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AULA 2
CONVERSA INICIAL
Agora que você já teve contato com uma breve história da ilustração e algumas áreas nas quais ela é aplicada, chegou o momento de conhecer
diferentes materiais para realizar imagens à mão livre e algumas de suas técnicas principais. Nesta aula, você iniciará a prática da ilustração com
lápis de cor e serão exercitadas técnicas com hachuras, mistura e leitura visual da cor, escala tonal ;e aplicação desse conteúdo em uma imagem
que você mesmo irá elaborar.
CONTEXTUALIZANDO
Em termos mais técnicos, para poder realizar imagens com bons resultados, é fundamental conhecer as possibilidades expressivas dos
materiais, e isso você irá obter não só com a prática, mas apreciando trabalhos dos colegas de curso, de artistas plásticos e ilustradores, também
consultando sites, lendo livros e artigos, visitando mostras e exposições. Tudo isso vai contribuir para a formação do seu repertório nessa área, do
Saiba mais
Para complementar esse assunto, uma sugestão é assistir ao vídeo da entrevista que Ziraldo fez com a premiada ilustradora Elisabeth
Teixeira que, na ocasião, ressalta a importância do projeto e da impressão gráfica de qualidade para se alcançar o resultado esperado da
Na área da ilustração, existe uma variedade muito grande de estilos e técnicas, sejam elas manuais ou digitais. Nesse momento, você terá a
O grafite é um material muito versátil e pode ser usado tanto para estudos como para trabalhos finalizados, permitindo muitos detalhes. É
possível explorar as tonalidades em função dos vários graus de dureza, do mais duro (6H) ao mais macio (8B)
Créditos: Mart/Shutterstock.
A sua principal característica são os traços finos e delicados graças à sua ponta e à possibilidade de controle da quantidade de tinta. Para se
obter meios tons, é necessário utilizar hachuras, tipo o pontilhismo. A caneta nanquim proporciona traços semelhantes ao bico de pena.
Créditos: Mashabr/Shutterstock.
Existem 2 tipos de lápis de cor: permanentes (mais secos) e aquareláveis (mais macios), sendo que estes últimos permitem o acréscimo de água
para se obter um efeito aquarelado.
Créditos: Viktoriya_Art/Shutterstock.
O pastel seco é encontrado em forma de giz e lápis. É um material com grande riqueza cromática, macio e que pode ser aplicado diretamente
sobre o papel, misturando-se as cores com os dedos, esfuminho ou algodão. Isso faz com que as bordas da imagem fiquem difusas, sendo essa
uma de suas principais características. É necessário usar um fixador sobre a imagem, pois este é um material que se solta da superfície com
facilidade. Existe também a versão de pastel oleoso, porém com este não é possível misturar com os dedos.
A aquarela é uma técnica aguada e transparente que possibilita uma rica gama de cores pela sobreposição das pinceladas. Tem como
característica o bonito efeito das manchas e a grande luminosidade do branco do papel. É possível uma grande riqueza de detalhes nessa técnica,
O guache pode ser considerado semelhante a uma aquarela opaca e possibilita campos de cor liso, sem manchas. A tinta costuma secar rápido,
característica que a torna atraente para ilustradores que almejam um resultado rápido.
Recortes de jornais, revistas, tecidos e fotografias podem se juntar numa composição improvável, porém muito atraente. Bastante utilizada na
publicidade, as colagens desafiam o olhar ao trazer elementos sem nenhuma lógica real, permitindo explorar milhões de possibilidades.
Não é necessário se ater em uma única técnica quando podemos usar duas ou mais para obter composições inéditas e diferenciadas. Nada
impede de se ilustrar com grafite, tinta, colagem e pastel numa só ilustração: dependerá do seu gosto e do objetivo a ser alcançado.
Antes de começar a sua prática de desenho e pintura, sugerimos que você tenha um local de estudos com boa luminosidade, de preferência
com luz natural vinda do lado oposto à mão que você desenha, para poder visualizar bem os traçados e cores à medida que vai realizando-os.
Recomendamos ter um sketchbook para você anotar as suas ideias. Acreditamos que os exercícios a seguir são fundamentais para que você comece
a sua prática conhecendo bem o material para depois ir avançando com suas próprias ideias.
Estes são materiais básicos para os exercícios apresentados nesta aula: Lápis de cor aquarelável de boa qualidade, 24 cores no mínimo; Papel
Canson para desenho 180g ou 200g A4; Papel de cores variadas (Color Plus ou Canson Color A4); Boleador; Lápis grafite 2B; Borracha branca
macia; Borracha limpa-tipos; Apontador; 1 Pincel para aquarela nº 6; Potinho com água; Papel toalha.
