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A semana de Arte Moderna de 1922 foi um evento que oficializou o modernismo no

Brasil. O evento ocorreu entre 11 a 18 de fevereiro, sendo cada um desses dias dedicado
para uma área diferente no campo das artes (pintura, escultura, poesia, literatura e
música). O local escolhido para o evento foi o Teatro Municipal da cidade de São Paulo.
Não há registro de quem foi o
idealizador do evento. Sabe-se, no entanto, que a motivação era a de transformar os
antigos conceitos do século XIX. Embora o principal centro de insatisfação estética seja,
nesta época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos como o Futurismo, o
Cubismo e o Expressionismo começavam a influenciar os artistas brasileiros. O ano de
1922 era o centenário da Independência do Brasil. Para os artistas envolvidos na
programação da Semana, havia um nacionalismo preponderante: a proposta era
atualizar a intelectualidade brasileira e muni-la de uma consciência nacional.

Mesmo com tantas críticas, o evento conseguiu atrair um grande público. Certamente,
muitos reagiram com espanto e repúdio a grande parte das obras. Os jornais da época
referiram-se aos artistas que participaram do movimento como "subversores da arte",
"espíritos cretinos e débeis" ou "futuristas endiabrados". A exceção disso, na época, a
Semana não teve grande repercussão – foi apenas com o passar dos anos, notando-se a
sua influência em movimentos e obras posteriores, que o evento ganhou seu devido
valor histórico.
Antecedentes

Alguns eventos são considerados determinantes e de alguma forma contribuíram com


a realização da Semana de 1922:

1912: Oswald de Andrade, ao retornar da Europa, traz as ideias de Futurismo de


Marinetti e afirma: "Estamos atrasados cinquenta anos em cultura, chafurdados ainda
em pleno Parnasianismo".

1913: Lasar Segall, pintor lituano, realiza "a primeira exposição de pintura não
acadêmica em nosso país", nas palavras de Mário de Andrade.

1914: Acontece a primeira exposição de Anita Malfatti, que retorna da Europa


impregnada de influências pós-impressionistas.

1917: Mário de Andrade e Oswald de Andrade, considerados os dois grandes líderes da


primeira geração do Modernismo brasileiro, se tornam amigos. Ocorre a publicação de
há uma gota de sangue em cada poema; livro de poemas de Mário de Andrade, que
utilizou o pseudônimo Mário Sobral para assinar a obra pacificadora, onde protesta
contra a Primeira Guerra Mundial.

Publicação de poemas regionalistas de Menotti Del Pichia Moisés e Juca Mulato, que
obtêm sucesso junto ao público. Publicação de Manuel Bandeira A cinza das horas. O
músico francês Darius Milhaud, que mora no Rio de Janeiro, se entusiasma com os
estilos musicais maxixe, samba e os chorinhos de Ernesto Nazareth, e se encontra com
Villa-Lobos.

Ocorre a segunda exposição de Anita Malfatti, exibindo quadros expressionistas,


criticados com dureza por Monteiro Lobato no artigo "Paranoia ou mistificação?",
publicado no jornal O Estado de S. Paulo, esse artigo é considerado o “estopim” do
modernismo brasileiro, já que gerou a união dos jovens artistas, levando-os a discutir a
necessidade de divulgar coletivamente o movimento.

1919: Manuel Bandeira publica Carnaval, apresentando versos livres.

1921: Durante festa no Palácio Trianon, em homenagem ao lançamento de As máscaras,


de Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade faz um discurso, declarando a chegada da
revolução modernista em nosso país. Ocorrem exposições de quadros de Vicente do
Rego Monteiro, em Recife e no Rio de Janeiro, que exploram a temática indígena.

Mostra apresenta desenhos e caricaturas de Di Cavalcanti, denominada “Fantoches da


Meia-noite”, na cidade de São Paulo. Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Cândido
Mota Filho e Mário de Andrade divulgam o Modernismo em revistas e jornais.

Mário de Andrade escreve a série Os mestres do passado, analisando esteticamente a


poesia parnasiana que se encontrava no auge da consideração literária e manifesta a
necessidade de superá-la, porque a sua missão já tinha sido cumprida. Publicação do
artigo de Oswald de Andrade sobre os poemas de Mário de Andrade, intitulando-o "O
meu poeta futurista". A partir disso, ainda que da recusa de Mário de Andrade em
aceitar a denominação, a palavra "futurismo" passa a ser utilizada de forma
indiscriminada para designar toda e qualquer manifestação de comportamento
modernista, na maioria das vezes em tom pejorativo.

Principais participantes da Semana de Arte Moderna

Literatura: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, Ronald de Carvalho,


Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet.
Abaporu - Pintura de Tarsila do Amaral
Artes Plásticas e Música: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Santa Rosa, Villa-Lobos, Guiomar
Novaes.

Operários –
Pintura de Tarcila do Amaral

Morro da Favela – Pintura de


Tarsila do Amaral
A estudante – Pintura de Anitta Malfatti

Paisagem de
Santo Amro – Pintura de Anitta Malfatti
O mestiço – Pintura de Candido
Portinari

Artesão – Pintura de Monteiro,


Vicente do Rego
Podemos dizer que a maior contribuição da Semana de Arte Moderna foi dar liberdade
à arte brasileira, desprendendo-a da reprodução pouco criativa dos padrões europeus,
e iniciar a construção de uma cultura essencialmente nacional. Seus efeitos e
repercussões marcaram decisivamente a arte, a arquitetura e a cultura brasileira dos
anos seguintes.

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