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APRESENTAÇÃO
Este trabalho de pesquisa baseou-se, na sua maior
parte, no livro “História da Evangelização do Brasil —
dos jesuítas aos neopentecostais”, autoria do pastor
Elben M. Lenz César, que publicou esse livro quando
completava 70 anos de idade. Jornalista e pastor,
contribuiu para a fundação da Igreja Presbiteriana no
Brasil e do Centro Evangélico de Missões, sendo ainda
fundador e diretor da revista Ultimato há mais de 30
anos, onde desenvolveu muitos trabalhos de pesquisa na
área de religião, missiologia e história, sendo o autor das
biografias dos missionários William Carey e Green
Simonton.
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende ser um guia de pesquisa para
alunos que frequentam cursos teológicos, ou para os cristãos que querem saber mais sobre suas origens
religiosas. Além de mostrar passo a passo como as instituições se formaram no Brasil, procuramos dar muita
ênfase às pessoas que Deus usou nessa obra missionária, mostrando seus erros e acertos, e o que representaram
para o sucesso das suas instituições. O trabalho começa por descrever os fatos históricos do “descobrimento” do
Brasil, de modo que se possa entender em que momento as coisas espirituais foram se encaixando nesse período.
Embora não tenha a pretensão de ser uma obra científica, procuramos ser fiéis às fontes pesquisadas, evitando
opiniões pessoais sobre os procedimentos e atitudes das pessoas envolvidas. Uma coisa não pode ser negada: a
grande maioria das pessoas mandadas para o Brasil, com o intuito de evangelizar, eram pessoas vocacionadas,
destemidas, o que não quer dizer que os interesses das instituições que os enviaram eram de todo espirituais,
decentes. Principalmente no primeiro período (séculos XVI, XVII e XVIII), ficou configurado um interesse
maior no controle colonial do que preocupação com espiritualização do povo. Diante das fontes pesquisadas e
dos fatos históricos registrados, pode-se dividir a História da Evangelização Brasileira em três períodos distintos:
o primeiro período (1500 a 1800) foi aquele em que a Igreja Católica Romana, através dos portugueses, tentou
evangelizar (catequizar) a população indígena
e negra que aqui estava, perseguidas pelos
brancos europeus. Já o segundo período (1800-
1900), foi marcado pela chegada das missões
protestantes, resultado da independência do
Brasil em relação a Portugal, principalmente
quanto ao protecionismo dado aos católicos. O
último período, influenciado pelos fenômenos
pentecostais acontecidos nos Estados Unidos,
começou em 1900 e dura até os dias atuais,
passando pela neopentecostalização brasileira.
1. TRÊS SÉCULOS DE
CRISTIANIZAÇÃO
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de Monte Pascoal, Cabo de São Roque, Cabo de Santo Agostinho, Baía de Todos os Santos, Cabo de São Tomé,
Ilha de São Vicente, etc.
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.3 Os escândalos religiosos na Europa
Esse mesmo período de espera pela chegada de missionários católicos ao Brasil (1500-1549) coincidiu com
uma série de escândalos religiosos no continente europeu, período que testemunhou 7 mudanças no troco papal,
sendo que cada um deles reinou apenas cerca de
7 anos. Quando se usa a palavra escândalo, é
porque o comportamento moral desses líderes
não condizia com seus cargos. O papa Alexandre
VI, por exemplo, envolveu-se com uma senhora
da nobreza romana, com quem teve quatro
filhos. Foi esse mesmo papa quem mandou traçar
a Linha de Tordesilhas, sete anos antes da
“descoberta” do Brasil, separando as zonas de
influência entre Portugal e Espanha.
2. O INÍCIO DA EVANGELIZAÇÃO
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2.1 Os primeiros missionários católicos
Como já foi dito, os primeiros missionários a chegarem aqui pertenciam à Companhia de Jesus, fundada pelo
sacerdote basco Inácio de Loyola, cujos membros faziam voto de pobreza. Sua ação espelhava-se no
comportamento de Jesus, procurando buscar e salvar o que se havia perdido. Para isso, fundaram uma casa de
recuperação para prostitutas, uma hospedaria para agasalhar moças solteiras, nobres empobrecidos e meninos
abandonados. Loyola costuma dizer: “Devo orar como se tudo dependesse de Deus e trabalhar como se tudo
dependesse de mim.” Quando morreu em 1556, ele mantinha cerca de mil jesuítas em vários continentes. Junto
com Tomé de Souza, primeiro Governador Geral do Brasil, vieram mais de mil pessoas entre soldados,
funcionários, colonos, artesãos e cerca de 400 criminosos condenados a viver fora de Portugal. Foi nessa mesma
viagem que chegaram os seis primeiros missionários ao Brasil (1549), subordinados a Loyola, e tendo como
chefe imediato Manoel da Nóbrega. Depois de
instalar o primeiro colégio jesuíta na Bahia,
Nóbrega foi para a capitania de São Vicente,
onde fundou o Colégio de São Paulo (1554).
Com sua morte, vieram outros jesuítas, podendo-
se destacar os nomes de José de Anchieta (1534-
1597) e Antônio Vieira (1608-1697). Durante
200 anos, o número de jesuítas chegou a 480,
sendo que pouco menos da metade já eram
pessoas nascidas no Brasil.
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indígena da época era superior a toda a população de Portugal. Aos leitores que gostariam de se aprofundar nessa
lamentável forma de evangelização imposta por aqui, sugerimos que procurem por um filme chamado "A
Missão", que ainda existe por aí, e que mostra todas as atrocidades cometidas contra os índios da região sul,
principalmente no Brasil e países vizinhos como Paraguai, Argentina, etc.
A população negra
Onze anos antes da chegada dos primeiros jesuítas, o
Brasil já podia ser considerado um país de evangelização
complicada, pois além das várias centenas de etnias
indígenas, começavam a chegar levas e mais levas de
escravos africanos. Segundo registros de José de
Anchieta, em 1585 já havia 14 mil negros no território
brasileiro, numa população de 24.800 brancos, sendo que
o início do século XVII assistiu ao empate entre as duas
populações. No final do século XVII, o número de negros e
mestiços já chegava a 1,5 milhão contra uma população branca
de 1 milhão. Alaôr Scisínio (1997) garante que ao fim da
escravatura havia registro de um total de 8 milhões de fricanos
trazidos à força para o Brasil, oriundos de quase todos os recantos da África. Calcula-se que havia representantes
de mais de 250 etnias, falando um número enorme de línguas e dialetos. Esses escravos eram caçados no seu
próprio território, vendidos a traficantes e embarcados para o Brasil. Cada navio trazia, em média, 500 a 700
negros, entre homens, mulheres e crianças, acumulados nos porões das embarcações. Muitos morreram durante
a viagem por falta de ventilação, higiene e alimentação básica. Acredita-se que no século XVI as perdas nas
viagens chegaram a representar 25% das pessoas trazidas. Outra afirmação fortíssima é que 400 mil negros não
completaram sua viagem ao Brasil. Eles eram lançados ao mar, à medida em que morriam. Vale lembrar que
um navio negreiro levava de 35 a 50 dias na viagem entre a África e o Brasil. Dependendo de condições
climáticas e distâncias, a travessia podia durar até 6 meses. Chegando aqui eles eram batizados com nomes em
português, mas tendo como sobrenome a sua procedência: Antônio Angola, José Cobu, Maria Moçambique, etc.
