Você está na página 1de 12

ILUSTRAÇÃO

AULA 2

Prof.ª Mari Ines Piekas

CONVERSA INICIAL

Agora que você já teve contato com uma breve história da ilustração e algumas áreas nas quais ela é aplicada, chegou o momento de conhecer
diferentes materiais para realizar imagens à mão livre e algumas de suas técnicas principais. Nesta aula, você iniciará a prática da ilustração com
lápis de cor e serão exercitadas técnicas com hachuras, mistura e leitura visual da cor, escala tonal ;e aplicação desse conteúdo em uma imagem
que você mesmo irá elaborar.

CONTEXTUALIZANDO

Em termos mais técnicos, para poder realizar imagens com bons resultados, é fundamental conhecer as possibilidades expressivas dos
materiais, e isso você irá obter não só com a prática, mas apreciando trabalhos dos colegas de curso, de artistas plásticos e ilustradores, também
consultando sites, lendo livros e artigos, visitando mostras e exposições. Tudo isso vai contribuir para a formação do seu repertório nessa área, do

seu estilo pessoal e sua entrada no mercado de trabalho.

Saiba mais
Para complementar esse assunto, uma sugestão é assistir ao vídeo da entrevista que Ziraldo fez com a premiada ilustradora Elisabeth
Teixeira que, na ocasião, ressalta a importância do projeto e da impressão gráfica de qualidade para se alcançar o resultado esperado da

imagem impressa. Disponível em: <-que-cada-historia-exige-a-sua-propria> .

TEMA 1 – APRENDENDO SOBRE TÉCNICAS E MATERIAIS

Na área da ilustração, existe uma variedade muito grande de estilos e técnicas, sejam elas manuais ou digitais. Nesse momento, você terá a

oportunidade de conhecer 8 dessas técnicas e perceber as suas diferenças.

1.1 ILUSTRAÇÃO COM GRAFITE

O grafite é um material muito versátil e pode ser usado tanto para estudos como para trabalhos finalizados, permitindo muitos detalhes. É
possível explorar as tonalidades em função dos vários graus de dureza, do mais duro (6H) ao mais macio (8B)

Figura 1 – Ilustração com grafite

Créditos: Mart/Shutterstock.

1.2 ILUSTRAÇÃO COM BICO DE PENA

A sua principal característica são os traços finos e delicados graças à sua ponta e à possibilidade de controle da quantidade de tinta. Para se
obter meios tons, é necessário utilizar hachuras, tipo o pontilhismo. A caneta nanquim proporciona traços semelhantes ao bico de pena.

Figura 2 – Ilustração com bico de pena

Créditos: Mashabr/Shutterstock.

1.3 ILUSTRAÇÃO COM LÁPIS DE COR


O lápis de cor é versátil e prático e permite um efeito texturizado e transparente, obtendo-se misturas e gradientes por meio de sobreposição.

Existem 2 tipos de lápis de cor: permanentes (mais secos) e aquareláveis (mais macios), sendo que estes últimos permitem o acréscimo de água
para se obter um efeito aquarelado.

Figura 3 – Ilustração com lápis de cor

Créditos: Viktoriya_Art/Shutterstock.

1.4 ILUSTRAÇÃO COM PASTEL SECO

O pastel seco é encontrado em forma de giz e lápis. É um material com grande riqueza cromática, macio e que pode ser aplicado diretamente

sobre o papel, misturando-se as cores com os dedos, esfuminho ou algodão. Isso faz com que as bordas da imagem fiquem difusas, sendo essa
uma de suas principais características. É necessário usar um fixador sobre a imagem, pois este é um material que se solta da superfície com

facilidade. Existe também a versão de pastel oleoso, porém com este não é possível misturar com os dedos.

Figura 4 – Ilustração com pastel seco

Créditos: Ivailo Nikolov/Shutterstock.

1.5 ILUSTRAÇÃO COM AQUARELA

A aquarela é uma técnica aguada e transparente que possibilita uma rica gama de cores pela sobreposição das pinceladas. Tem como
característica o bonito efeito das manchas e a grande luminosidade do branco do papel. É possível uma grande riqueza de detalhes nessa técnica,

por isso é a preferida na ilustração botânica.

Figura 5 – Ilustração com aquarela


Créditos: Tateshi/Shutterstock.

1.6 ILUSTRAÇÃO COM GUACHE

O guache pode ser considerado semelhante a uma aquarela opaca e possibilita campos de cor liso, sem manchas. A tinta costuma secar rápido,

característica que a torna atraente para ilustradores que almejam um resultado rápido.

Figura 6 – Ilustração com guache

Créditos: Ramiia Tiugunova/Shutterstock.

