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S E M A N A D E A RT E M O D E R NA

 Ocorreu na cidade de Sã o Paulo entre os dias 11 e 18


de fevereiro de 1922. Tendo como palco o Teatro
Municipal de Sã o Paulo;
 Marco inicial do modernismo no Brasil.
Ocorre em São Paulo, uma cidade enriquecida
pelo café e pela gradativa industrialização do
Estado. Na época, a vida artística do Rio de
Janeiro, capital federal, girava em torno das
tradicionais Academias de Arte. O fato de São
Paulo não possuir escolas oficiais de arte
proporcionou um ambiente propício para tornar
a capital paulista um centro de renovação
cultural.
Ficha Técnica - A Boba
Autor: Anita Malfatti
Museu de
Arte Contemporânea, USP, São
Paulo, 1915 - 1916.
Técnica: Óleo sobre tela
Cem anos se passaram do “Grito
Ipiranga”, portanto, do era tempo

questionarmos se o país deestava mesmo
livre e se toda a população participava de
uma sociedade realmente democrática. Da
Semana de 1922, uma iniciativa dos
artistas e intelectuais participantes, nasceu
a consciência de uma arte Nacional.
Capa de Di Cavalcanti para
o Catá logo da Exposiçã o.
 U m dos cartazes
colocados no Teatro
Municipal de São
Paulo, anunciando
a Semana de Arte
Moderna.
A Semana não foi um fato isolado e sem
origens. As discussões em torno da necessidade
de renovação das artes surgem em meados da
década de 1910 em textos de revistas e em
exposições, como a de Anita Malfatti em 1917.
Em 1921 já existe, por parte de intelectuais
como Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia,
a intenção de transformar as comemorações do
centenário em momento de emancipação
artística.
Sem um programa estético definido, a Semana
desempenha na história da arte brasileira muito mais uma
etapa destrutiva de rejeição ao conservadorismo vigente
na produção literária, musical e visual do que um
acontecimento construtivo de propostas e criação de
novas linguagens. Pois, se existe um elo de união entre
seus tão diversos artífices, este é, segundo seus dois
principais ideólogos, Mário e Oswald de Andrade, a
negação de todo e qualquer "passadismo": a recusa à
literatura e à arte importadas com os traços de uma
civilização cada vez mais superada, no espaço e no tempo.
Em geral todos clamam em seus discursos por liberdade de
expressão e pelo fim de regras na arte.
“ Foi como se esperava, um notável fracasso a récita de ontem
na pomposa Semana de Arte Moderna, que melhor e mais
acertadamente deveria chamar-
se Semana de Mal – às artes’’.

Jornal Folha da Noite


fevereiro de 1922

“ As colunas da secção livre deste jornal estão à disposição de


todos aqueles que, atacando a Semana de Arte Moderna,
defendam o nosso patrimônio artístico’’.

Jornal O Estado de São Paulo


fevereiro de 1922
“ É preciso que se saiba que nos manicômios se
produzem poemas, partituras, quadros e
estátuas, e que essa arte de doidos tem o
mesmo característico da arte dos futuristas e
cubistas que andam soltos por aí ’’.