Após um período de “engorda”, eles eram separados estrategicamente de seus familiares e amigos, misturados
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depois aleatoriamente, de modo a dificultar a comunicação entre eles e evitar uma possível rebelião. Só depois
disso é que eram postos à venda para fazendeiros brasileiros. Eles eram avaliados como animais: olhava-se a
língua, os olhos, eram apalpados... O preço variava de acordo com a robustez, a idade e o sexo. Para que se tenha
ideia do valor de compra desses escravos, 20 escravos bem escolhidos valiam tanto quanto um cavalo. Uma vez
comprados, eles poderiam ser doados, vendidos, alugados, leiloados ou trocados. Os escravos mais robustos
eram utilizados para engravidar as negras mais férteis, de modo a multiplicar-se estrategicamente o número de
trabalhadores para o futuro. Sua única paga eram a comida (três vezes ao dia) e a roupa básica. Eles dormiam
sobre esteiras e qualquer desobediência era castigada com acorrentamentos e sucessivas chicotadas. Aquele que
tentasse fugir, era marcado com ferro quente, de modo que ficasse escrito no seu corpo a letra F de fujão. A vida
útil de um escravo em trabalhos era 15 anos. As escravas eram utilizadas para satisfazer os desejos sexuais dos
homens brancos solteiros, enquanto eles aguardavam casamento. Não poucos provocaram suicídio, na viagem
e também aqui no Brasil. Também acontecia com eles uma doença chamada “banzo”, uma espécie de depressão,
sofrimento de saudade da sua terra e de seus parentes. Isso os levava a um tipo de loucura e até à morte. Segundo
o padre Vieira, eles tinham o corpo na América e a alma na África. Quanto à parte missionária, a Igreja parecia
não enxergar esses sofrimentos, nem movia um dedo para que isso acabasse. Além de ter sido o último país a
extinguir o comércio e a utilização de mão-de-obra escrava, o Brasil foi a nação que importou o maior número
de escravos, cerca de 40% daqueles que vieram para toda a América.
A violência generalizada
Muitos perigos assolavam às pessoas que iam chegando à terra. Em 1556, por exemplo, os índios caetés
dizimaram todos os viajantes de um navio naufragado, e em 1570 piratas invadiram dois navios que traziam,
entre outras pessoas, 43 jesuítas. Os que
não foram mortos à espada, foram
jogados ao mar. No meio ambiente, além
dos animais selvagens e da incontável
quantidade de insetos, o calor e as
doenças tropicais eram outro problema
para esses europeus despreparados.
Um fato que também merece registro
são as injustiças cometidas pelos
europeus contra os negros e os
indígenas, calçados no seu sentimento de
superioridade étnica, e no seu poder
econômico e militar. Muitos atos de
barbárie foram cometidos aqui, principalmente na época do colonialismo, quando índios eram caçados,
escravizados ou exterminados. Os negros africanos eram colocados “em engorda” depois da chegada, separados
de seus familiares. Recebiam apenas a comida, a roupa e castigos, numa escravidão vergonhosa que durou 350
anos (1538-1888). Encerrando, apesar da motivação errada que os missionários católicos tiveram nos três
primeiros séculos de evangelização, eles conseguiram transplantar aqui a cultura cristã. Como resultado, vemos
ainda hoje que, salvo raríssimas exceções, todos os brasileiros são cristãos, embora a maioria esmagadora seja
formada por cristãos nominais, aqueles que vivem sem uma vida religiosa, sem doutrina e sem salvação. E isso
é reconhecido por todos, até mesmo pelos católicos romanos.
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econômicas e religiosas. Como esse povo era composto de católicos e protestantes, vislumbrou-se a
possibilidade de uma nova terra onde se tivesse liberdade de culto, o que não acontecia nas grandes
metrópoles. Um ano depois chegou a segunda leva de colonos franceses (300 pessoas), católicos e sem religião,
em sua maioria. Junto deles, vieram 14 huguenotes (reformados de língua francesa) de Genebra, mandados por
João Calvino, o líder suíço da Reforma Protestante. Entre essas 14 pessoas estavam o doutor em teologia Pierre
Richier, o pastor Guillaume e o historiador Jean de Léry, que mais tarde editaria excelentes trabalhos na Europa,
discorrendo sobre as coisas do Brasil.
2.3.1 O primeiro culto
No dia 10 de março de 1557 realizou-se o
primeiro culto reformado abaixo da linha do
Equador, tendo como local o Forte Coligny. Na
ilha, hoje chamada de Villegaignon, Richier
pregou em francês sobre o Salmo 27:4.
No dia 23 de março, fundou-se a primeira
Igreja evangélica brasileira e da América do
Sul. Registre-se, que entre a primeira missa e o
primeiro culto evangélico houve um tempo de
57 anos. Nicolau Durant de Villegaignon,
depois de parecer ter aceito a fé evangélica,
expulsou os genebrinos da ilha, que foram
morar num local hoje conhecido como Olaria,
no continente. Três meses depois foram
obrigados a voltar para a Europa, não
suportando a perseguição daquele homem. No
dia 9 de fevereiro de 1558 Villegaignon
mandou estrangular e lançar ao mar quatro autores de uma confissão de fé reformada, sendo que apenas um
deles conseguiu escapar. Os outros três se tornaram os primeiros mártires evangélicos do continente: Jean de
Bourdel, Matthieu Verneuil e Pierre Bourdon. Essa confissão de fé constava de 17 artigos que definiam assuntos
como a Ceia, a mediação única de Jesus como advogado e intercessor, único acesso possível ao Pai, que justifica
aos que crêem pelo Seu sangue, provocando a vitória sobre a morte. Segundo Álvaro Reis em seu livro (1917),
os demais huguenotes começaram a fugir para o interior do país, sendo que muitos deles foram sendo mortos
por ordem de governantes, como Men de Sá, tudo isso na presença do padre José de Anchieta. Em janeiro de
1567 Villegaignon foi expulso do Brasil, com seus companheiros, através de ordem do próprio governador Mem
de Sá. Registre-se que Jean de Lévy (companheiro mandado por Calvino) escreveu e publicou uma obra
intitulada “Narrativa de uma viagem feita a terra do Brasil, também chamada América”, que foi traduzida
imediatamente para o latim, holandês e alemão, sendo muito consultada até os dias de hoje. Abaixo, uma pintura
da Ilha de Villegaignon, podendo ver-se na paisagem as características marcantes da Baía da Guanabara, Morro
do Pão de Açúcar, etc.
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não se acha relatado em nenhum dos quatro evangelhos ou em outra parte da Bíblia. Também coloca Maria e os
santos como intercessores, o celibato obrigatório, uso de imagens, indulgências, limbo, purgatório, etc. Foram
essas as verdades guardadas no coração e na memória dos negros, dos indígenas e dos europeus que
“devoravam” esse catecismo, e talvez tenha sido esse o motivo da preferência, que até hoje se vê na maioria dos
brasileiros, pela morte de Jesus em detrimento de Sua ressurreição. Basta observar as comemorações pascais da
Igreja Católica Romana: eles comemoram muito mais a morte de Jesus na sexta-feira do que a Sua ressurreição
no domingo. Por outro lado, o catecismo explica bem claramente as duas naturezas de Jesus (homem e Deus) e
a existência da Trindade (Deus é um só mas não é uma pessoa só)
3.2.1 A fé cristã
Com algumas exceções, a presença da Igreja Católica Romana nos três primeiros séculos da História do Brasil
foi um desastre. Segundo registros históricos católico-romanos, o fato da Igreja Romana dominar sozinha o
panorama religioso, não a forçava a enxergar e a corrigir os seus erros. O primeiro grande erro foi a demora em
mandar missionários para trabalhar com os 1,5 milhão de indígenas da época, e padres para pastorear os brancos
portugueses aqui residentes. Roma estava assustada demais com o surgimento da Reforma Protestante na Europa
para se preocupar com os indígenas de uma nova terra descoberta. Além disso, as autoridades portuguesas
estavam muito mais interessadas nas Índias. Por isso afirmamos que foram cinquenta anos jogados fora. Como
já foi dito anteriormente, nessa virada de século (1500) era dramática a situação do clero. Não havia vocação,
não havia preparo e não havia moral. O padre tinha se transformado num funcionário eclesiástico, sem
preocupações com evangelizações ou conversões. Aqui no Brasil, pelo fato de não poder casar (celibato), os
sacerdotes se juntavam a escravas. Sintetizando essa ideia, não era padre o que faltava aqui, mas santidade nos
que aqui estavam. O próprio padre Manoel de Nóbrega, citado por Hoornaert (1992), escreveu certa vez: “Cá
há clérigos, mas é a escória que de lá vem.” Ele estava se referindo a Portugal, é claro. Assim, o casamento da
evangelização como a colonização resultou numa catástrofe. Eram duas coisas bem diferentes, mas uma tomou
carona na outra, fato que aconteceu em várias partes do mundo, não só no Brasil. Veja o que Manoel da Nóbrega
escreveu ao rei de Portugal em 1558, segundo José Maria de Paiva (1982), referindo-se às vantagens de investir
da evangelização no Brasil: “Nosso Senhor ganhará muitas almas e Vossa Alteza muita renda nesta
terra.” Conclui-se, então, pelas palavras de Nóbrega, que para a nobreza portuguesa, evangelizar era sinônimo
de aportuguesar.