1.7 ILUSTRAÇÃO COM COLAGEM

Recortes de jornais, revistas, tecidos e fotografias podem se juntar numa composição improvável, porém muito atraente. Bastante utilizada na

publicidade, as colagens desafiam o olhar ao trazer elementos sem nenhuma lógica real, permitindo explorar milhões de possibilidades.

Figura 7 – Ilustração com colagem

Créditos: Evgeniya Porechenskaya/Shutterstock.


1.8 ILUSTRAÇÃO EM TÉCNICA MISTA

Não é necessário se ater em uma única técnica quando podemos usar duas ou mais para obter composições inéditas e diferenciadas. Nada
impede de se ilustrar com grafite, tinta, colagem e pastel numa só ilustração: dependerá do seu gosto e do objetivo a ser alcançado.

Figura 8 – Ilustração em técnica mista

Créditos: Ded Pixto/Shutterstock.

TEMA 2 – AULA DE PRÁTICA – TÉCNICAS DE LÁPIS DE COR

Antes de começar a sua prática de desenho e pintura, sugerimos que você tenha um local de estudos com boa luminosidade, de preferência

com luz natural vinda do lado oposto à mão que você desenha, para poder visualizar bem os traçados e cores à medida que vai realizando-os.

Recomendamos ter um sketchbook para você anotar as suas ideias. Acreditamos que os exercícios a seguir são fundamentais para que você comece

a sua prática conhecendo bem o material para depois ir avançando com suas próprias ideias.

2.1 MATERIAIS PARA ESTUDOS COM LÁPIS DE COR

Estes são materiais básicos para os exercícios apresentados nesta aula: Lápis de cor aquarelável de boa qualidade, 24 cores no mínimo; Papel

Canson para desenho 180g ou 200g A4; Papel de cores variadas (Color Plus ou Canson Color A4); Boleador; Lápis grafite 2B; Borracha branca

macia; Borracha limpa-tipos; Apontador; 1 Pincel para aquarela nº 6; Potinho com água; Papel toalha.

2.2 HACHURAS COLORIDAS SOBRE PAPEL BRANCO

As hachuras são composições feitas de linhas e traços que se repetem em determinado espaço, diferenciando-se em: tipo, quantidade, direção

e cor. Há uma gama enorme de possibilidades de hachuras na ilustração, podendo-se também variar e compor com outras técnicas.

Figura 9 – Hachuras coloridas

Crédito: Mari Ines Piekas.


Nos exemplos a seguir, observamos o uso de hachuras em uma imagem figurativa (Figura 10) e em outra imagem mais abstrata (Figura 11).

Figura 10 – Imagem com aplicação de hachuras

Crédito: Mari Ines Piekas.

Figura 11 – Composição abstrata com hachuras

Créditos: Olyamakarevich/Shutterstock.

2.3 EXERCÍCIO DE PRÁTICA 1

Com o lápis 2B, desenhe 9 quadrados de 3x3cm e um quadrado de 10x10cm, todos em uma folha de papel Canson para desenho (140g),

conforme sugestão da Figura 12. Nos quadrados menores (3x3cm), realize hachuras variadas utilizando de 3 a 5 cores. Inicie com apenas um

elemento gráfico, depois experimente outras composições com mais elementos. Utilize o lápis de cor bem apontado para maior sutileza no efeito
final e melhores resultados no conjunto. Utilize uma cor de cada vez desenhando dentro de todo o quadrado, depois troque de cor e assim por

diante. No quadrado maior (10x10cm), com o lápis 2B, realize um desenho simples com traços suaves e aplique hachuras em toda a imagem,
variando o elemento gráfico em cada área do desenho.

Figura 12 – Sugestão para o exercício

Crédito: Mari Ines Piekas.

2.4 HACHURAS SOBRE PAPEL COLORIDO

O papel colorido causa um efeito menos luminoso na imagem, porém é muito interessante também. Repita o mesmo exercício, mas agora sobre
papel de variadas cores.

Figura 13 – Hachuras sobre papéis coloridos

Crédito: Mari Ines Piekas.

Nos exemplos a seguir, observamos o uso de hachuras sobre papel colorido de uma imagem figurativa (Figura 14) e de imagem abstrata (Figura

15).

Figura 14 – Imagem com hachuras sobre papel vermelho

Crédito: Mari Ines Piekas.

Figura 15 – Imagem abstrata com hachuras sobre papel colorido (lápis de cor branco sobre papel preto)

Créditos: Olyamakarevich/Shutterstock.