As hachuras são composições feitas de linhas e traços que se repetem em determinado espaço, diferenciando-se em: tipo, quantidade, direção
e cor. Há uma gama enorme de possibilidades de hachuras na ilustração, podendo-se também variar e compor com outras técnicas.
Créditos: Olyamakarevich/Shutterstock.
Com o lápis 2B, desenhe 9 quadrados de 3x3cm e um quadrado de 10x10cm, todos em uma folha de papel Canson para desenho (140g),
conforme sugestão da Figura 12. Nos quadrados menores (3x3cm), realize hachuras variadas utilizando de 3 a 5 cores. Inicie com apenas um
elemento gráfico, depois experimente outras composições com mais elementos. Utilize o lápis de cor bem apontado para maior sutileza no efeito
final e melhores resultados no conjunto. Utilize uma cor de cada vez desenhando dentro de todo o quadrado, depois troque de cor e assim por
diante. No quadrado maior (10x10cm), com o lápis 2B, realize um desenho simples com traços suaves e aplique hachuras em toda a imagem,
variando o elemento gráfico em cada área do desenho.
O papel colorido causa um efeito menos luminoso na imagem, porém é muito interessante também. Repita o mesmo exercício, mas agora sobre
papel de variadas cores.
Nos exemplos a seguir, observamos o uso de hachuras sobre papel colorido de uma imagem figurativa (Figura 14) e de imagem abstrata (Figura
15).
Figura 15 – Imagem abstrata com hachuras sobre papel colorido (lápis de cor branco sobre papel preto)
Créditos: Olyamakarevich/Shutterstock.
Recorte 9 quadrados coloridos de 3x3cm e 1 quadrado de 10x10cm e cole-os em uma folha A4. Aproveite para usar as cores claras do seu
estojo e comparar os resultados nos estudos. Observe os contrastes de cores, tipos de traços e a harmonia da composição.
Uma recomendação para preencher a área do desenho é fazer o traçado de modo suave, tipo “vaivém”, seguindo as 4 direções básicas:
inclinado para a esquerda, inclinado para a direita, na vertical e na horizontal. Desse modo, o resultado esperado é uma área uniforme, sem manchas
e sem riscos.
A ordem de aplicação da cor vai influenciar no resultado final da pintura, assim, sugerimos começar com as cores mais claras, a fim de ter mais
controle no efeito desejado. Os lápis de cor possibilitam muitas misturas, porém, para se chegar a bons resultados, deve-se ter o cuidado de não
fechar os poros do papel para que seja possível explorar os interessantes efeitos óticos dessa técnica. Observe na Figura 18 a textura granulada do
papel em harmonia com as cores depositadas pelo lápis.
Com o lápis 2B, desenhe dois quadrados de 10x10cm em uma folha de papel Canson para desenho (140g). No primeiro quadrado, faça um
quadriculado de 2x2cm. Exercite a mistura de cores variadas em cada quadradinho (por ex.: vermelho, amarelo e verde), repita alguma cor se você
desejar, traçando em várias direções, até chegar no resultado que você espera. Lembre-se que quanto mais experiências com cores, mais o seu
repertório aumentará. No quadrado em branco da direit,a realize um desenho simples, figurativo ou abstrato e aplique a técnica de mistura de cores.
Com um boleador (instrumento tipo uma caneta, porém sem tinta na ponta), você poderá criar efeitos muito interessantes no seu desenho.
Exercite fazendo uma imagem a lápis com traços suaves no verso do papel Canson, lado que tem a textura mais lisa. Passe o boleador sobre as
linhas do desenho pressionando significativamente, a fim de marcar o traço no papel. Explore as hachuras. Depois disso, passe o lápis de cor com
cuidado para a ponta não entrar nas linhas. Misture cores para enriquecer seu desenho. A Figura 20 mostra uma imagem com a técnica de gravação.
Experimente também usar uma caneta gel (tipo Posca) para fazer as linhas brancas sobre o desenho.
Saber fazer a leitura da cor do objeto a ser ilustrado é um exercício fundamental, principalmente para realizar imagens realistas e científicas.
Para alcançar esse domínio, é preciso praticar muito a percepção das cores do objeto juntamente com a prática manual.
Faça um quadrado de 15x15cm em um papel Canson A4 140g e com um lápis 2B desenhe com traços leves a borboleta, conforme a referência.
