Você está na página 1de 16

TRABALHO DE HISTÓRIA E CULTURA DAS ARTES

ARTE GÓTICA
EUROPA E PORTUGAL

Trabalho elaborado por


Constança Cunha
10º G
ARTE GÓTICA
EUROPA

O NASCIMENTO DO GÓTICO
Durante a 4ª Cruzada deu-se a conquista de Constantinopla, Capital do
Império Bizantino. Quando os Cruzados lá chegaram defrontaram-se com
uma cidade muito mais desenvolvida do que qualquer cidade Ocidental.
Seguidamente desenvolveram-se importantes rotas comerciais entre o
Oriente e a Europa Ocidental. Assim, cidades (burgos) das atuais Itália,
Bélgica, França, Inglaterra e Alemanha converteram-se em importantes
centros comerciais e mercados financeiros.
Assim, nasceu uma economia de mercado e, com esta surgiu uma nova
elite social, a Burguesia.
A Burguesia, especificamente, os habitantes do Burgo, isto é, da cidade,
com a aquisição do poder económico tornou-se culta e disputou privilégios
e estatuto social que até então tinham sido exclusivos da nobreza e do
clero. O espírito da época estava a mudar e a arte refletiu essa mudança.
Assim, a partir do sec. XII a eclosão Gótica, manifestou-se na Catedral.
Símbolo das Cidades, igreja urbana por excelência, obra e expressão de
toda a comunidade.

Catedral de Notre Dame – Paris

Catedral de Milão – Itália Catedral de St. Lorenz – Nuremberga / Alemanha


Há, no entanto, a perceção de um paradoxo. Se por um lado o novo estilo
emergente, o GÓTICO, se concretiza em Deus, com a construção de
Catedrais, por outro a sociedade manifesta uma tendência de mudança de
mentalidade, cultivando um espírito mais laico, mais racional e mais aberto
ao Mundo.
O conhecimento deixou de ser um património exclusivo dos mosteiros para
passar a ter um caráter laico e secular. Estes fatores favoreceram a
fundação das universidades nas cidades, que inicialmente fizeram parte
integrante das catedrais. As primeiras Universidades Europeias a serem
fundadas foram a de Bolonha (1088), de Paris (1090) e a de Oxford
(1096).

A CATEDRAL
A Catedral foi o resultado do esforço das populações e a expressão
autêntica da vida comunitária da região. É a afirmação do poder da cidade
e da capacidade empreendedora do homem medieval.
Na Catedral a “Igreja que recebia o trono do Bispo” – A Cathedra, era tanto
o centro da autoridade espiritual como o centro do poder temporal, poder
eclesiástico e laico.
Os bispos administraram a diocese enquanto os burgueses financiavam a
sua construção, mas para aqueles que a criaram e construíram, as
Catedrais eram símbolos eternamente dirigidos ao Divino.

ARQUITETURA GÓTICA
Arte urbana e ocidental o Gótico marcou o nascimento de um nova
conceção do Homem, do mundo e de Deus. Exprimiu-se sobretudo na
arquitetura e caracterizou-se pela:
- inovação das técnicas;
- inovação dos processos construtivos, nomeadamente o arco
ogival, da abóbada de cruzaria de ogivas e os arcobotantes; e
- novo entendimento do espaço e da luz.
A arquitetura gótica nasceu a partir das obras na abadia de Saint-
Denis na Île-de-France orientadas pelo abade que traçou aquele que seria
o modelo da arquitetura gótica. Não se cabendo na Igreja em dias de festa,
a solução óbvia era aumentá-la. Para a reforma, o abade Suger queria
demolir as pesadas paredes,
aumentar as diminutas janelas e
dispersar a escuridão geral. Assim,
imaginou um interior onde se
fluiria livremente pelo espaço, sem
divisões, onde as paredes seriam
extremamente delgadas e onde,
principalmente, a luz de Deus
preencheria a igreja de maneira
figurada e literal.
Quando Suger reconstruiu a
fachada, a cabeceira, as naves e o
coro da igreja de Saint Denis
(1137-44), segundo essa linha,
inventou o estilo gótico. A obra
foi deixada na mão do arquiteto
Pierre de Montreil. Depois da obra
da abadia de Saint-Denis (Notre
Dame de Paris), a arquitetura
gótica difundiu-se por toda a Europa. Fachada da Catedral de Notre Dame - Paris

ASPETOS DO ESTILO GÓTICO


Os aspetos mais proeminentes do estilo gótico
são a Verticalidade, o Arco ogival, a Abóbada
de cruzaria de ogivas, o Arcobotantes e os
Vitrais, usando também as Rosáceas.