Se nos reportarmos ao batismo bíblico praticado por João Batista na época de Jesus, quando os pecadores
arrependidos o procuravam para serem batizados, o que se viu aqui foi um procedimento completamente
antagônico: os jesuítas é que iam atrás dos índios os batizando nas aldeias indígenas, portos de desembarque de
escravos, nas senzalas... Eram batizados à força. Enquanto João Batista restringia o batismo ao arrependimento,
os sacerdotes portugueses o aplicavam a qualquer pessoa, em qualquer situação. Basta dizer que nos primeiros
oito anos de trabalhos os missionários já haviam batizado 15 mil índios. De uma só vez, foram batizados 3.700
indígenas. É bom que se diga também que tais batismos representavam segurança para os negros constantemente
ameaçados, pois era uma espécie de salvo-conduto
para serem melhor tratados na nova realidade que
estavam vivendo. Quem conhece bem a Palavra de
Deus, deve estar pensando que não havia festa no
céu, quando esses homens se batizavam por
atacado, apesar de serem batizados em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo. Mas, por outro lado,
havia muita alegria na Corte de Portugal, pois esses
homens parariam de causar problemas para os
brancos. Stephen (1964) diz que esses batismos em
massa em outros continentes traziam recompensas
aos batizadores: recebiam por cabeça.
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Havia uma guerra de culturas — a européia, a indígena e a
africana. Todos saíram perdendo nessa guerra. Como uma
cultura não conseguia se impor à outra, o que se viu como
resultado foi uma mistura das três que, originalmente, já eram
resultados de uma mistura maior ainda. É a essa situação que se
dá o nome de sincretismo cultural e religioso. Assim, a Igreja
não conseguiu manter separadas as crenças indígenas e
africanas de um lado e a fé cristã de outro. Era mais cômodo que
elas se unissem, e gerassem um cristianismo diferenciado do
cristianismo original. Esse foi o legado deixado para o século
XIX: um criatianismo deformado, nominal e superficial, sem
coerência e autoridade, baseado mais em festas e
comemorações do que em compromissos com Deus. Até hoje
nosso país continua colhendo os frutos amargos dessa
plantação.
Em 1805, aportou na Bahia, por duas semanas, um navio inglês a caminho da Índia. Entre os passageiros
estava um ministro chamado Henry Martyn, que iria desempenhar a função de missionário no continente
asiático. Assim que desembarcou, Martyn procurou conversar com pessoas importantes e alguns sacerdotes
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católicos, com quem falava em latim e francês. Ele ficou impressionado com a
grande quantidade de cruzes em Salvador. Segundo Duncan Reily (1984), Martyn
registrou no seu diário: “Aqui há cruzes em abundância, mas quando será
levantada a doutrina da cruz?”
Lembramos que, até esse ponto, todo o trabalho de evangelização fora feito
exclusivamente por missionários e padres católicos, com exceção de pequenas
infiltrações, como dos huguenotes franceses em 1557-1558 (ocupação francesa) e
dos holandeses no Nordeste em 1630-1654 (ocupação holandesa). Como apenas
passou por aqui, a participação de Martyn para o desenvolvimento da Henry Martyn
evangelização do Brasil se reduziu a seus escritos, seus livros, onde criticou
veementemente a falta de uma evangelização efetiva, bíblica, aos moradores dessa
nova terra. Enquanto os missionários católicos demoraram 49 anos para atender aos apelos de Caminha, os
missionários protestantes demoraram 50 anos para atender aos apelos de Martyn. O primeiro motivo dessa
demora dos missionários protestantes estava no fato das igrejas protestantes europeias e norte-americanas ainda
não possuírem nenhuma visão missionária. Parece que a ordem do “Ide!” foi específica para os apóstolos da
Igreja Primitiva, e não para eles. Em 1792 William Carey escreveu um livro que mudaria essa visão comodista
das Igrejas reformadas: “Investigação sobre a obrigação dos cristãos de empregar meios para a conversão dos
pagãos”. Foi a partir daí que sociedades missionárias passaram a ser organizadas, mandando missionários para
o mundo inteiro. Como segundo motivo para essa demora, pode-se citar a falta de liberdade religiosa no Brasil,
cujo território era dominado por Portugal, um dos países mais católicos do mundo daquela época. Além disso,
havia uma preferência pela Ásia e África, onde a evangelização era zero, imaginando-se não ser bom competir
com o trabalho católico mantido na América Latina. Desde a época de Lutero, já eram editados livros de Américo
Vespúcio sobre o Mundo Novo, suas características, sua gente, livros que tiveram uma vendagem enorme. Só
naquela época, seu primeiro livro vendeu mais de 10 mil exemplares, sendo traduzido para o alemão, francês,
italiano, holandês, espanhol e tcheco. Em 1557, foi lançado um livro chamado “Descrição verdadeira de um
país de selvagens”, escrito pelo alemão Hans Staden, que estivera aqui por duas vezes. Esse livro teve mais de
50 edições em alemão, flamengo, holandês, latim, francês e inglês. Sua versão para o português só aconteceu
em 1892, com o nome de “Duas viagens ao Brasil”, e transformou-se num dos documentos mais preciosos e
confiáveis da etnografia brasileira. Em 1578, o pastor calvinista francês Jean de Léry, ex-missionário no Brasil,
publicou o livro “Narrativa de uma viagem feita à terra do Brasil, também chamada América”, que logo foi
traduzido para o alemão, latim e holandês. O livro descrevia os fatos acontecidos na ilha de Villegaignon, os
indígenas, a flora, a fauna e outras coisas singulares da terra brasileira. Porém, o livro que efetivamente provocou
grandes vocações missionárias para o Brasil foi “Reminiscências de viagens e permanências nas províncias do
sul do Brasil” (1840), escrito pelo missionário
metodista Daniel Parish Kidder. Foi através da
curiosidade provocada por esse livro que vieram novos
missionários para o Brasil. Entre eles podem ser citados
o missionário escocês Robert Kalley, chegando ao Rio
de Janeiro em 1855, e o missionário norte-americano
Zacarias Taylor, para a Bahia em 1882. Kalley foi o
pioneiro dos congregacionais no solo brasileiro,
enquanto que Taylor transformou-se num dos dois
precursores da Igreja Batista. Para as pessoas
interessadas, avisamos que os livros de Hans Staden,
Jean de Léry e Daniel Kidder podem ser encontrados no
Brasil através da Editora da Universidade de São Paulo.
