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JULIO MEINVIELLE
CONCEPÇÃO
CATÓLICA
DA POLÍTICA
Vitória/ES
2ª Edição - 2020
CENTRO
ANCHIETA
EDITORA
Concepção Católica da Política
Pe. Julio Meinvielle
M514c
CDU 101:2
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que tivesse havido, entre os diversos centros ou institutos, uma
anterior e norteadora confabulação – digo-o por experiência
pessoal. Tudo tem acontecido pela Santíssima Vontade de Deus,
que até agora nos tem guiado. Os resultados são harmônicos,
ainda que não premeditados coletivamente.
Vejo que o Brasil cumpre a sua vocação universal, a vocação
de Império Católico e, por seu espírito hispânico, precisa levar
a salvação e a Graça a todas as almas. Se já não nos é possível
a conquista de novos territórios, que cuidemos de salvar as
almas e resgatá-las dos sistemas ímpios que desde a revolta
protestante nos têm assolado.
E agora o Centro Anchieta, que nasce sob o signo prioritário da
ação política (ao menos assim tenho entendido a sua missão), para
contrabalançar a preocupação quase que exclusiva com a guerra
cultural de tantos outros Centros e Institutos, vem nos entregar
esta segunda edição do livro Concepção Católica de Política, do Pe.
Julio Meinvielle, grande baluarte do sacerdócio argentino.
E retomando a ideia inicial que permeia esta apresentação,
não deixa de ser significativo e até mesmo indicativo, que tenha
nascido na Argentina, Pátria descoberta e conquistada pelo
grande Império Espanhol, este valoroso sacerdote que vem
agora nos esclarecer, a nós, filhos da Pátria-Mãe portuguesa,
a verdadeira concepção católica de política e nos advertir
sobre os erros perniciosos dos sistemas políticos modernos.
Nunca é demais lembrar que tanto Espanha, como Portugal,
imprimiram em nossa Hispano-américa o espírito guerreiro
e missionário de São Tiago Maior, a quem Nosso Senhor Jesus
encomendou a saga de catequizar a Península Ibérica – sob o
manto de Nossa Senhora, a Virgem Puríssima. Somos filhos
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de São Tiago Maior, somos filhos da Cruz e da Espada. Por isso
o nosso grande épico, a glória da língua portuguesa, Luís de
Camões, havia notado esta grande verdade, quando se referia
aos lusitanos como uma gente fortíssima de Espanha. Esta é a
nossa dignidade, a nossa tradição e a nossa honra.
Como estava dizendo, o Centro Anchieta, consciente da
missão histórica do Brasil, quer difundir a verdadeira doutrina
da Igreja quanto aos assuntos políticos, porque o movimento
revolucionário anticristão objetivou (e objetiva), em última
instância, à modificação extrema de todas as estruturas políticas
da Cristandade. A confusão reinante no Brasil sobre a natureza da
política, seus sistemas e regimes, é de certa forma a responsável
por nosso fracasso enquanto comunidade política.
A perda da tradição política, o esquecimento programado das
lições aristotélico-tomistas sobre os regimes políticos, colocou o
Brasil no meio do furacão maçônico-liberal, culminando com a
instauração de uma republiqueta positivista-liberal-maçônica
que retoma sua indigna origem em Marsílio de Pádua (mais
remotamente) e Jean-Jacques Rousseau (mais proximamente).
O golpe final nos vem em 1988, com a chamada e atual constitui-
ção republicana, coisa postiça, que constitui o e no vazio, além de
ser inteiramente liberal e maçônica – nos moldes das ideias
venenosas de Rousseau. E, como há de ser, com elementos
socialistas explícitos, porque o liberalismo só está no mundo
para abrir as portas para o socialismo, especialmente o marxista.
Assim as coisas têm acontecido no Brasil. De tudo se diverge
por aqui, mas uma coisa existe de que ninguém tem dúvidas,
nem mesmo aqueles que se consideram católicos sinceros:
não se discute a democracia, o chamado estado democrático de
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direito – que é uma construção fictícia do iluminismo francês e
uma imposição da revolução francesa. A atual estrutura jurídica
do nosso país nasce de uma simbiose artificial entre o totalita-
rismo democrático (representado pela ideia revolucionária de
“assembleia constituinte”) e a impiedade do liberalismo maçôni-
co – ambos trabalhando para a efetiva revolução comunista – que
temos agora experimentado por aqui com as diversas agendas
propagadas por aqueles que estão a serviço do Governo Global.
