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OS PRIMÓRDIOS DA EVANGELIZAÇÃO NO BRASIL

1 – A CHEGADA DO EVANGELHO NO BRASIL

O início da evangelização no Brasil é conhecido pela realização do primeiro culto


em 10 de março de 1557, sob a direção do pastor Hugüenote Peter Richer. Ele
também pregou o primeiro sermão evangélico em solo brasileiro, discorrendo sobre
o salmo 27.4. Entre a 1ª missa católica e o 1º culto protestante evangélico, houve
um espaço de apenas 57 anos.

Os franceses foram os pioneiros da fé evangélica em nosso país, os quais foram


trazidos com o objetivo de estabelecer um local de refúgio em razão das
perseguições na Europa. Nicolau Duran de Villegaignon resolveu fundar aqui uma
colônia francesa com o nome de França Antártica, Ele contou com o apoio do
famoso calvinista e comandante Coligny, que por sua influência conseguiu a
aprovação de sua majestade o rei Henrique II, que lhe forneceu dois navios, aqui
aportando em 1557, com aproximadamente cem huguenotes (nome dado aos
protestantes franceses). A chegada dos crentes franceses, despertou forte oposição
dos portugueses. Fiéis que eram ao papa, os portugueses conseguiram pressionar
Villegaignon a martirizar os pastores Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil e Pierre
Bourdon em 1558, valendo-lhe posteriormente a homenagem de seu nome ser
emprestado à ilha de Serigipe (hoje, Villegaignon), pelo excelente serviço prestado a
“santa sé”. Foi martirizado ainda o pregador Jean de Bolés, que pregava aos
Tamoios de São Vicente (SP), o evangelho autêntico, sem o misticismo das imagens
e superstições, características do romanismo e por isso foi enforcado em 1567. Ele
traduziu o Salmo 103 para a língua indígena. Alguns anos foram passados sem que
houvesse notícias do desenvolvimento do evangelho no Brasil porque oficialmente a
coroa portuguesa realiza a catequese através dos jesuítas que transmitiam as
doutrinas católicas e proibiam o avanço do protestantismo.

No ano de 1624, o Brasil foi invadido pelos holandeses, cujos navios aportaram
primeiramente em Salvador e em 1630 em Recife. Eles estabeleceram em
Pernambuco a fé evangélica, por ser a Holanda, na ocasião, um dos países onde a
reforma protestante obteve êxito, cansados que estavam os holandeses dos abusos,
apropriações e desmandos dos prelados romanos, como em outros países
europeus. Dinamizaram então o nordeste do país, que se tornou próspero, diferindo
dos demais estados sob domínio português e, conseqüentemente, católico. Recife
teve o seu nome mudado para Cidade Maurícia, em homenagem ao governante
holandês Maurício de Nassau, que a governou até 1654, confiando em um acordo
celebrado em Portugal, que reconheceu o domínio holandês no nordeste. A
vigilância, foi relaxada, tendo como resultado a infiltração portuguesa através de
nativos para isso contratados. A conseqüência foi a expulsão dos holandeses e
perseguição aos que adotaram sua religião, fechando-se mais uma vez a porta para
o evangelho no país.

2 – 1810: UMA SIGNIFICATIVA ABERTURA

Quando as portas se fecham e as dificuldades aumentam, e as soluções parecem


impossíveis, aí Deus entra com Seu braço forte e interfere na História. Estima-se
que por volta de 1810 foi designado como embaixador da Inglaterra Brasil o Lord
Strangford, que anos atrás havia prestado relevantes serviços à coroa portuguesa,
garantindo a segurança da esquadra que trouxe o Rei Dom João VI, fugitivo da
invasão napoleônica em Portugal, comandante que era da esquadra inglesa, sendo
por isso mesmo designado como representante de seu povo a esta nação, pela
afinidade que se havia estabelecido com os portugueses e brasileiros, gratos pelo
seu cuidado com o rei. Acontece que Strangford era crente em Jesus, e tão logo se
estabeleceu no Rio de Janeiro, começou a realizar cultos de adoração a Deus,
despertando a reação dos sacerdotes romanos, que solicitaram sua expulsão não
conseguindo seu intento. O governo procrastinou sua posição até a promulgação,
pelo imperador D. Pedro II, da lei de liberdade de culto. Em 1819 foi inaugurado o
primeiro templo evangélico no país, na rua dos Bourdons, hoje Evaristo da Veiga,
no Rio de Janeiro”.3

