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A Idade Média – Queda e Ascenção da Arquitetura

Centro Universitário Planalto – UNIPLAN


Arquitetura e Urbanismo
Prof. Carol Menzl
Império Carolingio
Restauração Carolingia, c. 800 d.C.
Início da Arquitetura Romanesca

Reino de Carlos Magno


(768-814 d.C.)
Arquitetura carolíngia é o estilo do
Norte do europeu promovida por
Carlos Magno. O período de
arquitetura abrange o final do século
oitavo e nono até o reinado de Otto I,
em 936, e foi uma tentativa
consciente de criar um renascimento
romano, somando-se a arquitetura
cristã e bizantina primitiva, com a sua
própria inovação, resultando em um
único estilo.
Construction d'Aix-la-Chapelle.
Pépin le Bossu devenant moine.
Grandes Chroniques de France,
enluminées par Jean Fouquet,
Tours, vers 1455-1460 Paris,
BnF, département des
Manuscrits, Français 6465, fol.
96 (Troisième Livre de
Charlemagne) Construction
d'Aix-la-Chapelle : L'empereur
Charlemagne visite un chantier,
vraisemblablement celui du
palais d'Aix-la-Chapelle. Pépin le
Bossu devenant moine (en
arrière-plan à droite) : Après
avoir découvert le complot de
son fils naturel Pépin le Bossu,
Charlemagne assiste à son
entrée dans les ordres.
The Palatine Chapel
Church at Germigny-des-Prés
A Igreja carolíngia
Germigny-des-
Prés da
Santíssima
Trindade está
localizado
Germigny-des-
Prés, no Vale de
Loire. Esta é uma
das mais antigas
igrejas da França,
um raro exemplo
de estilo
arquitetônico
carolíngia.
Foi construída por
Theodulf, bispo de
Orleans, teólogo e poeta
do século IX era um
familiar de Carlos
Magno.

Ele adota um plano na forma de uma


cruz grega (quatro absides
semicirculares em quatro lados de
um quadrado, sendo o mosaico
abside leste), imitou a capela do
palácio imperial em Aix-la-Chapelle,
que o protótipo é a catedral de
Echmiadzin (Arménia)
A arte românica, expressão estética
do feudalismo, reflete o medo do
povo. Esculturas anunciam o
apocalipse, pinturas murais
apavorantes retratam o pânico que
invade não só a França, mas toda a
Europa Ocidental. Chega o ano
1000 e o mundo não acaba.
Alguma coisa precisa acontecer.
Em 1095, surgem as primeiras
Cruzadas. O feudalismo ainda
permanece, mas tudo indica que
não poderá resistir por muito tempo.
Novos pensadores fazem-se ouvir,
propagando suas ideias. Fundam-
se as primeiras Universidades.
Subitamente, a literatura cresce em
importância. Muitos europeus, até Autan – séc XII-tema do tímpano é o Juízo Final.
então confinados à vida nas No detalhe, a pesagem das almas.
aldeias, passam a ter uma visão
mais ampla do mundo. Profunda
mudança social está a caminho.
http://encarta.msn.com/media_461516728/the_first_crusade.html
O estilo é visto principalmente nas igrejas católicas
construídas após a expansão do cristianismo pela Europa
e foi o primeiro depois da queda do Império Romano a
apresentar características comuns em várias regiões. Até
então a arte tinha se fragmentado em vários estilos, sendo
o românico o primeiro a trazer uma unidade nesse
panorama
A arte românica desenvolveu-se
desde o século X até o início do
século XIII, período caracterizado
pela crise do sistema feudal. No
entanto, a Igreja ainda conservava
grande poder e influência,
determinando à produção cultural e
artística desse período, cuja
representação típica são as basílicas.