Pois bem. Um só livro como este do Pe. Meinvielle seria o
bastante, se bem lido e refletido, ao menos por nós católicos,
para iluminar a nossa inteligência ou ao menos abri-la aos
verdadeiros ensinamentos da Igreja sobre o assunto. Seria o
bastante para ligar o alarme vermelho contra sistemas políticos
estranhos à nossa história, à nossa tradição, e aos prudentes
ensinamentos da Santa Igreja.
Faltava-nos, portanto, uma obra que, em língua pátria, escla-
recesse didaticamente o que são os regimes políticos, segundo a
doutrina segura da Igreja e de seus doutos expoentes, a forma
de constituição de uma cidade, as vantagens e desvantagens
deste ou daquele regime, as combinações possíveis entre eles,
as regras gerais de uma economia católica, e, sobretudo, aquilo
que não devemos, em hipótese alguma, seguir.
Este livro é a melhor maneira de nos livrar de muitas arma-
dilhas pela luz que traz ao intelecto. Pe. Julio Meinvielle faz um
trabalho pastoral muito relevante neste livro, assim como em
todos os outros. Nunca teve pretensões acadêmicas, e nem de-
veria. Sua preocupação sempre foi tratar assuntos complexos
com aquela didática de um sacerdote paroquiano para alertar
suas ovelhas contra os caminhos espinhosos.
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Assim, Pe. Julio empreende uma pastoral política e trata
com muita simplicidade assuntos que normalmente exigiriam
grandes estudos e meditações. Ele as fez sozinho e nos entregou
tudo resumido, e é justamente este elemento que faz dele o guia
essencial e necessário ao nosso país – que mais do que nunca
tem solicitado um bom pastor também nos assuntos mais amplos
e, por isso mesmo, mais problemáticos.
Vamos ao livro propriamente dito. A primeira parte é toda
para desconstruir o mito da vontade geral em Rousseau e da
soberania popular, mito herético e sacrílego. Mito, aliás, que
resolvemos seguir em nossa constituição republicana de 1988.
Já nas primeiras páginas somos levados a concluir, com muita
facilidade, que vivemos sob a égide de uma estrutura política
postiça, artificial e concebida na mente de inimigos de Deus e
da Igreja Católica.
Condena também, com base nos textos de Santo Tomás de
Aquino e do Magistério dos Papas, o outro extremo da moeda,
que é a teoria física da política, levantada pelo movimento da
Ação Francesa. Conclui Pe. Julio, muito didaticamente, que
a nenhum católico é dado pensar a política como uma arte
(porque, neste caso, cairia no erro de Rousseau, para quem
o homem é o dono absoluto do poder político e pode com ele
fazer o que quer, tal qual um artista diante de um quadro ou
um mármore bruto), muito menos como uma física (como foi
o caso da Ação Francesa, que desejava ver na ação política leis
inflexíveis e absolutas). Nem arte, nem física, mas moral. A
política é uma atividade moral. Este é o primeiro e importante
esclarecimento que nos faz o Pe. Julio Meinvielle.
Logo após, em outro título, explica-nos com a paciência
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de um verdadeiro pastor, que o autor da sociedade política é
Deus. Isto é, Deus é a fonte da soberania do corpo político, e
não o povo – como hoje afirma a nossa norma fundamental
revolucionária. Trabalha as relações entre a política e a teologia,
e conclui catolicamente que a política se submete à teologia,
está intrinsecamente subordinada a ela – e com isto edifica
um muro intransponível entre a verdadeira doutrina católica de
política e a cosmovisão liberal e maçônica, que tenta ver na ação
política uma absoluta independência e separação relativamente
à teologia.
Em dois dos principais pontos desta obra, Pe. Meinvielle nos
ilumina quanto ao verdadeiro sentido da expressão “democra-
cia”, esclarecendo a destruição que este termo recebeu com as
ideias modernas, restituindo o verdadeiro e católico significado
do referido termo, e nos ajudando a perder, de vez por todas,
esse amor quase que sacramental pelo mito da democracia
(modernamente entendida), ou seja, pelo novo deus criado
pelo filosofismo francês.
Muito significativo para nós católicos é o tópico no qual o Pe.
