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Jornal do Comércio
fevereiro de 1922
Os participantes da Semana foram:
Pintura: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, Yan
Almeida Prado e Antônio Paim Vieira, Jhon Graz, Alberto
Martins Ribeiro, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita.
Escultura: Victor Brecheret e Hildegardo Velloso.
Música: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novais, Hernani Braga.
Arquitetura: Antônio Moya e Georg Przyrembel.
Literatura: Menotti Del Picchia, Mário de Andrade,
Oswald de Andrade, Manoel Bandeira e Cassiano Ricardo.
E m 1917, depois de estudar pintura em Berlim
— onde teve contato com o expressionismo
alemã o — e Nova York, Anita Malfatti (1889-
1964) fez a primeira exposiçã o no país a se
autodenominar “moderna”. A mostra entrou para
a Histó ria pela crítica feroz de Monteiro Lobato,
que condenou sua “arte caricatural” tipicamente
europeia, vinculando-a à perturbaçã o mental. J á
para Oswald de Andrade, sua pintura causava
“impressã o de originalidade e de diferente visã o”.
Cinco anos depois, Anita foi uma das principais
atraçõ es da exposiçã o que abriu a Semana de
Arte Moderna, com telas como “O homem
amarelo”, “A estudante russa” e “A ventania”. A
maior parte dessas obras, no entanto, era de
anos anteriores, porque em 1922 Anita já tinha
voltado à pintar de forma mais convencional.
Uma das obras mais conhecidas desse período
é O Farol. Nessa pintura, a paisagem está mais
harmonizada com a presença humana, através
das edificações que compõem o cenário. O uso
da deformação é sensivelmente menor, em
contrapartida Anita utiliza exemplarmente a
principal característica do seu expressionismo:
as cores abundantes e vivas, a chamada “Festa
da Cor”.
O Farol. 1915. óleo s/ tela (46,5x61). Col. Chateaubriand Bandeira de
Mello, RJ.
• Entre 1915 e 1917,
temos a produção de
retratos, entre eles a
tão polêmica A Boba,
produção vítima das
críticas negativas de
Monteiro Lobato.
A estudante russa. 1915. óleo s/
tela (76x61). Col. Mário de
Andrade, Instituto de Estudos
Brasileiros da USP, SP.
Tanto nas paisagens
quanto nos retratos, a
cor é o principal
instrumento da jovem
Anita Malfatti. A obra
O homem de sete
cores revela essa
preocupação intensa.
O homem de sete cores. 1915-16. Carvão e pastel s/ papel (60,7x45).
Col. Roberto Pinto de Souza, SP.
Anita utilizava modelos que posavam na Escola
Independente de Arte (EUA) em troca de alguns
dólares. Essas pessoas, sem nenhuma ligação
com o mundo artístico, serviriam como modelos
para obras como A mulher de cabelos
verdes e O homem amarelo, obra que fascinou
Mario de Andrade, quando este sequer conhecia
Anita.
Victor Brecheret