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Ordens Terceiras Franciscanas Setecentistas:

três casos de emancipação espacial


na arquitetura brasileira
Maria Berthilde Moura Filha
Ivan Cavalcanti Filho

Na chamada “Escola Franciscana do Nordeste”, termo dado em 1956 pelo


estudioso francês Germain Bazin à arquitetura produzida pelos frades menores
em solo nordestino no período do Brasil colonial, 1 a capela da Venerável
Ordem Terceira de São Francisco acha-se presente como um de seus mais
consistentes componentes. O referido espaço, acoplado perpendicularmente à
nave da igreja conventual, era comumente localizado do lado do Evangelho,
sendo acessado por arco monumental aberto na parede oposta àquela que
separava a igreja da quadra claustral. A capela constituía o primeiro e o
mais importante empreendimento físico realizado pelos terceiros após a
instituição da Ordem junto à comunidade de frades menores que a acolhera
nas instalações conventuais. 2 Afinal era lá onde se realizava missa – preceito
diário e obrigatório para todo irmão da confraternidade leiga 3 – e eram
celebrados batismos, matrimônios e outros ofícios religiosos. Não obstante,
sua construção não se configurou em todos os cenóbios nordestinos; houve
conventos onde a fundação da Ordem não implicou em provisão de capela,
como aconteceu em Ipojuca e Sirinhaém, no estado de Pernambuco.

1 BAZIN, 1980: 137-56.

2 CAVALCANTI FILHO, 2009: 84.

3 Regra e Constituições da Ordem Terceira de São Francisco, 1959: 32.

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A instauração da Ordem Terceira, na realidade, não pressupunha o


estabelecimento de um espaço físico, mas a eleição de um Comissário, 4 e da
mesa institucional, que devia ser composta de sete membros: Ministro, Vice-
ministro, Secretário, Síndico ou Tesoureiro, Procurador Geral, Vigário do Culto
Divino e Mestre dos Noviços, além dos consultores de mesa. 5 A confraternidade
devia ser sustentada pelas mensalidades de seus membros, os quais eram, via de
regra, aceitos mediante comprovação de nível sócio-econômico que atendesse
às prerrogativas de cunho assistencial e filantrópico atribuídas à Ordem. Tal
seleção garantia o status da respectiva comunidade leiga, cujo repertório de
empreendimentos refletia as condições de seus afiliados, escolhidos também
a partir de critérios definidores como cor da pele e pureza de sangue. 6 Nesse
sentido possivelmente a dificuldade ou escassez de recursos dos terceiros de
Ipojuca e Sirinhaém, conventos citados no parágrafo anterior, tenha sido o
motivo que impedira os mesmos de construir capela própria.
As Ordens Terceiras fundadas no Brasil na verdade representavam uma
transferência de prática recorrente na metrópole com a finalidade de motivar
os colonizadores lusos e fazê-los se sentirem “em casa” numa terra distante,
e naturalmente desprovida dos recursos sócio-culturais que caracterizavam a
vida em Portugal. 7 Afinal a afiliação a uma confraternidade religiosa exprimia
prestígio social, além de permitir ao leigo uma vida regrada, pautada nos
desígnios da religião e da fé.
No tocante a primazia da capela no processo de implantação da Ordem
junto às casas franciscanas, é importante destacar sua presença não somente
em conventos do Nordeste, mas em outras regiões da colônia onde os frades
menores atuavam, como o convento de Santo Antônio no Rio de Janeiro, cuja

4 O Comissário era um frade do convento encarregado de administrar os sacramentos e oficializar todas as


celebrações litúrgicas dos irmãos terceiros.

