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DESENHO DE OBSERVAÇÃO

AULA 6

Prof. Péricles Varella Gomes


CONVERSA INICIAL

Nesta aula vamos abordar algumas técnicas de desenho que


seguramente serão úteis na carreira de futuros arquitetos, designers e artistas.
Não podemos restringir a aprendizagem do desenho apenas ao tradicional lápis.
Até agora focamos basicamente o desenho a lápis e o uso de borracha (ainda
que não aconselhemos o uso dela). Vamos entender algumas técnicas simples,
desde o uso do carvão até outras mais complexas, chegando ao desenho digital.
A ideia central é apresentar um leque de opções para você criar os seus
croquis de observação ou elaborar novas ideias projetuais em disciplinas futuras.

CONTEXTUALIZANDO

Você, com certeza, já ouviu falar de técnicas artísticas como aquarela,


gouache, óleo, acrílica e tantas outras. Dentro do contexto do desenho de
observação, vamos nos limitar às técnicas que valorizem o desenho, o traço, os
croquis, o claro-escuro, a luz e a sombra, sem entrar nas questões das cores.
As técnicas escolhidas são relativamente baratas, e vamos tratar daquelas que
são usadas no cotidiano das atividades visuais criativas e materiais que podem
ser encontrados em qualquer papelaria. Observe as Figuras 1 e 2 para
acompanhar a nossa reflexão na sequência.

Figura 1 – Desenho com lápis de cor I

Fonte: Acervo do autor.

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Figura 2 – Desenho com lápis de cor II

Fonte: Acervo do autor.

As Figuras 1 e 2 ilustram esta aula de forma eloquente. Veja que um


simples cubo pode ser representado de forma rápida e despretensiosa, usando
um pedaço de papel e dois lápis (um branco, e outro, marrom). Perceba as
nuances da luz e sombra, os pontos de fuga e tudo o que já aprendemos. Agora
vamos nos aprofundar em algumas técnicas simples, mas muito eficientes na
arte do desenho.
Nosso enfoque continua sendo a aprendizagem do olhar, do captar e
transmitir para o papel aquilo que enxergamos, usando materiais de boa
plasticidade. Quando recorremos a esse termo, não estamos nos referindo a
materiais de plástico, mas sim à questão das artes plásticas! Trabalhar
plasticamente significa moldar as formas de maneira que a composição e a
harmonia sejam adequadas ao que se deseja representar.

TEMA 1 – TÉCNICA DO CARVÃO

Vamos iniciar com a técnica do carvão. Ela nada mais é do que desenhar
com um pedaço de carvão, o qual permite borrar e fazer traços e manchas
vigorosas, proporcionando um trabalho plástico bem lúdico. Se usada de forma

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inteligente e criativa, a técnica possibilita fazer desenhos rápidos e expressivos.
Sempre que possível, não use a borracha – com o carvão, é praticamente
impossível recorrer a esse recurso, o que vai forçar você a perder o medo do
papel e fazer com que olhe e marque nele a essência daquilo que pretende
desenhar.
Na Figura 3, vemos um exemplo bem expressivo dessa técnica. O
desenho foi feito em menos de dez minutos, com modelo vivo. Perceba como,
ainda que seja um desenho despretensioso, as manchas evocam as luzes e
sombras e resolvem visualmente a representação do espaço e das formas.

Figura 3 – Técnica do carvão em papel canson

Fonte: Acervo do autor.

O mais interessante da técnica do carvão é que ela basicamente exige do


estudante uma coragem de sujar e de rabiscar, mas de forma criativa. O papel
pode ser de qualquer qualidade para esses exercícios – papel-jornal, sulfite,
canson etc.
Existem vários tipos de carvão nas papelarias – você pode usar até o de
churrasco, se quiser! As lojas de materiais de arte vendem lápis-carvão ou
mesmo pequenas barras de carvão, que são ótimas para desenhos como o
apresentado acima. Além do carvão, você pode comprar borrachas especiais
para essa técnica – são chamadas limpa-tipo, se parecem com chicletes e
permitem limpar devido ao fato de serem grudentas e pegajosas.

