Data: 22/06/2022
Data: 1915
Gênero: retrato
Anita Catarina Malfatti (1889-1964) foi uma artista plástica brasileira, nascida
em São Paulo, descendente de alemães. Passou a estudar pintura em Berlim e Dresden
em 1910, sob influência de seu tio Jorge Krug, um arquiteto que trabalhava no escritório
de Ramos de Azevedo. Anitta nasceu com uma atrofia no braço direito e por isso teve
que aprender a pintar usando o braço esquerdo. Durante seu estudo na Europa, a jovem
pintora teve contato com o Expressionismo Alemão, estética a qual influenciava a
maioria de suas obras.
Na sua exposição realizada em São Paulo, em 1917, Anita Malfatti reuniu cerca
de 53 pinturas, aquarelas e gravuras produzidas por ela, o que acabou agitando a
imprensa na época. A artista tornou-se a primeira mulher a misturar técnicas europeias
com características brasileiras, por meio do uso de cores fortes e elementos tropicais.
Segundo ele, existem dois tipos de artistas: os que veem normalmente as coisas
e que, em consequência disso, reproduzem fielmente as imagens e aqueles que
distorcem aquilo que veem, pois enxergam a natureza de maneira anormal.
Foi esse o incômodo causado pela pintura “O homem amarelo” - não só esta,
como também “A mulher de cabelos verdes”, entre outras, que mesclam o
Expressionismo ao estilo único da artista devido ao uso das cores irreais, os traços
grossos, as figuras consideradas tortas, a falta de distinção entre fundo e imagem e o
distanciamento da realidade.
Contudo, este não foi o primeiro contato do Brasil com a expressão modernista,
uma vez que, em sua passagem pelo país em 1913, Lasar Segall realizou duas
exposições em São Paulo e em Campinas. Não houve polêmicas e nem surpresas, o que
leva a reflexão de que “não se esperava de Segall, lido, naquela época, com estrangeiro,
o que se esperava de Anita”.
O quadro adquirido por Mário de Andrade foi “O homem amarelo”, como uma
promessa feita à artista. Segundo ela, a pintura retratava um imigrante italiano, que
havia pedido a ela para posar, com uma “expressão desesperada”. E de fato ela o retrata
com um olhar vago e perdido, um homem “pobre, excluído e esquecido”, que apesar de
trajar um paletó e gravata, suas vestes parecem surradas, visivelmente desajeitado e com
o corpo contorcido, ultrapassando os limites da tela (bem característicos dos outros
trabalhos de Anita).
Após a exposição, Anitta passou um ano sem produzir nenhuma obra. Foi aí que
ela voltou a estudar, frequentando o ateliê de Pedro Alexandrino, onde conheceu Tarsila
do Amaral. Foi sob o incentivo dos amigos que Anitta participou da Semana de Arte
Moderna de 1922, onde, ao lado de Tarsila, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e
Menotti del Picchia, integrou o que ficou conhecido como O Clube dos Cinco.
Desta forma, Anita Malfatti seguiu fazendo o seu trabalho. Não limitando-se a
reprodução da realidade como a maioria dos pintores da época, ela pintava somente
aquilo que a interessava, mostrando que é possível ultrapassar a ideia daquilo que se
espera de uma artista, algo que até mesmo Monteiro Lobato reconhece em seu artigo.
LOPES, Vivian Caroline. Mari Miró e o Homem Amarelo. Editora Ciranda Cultural,
2017.
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composição%20O%20 Homem%20Amarelo,também%20foi%20 motivo%20de%20
polêmica. Acesso em 22 de junho de 2022.
FRAZÃO, Diva. Biografia de Anita Malfatti. In: eBiografia, 2021. Disponível em:
https://www.ebiografia.com/anita_malfatti/. Acesso em 22 de junho de 2022.
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Disponível em: https://arteeartistas.com.br/o-homem-amarelo-anita-malfatti/. Acesso
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FUKS, Rebeca. Anita Malfatti: obras e biografia. In: Cultura Genial. Disponível em:
https://www.culturagenial.com/anita-malfatti-obras-biografia/. Acesso em 22 de junho
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