5 JABOATÃO, 1861: 302.

6 CASIMIRO, 1996: 78.

7 RUSSEL-WOOD, 1989: 64.

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capela fica visível através da gravura Rio Genero (1624) que ilustra o Reys-boeck
van het rijcke Brasilien. 8 A ilustração, realizada dezoito anos após a fundação
do convento, apresenta nitidamente a capela acoplada perpendicularmente ao
corpo da igreja, que na época estava vinculada à única instituição franciscana
brasileira – a Custódia de Santo Antônio do Brasil, 9 devendo como tal, assumir
configuração física semelhante àquela adotada nas casas nordestinas. 10
No convento de São Francisco de São Paulo, a existência da primitiva capela
dos terceiros com semelhante configuração está registrada em documento
existente no arquivo da casa do Rio de Janeiro, que, escrito em 1743, assim
se refere ao espaço de orações dos leigos franciscanos: “Nesse convento se
acha sita uma capela cujo arco está na parede de nossa igreja, a qual pertence
à Ordem Terceira da Penitência”. E acrescenta que em 1676 “principiaram os
irmãos terceiros a fazer a sua capela”. 11 Nesse caso apesar de a capela só ter
início trinta e sete anos após a fundação do convento, há registros de haver
terceiros no mesmo “logo do princípio de sua fundação”. 12
No âmbito dos conventos nordestinos, Frei Antônio de Santa Maria
Jaboatão, nomeado cronista da então Província de Santo Antônio do Brasil
em 1755, 13 se refere à instituição das Ordens Terceiras vinculadas às citadas
casas religiosas alguns anos logo após sua fundação. No caso da vila de Olinda,
onde foi fundado o primeiro cenóbio franciscano brasileiro, em 1585, 14 a

8 REIS, 2000:159.

9 Custódia compreendia um ou mais conventos que não qualificavam para constituir uma Província, já que a
constituição desta previa a associação de no mínimo oito comunidades de frades.

10 Entre 1585 e 1660 todos os conventos franciscanos brasileiros pertenciam à antiga custódia criada em
Lisboa em 1584, a qual se tornou Província de Santo Antônio do Brasil em 1657. A partir de meados do século
XVII os conventos do sudeste, já ultrapassando o requisito mínimo para criação de província – oito casas – se
emanciparam, constituindo outra província – a da Imaculada Conceição.

11 ORTMANN, 1951: 17.

12 ROWER, 1957: 87.

13 WILLEKE, 1977:92.

14 CONCEIÇÃO, 1740: 19.

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confraternidade leiga já existia. 15 Afinal, foi a partir da reivindicação de uma


irmã terceira, a viúva D. Maria da Rosa, junto com o governador da Capitania
de Pernambuco Jorge de Albuquerque Coelho, que o rei Felipe I de Portugal,
concordou com o pedido do Superior Geral da Ordem Franciscana, Frei
Francisco Gonzaga de Mântua, de enviar oficialmente frades menores em
1584 para fundar em Olinda o seu primeiro convento através da criação da
Custódia de Santo Antônio do Brasil, vinculada à Província portuguesa sob
mesma invocação. Os terceiros, já estabelecidos em Olinda, tinham como
patrono São Roque, para quem foi dedicada a capela construída na nova casa
conventual. Sobre o assunto registrou Frei Jaboatão:

Passados para o convento, como fica dito, tambem se naõ acha


clareza em que anno deram principio a sua Capella. ... entra-se
para ella por hum espaçozo arco, de talha hoje, sendo o antigo de
pedra lavrada, e fica no corpo de nossa Igreja á parte do Evangelho
com Sacristia, casa de Exercícios, e outras mais. ... 16

Em Salvador, onde foi fundado o segundo convento franciscano da colônia


em 1587, a Ordem dos terceiros foi instaurada após quarenta e oito anos,
tomando como padroeira Santa Isabel, rainha de Portugal. 17 A confraternidade
leiga de Igarassu, por sua vez, teve capela própria iniciada em 1753, 18 cento
e cinqüenta e cinco anos após a fundação do convento de Santo Antônio,
terceiro empreendimento capucho do Brasil. Atribui-se a construção tardia

