ARQUITETURA GÓTICA

AGUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTA MARIA DA FEIRA

HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES
ABRIL de 2021
 ARQUITETURA GÓTICA
 A Arquitetura gótica desenvolveu-se a partir do século XII e foi
considerada, como a mais espetacular de toda a Idade Média.

 A Catedral era símbolo do poder político-religioso de reis, bispos e

senhores das cidades.

 A Arquitetura gótica não representa um estilo inteiramente novo, mas

um ponto de chegada de contínuos aperfeiçoamentos técnicos e
estéticos, feitos ainda por construtores românicos.

 Iniciou-se na região noroeste da França e depois foi difundida pelos

artesãos medievais, concedendo alguma uniformidade técnica e estética
às construções europeias. Essa uniformidade foi desvirtuada pelas
especificidades das escolas alemã e inglesa.

Igreja da abadia de S. Denis, França, reformada

pelo abade de Suger no séc. XII.
Aí se inicia o estilo gótico
O QUE MUDOU DESDE O ROMÂNICO?
CATEDRAL PARA LOUVAR OS HOMENS E DEUS

Catedral de Amiens à
esquerda
Catedral de Chartres à
direita
AS PRINCIPAIS INOVAÇÕES DA ARQUITETURA
GÓTICA

ARCO OGIVAL – resulta de 2 segmentos de circunferência

traçados a partir de 2 centros, que, ao encontrarem-se, formam
um ângulo em perfil de ogiva.

Vantagem – mais elástico e flexível, reduz a pressão lateral sobre

as paredes, criando novas formas de cobertura (abóbadas de
cruzaria de ogivas)
Abóbadas de cruzaria de ogivas – permitem uma melhor distribuição das forças ou pesos
construtivos, sendo mais fáceis de sustentar.
Estas abóbadas mais dinâmicas, adaptaram-se a espaços mais amplos, permitindo aumentar as áreas
das construções e construir naves mais altas.
 Abóbada de Cruzaria Sexpartida Ogivas diagonais
Arco toral

Arcos formeiros
Abóbadas de cruzaria
de ogivas, com nervuras

Abóbadas estreladas
Abóbadas de leque,
características do gótico
inglês
Meio arco construído por
cima da cobertura das Corte de uma Igreja Gótica,
naves laterais entre os onde são visíveis as
extradorsos das naves principais inovações do
centrais e os botaréus.
estilo
 Arcobotantes

Contrafortes
LEGENDA:

A – Nave central

B – Nave lateral

C- Pilar

D – Arco quebrado

E – Abóbada de ogivas

F – Fecho de abóbada

G – Contraforte/Botaréu

H – Arcobotante

I - Vitral
 PILARES

No gótico, os pilares situam-se na continuidade dos arcos de cobertura e descarregam as forças para o chão. Do
simples pilar cilíndrico ou quadrado, adossado por 4 colunelos, evoluiu-se para pilares rodeados por um número
cada vez maior de colunelos – os pilares fasciculados.
A evolução dos pilares traduz a crescente evolução técnica do sistema construtivo gótico.
 COMPLETA A LEGENDA
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UMA NOVA ESTÉTICA
Catedral de Santiago de Compostela, nave central
 UMA NOVA ESTÉTICA
- Aumentou a altura das abóbadas

- Pilares e colunelos mais delgados

- Acentuação da verticalidade

- Espaços internos mais amplos

- Paredes libertas do seu papel de suporte, passando a delimitar

e proteger espaços

- Interiores iluminados (melhor aproveitamento da luz) devido

aos vitrais

Nova atmosfera ambiental, luminosa, transcendental, mística e

simbólica.
 DO ROMÂNICO AO GÓTICO
O QUE MUDA AO NÍVEL DA PLANTA?

Planta de Notre-Dame de Paris

 Villard de Honnecourt, 1200-1250
Conhecido mestre de obras (na altura integrava o trabalho do arquiteto), ficou conhecido pelo desenhos de
muitos projetos arquitetónicos.
 Desenhos de Villard de Honnecourt, 1200-1250

Conhecido mestre de obras (na altura integrava o trabalho do arquiteto), ficou conhecido pelo desenhos de muitos
projetos arquitetónicos.
 FASES DO GÓTICO

Elaborado a partir da Île-de-France (arredores de Paris), em meados do século

XII, o Gótico alastrou pela França e difundiu-se por toda a Europa, ao longo dos
séculos XIII e XIV.