Igreja de St. Sernin - França


Basílica de Sant’Ambrogio (séc. V a 850 d.C.)
O termo "Românico" é uma referência às influências da
cultura do Império Romano, que havia dominado durante
séculos quase toda a Europa Ocidental, porém, essa unidade
já há muito havia sido rompida, desde a invasão dos povos
bárbaros.
Apesar de línguas e tradições diferenciadas nas várias
regiões européias, e da fragmentação do poder entre os
senhores feudais, o elemento religioso manteve a idéia de
unidade na Europa e a arte Românica reforça essa unidade.
Durante a Idade Média os mosteiros tornaram-se os centros
culturais da Europa, onde a ciência, a arte e a literatura
estavam centralizadas.
MOSTEIRO:
É um conjunto
arquitetônico autônomo
composto por diversas
dependências, onde viviam
monges em comunidade,
regidos por normas
beneditinas.
Os mosteiros não possuíam regras rígidas de
implantação,
porém grande parte deles era executado
numa linha
comum. Um mosteiro era composto pelas
dependências dos
monges, uma igreja e área de cultivo.
As dependências de um mosteiro são:
• claustro(s)
• biblioteca
• sala p/ copiar/traduzir livros
• sala comum
• Refeitório
• hospedagem
• aposentos dos monges
• igreja
• cemitério
• área de cultivo
Cluny III monastery church and complex plan, 1157_plan
Destroyed in the eighteenth century
Sainte Foy, Conques France (c1050‐1130)
Os monges beneditinos foram os primeiros a propor em suas
construções as formas originais do românico. Surge assim
uma arquitetura abobadada, de paredes sólidas e delicadas
colunas terminadas em capitéis cúbicos. Os mosteiros eram
na verdade unidades independentes e dessa forma
estruturaram-se segundo necessidades particulares.
Abadia de Fontenay (França - séc. XII)
Abadia de Fontenay (França - séc. XII)
Foi nas igrejas que o estilo românico se desenvolveu em toda
a sua plenitude. Eram os próprios religiosos que
comandavam as construções, a partir do conhecimento
monástico. Suas formas básicas são facilmente identificáveis:
a fachada é formada por um corpo cúbico central, com uma
ou duas torres de vários pavimentos nas laterais, finalizadas
por tetos em coifa. Um ou dois transeptos, ladeados por suas
fachadas correspondentes, cruzam a nave principal. Frisos
de arcada de meio ponto estendem-se sobre a parede,
dividindo as plantas.
Haverá diferenças entre a arte executada nas diversas
regiões européias, de acordo com as influências regionais
recebidas, mas haverá também uma série de características
comuns, que definem o estilo românico.
Suas Formas básicas:
•Corpo central cúbico;
•com duas torres de
vários pavimentos nas
laterais;
• tetos em coifa;
• Planta em cruz - Um ou
dois transeptos cruzam a
nave principal;
•Colunas são finas;
•Absides – imagens
sagradas;
•iluminação pelas naves
laterais – aspecto
sombrio;
•Abobadas de arestas;
Catedral de Trani (Itália – 1098)
•Inclusão de sinos;
Catedral de Trani (Itália – 1098)
A igreja românica é precedida por um átrio ladeado de
pórticos que faz a ligação à igreja através de um narthex.
O esquema do alçado interior das igrejas românicas faz-se
através dos elementos: coluna, feixe de pilares, abóbadas de
aresta, tribuna, clerestório.
St. Michael de Hildersheim (Alemanha – 1010/1033)
O motivo da arcada também se repete como
elemento decorativo de janelas, portais e tímpanos. As
colunas são finas e culminam em capitéis cúbicos
lavrados com figuras de vegetais e animais. Nesse estilo
destacam-se a abadia de Mont Saint-Michel, na França, e
a catedral de Speyer, na Alemanha.
A escultura românica esta
diretamente associada à
arquitetura, as estátuas-
colunas, e que se
desenvolve nos relevos de
pórticos e arcadas. A
escultura desenvolveu-se
com um caráter
ornamental, onde o espaço
em branco dos frisos,
capitéis e pórticos é
coberto por uma profusão
de figuras apresentadas de
frente e com as costas
grudadas na parede. As
imagens encontradas são
as mais diversas, desde
representações do Fachada da igreja colegiada de Notre-
demônio, até personagens Dame-la-Grande (Poitiers, Vienne, séc. XII)
No frontão, Cristo com símbolos evangelistas.
do Velho Testamento No segundo andar, os doze apóstolos e dois
bispos; abaixo, cenas da vida de Cristo ( ver
detalhe do banho do menino Jesus acima do
falso portal à direita).
De modo geral, são vários os elementos que definem a
arquitetura românica em suas origens: o emprego do arco
semicircular; a substituição da cobertura plana da nave
central por uma abobadada, geralmente de meio canudo
Abóboda de Berço), isto é, semicilíndrica, sustentada por
arcos semicirculares; a utilização de reforços; o predomínio
da planta em cruz latina, com três ou cinco naves, e a
subordinação dos ornamentos escultóricos e pictóricos ao
conjunto arquitetônico.
•.
O objetivo dessa estrutura era proporcionar crescente
verticalidade às igrejas, de acordo com o sentimento
espiritual da época. Para isso era preciso reduzir a espessura
das paredes, descarregando as forças dinâmicas dos
empuxos da abóbada sobre os contrafortes, os pilares e as
colunas da nave central.
Esse processo evoluiu para a abóbada de aresta, resultado
da interseção de duas abóbadas de berço, o que produzia
um espaço quadrado demarcado por quatro arcos. Assim, as
arestas compõem um xis na face inferior da abóbada,
originando quatro zonas iguais, que recebem o nome de
abas.
Tal sistema permite concentrar os empuxos em determinados
pontos, o que não ocorre na abóbada de canudo, e constituiu
a origem da abóbada de claustro, que era do tipo de aresta,
com o acréscimo de duas nervuras -- ou arcos ogivais --
diagonais, que seguiam a linha das arestas. Essa abóbada
constituiria a transição do românico para o gótico.
A arquitetura civil
românica não
desenvolveu
concepções tão
renovadoras como a
religiosa. Destacam-se
as construções
militares, os edifícios
públicos -- prefeitura
de Saint Antonin na
França -- e o albergue
do convento de Mont-
Saint-Michel, na
Normandia, construído
no final do século XI.

Le beffroi de Saint-Antonin-Noble-Val (France, Tarn-et-Garonne),


Questão
Explique segundo Bruno Zevi em “Saber ver a Arquitetura”,
qual a métrica da igreja românica e porque não pode se
considerar a arquitetura gótica uma simples continuação da
arquitetura românica. Use como auxílio desenhos e imagens.
Questão
Como isso diferenciar a Basílica Primitiva Cristã da Basílica
Românica?
Como isto difere da Arquitetura Carolíngia e Otoniana-
Como São Miguel em
Hildesheim?
Usar textos e imagens´para apoiar a sua resposta.
Bibliografia
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2003
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