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É interessante comprar também um spray fixador, que serve como um
verniz de secagem rápida e que torna possível selar o seu desenho, evitando
que borre ao ser manuseado posteriormente. Ele pode ser fosco ou brilhante e
ser usado também em outras técnicas de desenho, como pastel e técnicas
mistas.
Um último detalhe em relação aos tipos de carvão: existe o macio, o médio
e o duro. Talvez você queira ter no seu estojo dois ou três tipos – é como ter
diferentes tipos de lápis (HB, B, 2B e 6B) –, pois cada um permite um tipo de
traço e que resulta em diferentes estilos. Evidentemente o tipo de papel a ser
usado vai exigir que você busque o carvão mais adequado.
Ainda em relação a essa técnica, convém ter um pano ou toalha de papel
para limpar as mãos à medida que você vai criando os desenhos. Vamos
exemplificar esse processo com algumas imagens a seguir.
A Figura 4 apresenta um papel em branco. Nesse caso, foi escolhido um
papel-lixa, excelente para desenho com carvão ou pastel. Lixas são de alta
durabilidade e têm um atrito ótimo para o desenho artístico.

Figura 4 – Papel-lixa como suporte para desenho a carvão

Fonte: Acervo do autor.

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A Figura 5 mostra o trabalho em andamento. Perceba que você vai
desenhar com o bastão de carvão, mas pode também usar os dedos para
espalhar o carvão e obter manchas interessantes e expressivas.

Figura 5 – Técnica do carvão sendo executada pelo professor

Fonte: Acervo do autor.

A Figura 6 mostra a composição sendo estruturada. Perceba a


plasticidade da técnica: ela permite a você rapidamente estabelecer os volumes
e espaços.

Figura 6 – Exemplo da técnica de carvão aplicada na paisagem

Fonte: Acervo do autor.

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Use o spray à vontade. Você pode criar camadas de spray durante o
exercício, em vez de fixá-lo somente ao final, o que lhe dá a possibilidade de
selar etapas do desenho e gerar nuances bem interessantes. Vamos tratar disso
mais detalhadamente na técnica do pastel.

TEMA 2 – TÉCNICA DO PASTEL

Agora vamos conhecer algumas técnicas de pastel seco mais utilizadas


pelos grandes artistas. Elas surgiram no século XVIII, principalmente por alguns
artistas impressionistas – Edgar Degas foi o mais importante e retratava
temáticas da natureza e de bailarinas e imortalizou mundialmente a técnica.
Ainda que tenha se tornado um grande mestre impressionista, as técnicas
inventadas por Degas podem ser utilizadas no cotidiano de arquitetos, designers
e também artistas. O impressionismo, como movimento artístico do início do
século XX, praticamente revolucionou a arte moderna e foi precursor de muitas
das técnicas de impressão gráfica, além de outras muitas contribuições para o
mundo contemporâneo. Na Figura 7, um dos trabalhos de Degas.

Figura 7 – Pastel de Edgar Degas

Fonte: Edgar Degas. O Tubo. 1886. Pastel no cartão, 60 x 83 cm. Museu de Orsay, Paris
(França).

Basicamente, existem duas modalidades de pastel: o seco e o oleoso.


Fáceis e baratos de serem comprados, os dois se diferenciam fundamental-

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mente pela viscosidade. Se você já deu aula e escreveu com giz no quadro ne-
gro, já usou o pastel seco. Por outro lado, se ganhou aqueles bastões para de-
senhar no colégio ou em restaurantes, também já usou o pastel oleoso. Na Fi-
gura 8, você pode observar uma pintura em pastel oleoso, e na Figura 9, exem-
plos de pastéis.

Figura 8 – Exemplo de pintura em pastel oleoso em papel canson

Figura 9 – Pastéis são vendidos separadamente ou em caixas

Fonte: Acervo do autor.