Jornal do Comércio
fevereiro de 1922
Os participantes da Semana foram:
Pintura: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, Yan
Almeida Prado e Antônio Paim Vieira, Jhon Graz, Alberto
Martins Ribeiro, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita.
Escultura: Victor Brecheret e Hildegardo Velloso.
Música: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novais, Hernani Braga.
Arquitetura: Antônio Moya e Georg Przyrembel.
Literatura: Menotti Del Picchia, Mário de Andrade,
Oswald de Andrade, Manoel Bandeira e Cassiano Ricardo.
 E m 1917, depois de estudar pintura em Berlim
— onde teve contato com o expressionismo
alemã o — e Nova York, Anita Malfatti (1889-
1964) fez a primeira exposiçã o no país a se
autodenominar “moderna”. A mostra entrou para
a Histó ria pela crítica feroz de Monteiro Lobato,
que condenou sua “arte caricatural” tipicamente
europeia, vinculando-a à perturbaçã o mental. J á
para Oswald de Andrade, sua pintura causava
“impressã o de originalidade e de diferente visã o”.
Cinco anos depois, Anita foi uma das principais
atraçõ es da exposiçã o que abriu a Semana de
Arte Moderna, com telas como “O homem
amarelo”, “A estudante russa” e “A ventania”. A
maior parte dessas obras, no entanto, era de
anos anteriores, porque em 1922 Anita já tinha
voltado à pintar de forma mais convencional.
Uma das obras mais conhecidas desse período
é O Farol. Nessa pintura, a paisagem está mais
harmonizada com a presença humana, através
das edificações que compõem o cenário. O uso
da deformação é sensivelmente menor, em
contrapartida Anita utiliza exemplarmente a
principal característica do seu expressionismo:
as cores abundantes e vivas, a chamada “Festa
da Cor”.
O Farol. 1915. óleo s/ tela (46,5x61). Col. Chateaubriand Bandeira de
Mello, RJ.
• Entre 1915 e 1917,
temos a produção de
retratos, entre eles a
tão polêmica A Boba,
produção vítima das
críticas negativas de
Monteiro Lobato.
A estudante russa. 1915. óleo s/
tela (76x61). Col. Mário de
Andrade, Instituto de Estudos
Brasileiros da USP, SP.
Tanto nas paisagens
quanto nos retratos, a
cor é o principal
instrumento da jovem
Anita Malfatti. A obra
O homem de sete
cores revela essa
preocupação intensa.
O homem de sete cores. 1915-16. Carvão e pastel s/ papel (60,7x45).
Col. Roberto Pinto de Souza, SP.
Anita utilizava modelos que posavam na Escola
Independente de Arte (EUA) em troca de alguns
dólares. Essas pessoas, sem nenhuma ligação
com o mundo artístico, serviriam como modelos
para obras como A mulher de cabelos
verdes e O homem amarelo, obra que fascinou
Mario de Andrade, quando este sequer conhecia
Anita.
Victor Brecheret

Victor Brecheret foi adotado pelo


grupo modernista como o “Rodin
brasileiro”, o representante da
escultura na exposição da Semana
de Arte Moderna de 1922. Na capital
paulista, o artista destacou-se num
ambiente de poucas experimentações
na escultura. Em 1954 cria a
“Monumento às bandeiras”, no
Parque do Ibirapuera, nas
comemorações dos 400 anos de São
Paulo.
A obra representa os bandeirantes que fizeram
incursões pelo território brasileiro. Atualmente a
escultura é alvo de críticas e protestos contra a
exploração indígena e o passado de exploração
brasileiro.
Di Calvacanti