15 Sobre a primeira Ordem Terceira do Brasil, ver VAT, 1942.

16 JABOATÃO, 1858, II: 380.

17 JABOATÃO, 1859: 300-1.

18 JABOATÃO, 1861: 352.

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da capela dos terceiros ao período de ocupação holandesa (1630-1654), 19 ao


lento processo de restauração que sucedeu à retirada batava devido à falta de
recursos financeiros, e a relativa proximidade da vila com Olinda e Recife,
onde grande parte dos Terceiros locais já havia tomado hábito.
À exceção da capela do Recife, cuja pedra fundamental foi lançada
em 1696, um ano depois de fundada a confraternidade, 20 as demais casas
de oração dos terceiros franciscanos do nordeste – Paraíba, Cairu, São
Francisco do Conde, São Cristóvão e Penedo – foram iniciadas no primeiro
decênio do século XVIII, todas atendendo ao modelo tradicional já descrito
no início deste trabalho. A única que não acompanhou a prática recorrente
foi a de Marechal Deodoro, iniciada no final do século.

A emancipação espacial (parcial) da Ordem Terceira

No Brasil colonial as casas de oração das Ordens Terceiras se manifestaram


segundo dois modelos básicos: aquelas fisicamente agregadas às instalações
da respectiva Ordem Primeira, e aquelas estabelecidas isoladamente, em
locais onde não havia a presença comunitária dos confrades. 21 As Ordens
Terceiras das Minas Gerais, por exemplo, criadas já no século XVIII se
enquadram no segundo modelo, por ter sido proibido o estabelecimento
do clero regular naquelas paragens. 22 Suas igrejas e capelas constituíam
edificações isoladas, autônomas, independentes, sem ligação física ou
subordinação a instalações maiores do respectivo clero regular.

19 Sobre a ocupação holandesa no Nordeste do Brasil, ver BARLAEUS, 1980.

20 JABOATÃO, 1861: 465.

21 MARTINEZ, 1979: 177.

22 Sobre as confraternidades de Minas Gerais, ver SALLES, 2007.

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Já as Ordens Terceiras franciscanas fundadas no Nordeste colonial


atenderam ao primeiro modelo, estando tanto física como funcionalmente
ligadas à Ordem Primeira. Tal situação limitava a privacidade das duas
Ordens: de um lado os frades menores que habitavam o convento, e do
outro, os irmãos terceiros que no mesmo sítio cumpriam seus compromissos
religiosos e litúrgicos. O acesso à capela da Ordem Terceira ocorrendo
através da nave da igreja conventual ilustra bem a referida limitação: tal
disposição era de certa forma incômoda para as duas comunidades, que
ficavam obrigadas a estabelecer horários distintos para a celebração dos
seus atos litúrgicos principais (FIGURA 1).

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O incômodo supracitado e as vantagens proporcionadas pela igreja


autônoma concorreram para o processo de gradativa independência física
de que trata o presente trabalho, constituindo uma iniciativa dos Terceiros
para resolver os conflitos gerados pela disposição do primeiro modelo de
implantação de suas capelas nos conventos franciscanos nordestinos. Tal
processo de emancipação espacial ocorreu a partir de duas intervenções
físicas realizadas no convento: a primeira, ao ser anexado um pórtico à
entrada da igreja conventual – a galilé. Esse espaço delimitado frontalmente
por cinco arcos romanos funcionava como um grande vestíbulo cujo arco
da extrema direita estava alinhado com porta para corredor interno que o
ligava à entrada lateral da capela da Ordem Terceira, dispensando assim o
acesso tradicional da mesma através do arco monumental aberto na parede
do lado do Evangelho da igreja conventual.
Tal solução foi adotada com propriedade nos conventos da Paraíba e
de Recife, onde se percebe claramente o caráter de independência que o
arranjo proporcionou aos Terceiros em relação à comunidade dos frades
(FIGURA 2). Sobre a igreja, a galilé provida de cinco arcos, e o acesso dos

irmãos leigos assim se expressou Frei Jaboatão ao descrever o convento


de Santo Antônio da Paraíba:

Está fundado sobre sinquo arcos de pedra lavrada, e da mesma


são todos os seos cornijamentos, e mais obras com que se
remata. Três destes arcos correspondem ao corpo da igreja, e
sobre elles assenta parte do choro. Os outros dous, que ficaõ
ao lado destes, pelo da parte esquerda se entra para a caza da
portaria, e pelo outro da parte direita se passa para a capella, e
obras da Ordem Terceyra. 23