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parta o português, baseado em versões latinas, espanholas, francesas e
italianas. Mais tarde, enquanto trabalhava como missionário no Sri Lanca e
na Índia, passou a traduzir o Antigo Testamento a partir dos originais
hebraicos e gregos. Sua morte (1691) impediu o término desse último
trabalho, tarefa que foi assumida por Jacobus Akker. A princípio, a versão
portuguesa da Bíblia destinava-se aos falantes de língua portuguesa no
sudeste asiático, mas em 1809 ela passou a ser imprimida pela Sociedade
Bíblica Britânica e Estrangeira, de modo a suprir a necessidade dos
refugiados portugueses na Inglaterra. Só depois é que essa versão passou a
ser mandada para Portugal e Brasil. Em 1914 os exemplares da Bíblia
completa em português começaram a ser distribuídos nos navios para
pessoas que se dirigiam ao Brasil, mas a partir de 1918 a distribuição
começou a ser comercial, através de agentes das duas sociedades bíblicas: a
Britânica e a Americana. O primeiro deles foi o pastor batista escocês James
Thompson (1781-1854), que encarregou-se de iniciar a distribuição da
Bíblia em toda a América Latina. Apesar de não se saber se ele chegou a
estar no Brasil, tem-se notícias de que em 1820 ele mandou para cá 100
Bíblias completas e 200 Novos Testamentos. Por outro lado, o missionário
metodista americano Daniel Parish Kidder (1815-1891) foi o primeiro
correspondente da Sociedade Bíblica Americana a se instalar no Brasil, sabendo-se que percorreu o país de norte
a sul, tentando de forma destemida fazer a Bíblia conhecida entre os leigos. A partir de 1850 apareceu uma
versão católica para o português, feita pelo padre Antônio Pereira de Figueiredo. O que a diferenciava da obra
de Almeida é que foi traduzida diretamente da Vulgata, e incluía os livros apócrifos. Seu trabalho durou 18
anos. Foi a partir de 1855 que passou-se a ter um trabalho missionário não interrompido no Brasil, ou seja, 40
anos depois da chegada da Bíblia Almeida. Enquanto a Igreja Católica Romana não estimulava a leitura da
Bíblia, os protestantes, ao contrário, ensinavam que cada fiel deveria ter a sua própria Bíblia, estudar seu
conteúdo, na certeza de que ela é a única regra de fé. Em 1856, depois da chegada dos pioneiros Robert Kalley
(Igreja Congregacional) e Ashbel Green Simonton (Igreja Presbiteriana), a Sociedade Bíblica Britânica resolveu
abrir um depósito permanente de venda de Bíblias, no Rio de Janeiro. Para encerrar, é bom dizer que a Bíblia
Almeida, depois de várias e sucessivas revisões, ainda é a Bíblia preferida pelos evangélicos de língua
portuguesa.
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do total 600 mil eram alemães ou descendentes, e desses, a metade composta de protestantes. (em torno de 350
mil)
5. AS IGREJAS TRADICIONAIS
5.1 Igreja Luterana
O Brasil só deixou mesmo de ser 100% católico a partir da sua
independência de Portugal. Tanto é assim que dois anos depois (1824)
chegaram os primeiros 300 imigrantes alemães, metade deles protestantes
luteranos, seguindo para o Rio Grande do Sul e Nova Friburgo. No meio deles
veio o pastor Friedrich Oswald Sauerbronn, considerado o primeiro ministro
protestante residente no país. No mesmo ano chegaram mais dois pastores
para São Leopoldo/RS, Johann Georg Eschenburg e Carl Leopold Voges. Em
seis anos, já havia mais de 2.500 almas aqui. Calcula-se que a quantidade total
de imigrantes alemães, durante o século XIX, tenha chegado a 300 mil
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pessoas, incluindo Rio Grande, Santa Catarina, Rio de Janeiro, e em menor escala em Minas e Espírito Santo.
Apesar da aparente liberdade de culto no país, a Constituição de 1824 dizia que a Igreja Católica Apostólica
Romana continuaria a ser a religião do império, sendo que aos outros segmentos religioso só seria permitido as
reuniões em residências, sem que exibissem qualquer aparência de templo, ou seja, sem torres, sinos, cruzes,
etc. Como a imigração alemã não tinha como principal motivo a evangelização, as pessoas colocadas à frente
desses trabalhos deixavam muito a desejar, eram despreparadas, tanto na vida familiar como no púlpito. Quanto
a Eschenburg, por exemplo, sua saída foi exigida pelos colonos do Rio Grande, pois ele não vivia moralmente
o que pregava nos púlpitos. Voges, que o substituiu, não era muito diferente: fabricava e vendia cachaça,
mantinha escravos aos seus serviços, ocupando-se mais com os negócios do que com a paróquia. Enquanto os
padres batizavam os negros com nomes em português, Voges os batizava com sobrenomes em alemão: Adelina
Schmitt, etc. Sintetizando, Voges pregava, batizava, casava e enterrava suas ovelhas, mas não as “alimentava”.
Os cultos resumiam-se a leitura de sermões prontos e orações impressas. Quando o grupo se cansava, ele pulava
algumas páginas. Outros personagens que vale mencionar foram o pregador Johann Friedrich Schrader, que era
alcoólatra, e que misteriosamente foi achado morto no campo, além de Philipp Andreas Weber, Erdmann
Wolfram e K.Strüker que também eram dados à bebida alcoólica. Segundo o escritor Carlos Hunsche (1983) o
pastor Heinrich Theodor Recke (Campo Bom/RS) teve que fugir para Buenos Aires, após ter cometido um
“delito vergonhoso”.
Esses registros acima, e um relatório mandado para a Alemanha em
1866, escrito pelo pastor Wilhelm Kleingünther, narram a situação cristã
irreal que viviam os imigrantes alemães até essa época. Cultos rápidos e
depois grandes farras nas vendas e botecos, batizando crianças com a
água de despejo onde se lavava copos de cachaça e assim por diante. Era
a coisa mais comum um líder “espiritual” trocar a Bíblia por um sabre e
tornar-se um soldado, um fazendeiro, carroceiro, etc. A partir de 1864,
com a chegada do pastor Hermann Borchad, a escolha dos pastores
passou a merecer um crivo maior, como a exigência de uma formação
teológica, trabalho que transformou a cidade de São Leopoldo no ponto
de referência do Luteranismo brasileiro. A mesma vergonha que os
imigrantes protestante tinha dos seus pastores no Sul, era a mesma que
os imigrantes católicos tinham de seus padres de lá, pois também
costumavam viver escandalosamente. Porém, com a chegada de jesuítas
alemães em 1850, mudanças também começaram a acontecer no meio
dos imigrantes católicos. Quando se chegava ao ano de 1900, o Brasil já
contava com uma população total de 18 milhões de pessoas, sendo que
600 mil delas eram alemães ou descendentes, metade protestantes (em
torno de 350 mil), número que superava a soma dos congregacionais,
presbiterianos, metodistas, episcopais, batistas e adventistas juntos.
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5.4 Igreja Batista
A Igreja Batista foi a quarta denominação a chegar ao Brasil, demora essa
creditada às desencontradas informações dadas por seus espias que aqui estiveram
antes para sondar o campo. Em 1860, um desses espias (Thomas Jefferson Bowen)
solicitou sua inclusão entre os primeiros missionários a serem mandados para o
Brasil, chegando aqui apenas seis meses depois dos presbiterianos e quatro anos
depois do pioneiro congregacional Kalley. Seus relatórios não devem ter sido
bons, a respeito do Brasil, pois a Igreja Batista afastou-se durante 20 anos do nosso
território. Por causa da derrota do exército confederado na guerra civil americana,
um de seus heróis (General Hawthorne) foi obrigado a sair do país, direcionando-
se para o Brasil, onde organizou uma colônia de imigrantes americanos, tudo com
o apoio pessoal do Imperador Pedro II, com quem Hawthorne mantinha um
relacionamento pessoal de amizade. Só depois que o General Hawthorne fez um
relatório empolgado sobre as perspectivas de um grande trabalho missionário do Brasil, é que a Igreja Batista
voltou a direcionar seus olhos para cá. Foi por sua influência que os dois primeiros missionários batistas vieram
para o campo reaberto: Zachary Clay Taylor e William Buck Bagby. Em 1882, as famílias Taylor e Bagby foram
para Salvador, um campo bem mais necessitado de novos missionários. Junto com eles também se deslocou a
família do ex-sacerdote católico brasileiro Antônio Teixeira de Albuquerque, morando todos, por algum tempo,
numa só casa de três quartos, onde logo fundaram a Primeira Igreja Batista no Brasil. Diante das dificuldades
em aumentar a freqüência, os missionários resolveram encher os bolsos de Novos Testamentos e ganharem as
ruas, visitando lojas e armazéns, locais onde pudessem encontrar algumas pessoas juntas para ouvirem o que
tinham para dizer. Praticaram o que se chama atualmente de evangelismo pessoal. Dois anos depois (1884),
William Bagby e família voltaram para o Rio de Janeiro, que já possuía meio milhão de habitantes, de onde se
deslocavam para o interior das províncias de Minas Gerais e do próprio Rio de Janeiro. No ano 1900 Bagby
viajou para São Paulo, onde permaneceu por 27 anos, local em que sua esposa fundou o hoje conhecido Colégio
Batista Brasileiro. (1902). Em 1927 a família Bagby transferiu-se para Porto Alegre, onde William morreu onze
anos depois, sempre pregando o evangelho.