Meinvielle trabalha o problema intrincado da escolha, por nós,
do sujeito e do regime político (forma) que deve estruturar o cor-
po social. E faz uma diferença, esquecida por muitos, sem a qual
cairíamos nas imprecisas e perniciosas invenções políticas dos
ideólogos protestantes, entre o direito divino dos reis e o direito
humano dos regimes políticos. É que, como sempre defendeu a
doutrina da Santa Igreja, a soberania vem de Deus, mas o sujeito
que a exerce e a forma (regime) pela qual ela será atuante podem
ser estabelecidos pela lei positiva humana, ou seja, pelos homens
– e aqui entra a verdadeira teoria constitucional do Estado.
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Mas quem não sabe que até hoje circula, inclusive nos círculos
católicos de elevada intelectualidade, a ideia de que a Igreja
sempre defendeu a doutrina pueril do “direito divino dos reis”,
segundo a qual os governantes são eleitos ou escolhidos direta-
mente por Deus para dirigir uma nação? Ora, nada mais injusto
e historicamente sem fundamento. Esse tipo de doutrina é
justamente o oposto da tradição católica, e foi concebida pelos
teóricos protestantes para justificar a unidade de todos os ho-
mens em torno de um outro homem, escolhido, segundo eles,
pela própria Majestade Divina. Chega a ser um desrespeito à
inteligência de tantos mestres do catolicismo esse tipo de acu-
sação leviana, porque não tem havido na Filosofia Política,
data maxima respecta, ideia mais pueril do que esta.
Depois o Pe. Meinvielle nos ensina a postura dos homens
diante de um poder tirânico e injusto, que atenta contra a lei
natural e os direitos da Igreja e de Deus. E com maestria nos
conduz à doutrina pura do catolicismo sobre o direito de re-
sistência contra o poder abusivo e, sendo o caso, até mesmo de
Guerra Justa.
Em outro ponto alto do livro, o Pe. Julio nos ensina como
deve ser a estrutura político-social da vida política, e então, com
mais detalhes, faz uma imponente crítica às duas cosmovisões
que hoje tem corrompido a verdadeira doutrina política e
gerado confusões quase insanáveis na inteligência de todos
nós: o liberalismo e o socialismo. Dá-nos uma aula de como se
estruturavam as sociedades medievais, na áurea Cristandade,
e nos apresenta uma forma de estruturar o organismo político
através dos corpos intermediários – família, representação
profissional e municípios, pelos quais os homens são chamados
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a uma vida de união real pelo bem comum temporal, e com
isso apresenta uma via interessante para combater e superar
(de uma vez por todas) esta indecente democracia moderna,
que só conhece o sufrágio universal como único meio de gerar
uma representação política, numa maravilhosa magia numérica
pela qual da quantidade brota imediatamente a qualidade.
Por fim, o Pe. Julio nos apresenta a função do Estado e sua
relação com esses mesmos corpos intermediários, com a cultura,
com a economia, com a comunidade internacional e, em especí-
fico, com a Santa Igreja – e neste particular o nosso sacerdote
argentino dá o tiro de misericórdia no liberalismo e na chamada
“sã laicidade”. Termina, de fato, com um tópico sobre a teoria
anticatólica de Jacques Maritain a respeito da intitulada cidade
fraterna, que nada mais é do que a ideia maçônica elevada à
sua quintessência. Não poderia terminar melhor.
Dos apêndices, acrescentados em edições posteriores, nos quais
o Pe. Julio atualiza as suas impressões sobre os acontecimentos de
época, o mais interessante, em meu sentir, é o que trata de
Charles Maurras. O Pe. Meinvielle, com muita honestidade
intelectual, restaura a imagem deste grande mestre, que não se
pode confundir com a imagem do movimento conhecido como
Ação Francesa. Acrescenta, claro, que a concepção política de
Maurras está incompleta (embora verdadeira), e precisa ser
aperfeiçoada pela verdadeira doutrina que só pode vir da Igreja.
É preciso dizer, por fim, que as obras do Pe. Julio Meinvielle,
especialmente esta que agora apresentamos, está em inteira
consonância com a Santa Doutrina Social da Igreja, com toda a
Santo Magistério, ou ordinário ou extraordinário, inclusive com
as constituições do Concílio de Vaticano II, e com o designado
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Compêndio da Doutrina Social. Muitos católicos que costumam
flertar (expondo-se ao perigo de um pecaminoso adultério)
com as consequências mórbidas do modernismo pensam que este
último (o Compêndio) teria aderido ao espírito do democratismo,
da democracia maçônico-liberal, e ao pernicioso sistema do
sufrágio universal.