23 JABOATÃO, 1861: 372.

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Sobre o mesmo espaço, ao discorrer sobre o convento recifense, o cronista


da província franciscana do Nordeste se manifestou como segue:

... a quadra oposta à igreja que está para o Sul, com porta
principal ao Nascente, e um bem ordenado antiportico,
correspondente aos sinquo arcos de pedra lavrada, três sobre
que assenta a parede principal do frontispício, e dous ao lado
destes três, hum que dá entrada para a nossa portaria, da parte
do Norte, e outro ao Sul para a portaria dos Terceyros. 24

Considerando a forma como Frei Jaboatão redigiu seu texto na segunda metade
do século XVIII, fica claro que as capelas dos Terceiros já eram encaradas como
casas de oração independentes, com entrada própria, havendo ligação entre as

24 JABOATÃO, 1861: 440.

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duas Ordens apenas através da galilé. A provisão de entrada lateral exclusiva para
a confraternidade não implicou em fechamento do arco monumental aberto para
a nave da igreja conventual, sendo o mesmo via de regra guarnecido por gradil de
madeira torneada e entalhada, como se vê na casa da Paraíba.
No caso dos conventos de Penedo e de São Cristóvão, a emancipação
espacial ocorreu de forma diversa. Como tais conventos, providos de pórtico
de três arcos, tinham quadra claustral anexa e alinhada com o frontispício
da igreja, era impossível serem acrescentados arcos às suas extremidades,
exatamente aqueles que garantiriam as entradas independentes para as duas
Ordens a partir da galilé, como ocorrera na Paraíba e no Recife. Assim sendo,
foram anexados vestíbulos/corredores às laterais externas das respectivas
capelas das Ordens Terceiras a partir dos quais o acesso a elas ficava
totalmente independente das instalações do convento (FIGURA 3). Analogamente
ao caso anterior, o arco monumental de acesso à capela foi preservado.

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A emancipação espacial total

O tipo de intervenção física que garantiu a total emancipação espacial da


Ordem Terceira em relação à Ordem Primeira foi aquele que tornou a capela
uma igreja independente, situada paralelamente à conventual, com entrada
exclusiva voltada para o adro desta ou para a rua que a precedia. Essa
disposição consolidada nos conventos de Salvador, de Recife e finalmente
no de Marechal Deodoro, incorporou ao tradicional modelo cenobítico
franciscano nordestino uma solução inédita para a Ordem, solução essa já
conhecida por outros grupos religiosos, como o carmelita, por exemplo.
Cumpre portanto destacar os fatores que concorreram para que os irmãos
terceiros deliberassem sobre tal arranjo físico, o qual aparentemente
contradizia a orientação geral por parte dos Estatutos – aquela que enaltecia
o congraçamento e integração entre as duas famílias franciscanas a atuar
dentro da mesma cerca conventual.
Sobre o assunto, vale salientar a legislação que se aplicava aos frades
menores na Província de Santo Antônio do Brasil a qual incluía entre suas
atribuições aquelas de dar suporte à Ordem franciscana leiga. O texto do
Capítulo LX do referido regimento foi redigido como segue: “A Terceyra
Ordem como seja feyta, & ordenada por nosso Serafico Padre São Francisco
para salvação das Almas, & florecerem tantos Santos nella, nos ocorre
particular obrigaçaõ de ajudar no que for possível para sua conservação,
& augmento”. 25 Essa cláusula de apoio a ser dado aos irmãos terceiros é
exatamente a mesma contida no Capítulo LXI dos Estatutos da Província de
Santo Antônio do Reino de Portugal, 26 aquela a partir da qual a custódia do
Brasil fora instituída em 1584 em Lisboa. 27