2.5 EXERCÍCIO DE PRÁTICA 2

Recorte 9 quadrados coloridos de 3x3cm e 1 quadrado de 10x10cm e cole-os em uma folha A4. Aproveite para usar as cores claras do seu
estojo e comparar os resultados nos estudos. Observe os contrastes de cores, tipos de traços e a harmonia da composição.

Figura 16 – Sugestão de exercício

Crédito: Mari Ines Piekas.

TEMA 3 – MISTURA DA COR: CRIANDO SUAS CORES PERSONALIZADAS


A mistura de cores é um dos efeitos mais interessantes e atrativos do lápis de cor. Para alcançá-lo, é importante ir depositando as cores no
papel de modo suave, camada por camada, respeitando a superfície frágil do papel. O resultado dessas combinações expressa o estilo do ilustrador,
deixando a imagem mais personalizada.

3.1 DIREÇÃO DO TRAÇADO

Uma recomendação para preencher a área do desenho é fazer o traçado de modo suave, tipo “vaivém”, seguindo as 4 direções básicas:
inclinado para a esquerda, inclinado para a direita, na vertical e na horizontal. Desse modo, o resultado esperado é uma área uniforme, sem manchas

e sem riscos.

Figura 17 – Direção do traçado

Crédito: Mari Ines Piekas.

3.2 ORDEM DAS CORES

A ordem de aplicação da cor vai influenciar no resultado final da pintura, assim, sugerimos começar com as cores mais claras, a fim de ter mais
controle no efeito desejado. Os lápis de cor possibilitam muitas misturas, porém, para se chegar a bons resultados, deve-se ter o cuidado de não

fechar os poros do papel para que seja possível explorar os interessantes efeitos óticos dessa técnica. Observe na Figura 18 a textura granulada do
papel em harmonia com as cores depositadas pelo lápis.

Figura 18 – Efeitos cromáticos obtidos com a mistura de cores

Crédito: Mari Ines Piekas.

3.3 EXERCÍCIO DE PRÁTICA 3

Com o lápis 2B, desenhe dois quadrados de 10x10cm em uma folha de papel Canson para desenho (140g). No primeiro quadrado, faça um

quadriculado de 2x2cm. Exercite a mistura de cores variadas em cada quadradinho (por ex.: vermelho, amarelo e verde), repita alguma cor se você
desejar, traçando em várias direções, até chegar no resultado que você espera. Lembre-se que quanto mais experiências com cores, mais o seu
repertório aumentará. No quadrado em branco da direit,a realize um desenho simples, figurativo ou abstrato e aplique a técnica de mistura de cores.

Figura 19 – Sugestão de exercício


Crédito: Mari Ines Piekas.

3.4 EFEITO DE LINHAS BRANCAS COM GRAVAÇÃO DO PAPEL

Com um boleador (instrumento tipo uma caneta, porém sem tinta na ponta), você poderá criar efeitos muito interessantes no seu desenho.
Exercite fazendo uma imagem a lápis com traços suaves no verso do papel Canson, lado que tem a textura mais lisa. Passe o boleador sobre as

linhas do desenho pressionando significativamente, a fim de marcar o traço no papel. Explore as hachuras. Depois disso, passe o lápis de cor com
cuidado para a ponta não entrar nas linhas. Misture cores para enriquecer seu desenho. A Figura 20 mostra uma imagem com a técnica de gravação.
Experimente também usar uma caneta gel (tipo Posca) para fazer as linhas brancas sobre o desenho.

Figura 20 – Linhas brancas

Crédito: Mari Ines Piekas.

TEMA 4 – LEITURA DA COR

Saber fazer a leitura da cor do objeto a ser ilustrado é um exercício fundamental, principalmente para realizar imagens realistas e científicas.

Para alcançar esse domínio, é preciso praticar muito a percepção das cores do objeto juntamente com a prática manual.

4.1 EXERCÍCIO DE PRÁTICA 4

Faça um quadrado de 15x15cm em um papel Canson A4 140g e com um lápis 2B desenhe com traços leves a borboleta, conforme a referência.

Analise as cores que compõem a imagem e comece aplicando pelas cores mais claras, em camadas suaves e em várias direções. Aplique a cor preta
por último. Obs.: Lembre-se de preservar a textura do papel, não saturando a imagem.

Figura 21 – Borboleta

Créditos: Suns07butterfly/Shutterstock.

Figura 22 – Sugestão de exercício


Crédito: Mari Ines Piekas.