Apresentando uma enorme VERTICALIDADE


e uma intensa luminosidade interna a
catedral retrata um tipo de paraíso divino.
Os diferentes elementos que contribuem para
acentuar a sua verticalidade vão do Fuste das
colunas às nervuras das abóbadas, das ogivas
dos arcos e das janelas às linhas verticais dos
contrafortes aos Arcobotantes e pináculos.
Nave de Catedral de Milão (45m)
O uso de VITRAIS que permitiram
entrada de muito mais luz dentro
da Igreja. Os vitrais, com a
velatura colorida da luz,
contribuem para a manutenção de
um ambiente místico e
transcendente.

Vitrais de Clerestório

Aspeto da luz na Nave Central da Catedral de Notre Dame - Paris

Os tetos foram construídos


em ABÓBADAS DE CRUZARIA
DE OGIVA com arcos ogivais
e paredes finas e altas. A
Abóbada de Cruzaria de
Ogivas é formada por dois
arcos ogivais que se cruzam na
diagonal e transmitem o
impulso a quatro pontos.
Notre Dame de Paris
O PESO DA ABÓBADA é descarregado nas
nervuras e conduzido aos pilares
cruciformes e aos arcobotantes que
assentam o peso nos contrafortes. A
vantagem do arcobotante é, assim,
permitir construir naves muito mais altas
com estabilidade.

Corte transversal dos primeiros arcos e contrafortes de apoio


da nave da Catedral de Notre Dame (século XIII)

O ARCO OGIVAL é formado por dois segmentos de


círculo que se intersetam. Devido à sua verticalidade,
as cargas que exercem são menores do que as do
arco de volta perfeita (usado no românico).

Catedral de Lincoln - Inglaterra

A FACHADA, ladeada por duas torres


lembra um movimento ascensional
patente na “porta do céu” - o portal
ocidental e a iconografia do seu
tímpano corresponde à conceção do
Mundo na época em que a
glorificação de Cristo e de Maria se
junta à representação de profetas e
reis, simbolizando o governo
temporal e espiritual. Catedral de Amiens
EXPANSÃO DA ARTE GÓTICA

A partir da Île-de-France o gótico difundiu-se por toda a Europa,


apropriando-se das características regionais do que foi chamado de “Gótico
Internacional”. Assim o estilo foi exportado de França para Alemanha,
Inglaterra, Itália, Espanha e Portugal.
Nesta expansão são distinguidas quatro fases de evolução:

GÓTICO PRIMITIVO (1140/1190)

Refere-se às primeiras aplicações do sistema estrutural gótico na Abadia


de Saint-Denis,
Notre Dame de
Paris, atrás
exposto.
De forma sucinta
caracteriza-se por
uso do Arco
Quebrado ou Arco
Ogival, Abóbada de
Cruzaria de Ogivas
e uso do
Arcobotante. São
catedrais que tem,
também, naves
laterais e janelas
altas. Exemplo
deste gótico
Primitivo são, as
catedrais de Sens,
Noyon e Laon, para
além das aplicações
do sistema a Saint
Denis. Fachada da Catedral de Laon – França (1160/1230)
GÓTICO CLÁSSICO (1190/1240)

No período que é apelidado de Gótico


Clássico, séc. XIII, dá-se o amadurecimento
do sistema estrutural com a normalização da
utilização da abóbada de cruzaria e do
arcobotante, paredes mais delgadas,
supressão das tribunas, arcadas e naves
mais altas e a integração de arcobotantes
duplos que permitem maior verticalidade
nos janelões. Exemplos são as catedrais de Chartres, Brouges, Reims e
Amiens

Catedral de Reims vista de Noroeste

GÓTICO RADIANTE – (1240/1350)

Este período caracteriza-se pela expansão do estilo pela Europa, com o


aparecimento das variantes locais. Uso de decoração mais complexa.
Janelas cada vez mais altas e maiores, uso aumentado de vitrais e grandes
rosáceas.
Catedral de Colónia - interior

Rosácea Radiante – Catedral de Notre Dame


GÓTICO FLAMEJANTE – (1350 – 1520)

É já um Gótico tardio que se afirma sobretudo em França e Alemanha.


Caracteriza-se por intensa decoração com motivos ondulantes de curvas
e contracurvas e uma exuberante profusão ornamental.

Fachada da Catedral de Rouen


GÓTICO EM PORTUGAL

Os primeiros sinais do estilo gótico em Portugal foram no reinado de D.