Analise as cores que compõem a imagem e comece aplicando pelas cores mais claras, em camadas suaves e em várias direções. Aplique a cor preta
por último. Obs.: Lembre-se de preservar a textura do papel, não saturando a imagem.
Figura 21 – Borboleta
Créditos: Suns07butterfly/Shutterstock.
Entender e saber utilizar a escala de valores tonais é fundamental para o ilustrador, e um bom exercício é observar como isso ocorre à nossa
volta, seja em relação à natureza, às pessoas ou mesmo aos objetos. Observe sempre de onde vem o foco de luz principal e como este os atinge, ou
seja, onde ocorrem as áreas de luz, sombra e meios tons. Quando estamos tratando do conjunto de valores tonais do objeto, designamos isso de
Figura 23 – Objeto com áreas de luz, sombra e meios tons (sombra própria) e superfície com sombra projetada
Créditos: Waseber/Shutterstock.
Com o lápis 2B, desenhe dois quadrados de 10x10cm em uma folha de papel Canson para desenho (140g). No primeiro quadrado, faça um
quadriculado de 2x2cm, conforme a sugestão da Figura 25, e pinte uma escala tonal com 5 cores, sendo 1 cor em cada coluna.
No quadrado da direita, faça um desenho de um objeto tridimensional com traços bem suaves e pinte o desenho dando atenção à representação
de luz, sombra e meios tons, buscando dar a impressão de tridimensionalidade. No final do trabalho, use a borracha limpa-tipos para retocar e
clarear as áreas que precisarem.
Para esta técnica, o lápis de cor deve ser necessariamente do tipo aquarelado, sendo assim, após colorir suavemente o papel, passe água
lentamente com pincel macio em cada parte do desenho, separadamente, para que a foram da imagem não fique borrada. Dissolva o lápis de cor até
sumir a linha do traçado. Importante: aguarde secar cada parte antes de pintar a próxima, verificando contra a luz se há ou não o brilho da água, o
que indica que o papel ainda está molhado. Não se deve conferir isso com o dedo para não marcar a superfície da imagem.
Saiba mais
Os materiais artísticos se dividem em três categorias: para crianças, para estudantes de arte e para profissionais, sendo que a qualidade
com que são fabricados os diferencia em valores e em possibilidades gráficas, principalmente em relação aos pigmentos e resistência à luz.
Além dos tipos de lápis, tintas, pincéis etc., é preciso também escolher bons papéis para a realização dos trabalhos, como os da Canson,
disponível em <https://pt.canson.com.> Atualmente há uma grande oferta de materiais artísticos no mercado, que podem ser adquiridos em lojas
físicas ou virtuais.
TROCANDO IDEIAS
Poste os exercícios de prática no fórum, compartilhe e comente os seus resultados e os resultados alcançados pelos seus colegas de curso.
NA PRÁTICA
Para os autores Salisbury e Stylus (2012, p. 89), “na maioria dos casos, as ilustrações funcionam como um acompanhamento visual para as
palavras, uma inspiração ou auxílio para a imaginação, com o objetivo de enriquecer a experiência da leitura.” Tendo essa informação em mente,
escolha um texto que você goste e realize uma ilustração com lápis de cor inspirada nele e explore as técnicas que você aprendeu na aula.
FINALIZANDO
Em função da ilustração ser um tipo de trabalho realizado para um fim específico, as imagens, depois de prontas, são digitalizadas e editadas,
podendo receber vários tratamentos, como efeitos especiais, recortes, limpeza etc. por meio de programas próprios para edição de imagens.
Consulte o seu sketchbook, escolha imagens que você rabiscou e finalize as que são mais interessantes, aplicando os conteúdos que você aprendeu
na aula. Pratique também o mesmo desenho em várias técnicas e materiais e experimente misturar estilos e traços! Comece a elaborar o seu
Portfólio digital incluindo as melhores imagens que você realizou, não esquecendo de colocar na legenda o material utilizado e a data. Bom trabalho!
REFERÊNCIAS
DALLEY, T. The complete guide to illustration and design: techniques and materials. Oxford: Phaidon, 1980.
MARTÍN GABRIEL. Fundamentos do desenho artístico: aula de desenho. 2. Ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014.
MAYER, Rh. Manual do artista: de técnicas e materiais. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
OCVIRK, O. G. et al. Fundamentos de Arte: Teoria e Prática. 12. ed. São Paulo: Bookman, 2013.
SALISBURY, M.; STYLES, M. Livro infantil ilustrado: a arte da narrativa visual. Tradução de Marcos Capano. 1. ed. São Paulo: Rosari, 2013.