Potsdamer Platz, Berlim, de 1914, retrata a agitação da vida moderna na metrópole através de figuras distorcidas e cores vibrantes. A obra de Kirchner pretende expressar os seus sentimentos de inquietação e tormento influenciado pelo Expressionismo. Após mudar-se para Berlim em 1911 com o grupo Die Brücke, Kirchner passa a retratar temáticas urbanas grotescas através de uma pincelada nervosa.
Potsdamer Platz, Berlim, de 1914, retrata a agitação da vida moderna na metrópole através de figuras distorcidas e cores vibrantes. A obra de Kirchner pretende expressar os seus sentimentos de inquietação e tormento influenciado pelo Expressionismo. Após mudar-se para Berlim em 1911 com o grupo Die Brücke, Kirchner passa a retratar temáticas urbanas grotescas através de uma pincelada nervosa.
Potsdamer Platz, Berlim, de 1914, retrata a agitação da vida moderna na metrópole através de figuras distorcidas e cores vibrantes. A obra de Kirchner pretende expressar os seus sentimentos de inquietação e tormento influenciado pelo Expressionismo. Após mudar-se para Berlim em 1911 com o grupo Die Brücke, Kirchner passa a retratar temáticas urbanas grotescas através de uma pincelada nervosa.
GUIA DE EXPLORAÇÃO 9 Potsdamer Platz, Berlim, de Kirchner, 1914
Identificação Potsdamer Platz, Berlim, pintado em 1914.
Localização A obra encontra-se na Nationalgalerie, em Berlim. Contexto histórico e Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938) foi a principal figura da primeira cultural vanguarda expressionista, liderando o grupo Die Brü cke, fundado em Dresden em 1905. Herdeira da filosofia de Nietzsche, da fenomenologia de Husserl e do antimaterialismo de Bergson, a poética expressionista estava fortemente comprometida com a situação psicológica do Homem contemporâneo, apresentando uma pintura intensa, por vezes dramática, decorrente do mundo das emoções e das sensações interiores. Mais do que representar o mundo exterior, as suas telas deviam traduzir a expressão sensível dos seus mais profundos sentimentos através de cores vigorosas, de formas violentas e pinceladas bruscas, caracterizando uma pintura cheia de vitalidade e energia; impelidos a exteriorizar os seus estados de ansiedade, frustração ou rancor face ao mundo moderno, os expressionistas alemães converteram a obra num veículo do seu universo subjetivo, numa evocação do drama humano ou numa interpretação da relação do Homem com a sociedade. Tratava-se de rejeitar qualquer norma que impedisse uma fluida e espontânea manifestação da inspiração imediata, como registaria Kirchner no documento que assinou em 1913, Crónica da União Artística Die Brü cke: «A pintura é a arte que representa num plano um fenómeno sensível.» Materiais e técnicas Óleo sobre tela, com 2,00 m x 1,50 m. A fase mais impetuosa do trabalho de Kirchner é a de Berlim, para onde se Análise formal muda em 1911, não devendo ser totalmente alheia a influência de Munch ali estabelecido naqueles anos. De facto, as tão características «cenas de rua» que marcam a sua obra neste tempo estão carregadas de uma idêntica e impulsiva exacerbação existencial, por vezes alucinada e tenebrosa, explorando ao limite a força expressiva da cor, a deformação das linhas e a acentuação dos contrastes cromáticos. Porém, ao contrário do pintor norueguês, aqui as temáticas inscrevem-se num registo de crítica social, num sentido irónico, grotesco ou dramático da condição humana. As figuras distorcidas, os rostos como máscaras, as pinceladas agitadas e as cores cáusticas acentuam a intensidade dramática da «cena de rua», segundo Análise temática o olhar penetrante, impiedoso e cruel de Kirchner. O cosmopolitismo latente nas linhas modernas da arquitetura, a perspetiva deliberadamente desajeitada e a violência da luz contrastam com a solidez do retrato humano de figuras anónimas suspensas no tempo, sem passado nem presente. Por outro lado, o mundanismo patenteado na pujante elegância das duas prostitutas que surgem em primeiro plano não deixa de exprimir uma certa atmosfera emocional destilada da vida moderna que, em última análise, a obra Potsdamer Platz, Berlim representa. Leitura de significados A obra Potsdamer Platz, Berlim é paradigmática de um percurso de autêntica análise do «espaço psicológico» da cidade que caracterizou este período do trabalho de Kirchner. Numa linguagem plástica tão seca quanto vibrante, a tela é habitada por figuras desesperadamente silenciosas e solitárias, entregues a um destino que parece escapar-lhes, quais seres automáticos e insensíveis vagueando o seu vazio pelas ruas. Poeta da cidade, Kirchner sublimou uma figuração inovadora e plasticamente original que haveria mais tarde (1937), e muito significativamente, de ser considerada «degenerada» pelos nazis, vindo a suicidar-se um ano depois. Insolitamente, nesta imagem da cidade não deixamos de compreender, em pano de fundo, uma imagem do próprio artista. Potsdamer Platz, Berlim, Kirchner, Nationalgalerie, Berlim, 1914. Através de uma pincelada curta e fremente, quase nervosa, Kirchner reflete nos seus quadros a emoção, o tormento e a inquietação que povoou a sua vida. Influenciado pelas vibrantes cores «fauvistas», pela geometrização das formas de origem cubista e pela carga emotiva patente na obra de Van Gogh e de Munch, o trabalho de Kirchner pretende «exprimir direta e sinceramente o seu impulso criador», tal como enunciara no manifesto Crónica da União Artística Die Brü cke (1913). A partir de 1911, o grupo da Die Brü cke muda-se de Dresden para Berlim, onde vai experimentar as vicissitudes de uma metrópole moderna. A partir de então, figuras grotescas e bizarras, formas distorcidas acentuadas por cores violentas e temáticas inspiradas no submundo urbano, constituem metáforas da perturbação, ansiedade e solidão que caracterizava essa vida pretensamente moderna.