TEMA 5 – VALORES TONAIS

Entender e saber utilizar a escala de valores tonais é fundamental para o ilustrador, e um bom exercício é observar como isso ocorre à nossa

volta, seja em relação à natureza, às pessoas ou mesmo aos objetos. Observe sempre de onde vem o foco de luz principal e como este os atinge, ou
seja, onde ocorrem as áreas de luz, sombra e meios tons. Quando estamos tratando do conjunto de valores tonais do objeto, designamos isso de

sombra própria, e quando a sombra reflete na superfície, chamamos de sombra projetada.

Figura 23 – Objeto com áreas de luz, sombra e meios tons (sombra própria) e superfície com sombra projetada

Créditos: Waseber/Shutterstock.

5.1 EXERCÍCIO DE PRÁTICA 5

Com o lápis 2B, desenhe dois quadrados de 10x10cm em uma folha de papel Canson para desenho (140g). No primeiro quadrado, faça um
quadriculado de 2x2cm, conforme a sugestão da Figura 25, e pinte uma escala tonal com 5 cores, sendo 1 cor em cada coluna.

Figura 24 – Escala tonal

Crédito: Mari Ines Piekas.

No quadrado da direita, faça um desenho de um objeto tridimensional com traços bem suaves e pinte o desenho dando atenção à representação
de luz, sombra e meios tons, buscando dar a impressão de tridimensionalidade. No final do trabalho, use a borracha limpa-tipos para retocar e
clarear as áreas que precisarem.

Figura 25 – Sugestão de exercício

Crédito: Mari Ines Piekas.

5.2 EFEITO AQUARELADO

Para esta técnica, o lápis de cor deve ser necessariamente do tipo aquarelado, sendo assim, após colorir suavemente o papel, passe água

lentamente com pincel macio em cada parte do desenho, separadamente, para que a foram da imagem não fique borrada. Dissolva o lápis de cor até
sumir a linha do traçado. Importante: aguarde secar cada parte antes de pintar a próxima, verificando contra a luz se há ou não o brilho da água, o
que indica que o papel ainda está molhado. Não se deve conferir isso com o dedo para não marcar a superfície da imagem.

Figura 25 – Desenho com efeito de textura e efeito aquarelado

Crédito: Mari Ines Piekas.

Saiba mais

Os materiais artísticos se dividem em três categorias: para crianças, para estudantes de arte e para profissionais, sendo que a qualidade

com que são fabricados os diferencia em valores e em possibilidades gráficas, principalmente em relação aos pigmentos e resistência à luz.
Além dos tipos de lápis, tintas, pincéis etc., é preciso também escolher bons papéis para a realização dos trabalhos, como os da Canson,

disponível em <https://pt.canson.com.> Atualmente há uma grande oferta de materiais artísticos no mercado, que podem ser adquiridos em lojas
físicas ou virtuais.

TROCANDO IDEIAS

Poste os exercícios de prática no fórum, compartilhe e comente os seus resultados e os resultados alcançados pelos seus colegas de curso.

NA PRÁTICA

Para os autores Salisbury e Stylus (2012, p. 89), “na maioria dos casos, as ilustrações funcionam como um acompanhamento visual para as
palavras, uma inspiração ou auxílio para a imaginação, com o objetivo de enriquecer a experiência da leitura.” Tendo essa informação em mente,
escolha um texto que você goste e realize uma ilustração com lápis de cor inspirada nele e explore as técnicas que você aprendeu na aula.

FINALIZANDO

Em função da ilustração ser um tipo de trabalho realizado para um fim específico, as imagens, depois de prontas, são digitalizadas e editadas,
podendo receber vários tratamentos, como efeitos especiais, recortes, limpeza etc. por meio de programas próprios para edição de imagens.
Consulte o seu sketchbook, escolha imagens que você rabiscou e finalize as que são mais interessantes, aplicando os conteúdos que você aprendeu

na aula. Pratique também o mesmo desenho em várias técnicas e materiais e experimente misturar estilos e traços! Comece a elaborar o seu
Portfólio digital incluindo as melhores imagens que você realizou, não esquecendo de colocar na legenda o material utilizado e a data. Bom trabalho!

REFERÊNCIAS

DALLEY, T. The complete guide to illustration and design: techniques and materials. Oxford: Phaidon, 1980.

MARTÍN GABRIEL. Fundamentos do desenho artístico: aula de desenho. 2. Ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014.

MAYER, Rh. Manual do artista: de técnicas e materiais. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Martins Fontes, 2015.

OCVIRK, O. G. et al. Fundamentos de Arte: Teoria e Prática. 12. ed. São Paulo: Bookman, 2013.

SALISBURY, M.; STYLES, M. Livro infantil ilustrado: a arte da narrativa visual. Tradução de Marcos Capano. 1. ed. São Paulo: Rosari, 2013.

Você também pode gostar