Agora, de forma simplificada, vamos entender como é simples desenhar


com esse material, cuja plasticidade é muito boa – basta aplicar a cor desejada

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à superfície. Você percebe como rapidamente pode ir criando texturas e massas
de luz e sombra que evocam nuvens, montanhas, enfim, qualquer tema sendo
observado. Note que o pigmento vai aderindo ao papel de forma generosa e logo
surge uma cena interessante e dinâmica. Ainda que não vamos estudar a teoria
da cor nesta aula, nada impede de você ir experimentando as nuances e as
combinações de cores que mais lhe agradam. Na Figura 10, é possível observar
o início de um desenho no qual é utilizada a técnica do pastel seco.

Figura 10 – Início de um desenho com técnica do pastel seco

Fonte: Acervo do autor.

Finalmente, em relação a técnica do pastel, lembre-se do grande pintor


Degas e pesquise um pouco sobre como a elevou à perfeição. Ele começava a
desenhar os contornos da composição com cores fortes. Fixava o pigmento de
maneira magistral e depois aplicava mais pastel sobre a superfície; em seguida,
aplicava fixativo novamente e continuava a pintar com pastel por cima. Isso se
repetia sucessivamente até o resultado desejado ser alcançado. Para deixar
visíveis as cores nas camadas inferiores, ele aplicava traços abertos com pitadas
de cor em inúmeras camadas até obter efeitos interessantíssimos.
Em resumo, a técnica do pastel é fundamental na formação básica de
designers e artistas, pois permite trabalhar o desenho de forma rica e rápida,
com resultados surpreendentes em pouco tempo. Você pode conferir, na Figura
11, mais um exemplo dessa técnica.

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Figura 11 – Exemplo de paisagem urbana com pastel seco – obra “Lapa”, Pa-
raná

Fonte: Lapa, Paraná, obra de Péricles Gomes, 2014.

TEMA 3 – TÉCNICAS MISTAS

Agora vamos aprender a misturar alguns materiais. Essas técnicas, deno-


minadas técnicas mistas, em nada mais consistem do que em usar vários tipos
de materiais em um mesmo desenho. A Figura 12 nos oferece um exemplo.

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Figura 12 – Criação de obra com materiais diferentes ao mesmo tempo

Fonte: Acerto do autor.

Portanto, você pode usar lápis, giz, aquarela, caneta, nanquim, enfim,
qualquer material que julgar apropriado para o que for representar. Seja criativo
e econômico e não se preocupe com as cores. Concentre-se no traço à mão
livre, nas manchas, na luz e sombra, sem se esquecer de olhar atentamente o
tema a ser desenhado; evite se distrair com conversas ao telefone ou mesmo
com redes sociais. O momento de desenhar deve ser sagrado, no sentido de você obter
o máximo de concentração. Se você conseguir isso, vai desenhar bem qualquer
tema proposto; vai descobrir que desenhar é muito fácil, basta olhar e enxergar
de verdade.
O desenho a seguir (Figura 13) foi feito em um papelão de 30 cm x 40 cm
com lápis 2B, canetas hidrocores para criar manchas que definem as árvores,
casas, nuvens e assim por diante. Na sequência, foi utilizada uma caneta preta
esferográfica para começar a trabalhar nos detalhes. Com vistas a dar escala
humana, algumas pessoas foram desenhadas de forma gestual, dando um
pouco mais de vida aos croquis. Em alguns momentos, os dedos foram usados
para espalhar os pigmentos, gerando algumas nuances interessantes. Tudo isso
levou 30 minutos!

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Figura 13 – Exemplo de técnica mista em papelão 30 cm X 40 cm

Fonte: Acervo do autor.

Uma técnica fácil e eficiente é usar somente uma caneta esferográfica,


objeto facilmente presente em nosso cotidiano – veja um exemplo na Figura 14.
Você pode gerar croquis em cadernos, guardanapos de papel, toalhas de
restaurante, para se expressar enquanto espera no consultório do dentista, na
piscina ou em qualquer lugar em que esteja. Isso se aplica também com canetas
hidrocores (Figura 15). Deixe o aparelho celular no bolso e pratique o desenho
em toda oportunidade que aparecer.