Quanto a Taylor, permaneceu em Salvador, onde fundou o primeiro jornal batista “O eco da verdade” (1886),
nome que foi mudado duas vezes. Com todo esse trabalho iniciado em várias frentes, o ministério batista
começou a crescer mais do que as outras denominações, inclusive a presbiteriana.
16
5.6 Igreja Episcopal
6. AS IGREJAS PENTECOSTAIS
6.1 O avivamento da rua Azuza
O começo do século XX trouxe grandes novidades
para o mundo evangélico, através de uma série de
acontecimentos nos Estados Unidos. Um grupo de
alunos de um instituto bíblico em Topeka, começaram
a ter experiências pentecostais, acontecendo o batismo
do Espírito Santo semelhantemente ao que houve no
dia de Pentecostes, como a Igreja Primitiva. A Templo da Rua Azuza, em
Enciclopédia Wikipédia define Pentecostalismo como Los Angeles (1906)
reunião de grupos religiosos cristãos, originários do
seio protestante, baseando-se na crença da presença do Espírito Santo na vida dos
crentes através de sinais, denominados como dons do Espírito Santo, tais como
falar em línguas estranhas (glossolalia), interpretação das mesmas, curas,
milagres, visões etc. Em 1906, em Los Angeles, um negro chamado William J.
Seymour (1870-1922) foi convidado a pregar, e o sucesso foi tal que resolveram
alugar um galpão na rua Azuza. Foi nesse local que teve início a “Missão da Fé Apostólica”, com reuniões
avivadas, rompendo com toda e qualquer organização vista até então nas igrejas evangélicas tradicionais. Como
Los Angeles era a cidade que mais estava crescendo na Califórnia e em todos os Estados Unidos, esse movimento
pentecostal teve uma repercussão por todo o país e até no exterior. Nascia ali, naquele galpão, o chamado Século
Pentecostal, um movimento muito mais visível do que qualquer outro que aparecera até então. Pastores de outras
denominações americanas e do resto do mundo chegavam à rua Azuza para conhecer o movimento, sendo que
a maioria recebia também o batismo com o Espírito Santo, e aderia imediatamente. Um desses líderes foi o
norte-americano Young C. H. Mason, da “Igreja de Deus em Cristo”, composta predominantemente de negros,
que até hoje é considerada a maior denominação pentecostal dos Estados Unidos. Pessoas que participaram do
início desse movimento encarregaram-se de levar as novidades para outras cidades norte-americanas e outras
partes do mundo, incluindo-se aí o Brasil. Existem hoje um número interminável de instituições ou
denominações pentecostais, só no Brasil. Vejamos os nomes de algumas delas: Católicos Carismáticos,
Congregação Cristã do Brasil, Comunidade Evangélica, Igreja Batista Nacional, Igreja Betânia, Igreja Betesda,
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Igreja Cristã Evangélica, Igreja Cristã Maranata, Igreja Cristã Pentecostal no Brasil, Igreja de Deus Avivamento
Bíblico, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja do Nazareno, Igreja Evangélica Ágape, Igreja Evangélica
Assembléia de Deus, Igreja Evangélica do Avivamento Bíblico, Igreja Evangélica Avivamento do Deus Vivo,
Igreja Evangélica Chamas do Avivamento Bíblico, Igreja Evangélica Cristo Ressurreto, Igreja Evangélica
Embaixadores de Cristo, Igreja Evangélica Missionária
Pentecostal, Igreja Evangélica Povo de Deus, Igreja
Internacional da Graça de Deus, Igreja Metodista
Wesleyana, Igreja Missionária Arca da Nova Aliança, Igreja
Pentecostal Novas da Alegria, Igreja Pentecostal Deus é
Amor, Igreja Pentecostal Independente, Igreja Pentecostal
de Jesus Cristo, Igreja Pentecostal da Nova Vida, Igreja
Pentecostal O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal o Som
da Palavra, Igreja Pentecostal Unida do Brasil, Igreja
Presbiteriana Renovada do Brasil, Igreja da Restauração,
Igreja Tabernáculo Evagélico de Jesus, Casa da Bênção de
Deus e Igreja Universal do Reino de Deus. Além dessas,
ainda podem ser citadas outras ramificações como
Adventista da Reforma, Adventista da Promessa, Metodista Ortodoxa,
Igreja da Restauração, Congregacional Independente, Cristã Evangélica
Renovada, Sinais e Prodígios, Maranata, Socorristas, Salão da
Fé, Evangélica da Renovação, Jesus é a Verdade, Cristo Vive, Cristã
Antioquia, Cristo Rei, Assembléia de Cristo, Batista Independente,
Templo da Bênção,... Desses, a maioria surgiu entre 1960 e 1990, sendo
que a maioria delas nasceu no Brasil.
Francescon e o Brasil
Em 1909, Francescon abandona seu emprego, guiado por Deus, e viaja para
a Argentina e no ano seguinte para o Brasil, onde teve contato com a imensa
colônia italiana residente em São Paulo. Ao frequentar a Igreja Presbiteriana
do bairro do Braz, ele provocou um cisma na comunidade, enquanto falava
sobre o ministério do Espírito Santo.
Logo, cansado dessas perseguições, juntamente com alguns dissidentes
presbiterianos, batistas, metodistas e católicos, fundou a Congregação Cristã do Brasil,
que não parou de crescer até os dias atuais. Ao contrário de outros pioneiros,
Francescon nunca teve moradia permanente no Brasil, fazendo uma ponte permanente
entre Estados e Brasil, durante anos.
Característica da entidade
Apesar da mesma origem da Assembleia de Deus (rua Azuza), a Congregação Cristã tem um procedimento
totalmente diferente, é intolerante e sectarista, com fortes tendências de ser considerada uma seita. Sua direção
e membros consideram-se a única denominação no caminho certo, não apresentando nenhum interesse em
relacionar-se com outras denominações, mesmo as pentecostais. Também não costumam publicar jornais,
revistas de estudo bíblico ou livros, não se utiliza de rádio, televisão e não promovem reuniões em locais
públicos. A evangelização da Igreja é pessoal, e seus cultos geralmente são longos. As pessoas, que aderem suas
idéias, são consideradas predestinadas e chamadas por Deus para a Salvação. Não há ministros ordenados, nem
burocracia eclesiástica. O pregador é suscitado na hora do culto, por “revelação de Deus”. Os anciãos não são
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assalariados e dirigem a parte espiritual da instituição. A Ceia é realizada apenas uma vez por ano. Outro fato
interessante é que não mantém um rol de membros, sendo que o único registro nesse campo é o número de
pessoas batizadas, o que a princípio era em italiano e em português. Embora esteja presente em todos os estados
brasileiros, a C.C.B. é mais forte na região Sudeste, onde encontram-se 47% dos seus templos, principalmente
no estado de São Paulo. O crescimento sempre é maior nas cidades interioranas do que na capital (80% dos
templos). Apesar de ser extremamente soberba, por se considerar “A obra do Senhor” e não “Uma das
expressões da obra do Senhor”, a Congregação é a denominação brasileira mais discreta quanto à sua liderança
eclesiástica, pois só os anciãos e diáconos são considerados obreiros. No tocante a dinheiro, seus frequentadores
não podem contribuir com cheques, para que seus nomes não apareçam. Pelo fato de seus obreiros não serem
assalariados, todo o dinheiro arrecadado é aplicado na construção de novos templos, os quais obedecem a um
único padrão arquitetônico. Uma última característica que diferencia a C.C.B. das outras denominações
pentecostais é que a distribuição de hinários à irmandade é três vezes maior do que a de Bíblias, deixando
dúvidas quanto à motivação da instituição.