Fases evolutivas do Gótico:

 “Gótico Primitivo” – refere-se às primeiras experiências realizadas em Saint-

Denis e Notre-Dame de Paris, continuadas nas catedrais de Sens, Noyon e
Laon.

 Algumas destas Catedrais foram construídas no alçado interno da nave

principal, com 4 níveis (arcadas, tribuna, trifório, janelas clerestóricas).

Igreja da abadia de S. Denis, França, reformada pelo abade de

Suger no séc. XII.
Deambulatório de Saint- Denis, construído pelo abade Suger e interior da nave
Planta de Saint- Denis
 Notre-Dame de Paris

Vídeo na Khan Academy

Cabeceira de Notre-Dame de Paris
 Notre-Dame de Paris

Nave com 33 metros de altura, alçado com tribuna

Notre-Dame de Laon,

Nave central com 4 níveis:

Arcadas

Tribuna

Trifório

Janelas clerestóricas
Gótico Clássico ou pleno – período de amadurecimento do sistema estrutural gótico. As paredes adelgaçam-se e
suprimem-se as tribunas, existindo apenas um trifório baixo

Catedral de Chartres
Catedral de Reims, nave com 38 m
Catedral de Reims, pormenor da fachada
Catedral de Reims, decoração do gablete com representação da coroação da Virgem
Catedral de Reims
CASO PRÁTICO – NOTRE-DAME DE AMIENS
1220-1280

A catedral de Notre Dame de Amiens representa o apogeu do chamado

“Gótico Clássico” e é considerada a mais perfeita catedral francesa.

Vídeo na Khan Academy

 CASO PRÁTICO – NOTRE-DAME DE AMIENS
1220-1280

Direção da obra: Início dos trabalhos sob a direção do Bispo

Evrard de Fouilly, em 1220.

Até 1228, condução das obras pelo arquiteto Robert de

Luzarches.

Seguiu-se-lhe Thomas de Cormont, até 1258, ano em que foi

substituído pelo seu filho Renaud de Cormont, até à
conclusão das obras.

Materiais: Pedra calcária de granulado grosso nas paredes e

elementos estruturais;
Monumento classificado como Património Mundial da
UNESCO, em 1981. pedra calcária fina nas esculturas; vidros coloridos nas
janelas.

Localização: Amiens, região da Picardia, França. Na ornamentação das talhas escultóricas e restantes trabalhos
foram utilizadas técnicas próprias dos diferentes ofícios.
O crânio de S. João Batista, trazido da
Palestina pelos cruzados, é uma das relíquias
da catedral.
 Aspetos formais  A abóbada ogival gótica é
formada por arcos sobre os
O sistema construtivo de Amiens aplica os princípios
quais assenta o casco (o
arquitetónicos característicos da arquitetura gótica:
enchimento) da abóbada de
→Cobertura em abóbada de cruzaria de ogivas, suportada alvenaria, tijolo ou cantaria.
por pilares e paredes ornamentadas.
→Descarga do peso da abóbada em pilares, arcobotantes e
contrafortes. O arcobotante é um arco
A vantagem deste sistema estrutural é permitir construir situado no exterior das
naves muito altas e substituir as paredes por superfícies construções para apoiar as
envidraçadas – os vitrais. paredes e repartir o peso
do seu impulso.

 Este esqueleto estrutural

permite elevar as O contraforte é um reforço
construções, privilegiar a sua de um muro, constituído
verticalidade e conferir novas por um pilar de alvenaria,
qualidades plásticas ao para sustentar a pressão de
espaço interior, através da luz uma parede ou de um
e da cor dos vitrais. arcobotante.
Corte estrutural.
Vista sobre o transepto.
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 Aspetos Formais
Arcobotante
 As abóbadas da nave central elevam-se a 42,3 m.
Pináculo
Abóbada de
 A nave central tem uma largura de 13,7 m, e cruzaria de
ogivas
incluindo as naves laterais, Amiens tem uma largura
total de 45,7 m.