É um dos nomes mais


famosos da arte moderna
brasileira. Mesmo quase 50
anos após sua morte, o
artista segue consagrado,
com quadros avaliados em
mais de 20 milhões de
reais. Artista democrático,
destacou-se por pintar os
povos brasileiros em todas
as suas diversidades.
Baile Popular foi feito na última década de vida do artista, nos
anos 70. A tela, bastante colorida como é característico de
sua produção, exibe um tema genuinamente brasileiro: a
música e a dança.
As Mulatas é um
quadro de Di Cavalcanti,
realizado em 1962. Na
concepção de Di
Cavalcanti, as
representações valorizam
a brasilidade e
o população brasileira.
Neste caso, a valorização
se dá por meio da figura
das mulheres de cor.
Em Cinco moças de
Guaratinguetá, de
1930, o artista deixa
mais uma vez explícita
a influência de
movimentos como o
cubismo e o fauvismo.
Um dos artistas que
inspirou fortemente Di
Cavalcanti foi Pablo
Picasso.
MOVIMENT
O
MOVIMENTO PAU-BRASIL
• O Movimento Pau-Brasil foi um movimento artístico-
literário lançado no Brasil em 1924 por Oswald de Andrade
e Tarsila do Amaral que apresentava uma posição
primitivista, buscando uma poesia e arte ingênua, de
redescoberta do mundo e do Brasil e que foi inspirada nos
movimentos de vanguarda europeus, devido às viagens que
Oswald fazia à Europa.
• Esse movimento foi levado ao público com a publicação do
livro Pau-brasil escrito por Oswald de Andrade e ilustrado
por Tarsila do Amaral (os dois eram casados) e com o
Manifesto da Poesia Pau-Brasil.
• Esse movimento serve de raiz ideológica para o Movimento
Antropofágico.
MOVIMENTO PAU-BRASIL
Em 1915, refletindo sobre a situação da pintura nacional,
Oswald observou que, ao lado da aprendizagem técnica, era
urgente proceder a incorporação da "cor local" à dinâmica
cultural do país, como estratégia para se consolidar a
identidade nacional. Consciente da necessidade de se ajustar a
contribuição estrangeira (a técnica) à exploração da nossa
realidade, anunciou o projeto Pau Brasil, em 1924:
"incorporados ao nosso meio, a nossa vida, é dever deles tirar
dos recursos imensos do país, dos tesouros de cor, de luz, de
bastidores que os circundam, a arte nossa que se afirma, ao
lado do nosso intenso trabalho material de construção de
cidades e desbravamento de terras, uma manifestação superior
de nacionalidade".
TARSILA – fase pau-brasil
Tarsila disse que foi em Minas que ela viu as cores que gostava
desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram
caipiras e ela não devia usar em seus quadros. 'Encontei em
Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois
que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão,
passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa
violáceo, amarelo vivo, verde cantante, ...' E essas cores
tornaram-se a marca da sua obra, assim como a temática
brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do nosso país,
além da nossa fauna, flora e folclore. Ela dizia que queria ser a
pintora do Brasil. E esta fase da sua obra é chamada de Pau
Brasil, e temos quadros maravilhosos como 'Carnaval em
Madureira', 'Morro da Favela', 'EFCB', 'O Mamoeiro', 'São
Paulo', 'O Pescador', dentre outros
Carnaval em Madureira - 1924
Morro da Favela - 1924
O Mamoeiro - 1925
O pescador - 1925
MOVIMENTO
ANTROPOFÁGICO
MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO
O Movimento Antropofágico foi uma manifestação
artística brasileira, 1928, fundada e teorizada pelo poeta
paulista Oswald de Andrade.
Aprofundando a ideologia do movimento Pau-Brasil, o
movimento antropofágico brasileiro tinha por objetivo a
deglutição (daí o caráter metafórico da palavra
"antropofágico") da cultura do outro externo, como a
norte americana e europeia e do outro interno, a cultura
dos ameríndios, dos afrodescendentes, dos
eurodescendentes, dos descendentes de orientais, ou
seja, não se deve negar a cultura estrangeira, mas ela não
deve ser imitada. Foi certamente um dos marcos do
modernismo brasileiro.
TARSILA – fase antropofágica
Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de
aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade.
Pintou o 'Abaporu'. Quando Oswald viu, ficou impressionado e
disse que era o melhor quadro que Tarsila já havia feito.
Chamou o amigo e escritor Raul Bopp, que também achou o
quadro maravilhoso. Eles acharam que parecia uma figura
indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário Tupi
Guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de Abaporu, que
significa homem que come carne humana, o antropófago. E
Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o
Movimento Antropofágico. A figura do Abaporu simbolizou o
Movimento que queria deglutir, engolir, a cultura européia,
que era a cultura vigente na época, e transformá-la em algo
bem brasileiro.
TARSILA – fase antropofágica
Outros quadros desta fase Antropofágica são:
'Sol Poente', 'A Lua', 'Cartão Postal', 'O Lago',
'Antropofagia', etc. Nesta fase ela usou bichos e
paisagens imaginárias, além das cores fortes.
Sol Poente - 1929
A Lua - 1928
Cartão Postal do Brasil - 1928.
O Lago, 1928

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