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correspondência a todas as Igrejas existentes no país, denunciando-os.Enquanto Daniel, cinco anos mais jovem,
tinha muita saúde e resistência física, Gunnar era mais preparado intelectualmente, tornando-se, naturalmente,
o líder do trabalho. Daniel era um ganhador incomum de almas, um excelente vendedor de Bíblias e grande
evangelizador pessoal, indo de casa em casa, de ilha em ilha, de
Gunnar Vingren e Daniel Berg
enfermaria em enfermaria. Além da mala cheia de Bíblias, ele
ainda carregava o seu violão, cantando belos hinos em
português e em sueco. Já Gunnar, era o grande pregador, ia
batizando, organizando a obra, criando novos pontos de
pregação e congregações. Morreu 30 anos antes de Daniel. Da
mesma forma como os missionários protestantes foram
beneficiados pelo trabalho anterior dos jesuítas, Gunnar e Berg
foram beneficiados pelo trabalho dos missionários evangélicos
tradicionais (1855-1910), intensificando a pentecostalização
das igrejas já existentes. Porém, o grosso da membresia das
Assembléias de Deus vinha das trevas da ignorância religiosa e
das trevas do pecado e da incredulidade. Os dois, junto com os
pastores brasileiros ordenados por eles, não pregavam apenas a
Jesus, mas a salvação que havia n’Ele, o batismo com o Espírito
Santo e a mensagem completa do Evangelho.
Características
O Exército da Salvação é uma denominação evangélica de estrutura semi-militar, assemelhada à Companhia
de Jesus, fundada por Inácio de Loyola (1534). Os soldados são todos os seus membros (homens e mulheres),
os sargentos são os obreiros leigos, sendo que os oficiais são os pastores. A Escola de cadetes é o seu seminário
teológico, e as promoções variam de acordo com o tempo de serviço, capacidade e responsabilidade. Seus
membros não bebem, não usam narcóticos, entorpecentes, nem participam de divertimentos mundanos. Eles
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combatem o aborto, a mortalidade infantil, o analfabetismo e a fome, a embriaguez, a prostituição e demais
males sociais. É uma força espiritual dotada de uma consciência social.
Entre suas obras visíveis, eles abrem centros comunitários, lares para menores e mães solteiras, acampamentos,
colônias de férias, casas de apoio, hospitais, maternidades, leprosários, clínicas de apoio a dependentes químicos,
agências de empregos e restaurantes populares. Uma outra característica dessa instituição é colocar letras
religiosas em músicas conhecidas (reggae, jazz, pagode, samba, etc.), utilizando todo tipo de instrumento que
se adapte a esses ritmos profanos (pandeiro, bumbo, guitarra, etc). Bater palmas enquanto se canta nunca
representou um problema para os salvacionistas.
Os pioneiros no Brasil
Em 1922 chegou ao Brasil o casal suíço David e Stelle Miche, para tratar
da instalação de uma extensão do Exército da Salvação no Rio de Janeiro, fruto de um pedido do pastor
Erasmo Braga a Booth, em Londres. Esse casal se completava: ela era mais instruída e ele mais piedoso. Nas
festividades pela passagem do primeiro centenário da independência brasileira, eles distribuíram 40 mil folhetos
que historiava a organização. Bastaram nove meses para que David Miche tivesse uma idéia do país em que
estava. Num relatório a Londres, ele definia o Brasil como uma terra com abundância de minérios e comida,
mas quanto ao caráter negativo dos seus habitantes, ele escreveu: povo ignorante, doente, pecador, infeliz; pouco
escrúpulo para atingir os objetivos e facilidade para mentir e para apropriar-se do que não é seu; a empregada
engana a patroa, o empresário sonega impostos, mais de 80% da população é analfabeta; tendências para jogo a
dinheiro, levando muitos ao endividamento. Como qualidades, David enxergava que o brasileiro era
hospitaleiro, amável e generoso. Também deve ser destacada a passagem por aqui da missionária norueguesa
Helen Londahl. Horrorizando-se com as zonas de meretrício existentes nos grandes centros brasileiros,
comandou um grupo de senhoras presbiterianas para organizar uma festa de natal para as prostitutas,constando
de guloseimas, cânticos e pregação da Palavra de Deus. As prostitutas foram sendo convidadas uma a uma,
chegando a um total de 300 convites.
Para decpção geral, só apareceram quatro convidadas.
Mas a festividade foi iniciada como se o salão estivesse
cheio, fazendo com que uma das quatro se levantasse
chorando. Disposta a abandonar a vida de prostituição,
ela foi convidada a morar com Helene até que se
ajeitasse numa nova vida. A moça, porém, no dia
marcado, não apareceu.
Em 1938 os salvacionistas inauguraram o “Rancho do
Senhor”, também conhecido como o “Lar das Moças”,
local afastado do centro urbano que amparava mães
solteiras, de modo a impedir que a situação criada as
lançasse nas ruas como novas prostitutas. Esse local
existe até o dia de hoje, sendo que mais de 1.200 mães
já passaram por ali, sendo que algumas dessas moças
vieram se tornar membros do Exército da Salvação. Charrete de doações
Início no Brasil
Depois da morte de Aimée (1940), Harold Williams (ex-ator de Hollywood), um discípulo dela trouxe para o
Brasil essa instituição (1951). Esse homem primeiro veio para a Bolívia, viajando para o Brasil por rios, terra e
mar, desembarcando em Santos (1946), seguindo dali para Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, onde
aprenderia a língua portuguesa. Depois de passar quatro anos quase sem atividades no Brasil, Harold foi para
os Estados Unidos, onde permaneceu por um ano. Aí voltou para o Brasil, passando antes por Cuba, Panamá e
Peru, vindo a inaugurar aqui a “Igreja Evangélica do Brasil”, com doutrina quadrangular, mentora da Cruzada
Nacional de Evangelização. Em 1958 a instituição passou a chamar-se “Igreja do Evangelho Quadrangular”,
como nos Estados Unidos, quando deslanchou definitivamente, principalmente em São Paulo e no Paraná. Por
diversas vezes Harold Williams trouxe ao Brasil um cantor americado de Country Music, chamado Raymond
Boatright, que costumava aparecer em filmes como cowboy. Ele cantava vestido de vaqueiro, tocando a sua
guitarra. Enquanto o ex-cowboy cantava, o ex-galã Harold interpretava as falas para o público. Eles iam de
cidade em cidade, fazendo uma cruzada em tendas de lona, com capacidade para 1.200 pessoas. Em muito pouco
tempo, mais de 300 brasileiros foram ordenados para o ministério da Igreja Quadrangular, recebendo cada um
uma tenda de lona e um sistema de alto-falantes, de modo a iniciar seu próprio ministério itinerante. Em 1957,
depois de fundar o Instituto Teológico Quadrangular, em São Paulo, Harold Williams desentendeu-se com a
liderança local, voltando para os Estados Unidos. No seu lugar veio o missionário George Russel Faulkner, que
acumularia a supervisão dos campos da Argentina, Uruguai e Chile. Ele permaneceu aqui por 22 anos. Faulkner,
julgava estagnado o trabalho no Brasil (só 160 igrejas entre o Espírito Santo e Santa Catarina), dinamizou o
processo, mandando jovens obreiros para todas as
capitais dos estados não alcançados, sendo que até
1976 a instituição já estava instalada em todo o país.
Próximo ao ano 2000 a marca chegou a um total de
6.022 igrejas instaladas (aproximadamente 1,5 milhão
de fiéis) com 17.500 obreiros. A Igreja do Evangelho
Quadrangular do Brasil sustenta missionários em 15
países. Quando alguém estranha a quantidade de
mulheres entre os obreiros, vale lembrar que foi uma
mulher quem teve a visão de fundar esse ministério.
Para confirmar essa tendência, lembramos também
que as mulheres de Harold Williams e George
Faulkner já eram pastoras antes deles.
Características
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No ano 2000 a BPC já contava com 600 mil fiéis e 2 mil pastores, a maioria espalhados por São Paulo, Paraná
e Rio Grande do Sul, possuindo templos na Argentina, Peru, Uruguai. Bolívia, Portugal, Espanha, Dinamarca e
Japão. Vale registrar que a Igreja desligou-se no FMI em 1986.
sentiu que Deus o chamava para uma grande obra de avivamento, passando a
iniciar um novo trabalho de pregação do evangelho, a chamada Igreja
“Evangélica Pentecostal o Brasil para Cristo.”