25 Estatutos da Província de Santo Antonio do Brasil, 1683: 134.

26 Estatutos da Província de Santo Antonio do Reyno de Portugal, 1621: 35.

27 Sobre a criação da Custódia de Santo Antônio do Brasil, ver CONCEIÇÃO, 1733: 21-22.

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A reprodução de conteúdos entre estatutos de províncias distintas era


recorrente, uma vez que eram fundamentados nas Constituições Gerais
da Ordem competente. Não obstante, poderiam ser feitos acréscimos ou
alterações do regimento em função de especificidades de cada província. No
caso dos estatutos da província nordestina, sua segunda versão, publicada
vinte e seis anos após a primeira, assim adverte o Ministro da Ordem Terceira
da Bahia para amenizar as atribuições do comissário:

Ao Comissario assistente a Terceyra Ordem da caza da Bahia


pelo intoleravel trabalho, que actualmente tem em lhe assistir
aos seus Sermões, Praticas, Profissões, & mais exercícios
espirituaes de todo o anno, queremos que o Irmaõ Ministro o
allevie das pensões possíveis ao convento, e os mais favores
que merecer por sua assistência, exemplo, & edificação; ... 28

Como se percebe, no primeiro decênio do século XVIII, época quando a


casa de oração da Ordem Terceira de Salvador estava sendo concluída, já
segundo a nova versão, que garantia a desejada emancipação espacial, objeto
do presente trabalho, havia certo incômodo por parte dos frades menores com
relação ao volume de atribuições imposto ao Comissário da confraternidade,
que tinha de ser um religioso do respectivo convento.
No que diz respeito à nova implantação da casa de oração, a mesma devia
ser encarada como um templo isolado, secular, devendo portanto preencher
as prerrogativas aplicadas as igrejas paroquiais, regras estas estabelecidas
pelo Sínodo competente, e compiladas em 1707 através das Constituições da
Bahia, 29 que sobre o assunto, assim deliberava:

28 Estatutos da Província de Santo Antonio do Brasil, 1709: 149.

29 Sobre as Constituições da Bahia, ver VIDE, 1853.

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As Igrejas Parochiais terão Capella maior, e cruzeiro, e se


procurará que a Capella maior se funde de maneira, que posto
o Sacramento no Altar fique com o rosto no Oriente, e não
podendo ser, fique para o Meio dia, mas nunca para o Norte
nem para o Occidente. Terão Pias Batismaes de pedra, e bem
vedadas de todas as partes, almarios para os Santos Oleos,
pias de agoa benta, um pulpito, confessionarios, sinos e casa
de Sacristia; e haverá no ambito e circunferencia dellas adros,
e cemiterios capazes para nelles se enterrarem os defuntos; os
quaes adros serão demarcados por nosso Provisor, ou Vigario
Geral, como acima fica dito, e os autos desta demarcação se
guardarão no nosso Cartorio, e o traslado no Cartorio de cada
uma das Igrejas. 30

Nesse contexto, a primazia e consolidação do novo modelo de casa


de oração dos terceiros couberam à casa de Salvador que, amparada no
prestígio social e no nível econômico de seus afiliados, se estabeleceu
como uma verdadeira igreja com entrada própria, provida dos atributos
citados acima, e caracterizada pelo mais elaborado frontispício da
arquitetura religiosa brasileira no período colonial. A referida fachada,
concebida pelo mestre português Manoel Gabriel Ribeiro, 31 e disposta
segundo rica composição de elementos arquitetônicos, se afirmou
com um verdadeiro retábulo ao ar livre, apresentando extraordinário
repertório de esculturas em cantaria, visivelmente integrados a uma
matriz clássica (FIGURA 7A).