 A sensação de altura é Contraforte Clerestório

acentuada pela
entrada superior de
luz, filtrada através dos Trifório

vitrais coloridos de
clerestório, Gárgula
Arco ogival
transformando a luz
natural do sol numa
luz difusa e numa
Vitrais Pilar
atmosfera cálida.

 A esta atmosfera interior, o abade

Vista sobre o coro, com a abside
ao fundo.
Suger designou de “radiação divina”
que fazia a igreja “rejubilar de luz” e
conduzia os fiéis à exaltação mística.
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 Aspetos Formais
 A Catedral de Amiens desenvolve uma planta
tradicional de 3 naves até ao transepto. Portal norte

 Apresenta um “falso” transepto deslocado para o Transepto

Deambulatório
centro, fazendo “desaparecer” a forma tradicional de
cruz latina. Coro

Nave central
Altar-mor

Capela-mor
de Notre-Dame
Portal
ocidental

Capelas radiantes
(absidíolas)

Naves laterais

Cruzeiro
Portal sul

 Entre o cruzeiro e a cabeceira o espaço é muito mais O deambulatório integra as capelas radiantes (absidíolas) e,
abrangente e incorpora um coro diante do altar-mor. no centro, a capela-mor dedicada à Virgem Nossa Senhora
(Notre-Dame).
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A Catedral de Amiens contém o maior interior medieval de toda a Europa Ocidental, apoiado por 126
pilares

Nave interior de Amiens, 42 m. Naves todas com abóbada de cruzaria de ogivas, sustentadas por pilares fasciculados, altos e finos
A decoração interior é mais sóbria que a exterior. Só os capitéis e molduras das janelas têm relevos. Os vitrais coloridos são a principal
decoração e enchem o interior de uma luz dourada.
Pórtico de
Notre-Dame
de Amiens

Tímpano com cena do Juízo final

Estatuária apoiada em mísulas e abrigada por baldaquinos

Este tipo de estatuária encontra-se também em botaréus,

terminados em pináculos rendilhados.
Estatuária apoiada em
mísulas e abrigada por
baldaquinos
 FACHADA
Galeria aberta, conhecida Arcadas cegas com estátuas dos Reis de
como do Sonneurs França, equiparados aos reis de Judá.

Janelões abertos em arcada, revestidos por

Atrás de cada gablete vitrais.
existe uma rosácea Tímpano com cenas do Juízo final.

Tímpano com cenas da vida de S.

Firmino, 1º bispo de Amiens. Tímpano com cenas da vida da
Virgem, a quem a Catedral é
Representa-se a trasladação das dedicada.
suas relíquias diante de seis
bispos sentados e de anjos
transportando vários objetos
religiosos.
 Leitura de significados
 Amiens representa uma síntese do pensamento artístico e do pensamento
medieval dos séculos XII e XIII:
→Materializa o conceito de beleza enunciado na escolástica de S. Tomás de
Aquino, fundado na razão do número, ordem e proporção.

→O fenómeno estético da luminosidade que aqui se define reflete o conceito

teológico da mística da luz.

→A referência à verticalidade e ao impulso ascensional representam o

princípio metafísico da união entre o Céu e a Terra. Portal do Juízo Final (portal central):
detalhe de galeria de santos.
 Na tradição neoplatónica medieval, a luz é símbolo de beleza e de verdade
divinas.

 A luz Identifica-se com o espírito como energia cósmica e como força criadora.

 Uma das criações mais importantes do vocabulário gótico é a rosácea da

fachada ocidental, tal como a rosa, símbolo de concretização absoluta e da
perfeição. Por outro lado, a rosácea também representa o Sol, Rosácea da Catedral de Amiens.
manifestação original de luz divina.

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Leitura de significados
Erguida em louvor de Deus e dos homens, a catedral gótica
exprime tanto a capacidade empreendedora e a ousadia técnica
do Homem (ao serviço de Deus), quanto o novo pensamento da
Igreja:
→A harmonização da fé com o espírito racional, ou seja, a conciliação
da fé cristã com o racionalismo clássico.

A catedral constitui, simultaneamente:

→Um exercício de exaltação mística e espiritual em louvor
de Deus.
→E a materialização dos novos conhecimentos geométricos
e matemáticos que permitem, em louvor dos homens,
elevar as naves e as torres em direção ao céu.