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Figura 14 – Desenho com caneta esferográfica

Fonte: Acervo do autor.

Figura 15 – Desenho com caneta hidrocor – Tema Marinha

Fonte: Acervo do autor.

Vamos ver mais uma técnica, a qual consideramos muito fácil e gostosa
de trabalhar: a do pastel aquarelado. São bastões de pastel que podem ser
manuseados normalmente. Após desenhar no papel, você pode usar um pincel
e, com água, diluir o pigmento, criando uma mistura de pastel com aquarela.

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Seus desenhos se tornam muito atraentes e com vida. Confira esse processo
nas figuras 16 e 17.

Figura 16 – Desenhando com pastel aquarelado

Fonte: Acervo do autor.

Figura 17 – Usando o pincel para obter o efeito aquarela

Fonte: Acervo do autor.

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TEMA 4 – O DESENHO DIGITAL

Vamos encerrar esta aula com um tema de grande relevância para todos:
o do desenho digital. Atualmente, a imagem digital se tornou presente em todas
as mídias e redes sociais, e as carreiras de design e arquitetura podem se
beneficiar dessa verdadeira revolução digital.
Trabalhar digitalmente implica usar computadores e celulares para
desenhar. As imagens podem ser geradas diretamente em 3D ou desenhadas
em 2D na tela. Vamos aqui apenas iniciar essa discussão, uma vez que durante
sua carreira você sempre vai ter que aprender novos aplicativos. Confira, na
Figura 18, um exemplo de imagem digital.

Figura 18 – Exemplo de imagem digital

Fonte: Projeto de um restaurante no computador. Maria do Val Costa, 2018.

O desenho digital, propriamente dito, no contexto da nossa aula, pode ser


criado com canetas digitais, mas também com um mouse ou outras tecnologias
disponíveis. No entanto, a base do processo é exatamente a mesma: temos que
aprender a olhar e usar nossas habilidades manuais e de percepção para
realizar os croquis de qualidade.
Quando precisamos escolher equipamentos e aplicativos para desenhar
digitalmente, o fator mais importante sempre deve ser a facilidade de acesso.
Um aparelho celular, computador ou tablet, por exemplo, são essenciais.

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Para começar a desenhar rapidamente, o melhor software pode ser
aquele que você já domina e pratica no dia a dia. Muitas vezes, queremos
complicar a vida; na verdade, estamos quase sempre arranjando desculpas para
não desenhar (tanto no papel como no computador). Portanto, comece já a
praticar a arte digital. Confira, na Figura 19, um exemplo de obra digital que tem
o estilo colagem.

Figura 19 – Obra digital no estilo colagem

Fonte: Artista Haraldo Freudenberg, 2019.

Decida qual a sua “praia” digital e nade nela. Se você gosta de desenhar
no seu “iphone X”, naquele aplicativo gratuito que alguém ensinou, ótimo. Mas
não complique a vida. Simplifique e lembre-se que menos é mais.
Tente aprender a usar um tablet (com ou sem caneta digital). Ficar na
teoria não resolve o seu problema de expressão visual. E, mais do que nunca,
vale reforçar: uma imagem vale mais do que mil palavras! Busque sempre, de
forma criativa, combinar técnicas, até mesmo desenhando em papel,
fotografando e depois importando para o mundo digital. Você poderá criar um

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estilo próprio de fazer seus croquis. Hoje em dia, mixar imagens em diversas
técnicas permite ao artista uma infinidade de resultados.

TEMA 5 – MARCADORES (MARKERS)

Uma técnica muito utilizada por designers e arquitetos é a das canetas-


marcadores (ou markers), conforme ilustrado na Figura 20. Suas características
principais são a versatilidade e a eficiência, em especial para desenhos de
produto e automóveis – ainda que possam ser utilizadas também em moda e
arquitetura e urbanismo. A vantagem dela é a capacidade de preencher grandes
áreas de seu desenho rapidamente.