30 VIDE, 1853: 253

31 SINZIG, 1934: 325.

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A aludida disposição da capela da Ordem Terceira de Salvador na


verdade foi um desdobramento da construção do novo convento, que teve
início aproximadamente cem anos após a primeira fundação, datada de
1587. Sobre a antiga igreja conventual Frei Jaboatão registra que a mesma
tinha a porta travessa voltada para o atual adro do complexo, 32 o que
significa dizer que a mesma era disposta perpendicularmente àquela que
a sucedeu. Tal arranjo foi básico para determinar a disposição da nova
capela da Ordem Terceira, a qual já nasceu sob o signo da independência
da Ordem Primeira (FIGURA 4).
Provida de claustro próprio, que a separa da igreja dos frades menores, a
casa de oração da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Salvador
obedeceu a dois critérios: ser recuada em relação ao frontispício da igreja

32 JABOATÃO, 1859: 57.

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conventual e ser destituída de campanário. 33 Afinal dentro da hierarquia


franciscana, a primazia era dada às instalações dos frades do coro, os
verdadeiros “donos” de toda a propriedade inscrita na cerca conventual, a
qual era comumente recebida através de doação por parte de benfeitores ou
da própria municipalidade. 34
Os Terceiros podiam, no entanto, prover sua capela de todo o aparato
decorativo e litúrgico disponíveis para seu embelezamento. O grau de
erudição e requinte do empreendimento dependia dos recursos dos membros
da respectiva confraternidade. No caso de Salvador, como era a elite da
colônia que integrava seu quadro de afiliados, as obras foram ambiciosas
em termos de qualidade e excelência. Além do supracitado frontispício
da igreja datado de 1703, 35 as demais instalações se caracterizaram pelo
primor artístico com que foram executadas. O claustro da Ordem, por
exemplo, teve as paredes de suas galerias revestidas com o maior acervo de
painéis azulejares alusivos à paisagem de Lisboa anterior ao terremoto de
1755, se destacando como expressivo registro do patrimônio arquitetural
da metrópole à época. 36
Sobre a dita igreja dos Terceiros, assim se expressou o cronista da província
nordestina:

He esta igreja de grandeza sufficiente, e bem ordenada


architectura. Occupa de frente sessenta e dous palmos, e de
fundo cento e trinta e sinquo. Tem sette altares, seis pelos

33 MARTINEZ, 1979: 177.

34 As instalações físicas da Ordem Terceira eram construídas em área cedida pelos frades menores, mediante
contrato de cessão celebrado em Capítulo ou congregação, que eram as reuniões periódicas (trienais ou
bienais) onde se deliberava sobre questões de ordem administrativa e religiosa da Província franciscana à qual
o convento estava vinculado.

35 SINZIG, 1934: 325.

36 GARCEZ, 2007: 62.

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lados... Todos esses altares se acham muito bem ornados, e com


todos os paramentos necessários. Nelles se costumaõ celebrar
annualmente para sima de vinte mil missas nas quaes entraõ as
que se dizem pelas obriga, e encargos da ordem, pelas almas
dos Irmaõs defuntos, que determinaõ em seos testamentos se
mandem dizer em a nossa Igreja. O tecto e as paredes della
estão cubertas todas de talha dourada e ricos payneis. Tem um
formoso órgão no meyo do choro, e athe o próprio frontispício
he de pedra entalhada toda, com grande custo. 37

Inspirados no modelo de Salvador, os irmãos terceiros do Recife


igualmente tiveram sua igreja própria, com fachada erudita voltada para
a mesma rua onde se situava o adro do convento. O processo que a
gerou foi, no entanto, distinto do exemplo baiano, pois a igreja fora
inicialmente a casa de exercícios ou do Noviciado, 38 espaço onde,
durante um ano, os noviços se preparavam através de práticas litúrgicas
e exercícios espirituais para o voto como irmão/irmã da confraternidade.
Igualmente disputada em termos de adesões de nomes de prestígio
da sociedade colonial por ser fundada num dos centros mais ricos da
América Portuguesa, a Venerável Ordem Terceira do Recife cresceu
bastante, agregando à capela outros espaços indispensáveis para o bom
funcionamento como sacristia, casa dos exercícios, consistório, claustro,
hospital, oficinas, cemitério e carneiro (FIGURA 5).

