanguarda formuladas pelo
grupo.

Sua obra atravessou três fases denominadas: “Pau-Brasil”, “Antropofágica” e “Social”.

A primeira fase, “Pau-Brasil”, teve início em 1924, quando Oswald de Andrade divulgou o


“Manifesto Pau Brasil” defendendo o nacionalismo.

A artista rompeu completamente com o conservadorismo e sua obra encheu-se de formas e cores
assimiladas em sua viagem de “redescoberta do Brasil”, realizada em Minas Gerais, com seus
amigos modernistas.

Tarsila explorou os temas tropicais e exalta a flora e a fauna, as ferrovias e as máquinas,


símbolos da modernidade urbana. São exemplos dessa época as telas:

A Feira (1924) A Estação Central do Brasil (1924) O Pescador (1925)

A segunda fase da obra de Tarsila do Amaral, denominada “Antropofágica”, teve origem no mais
radical de todos os movimentos do período modernista: “Movimento Antropofágico” que foi
inspirado no quadro “Abaporu” (1928) (antropófago, em tupi), que Tarsila oferecera a Oswald
como presente de aniversário.

Partidários de um primitivismo crítico, os antropófagos propunham que a cultura estrangeira fosse


devorada, aproveitando dela suas inovações artísticas, porém sem perder nossa própria
identidade cultural. Exemplos dessa fase:
Abaporu (1928) Antropofagia (1929)

A terceira e última fase da obra de Tarsila do Amaral, denominada “Social”, teve início em 1933,
com a obra, “Operários”, onde sua criação está voltada para os temas sociais da época e a
situação dos trabalhadores. São dessa fase as obras:

Operários (1933) Segunda Classe (1933)

Tarsila pintou dois painéis em sua carreira: “Procissão do Santíssimo” (1954), para as
comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo e “Batizado de Macunaíma” (1956),
para a Editora Martins.

Entre 1934 e 1951, Tarsila manteve um relacionamento com o escritor Luís Martins. De 1936 a
1952, trabalhou como colunista nos Diários Associados onde ilustrava retratos de grandes
personalidades. Em 1951 participou da I Bienal de São Paulo. Em 1963 teve uma sala especial
na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte teve participação especial na XXXII Bienal de
Veneza.

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