Figura 20 – Exemplo de desenho com marcadores

Crédito: Julia Henze / Shutterstock.

Existem diversas opções de fabricantes de canetas-marcadores. Você


deve comprar algumas canetas avulsas para iniciar o estudo, uma vez que
estojos completos são relativamente caros; entretanto, nada impede de se
aventurar em trabalhar com diversas cores, e quanto mais você tiver, melhor vai
ser sua experiência em aprender essa técnica. Confira, na Figura 21, tipos de
canetas-marcadores.

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Figura 21 – Uma amostra de tipo de canetas-marcadores

Fonte: Acervo do autor.

Agora vamos exemplificar o uso de canetas avulsas para iniciar o estudo


dessa técnica. Aprenderemos a desenhar uma árvore usando apenas três
canetas-marcadores.
Para tanto, vamos usar uma folha de papel sulfite branco A4. As canetas-
marcadores servem tanto para definir o esboço da árvore como para preencher
as grandes áreas da forma e do fundo (no caso, árvore e céu). Note que uma
caneta de tom amarelo foi utilizada para iniciar o contorno geral da árvore, e a
partir daí foram se estabelecendo a luz e sombra e as grandes áreas dos ramos.
Todo o processo é muito rápido.
Finalmente, foi lançado o fundo azul com pinceladas rápidas e nervosas.
O resultado do trabalho pode ser visto na Figura 22.

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Figura 22 – Estudo de vegetação com canetas-marcadores

Esse é o nosso estilo de trabalhar com marcadores, e você deve descobrir


o seu. Busque na internet exemplos de outros designers e urbanistas que
desenvolvem trabalhos similares.
Evidentemente, com o passar do tempo e com a prática, você vai se soltar
e perder o medo de errar. Lembre-se de que aprender a desenhar é como
aprender a andar de bicicleta: temos que arriscar e nos machucar um pouco.
Aqui no desenho, ninguém vai se machucar; você apenas vai “desperdiçar”
algumas folhas de papel, o que não vai ser muito caro. Tente soltar a mão,
pratique a arte de rabiscar.
Aliás, a definição de desenhar vegetação é a arte de rabiscar com
elegância, respeitando a natureza da árvore a ser representada. Não tente
desenhar de memória seus temas. Busque exemplos reais, mesmo que a partir
de fotografias ou trabalhos de outros artistas. O ideal, no entanto, é desenhar
árvores ao vivo e em cores. A Figura 23 traz um exemplo de paisagem utilizando-
se canetas-marcadores.

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Figura 23 – Exemplo de paisagem com canetas-marcadores

Fonte: Acervo do autor.

Vamos a um último exemplo dessa técnica. Veja na Figura 24 como o uso


das canetas-marcadores é ótimo para preencher ou gerar grandes manchas
para estabelecer as cores e planos do desenho de uma paisagem urbana.

Figura 24 – Preenchimento de grandes áreas no desenho com marcadores

Fonte: Acervo do autor.

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NA PRÁTICA

Chegou a hora de colocar em prática todo o conhecimento que


adquirimos. Nosso trabalho de conclusão vai ser um desafio para você: criar o
autorretrato. A Figura 25 indica com clareza essa tarefa.

Figura 25 – Figura de estudante fazendo um autorretrato

Fonte: Acervo do autor.

Imagem do espelho ou selfie do celular?

Antes de iniciar o desenho, você precisa decidir se vai se olhar no espelho


ou fazer uma foto e trabalhar a partir dela. Recomendamos que use o espelho.
A parte inicial do desenho começa com a definição sobre a posição do papel:
vertical ou horizontal. A cabeça humana deve ser sempre desenhada no sentido
vertical. Trata-se, portanto, do formato retrato nas impressoras.
Estruture as proporções básicas, faça um contorno geral da sua cabeça e
inclua também pescoço e parte dos ombros, como indicado na Figura 26. Evite
fazer um “retrato falado” do estilo policial; tente algo que fique artístico.