Manoel de Mello era muito polêmico, fazia declarações bombásticas,
destemidas, “jogando farpas pra todo lado”. Em 1989, durante o regime
militar, pregando numa praça pública na cidade de Tatuí/SP, entre outras
coisas, ele disse o seguinte: A maioria dos pregadores ensina os crentes a
serem fracos, e alguns ensinam até a orar por essas autoridades que estão por
aí, baseados no versículo que diz: “Orai pelas autoridades constituídas!” E eu
oro. Só que para autoridade constituída que dirige o povo de acordo com a
Palavra de Deus. Quando a autoridade dirige o povo de acordo com a vontade
de Satanás, não merece o nosso respeito. A mensagem que ele pregou naquela
noite baseava-se em Ezequiel 37, sobre o vale dos ossos secos. Segundo
registros da própria instituição, a pregação foi tão impactante que 1.018 almas
confessaram publicamente a Jesus como Senhor e Salvador, naquela
oportunidade, n]ao incluindo aí dezenas de pessoas que não puderam ser
cadastradas no momento, devido à grande aglomeração. Numa outra oportunidade, no Estádio da Fonte Nova
em Salvador, ele pregou por cinco dias contra a feitiçaria, sendo ameaçado por milhares de macumbeiros
vestidos de branco, com velas nas mãos. Pelas coisas que dizia, Mello foi preso 27 vezes, acusado de
curandeirismo, desrespeito às autoridades, etc. Visitou mais de 130 países do mundo e construiu um templo em
São Paulo com mais de 6.000 metros quadrados, incluindo o átrio. Uma das histórias pitorescas contadas em sua
Igreja, está aquela em que o padre Martinho Lutero ao voz de Deus, caiu por terra e foi batizado com o Espírito
Santo. Ao se levantar fez o maior roubo do universo: entrou nos aposentos do papa e roubou a Bíblia Sagrada,
mandou imprimi-la e começou a cobrir a Alemanha com a Palavra de Deus. Ainda segundo ele, o papa, muito
irado, reuniu mais de 70 cardeais, mas de 1.000 bispos e todo o exército da Itália para dar cabo de Lutero, que
não se rendeu às ameaças.
Pr.David Miranda
7. O MOVIMENTO NEOPENTECOSTAL
Características
O que mais atrai fiéis à Universal não são as curas, exorcismos, línguas estranhas ou outras características
parecidas com outras igrejas, mas a Teologia da Prosperidade, muito utilizada também pela “Igreja Internacional
da Graça de Deus”, e pela ADHONEP (Associação de homens de negócios do Evangelho Pleno), uma doutrina
de origem norte-americana — Helph and Welth Gospel (Evangelho da Saúde e da Opulência). Isso faz com que
a Universal não consiga comunhão com as demais denominações evangélicas por causa dos excessos ligados à
prosperidade essa doutrina ensina a prática da afirmação positiva, onde se encontram a fé e a oferta em dinheiro,
normalmente acima da própria possibilidade do doador, sempre com a promessa de que tudo voltará em
quantidade nunca vista antes. Eles ensinam que “Fé é dar o que não se tem.” Verdadeiros leilões de oferta são
feitos durante as reuniões. Eles criam novidades seguidamente, como trocar dinheiro por “azeite abençoado”,
por “areia de Jerusalém”, “bomba milagrosa”, “fitinha do não-sei-o-quê”, etc. Os pastores chegam ao ponto de
prometerem orações personalizadas por algum tempo para as pessoas que derem mais ofertas. Já aconteceu
reunião em que as pessoas que tinham recebido oração teriam que passar em fila pelo pastor, tocando a sua
gravata. O Pastor Elben Lenz César (2000) considera nefasta essa teologia, pois transforma a oferta em
instrumento de privilégios materiais e não em gratidão, adoração. Para ele, essa prática deturpa gravemente o
verdadeiro culto e o verdadeiro evangelho. Os anos mostram que essa doutrina têm criado um ninho de cristãos
materialistas e mundanos. A IURD ensina a seus fiéis a não se sujeitarem à miséria, incentiva-os a abrirem seus
próprios negócios, etc. Um comentário na mídia definiu a Universal como “a combinação de uma igreja
pentecostal com uma agência de cura divina”, pois une a preocupação nas demandas particulares com a demanda
espiritual de salvação. Enquanto incentivam a leitura da Bíblia, só incentivam livros editados pela própria
denominação, o que lembra um pouco o obscurantismo da Idade Média, quando o conhecimento dos leigos não
era incentivado pela Igreja. Também lembra o comportamento da “Congregação Cristã do Brasil”, que só
aconselha a aquisição da Bíblia e de hinários. Na IURD pouca ou quase nenhuma mensagem bíblica é pregada,
e as que acontecem normalmente mantêm relações com dinheiro. Em meio a tudo isso, a “Ceia do Senhor” é
servida a todas as pessoas que estiverem presentes, em copinhos de plástico, não importando se são batizadas
em águas ou não, ou se pertencem a alguma denominação evangélica. Após a cerimônia, todos devem amarrar
os copinhos utilizados, pois estarão “amarrando os pecados”.
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Com uma certa arrogância, Edir Macedo, certa vez, fez a seguinte afirmação, para justificar o sucesso da
IURD:
“Já vivemos a pregação protestante com Lutero, a avivalista com John Wesley e agora temos que sair da
mera pregação carismática para a pregação plena.”
Atualmente, essa denominação mantém um programa de televisão que atinge todo o território nacional,
comprando horários de mais de uma rede, inclusive em horário nobre. As estações de rádio foram mais uma
porta aberta para a divulgação do Evangelho. A extinta Rádio Relógio, de alcance nacional, foi comprada e a
Nossa Rádio FM, com estações no Rio, São Paulo e Minas Gerais, edificam a vida de milhares de ouvintes por
meio das músicas e mensagens de fé. Nesse mesmo pensamento, a Graça Music lançou mais de 70 títulos de
Cd´s lançados desde 1999. Atualmente, a Igreja da Graça possui mais de 1.000 templos espalhados por quase
todo o país, Uruguai, Japão, Estados Unidos e Portugal. Além da televisão, existe a revista Graça, livros
publicados pela Graça Editorial, fundada em 1983.
Características
O Missionário R. R. Soares, ao fundar a Igreja da Graça,
estava apavorado diante do espaço dado pela mídia aos
macumbeiros e às obras das trevas, naquela época, sendo que o
país caminhava rapidamente em direção ao precipício
espiritual. A ousadia dos praticantes da magia negra e a
covardia dos pregadores eram tais que, certa vez, um
macumbeiro colocou um despacho na porta de uma filial da
igreja em que ele era membro. Enquanto aguardava-se o
caminhão de lixo para retirar o despacho, o pastor da igreja usou
a porta lateral para entrar, pois tinha medo de R.R. Soares
demônios. Apregoando a autoridade concedida ao cristão para
expulsar demônios e desfazer toda a obra do diabo, o
Missionário RR Soares partiu para um combate espiritual, travado inicialmente na cidade do Rio de Janeiro,
utilizando um programa de televisão. Em poucos dias, a cidade toda se apaixonou pela mensagem do programa
e as conversões começaram a ocorrer às centenas. Eram pais e mães de santos, junto com seus familiares que
vinham entregar-se completamente ao Senhor. Começava o primeiro programa evangelístico da televisão
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brasileira. Assemelhando-se aos propósitos da Igreja Universal, a Igreja da Graça também dá um enfoque
exagerado às doutrinas da prosperidade e da cura, apesar de dar muita importância à pregação da Palavra de
Deus. O missionário viaja todo mês pelo Brasil para realizar campanhas de curas e milagres.