37 JABOATAO, 1859: 304.

38 CAVALCANTI FILHO, 2009: 121.

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A expansão física da Ordem Terceira dentro da cerca conventual afetou o


bom relacionamento dos irmãos leigos com os frades menores, principalmente
quando da construção do hospital da confraternidade, o qual, iniciado em
1723, 39 obstruiu a vista que os religiosos do convento tinham do bairro de
Santo Antônio. A contenda entre os dois segmentos religiosos foi assim
registrada pelo cronista da província:

... mas querendo passar adiante, porque embaraçava a vista da


varanda de nossa sachristia, e mais corredor da parte do Poente
para a Povoação de Santo Antônio, a impediraõ os Prelados,
do que desgostoso o Ministro, 40 não só parou este com a
obra, mas taõbem os seus successores com o desígnio do seo

39 PIO, 2004: 48.

40 O Ministro era o representante legal da Venerável Ordem Terceira, aquele que presidia a instituição, e
deliberava, junto à mesa administrativa, sobre as ações da confraternidade.

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primeiro intento, que era a formatura do hospital; e só serve


hoje esta caza para o que elles querem no andar de cima; ... 41

Aproximadamente sessenta anos após o impasse, a casa de saúde foi


solenemente inaugurada, sendo inclusive provida de enfermaria para
tratamento de doentes mentais, botica e posto de vacinação. 42 Entretanto
as marcas de querelas entre as duas Ordens permanecem até o presente
através do gradil de ferro que veda, desde 1843, 43 todo o vão do arco
monumental de ligação da primitiva capela com a nave da igreja, do
lado do Evangelho – um nítido instrumento de cerceamento para uma
comunicação saudável e produtiva entre os dois grupos.
Com relação à antiga casa do Noviciado, a mesma foi disposta
perpendicularmente à tradicional capela igreja dos terceiros, igualmente
àquelas existentes nos conventos da Paraíba e de São Francisco do
Conde (Bahia), e, para ser elevada à categoria de igreja com caráter
independente, teve seu layout rebatido. Assim seu leste litúrgico, ou
seja, o local do altar-mor, foi deslocado para o Oeste, ficando a entrada
do templo a Leste, voltado para a atual Rua do Imperador. Finalizadas
em 1803, 44 as obras do frontispício em pedra vinda de Portugal, e
adquirida da Irmandade do Santíssimo Sacramento, 45 coroaram o
grande empreendimento (FIGURA 7B), cuja disposição geral em planta foi
inspirada naquela consolidada cerca de cem anos antes no complexo
conventual de Salvador.

41 JABOATÃO, 1861: 467.

42 PIO, 2004: 47-50.

43 Ibid.: 24.

44 MUELLER, 1956: 97.

45 PIO, 1939: 57.

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A proibição de ereção de campanário próprio constituiu deliberação do


Definitório da Bahia, 46 em resposta a solicitação da Ordem Terceira recifense
para “... levantar nesta segunda capella hum frontispício e abrir-lhes portas para
a parte do nascente para lhes servir daqui por diante de Capella principal para
todos seus actos e festividades. ... ”. A concordância com o pedido esteve no
entanto vinculada as condições “de não levantarem torre nem campanario e
menos por-lhes sinos pois todas as suas funcçoens se devem servir dos sinos do
convento como sempre foi costume; ...”. 47
A casa de oração dos Terceiros do convento de Santa Maria Madalena,
em Marechal Deodoro, teve um histórico diferente, uma vez que já nasceu
totalmente separada das instalações dos frades iniciadas em 1660. 48 Quando
Frei Jaboatão descreveu o convento em 1763, destacou que a Ordem Terceira,
apesar de ter tido seu primeiro comissário nomeado no Capítulo Provincial de
30 de dezembro de 1719, ainda não tinha capela construída naquele convento.
O cronista assim se referiu: “Tomaraõ por titular as Chagas do Serafico Padre;
mas athe o presente não fazem funçaõ publica de igreja, nem tem capella
particular, e só em um meyo corredor que levantarão por detraz do Sítio,
aonde tem lançado há annos os alicerces para sua Capella. ..”. 49
A falta de registros sobre a capela da Ordem Terceira, à exceção de sua
presença física, sinaliza para o fato de a mesma ter sido edificada a partir de
meados ou final do século XVIII, uma época quando as outras confraternidades
do gênero no Nordeste já teriam, em tese, um histórico que indicava ser o
desligamento físico da capela em relação a igreja conventual – processo aqui
chamado de emancipação espacial – um dos requisitos basilares para a boa
convivência das duas Ordens franciscanas no mesmo sítio.