Não é, sinceramente, a nossa visão. Quando tal documento se
utiliza do termo “democracia”, ou “representação democrática”,
e o faz em algumas ocasiões, está a se referir justamente ao
que a doutrina tomista entende por democracia, ou seja, por
uma participação popular hierárquica e não por mero consenso
ou por um simples sufrágio universal – esta última expressão
o Compêndio nem sequer se utiliza. Ali, no meio de tantos pará-
grafos, podemos ler: “(...) No entanto, o mero consenso popular
não é suficiente para que as modalidades de exercício da autori-
dade política sejam consideradas justas” (§ 395, do Compêndio).
São palavras do Compêndio da Doutrina Social da Igreja
a nos convidar a refletir sobre os problemas que pode trazer
a aplicação de uma democracia rousseauniana e moderna –
justamente a que nós, por aqui, temos usado. Isto sem contar
os diversos parágrafos, contidos no Compêndio, destinados a
combater o relativismo moral que hoje domina as nações de
todo o mundo, e inferindo que um regime democrático sem
respeito aos direitos naturais tenderá para o totalitarismo.
Não é este o momento e o espaço mais adequado para fazer-
mos uma apologia do livro comparando-o com a doutrina polí-
tica ensinada pela Santa Igreja após o Concílio do Vaticano II, até
porque o Pe. Meinvielle viveu muito bem o pós-concílio e sempre
teve um olhar caridosos para as conclusões do mesmo – vendo
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nelas, inclusive, como dizia em alguns textos, uma forma caridosa
pela qual a Igreja colocava as verdades católicas para uma socieda-
de com ouvidos já profundamente modificados pela cosmovisão
modernista. Ou seja, o Pe. Meinvielle acertou mais uma vez ao
ensinar que não se pode adotar o mesmo tom para um ouvindo
já maduro e o outro totalmente infantilizado. E mais: mesmo
após a publicação de todos os documentos gerados pelo Concílio
do Vaticano II, o Pe. Julio Meinvielle em nada, nem sequer
uma vírgula, modificou a Concepção Católica de Política. Cer-
tamente porque não enxergara qualquer discrepância digna
de nota entre ambos.
Para finalizar, quero dizer que neste livro o Pe. Meinvielle
executa com primor o que nos prometeu: entregar-nos uma
obra bem sintética e não menos profunda sobre as posições
oficiais da Igreja Católica a respeito da ordenação política de
um corpo social, e o fez de uma forma compreensível, pastoral
e caridosa.
E é exatamente este tesouro que temos em mãos. Que a ação
política católica, que vem tomando corpo nesta Terra de Santa
Cruz, possa ter como guia seguro este opúsculo que agora apa-
rece com nova revisão. Sendo mais direto, que nós católicos
nos encorajemos e nos lancemos na vida política, na partici-
pação política genuína, após, óbvio, um santo discernimento
espiritual, e sempre muito conscientes do nosso papel e de
como podemos conduzir a Pátria a Cristo Rei.
Não se assuste o leitor, por exemplo, quando ler o Pe. Mein-
vielle dizer que não cabe à política católica aceitar a ideia de
soberania popular, de sufrágio universal, de democracia par-
lamentar, etc., e não vá imaginar, só com a superfície, que, por
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isso e automaticamente, a Igreja está a defender uma forma
totalitária de política. Este é o outro grande motivo pelo qual este
livro precisa urgentemente ser conhecido por todos os católicos
brasileiros e por todos os homens de boa vontade. E de certa
forma isto também revela que a deformação do pensamento
político clássico sofreu um golpe tão profundo, mas tão profundo,
a ponto de se poder identificar, de maneira automática na cabeça
da grande parte das pessoas de hoje, um antidemocratismo
com um pró-totalitarismo. As coisas chegaram a um nível tão
extraordinário de inversão conceitual, que aquilo que antes
fora considerado uma das causas de um regime opressor e
totalitário (a própria democracia), agora passa a ser considerada
justamente o oposto disso; a democracia é conhecida como o
único regime que combate o totalitarismo e a ele oposto. Nada
mais falso, e o Pe. Meinvielle, fazendo eco das vozes autori-
zadas do Santo Magistério, amplia os horizontes da nossa
imaginação e da nossa inteligência para nos fazer ver que
é possível e até desejável evitar a democracia, tal qual mo-
dernamente concebida, a fim de construir outro sistema de
representação baseado na participação hierárquica dos corpos
intermediários – que está muito longe de ser totalitário, e que
na verdade é um antídoto eficaz contra o avanço opressor do
Leviatã moderno.