Com a proclamação da independência do Brasil em setembro de 1822, o


Brasil deixou de ser 100% católico. Pois em 1824, mais da metade dos imigrantes
que aqui chegaram eram protestantes. E a Constituição de 25 de março de 1824
dizia que o catolicismo continuaria ser a religião do império, mas a todas às outras
religiões era permitido a realização de seus cultos.

3 – A chegada dos missionários das igrejas tradicionais

A partir de então, os missionários das diversas igrejas evangélicas organizadas


em outras nações começaram a chegar ao Brasil iniciando suas atividades aqui. A
primeira igreja a se instalar no país foi a Igreja “Anglicana”, da qual Strangford era
membro como já foi dito; depois vieram:

- Igreja Metodista: 1835 – Rio de Janeiro – Rev. Fontain

- Igreja Luterana: 1845 – Rio de Janeiro

- Igreja Congregacional: 1855 – Petrópolis – Rev. Robert Kalley

- Igreja Presbiteriana: 1859 – Rio de Janeiro – Rev. Simonton

- Igreja Batista: 1881 – Salvador – Rev. Willian Bagby e Z. C. Taylor

- Igreja Episcopal: 1890 – Porto Alegre – Rev. Lucien e Watson Morris

- Igreja Adventista: 1895 – Brusque – F. H. Westphal

- Congregação Cristã no Brasil: 1910 – São Paulo – Louis Franciscon


É importante salientar que Louis Francescon foi um italiano residente nos
EUA, que no início do século foi atingido pelo avivamento pentecostal, sendo
batizado com o Espírito Santo na famosa rua Azuza, em Chicago, voltando para a
Itália, onde fundou a Congregação Cristã Italiana, vindo depois para o Brasil, aqui
fundando a Congregação Cristã no Brasil, tendo como diferença das demais
igrejas pentecostais os costumes italianos que migraram para cá com Francescon e
que no princípio não eram causa de conflitos com os demais, chegando o irmão
Vingren a congregar e pregar em uma Congregação Cristã em 1920, quando de
passagem por São Paulo.

Bom seria que o sectarismo não tivesse afetado esta denominação, que é a
segunda maior igreja pentecostal do Brasil, para que, em união com os demais
irmãos, o trabalho de transformação da sociedade brasileira avançasse mais rápido.

4 – Chegam os pentecostais em 1910

No ano de 1909, em Chicago, EUA, dois jovens suecos, que até então não se
conheciam, participam de uma conferência sobre avivamento. Não poderiam
imaginar, naquela ocasião, o que Deus havia reservado para suas vidas e como
seus destinos estavam intimamente relacionados, em futuro próximo, ao de milhões
de brasileiros que seriam alcançados pela mensagem que por eles seria anunciada
no Brasil. Dias depois, ouviram de um servo de Deus chamado Adolfo Uldin uma
revelação em que Deus lhes dirigia para um lugar chamado “Pará”, e também
ouviram pelos lábios deste irmão usado pelo Espírito Santo, o idioma que falava o
povo desse lugar, identificando o idioma português. Procuraram então uma
biblioteca e descobriram que este lugar ficava no norte do Brasil, e sem nenhuma
dúvida quanto à chamada, deixaram a próspera América do Norte e rumaram para o
Brasil, aqui chegando em 19 de novembro de 1910.

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