46 O Definitório da Bahia constituia a instãncia através da qual eram tomadas as decisões concernentes as
solicitações das Ordens Terceiras, já que o convento de Salvador era sede da província franciscana.

47 PIO, 2004: 30-31.

48 JABOATÃO, 1861: 607.

49 Ibid.: 612-613.

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A capela, agora concebida como igreja independente, seguida da disposição


dos demais espaços necessários para o funcionamento administrativo
e litúrgico da Ordem, como sacristia, consistório e portaria, foram então
concentrados num só bloco, sendo o mesmo desligado das instalações
conventuais propriamente ditas (FIGURA 6). É importante ressaltar a influência
que as casas de Salvador e Recife tiveram na disposição geral adotada em
Santa Maria Madalena, onde a igreja, além de ter similar implantação às
duas mais prestigiadas – e mais ricas – Ordens Terceiras franciscanas do
Nordeste, é provida de capela-mor.

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Maria Berthilde Moura Filha / Ivan Cavalcanti Filho

A linguagem arquitetônica do templo confirma a época tardia de sua


construção, principalmente no tocante à sua fachada, que é arrematada por
frontão definido por elementos típicos da gramática decorativa do final do
século XVIII, 50 entre os quais se destaca o entablamento rompido, composto
a partir da concordância de arcos e suas seções (FIGURA 7C). A referida fachada,
recuada em relação àquela da igreja conventual, reproduz numa escala menor
os elementos morfológicos presentes no frontispício da última, que é provido
de campanário concluído em 1793. 51

50 MÉRO, 1982: 19.

51 MÉRO, 1995: 47.

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Ordens Terceiras Franciscanas Setecentistas: três casos de emancipação espacial na arquitetura brasileira

Considerações finais

Os desdobramentos da presente pesquisa confirmam a hipótese que as


casas de oração construídas pelos terceiros franciscanos a partir da segunda
metade do século XVIII seguiram um modelo diferente daquele que as
caracterizou nas primeiras fundações, tanto no tocante à sua localização,
como à sua disposição dentro do complexo conventual. A primazia do novo
modelo coube naturalmente à Venerável Ordem Terceira de São Francisco
de Salvador, que, embasada na experiência de convívio entre os dois
segmentos da Ordem – os mais expressivos em toda a colônia em termos de
tamanho das comunidades e de seu prestígio sócio-econômico – procurou
a melhor solução para evitar os inevitáveis impasses próprios àqueles que
compartilham do mesmo espaço físico.
Para minimizar as contendas existentes entre os frades menores e os irmãos
leigos no complexo conventual de Recife, não obstante a provisão de pórtico
com arco da extremidade direita alinhado com acesso independente para a
capela dos terceiros, a nova casa de oração foi ali implantada fazendo uso
do arranjo físico já avançado na busca da emancipação dos espaços dos
terceiros em relação à Ordem Primeira. Tal intervenção consumou a almejada
independência ao adaptar a Casa do Noviciado à igreja e conferir-lhe fachada
própria voltada para a rua.
Finalmente o caso da confraternidade franciscana de Marechal Deodoro
foi sui generis, uma vez que, nem decorreu de uma completa reconstrução
da estrutura conventual, como aconteceu em Salvador, nem fez adaptação de
espaços existentes (que por sua vez já almejavam independência), como no
caso de Recife, mas, aproveitou a experiência funcional das outras casas e
criou o protótipo ideal para as instalações da Ordem Terceira – aquele onde os
espaços estão fisicamente agregados dentro do complexo conventual, porém
emancipados no tocante ao seu funcionamento e à sua logística.

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Maria Berthilde Moura Filha / Ivan Cavalcanti Filho

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