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Figura 26 – Estruturando as proporções de uma cabeça

Fonte: Expressive Monkey.

Desenhando o verdadeiro EU (no caso, VOCÊ!)

Para desenhar o autorretrato, use tudo o que aprendeu até agora nas
fases anteriores desse curso. Você pode escolher qualquer técnica (menos
fotografia e desenho digital). Tente expressar sua verdadeira identidade.
Cuidado para não exagerar as feições para não virar uma caricatura,
conforme ilustrado na Figura 27.

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Figura 27 – Um autorretrato em estilo caricatural

Fonte: Péricles Gomes, 2007.

Tente ver você de outra forma. Tudo bem, talvez você se olhe no espelho
todo dia. Ótimo! Então vai ser muito fácil fazer um autorretrato!
Boa sorte! Procure usar no máximo 30 minutos para o desenho, e se não
ficar bom, faça outro, quem sabe usando outra técnica. Explore ao máximo a
oportunidade única de desenhar o autorretrato. Todos os artistas em algum
momento na vida fazem isso. Até Van Gogh fez um e ficou famoso.

TROCANDO IDEIAS

O desafio é você compartilhar o seu autorretrato com os colegas. A prática


de mostrar ou expor seus desenhos para uma comunidade de interesses
propicia a todos uma excelente oportunidade de criticar e ser criticado, no bom
sentido. Lembre-se de que ser estudante universitário implica saber receber
críticas dos professores e colegas e não as levar para o lado pessoal.
O processo de desenvolvimento artístico pressupõe o autoconhecimento
e a autorreflexão, que necessariamente passam pela capacidade de mostrar
seus desenhos a outras pessoas e ouvir de coração aberto as opiniões, que
poderão ser bastante diferentes.

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No desenho e na arte, ainda que possamos quantificar alguns aspectos
objetivos, estamos falando de uma ciência social aplicada, portanto não teremos
consenso em relação ao lado estético. A beleza e a estética variam de acordo
com quem critica e quem é criticado. Seja criterioso e tente sempre ser
construtivo nos comentários que fizer.

FINALIZANDO

Nesta disciplina foram apresentadas algumas técnicas simples, desde o uso


do carvão até outras mais complexas, chegando ao desenho digital. A ideia
central foi proporcionar um leque de opções para você criar os seus croquis de
observação ou elaborar novas ideias projetuais em disciplinas futuras.
Esses conceitos, se corretamente aplicados, podem trazer benefícios aos
estudantes no sentido de poderem representar visualmente não somente aquilo
que observam no cotidiano, mas também permitirem criar novas ideias e
projetos, assim como promover a criatividade interna, qualidade indispensável
para a indústria criativa do design, da arte e da arquitetura.
Desejamos a todos uma ótima jornada nesse maravilhoso universo da
representação gráfica. Lembre-se de que qualquer talento deve ser cultivado
com disciplina, curiosidade e confiança. Seja sempre proativo na sua forma de
aprender novas habilidades.

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REFERÊNCIAS

BIRCH, H. Desenhar, truques, técnicas e recursos para a inspiração visual.


Londres: Gustavo Gili, 2015.

BAJZEK, E. Técnicas de ilustração à mão livre. Barcelona: Gustavo Gili, 2019.

CERVER, F. Desenho para principiantes. Londres: Konneman, 2010.

DOMINGUES, F. Croquis Perspectivas. Porto Alegre: Nobuko, 2011.

GOMES, P. V. Os dez mandamentos – Na avaliação do Desenho de


Observação. Design Unibrasil, 2010. Disponível em:
<http://designunibrasila.blogspot.com/2010/03/os-dez-mandamentos-na-
avaliacao-do.html>. Acesso em: 25 ago. 2019.

MONTENEGRO, G. Desenho de projetos. São Paulo: Blucher, 2007.

NOGUEIRA, L. Luz e Sombra. Desenhe Tudo. [S.d.]. Disponível em:


<https://desenhetudo.blogspot.com/p/luz-e-sombra.html>. Acesso em: 25 ago.
2019.

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