Sancho II ( 1223-1248). O estabelecimento, no território, da Ordem de
Cister e das ordens mendicantes dos Dominicanos e Franciscanos
favoreceu ao difusão do novo
estilo, que entrou pelo sec. XVI,
quando, na Europa, já se
consolidara o Renascimento.
A primeira fase do Gótico Nacional,
com escassez de recursos
materiais e influencia das ordens
religiosas, tem caracteristicas
eminentemente rurais e
monásticas. Formas simples e
modestas, de acordo com a
austeridade das suas regras.
Construções sobrias com portal
único, com rosácea sobreposta e
cobertura em madeira aplicando-se
as abóbadas nervuradas apenas à
cabeceira, com 3 a 5 capelas.

Catedral de Évora (transição do Românico

para o Gótico – 1186/1267/1283)

O período mais importante do Gótico em Portugal foi desenvolvido durante


a Dinastia de Aviz. O mosteiro da Batalha, mandado erguer por D. João I,
em cumprimento de um voto feito antes de enfrentar o exército castelhano
na Batalha de Aljubarrota. Uma das principais realização arquitetónicas do
séc. XV. A sua fachada constitui o ponto mais alto do gótico flamenjante
no panorama da arquitetura portuguesa. De planta octogonal, é encimada
por uma cúpula com abóbada de nervuras que forma uma estrela de oito
pontas. Encontram-se neste panteão o grandioso túmulo de D. João I e D.
Filipa de Lencastre, com os seus belos jacentes adormecidos sobre duplo
baldaquino flamejante. As chamadas Capelas imperfeitas contrastam a
riqueza da ornamentação com a sobriedade e simplicidade do resto do
templo.

O termo Manuelino,
divulgado por Almeida Garret e
criado por por Francisco Adolfo
Varnhagen na sua Notícia
Histórica e Descriptiva do
Mosteiro de Belém, de 1842,
refere-se a um tipo de gótico
florido, vindo a caracterizar o
que seria um estilo
especificamente portugues que
se desenvolveu no reinado de
D. Manuel (reinado 1495 –
1521)

Janela Manuelina da Casa Costa Barros – Viana


do Castelo
É uma variação portuguesa
do Gótico final, bem como da arte
luso-mourisca, marcada por uma
sistematização de motivos
iconográficos próprios, de grande
porte, simbolizando o poder régio.

Janela da Casa do Capítulo. Convento de Cristo –


Tomar

A característica dominante do
Manuelino é a exuberância de formas
e uma forte interpretação naturalista-
simbólica de temas originais, eruditos
ou tradicionais. A janela, tanto em
edifícios religiosos como seculares, é
um dos elementos arquitetónicos onde melhor se pode observar este
estilo. Estes motivos aparecem em construções, pelourinhos, túmulos ou
mesmo peças artísticas, como em ourivesaria, de que a Custódia de Belém

Claustro e Jardim do Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa

é um exemplo. O conjunto decorativo de um elemento escultórico


manuelino apresenta-se quase sempre como um discurso de pedra, onde
diversos elementos e referências se cruzam. Os motivos mais frequentes
da arquitetura manuelina são a esfera armilar, motivos náuticos e
marítimos e elementos naturalistas: corais, algas, alcachofras, pinhas,
animais vários e elementos fantásticos, sereias, gárgulas.

Claustro do Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa


FONTES

https://pt.wikipedia.org/wiki/Catedral_de_Mil%C3%A3o#/media/Ficheiro:Milan_Cathedral_from_P
iazza_del_Duomo.jpg

https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enPT832PT832&sxsrf=AJOqlzX6yfvXZLOl9MGy_iUib
CcvDKJKYA:1678557954997&q=cATEDRAL+DE+nUREMBERGA&tbm=isch&chips=q:catedral+de+nur
emberga,online_chips:catedral+g%C3%B3tica:VipUx96Elqs%3D&usg=AI4_-
kSAujg_zHdO_OoBiuDphLD3H7BvAA&sa=X&ved=2ahUKEwiYu5HVu9T9AhV3gP0HHVIXBlYQgIoDKAF
6BAgJEBU&biw=1600&bih=757&dpr=1#imgrc=t0y8uJTVrj0wHM

https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/saiba-reconhecer-os-principais-elementos-da-
arquitetura-gotica/

http://blogerinformation.blogspot.com/2014/02/a-cultura-da-catedral.html

https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-medieval/arte-gotica/

https://arteref.com/arquitetura/arquitetura-gotica/

https://www.flickr.com/photos/sigrid_chile/14213677668

https://www.glosarioarquitectonico.com/glossary/tribuna/

Você também pode gostar