O portal é uma das componentes essenciais da catedral gótica:

→Correspondente à Porta do Céu, a sua iconografia

representa a glorificação de Cristo e Maria, aos quais se
juntam os Apóstolos e cenas do Juízo Final em figuras
humanizadas e expressivas.

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Catedral de Beauvais
Catedral de Beauvais

Beauvais, nave 48m

Gótico Radiante (entre 1240 e 1350) – Corresponde ao período de expansão pela Europa. Decoração torna-se
mais complexa, destacando-se as janelas altas e as rosáceas.
Sainte-Chapelle
 Sainte-Chapelle, abóbada de cruzaria de ogivas

Castelo espanhol Flor de lis

As abóbadas de nervuras em tons de azul são emolduradas por listas vermelhas. Os motivos heráldicos reais e religiosos dominam a
decoração. A flor-de-lis sobre o fundo azul simboliza a França e o seu rei; o castelo espanhol, sobre um fundo vermelho, evoca a rainha-
mãe, D. Branca de Castela.
Capela alta de Sainte-Chapelle
Gótico flamejante (gótico tardio, 1350 a 1520), afirma-se essencialmente na França e Alemanha, embora com exemplos
noutros países.
Caracteriza-se por uma decoração com motivos ondulantes, de curvas e contracurvas e grande profusão ornamental. A
decoração sobrepõe-se à estrutura.

Catedral de Colónia,
Alemanha
Catedral de Milão, Itália
ALTERAÇÕES NO EXTERIOR

 Entradas monumentais em todas as fachadas, enquadram-se em pórticos

salientes;

 Portal principal triplo, tornado mais esguio pelas arquivoltas ogivais e, em

alguns casos pelos gabletes;

 Aumento do número de torres – ladeando os portais, adossadas ao

transepto ou sobre o cruzeiro. Acentuavam a verticalidade terminando com
telhados cónicos, agulhas e pináculos rendilhados;

 Decoração exterior mais exuberante – estatuária, relevos pousam nos

tímpanos, arquivoltas, mainéis, colunelos, cornijas, arcobotantes…

 Decoração esculpida com cinzelado minucioso e pintada, a par da estrutura

irregular que aponta para o céu, materializam as preces do Homem na
procura do Além.
 O GÓTICO NOUTROS PAÍSES EUROPEUS
INGLATERRA

Gótico mais austero devido à prevalência das catedrais

monásticas de corpo alongado, menores aberturas,
cabeceiras quadradas e transeptos duplos.

No século XV evoluiu para o gótico perpendicular,

acentuando-se as linhas verticais, a utilização das
abóbadas de leque, visíveis na Catedral de Gloucester e na
Capela do King’s College, em Cambridge.

O Gótico inglês perdurou no tempo e prolongou-se até ao

século XIX, no Neogótico.
Catedral de Salisbúria.
 Catedral de Salisbúria
Catedral com planta em cruz de
lorena com dois transeptos e
cabeceira reta
Catedral de Lincoln
Catedral de Lincoln
 Catedral de Wells

Nave
central

A 1ª catedral inglesa sem influências normandas

Sala do Capítulo
Catedral de Gloucester, exemplo do Gótico Perpendicular
Capela do king's college em Cambridge
Capela do king's college em Cambridge
ALEMANHA

 Fachadas de torre
única

 Abóbadas reticuladas

 Igrejas-salão

Friburgo
 ITÁLIA

 Tendência para
horizontalidade

 Coberturas planas em
madeira

 Paredes com poucas

janelas, permitiram a
S. Francisco de Assis
continuação da prática
dos frescos.
Santa Maria Novella, Florença
Catedral de Siena
Catedral de Siena, interior
 ESPANHA

Catedral de Burgos Catedral de Barcelona

 Gótico espanhol:

- Segue o modelo francês, apesar de ser mais

decorado.

- Esta tendência leva ao surgimento do platersco

no século XV.

Catedral de Sevilha, abóbada estrelada

ARQUITETURA CIVIL

Palácio Ducal de Veneza

Palácio Ducal de Veneza
Palácio Ducal de Veneza
Palácio Ducal de Veneza, Detalhes
Palácio Ducal
de Veneza,
pátio com
vista da Scala
dei Giganti.
Ca D’Oro, Veneza
Palácio Vechio, Florença

Palácio Comunal, Siena