8. O JOIO E O TRIGO
Agora, depois de se ver como tudo começou, os pioneiros, os mais diversos ministérios, as mais diferentes
formas de
evangelizar, perguntamos: Por que tantas denominações
se separam umas das outras para iniciar um novo
trabalho? Logo vemos a resposta saltando aos olhos: Muita
luta interna, muita busca pelo poder, muita defesa
sobre “aquilo que eu penso é melhor”.
Quanto às igrejas pentecostais, apesar das muitas buscas
pelo poder do Espírito Santo, como se viu desde 1900, é de
estranhar que a maioria dos livros editados a partir desse
período tenha dado uma tremenda preferência pela terceira
pessoa da Trindade, o Espírito Santo, em detrimento de Jesus
Cristo, o Salvador, o centro de todas as doutrinas bíblicas, de
capa a capa. Boa parte das igrejas pentecostais e
principalmente as neopentecostais da atualidade vêm numa
busca desenfreada pela cura, expulsão de demônios,
prosperidade financeira, etc., o que tem sido motivo de escárnio pela imprensa secular, dada a vulgarização que
certas denominações têm dado a essa atividade espiritual. Outra coisa importante a ser analisada, é a incansável
busca pelos dons do Espírito Santo (línguas, profecias, cura), dando-se menor importância aos frutos do Espírito
Santo (amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, etc.) tão enfatizada em Gálatas 5:22,23. São
as Sagradas escrituras quem nos alertam para a presença de joio no meio do trigo, e isso tem sido pouco
observado pelos cristãos da atualidade. É Mateus 13:36-43 quem diz para não esquecermos da constante
presença do joio, nem de quem o plantou, ou seja, o inimigo do Filho do Homem. É preciso que se diga que
nenhuma Igreja está vacinada contra o joio. O joio pentecostal e o joio tradicional estão igualmente
representados pela inveja, pelo ciúme, vaidade, sede de poder, endeusamento do homem, mentiras, visões e
revelações forçadas, exegeses tendenciosas, escândalos envolvendo dinheiro e sexo, línguas inventadas, coisas
ridículas, impurezas doutrinárias, abuso de autoridade, ditaduras eclesiásticas, soberbas sectária, e mais uma
série de disvirtuamentos da Palavra de Deus. Elber Lenz César (2000) diz que o verdadeiro avivamento vai
muito mais além do passar pelos êxtases e línguas e por visões sobrenaturais; vai muito mais além do vigiar os
outros com a Bíblia aberta nas línguas originais, de modo a detectar policialmente qualquer pequeno desvio
alheio de conduta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho visou mostrar que o Reino de Deus é composto de
uma grande variedade de obras, que as coisas nem sempre
aconteceram como as vemos hoje. Muitas das Igrejas tradicionais
costumam ser ridicularizadas por causa de certas coisas que
defendem tão ardorosamente. Será que os costumes rígidos pregados
anteriormente não foram o caminho mais curto para uma conversão
segura, numa determinada época? Será que os vestidões defendidos
em muitas denominações não respondem mais de perto às
orientações bíblicas do que as minissaias e blusas decotadas da
atualidade, que muitos defendem comodamente com a alegação de
que o que vale é o coração? Esse é apenas um exemplo das diferenças
de pensamento entre as Igrejas de outro tempo e as atuais. Em meio a tantas visões do Reino de Deus, em meio
a essa variedade de pregação do Evangelho, é preciso que os pentecostais respeitem mais os históricos, pois
foram eles que vieram primeiro, foram eles que abriram as clareira, onde nada havia, encontrando terreno
virgem, animais selvagens, índios antropófagos, tudo isso em meio à falta de liberdade religiosa, distâncias
quase inatingíveis, falta de transporte, comunicação, para que os crentes atuais possam desfrutar dos recursos
da modernidade.
Muitos deles, talvez, tenham tido uma visão bem mais ampla do Reino de Deus do que muitos de nós, hoje,
com toda a liberdade e comodidade que temos, dentro dos belos e confortáveis templos, com ar condicionado,
com agua mineral, onde a maioria chega em belos carros, e onde a mensagem é mais facilmente entregue graças
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aos microfones, câmaras, mouses, etc. Seria bom lembrarmos que enquanto a Igreja Primitiva levou 30 anos
para evangelizar o mundo urbano da época — Jerusalém (55 mil habitantes), Éfeso (300 mil), Corinto (500 mil),
Atenas (250 mil), Roma (500 mil), contando só com Paulo, Pedro, Barnabé, Silas, Timóteo, Lucas e mais alguns,
nós, atualmente, gastamos 500 anos para fazer o mesmo só aqui no Brasil, apesar de muita gente ainda não ter
sido alcançada. Por outro lado, vê-se também um sarcasmo das igrejas tradicionais sobre o comportamento
despojado dos pentecostais. Consideram mais correto buscar a Deus em cultos frios, mecânicos, do que na
“gritaria” dos pentecostais. As Igrejas ficam perdendo tempo olhando e criticando o modus operandi das outras,
ao invés de olharem todas juntas para Jesus, o Salvador, verdade que nenhuma delas contesta, na realidade.
Quanto à Igreja Católica Apostólica Romana, o que se viu, neste trabalho, foi que esqueceram a ordem de Jesus
em proceder a uma evangelização pessoal, fazer discípulos, batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo, conforme está escrito em Mateus 16. A preocupação do clero sempre esteve centrada apenas em batizar
e manter o alto número de fiéis. Olhando em todas as direções, precisamos entender que evangelizar não é apenas
tirar alguém católico de lá e trazê-lo para cá, ou convencer irmãos de fé a se batizarem nas águas, ou convencer
irmãos de outra denominação que o mais importante é guardar o sábado. Para muitos evangélicos pentecostais,
por exemplo, evangelizar ainda é tirar alguém da geladeira e colocá-lo no fogo! É bom que se diga que quem
converte o pecador ouvinte da mensagem da Salvação é Deus, e não a argumentação do evangelizador. Por outro
lado, quem anuncia a boa nova da Salvação não é Deus, nem os anjos, mas o homem que já O conhece.
Vejamos agora algumas definições sobre o que significa o verbo Evangelizar e o substantivo Evangelismo:
“Evangelizar é como uma caminhada lenta, normalmente com altos e baixos, até que, finalmente, ela se
materialize de forma pública e convincente para todos aqueles que estão à volta.” (Elbem Lenz César, escritor)
“Evangelismo é compartilhar Cristo a toda e qualquer pessoa com a qual você se encontra, através de palavra
falada, livros, folhetos e através de desenhos e pinturas.” (Joni Eareckson Tada) “Evangelismo é proclamar as
boas notícias, deixando os resultados absolutamente nas mãos de Deus.” (Luís Rodrigues, jornalista espanhol)
“Evangelizar é executar o testamento do Cristo ressurreto, cujo centro está em ganhar almas para o Cordeiro.”
(Frans Leonard Schalkwijk, missionário holandês) “Evangelismo abrange todos os esforços no sentido de
declarar as boas novas de Jesus Cristo, com o objetivo de que as pessoas entendam a oferta da Salvação de Deus,
tenham fé e tornem-se discípulos.” (Billy Graham, pregador) Evangelização é a proclamação das boas novas da
Salvação em Jesus Cristo, visando levar a efeito a reconciliação entre o pecador e Deus Pai, mediante o poder
regenerador do Espírito Santo.” (Timothy Weber, Doutor em História da Igreja) Quanto a missões, é preciso
que se deixe registrado um dado interessante. De evangelizados, os países da América Latina se transformaram,
hoje, em evangelizadores. A tocha da evangelização mundial já esteve nas mãos de Israel, da Europa, da América
do Norte, mas agora está nas mãos dos terceiro-mundistas, pois a percentagem de evangélicos abaixo da linha
do Equador já é muito maior do que a do Hemisfério Norte. O Brasil, por exemplo, de campo missionário passou
a ser uma das novas nações que inverteram o quadro: em vez de receber missionários, envia missionários para
todo o mundo. Há quem diga que existem mais missionários brasileiros do que jogadores de futebol em terras
estrangeiras. Na verdade, de uma forma geral está acontecendo uma globalização missionária, pois todos os
países, os ricos e os pobres, recebem e mandam missionários.
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