O que fazer então, se vivemos num país que adotou em sua
norma positivada máxima, a chamada constituição da re-
pública de 1988, um regime democrático moderno, liberal e
maçônico? Como devemos fazer para inserirmo-nos na vida
política nacional, para participar da vida social da nação, sem
parecer que estamos consentindo ou sendo coniventes com
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um sistema corrupto e corruptor como a democracia moderna?
A questão é muito mais complexa do que podemos imaginar, e
até mesmo nos meios intelectuais católicos as coisas não estão
ainda bem definidas: uns dizem que seria necessário parti-
cipar desse sistema equivocado de forma apenas estratégica,
sem adesão essencial, mas apenas acidental, podendo assim
colocar impedimento e dificuldades a certas pautas revolu-
cionárias que porventura chegassem para votação numérica
no parlamento nacional; outros, por sua feita, dizem que se
deve evitar à todo o custo a inserção de católicos num sistema
que é, em si, revolucionário (a democracia parlamentar), e que
nossa ação deve ser exclusivamente a resistência em obedecer
eventuais leis humanas concebidas contra o direito natural e
os direitos da Igreja e de Deus, ou, ao menos, agindo através de
institutos, centros, ou seja, por meio de corpos intermediários
e de pressão.
De qualquer forma, aqueles que escolhem, por questões
estratégicas, a primeira forma de atuação, isto é, que escolhem o
caminho do mal menor, da participação ativa no jogo do sistema
democratista, nos bastidores do poder democrático moderno,
sujeitando-se ao sufrágio universal, a ter que ver colocado em
votação projetos para aprovar aborto ou ideologia de gênero,
nunca podem se dar ao luxo de esquecer que estão escolhendo
um mal, ainda que seja, para eles, um mal menor. E que o mal,
menor ou maior, deve ser duramente combatido, na primeira
oportunidade, mesmo que pela via da estratégia.
Sendo mais direto, o que quero dizer é que não dá para um
católico se acostumar com o jogo democrático e gostar de par-
ticipar dele, sem que tenha de fato uma estratégia a curto, mé-
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dio ou ao menos a longo prazo para implementar, dentro dos
limites conjecturais existentes, um regime político legítimo e
verdadeiramente católico, fundado nos corpos intermediários e
numa hierarquia do corpo político. O que realmente não pode
ocorrer, em nossa opinião, é lutar o e dentro do jogo democrático,
dizer que o faz por questões estratégicas, e não dar nenhuma
mostra de que tem alguma estratégia para a superação dessa
democracia sufragista inidônea.
Vejo hoje um grande número de católicos se tornando can-
didato. Que seja! Mas não vejo sequer um católico candidato
gritar, como o fez José Antonio Primo de Rivera: sou candidato
sim, mas sem fé nem respeito! Não quero crer que estejam
todos muito acomodados com suas momentâneas (e impor-
tantes, não há como negar) conquistas. Momentâneas e frá-
geis conquistas, porque a permanecer as coisas como estão,
amanhã ou depois todos os temas contrários ao direito natural
e à Fé Católica retornarão e entrarão em pauta novamente. A
democracia moderna é um sistema que, apenas por existir,
coloca em risco permanente o direito natural e os direitos de
Deus. É um regime político que vive de desafiar o Criador. Não
dá para ficar dentro dele sem querer um dia superá-lo.
Que um católico admita participar de uma votação meramente
numérica para decidir se se pode matar uma vida humana no seio
mesmo de sua mãe, isto é, que um católico possa ao menos
admitir que um assunto como este, já definido desde a eternidade
por Deus, possa ser exposto ao banquete sujo do consenso
humano na ordem temporal, é coisa que não posso digerir
muito bem. Agora, se este candidato, ou parlamentar católico já
eleito, acaba gostando e se adaptando aos meandros perversos
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desse sistema e permaneça, só porque conseguiu uma vitória aqui
e acolá, indefinidamente lutando dentro da arena do inimigo,
então podemos dizer, sem medo de errar, que esta ação política
é oportunista, e não católica.
E se ao menos essa grande lição for aprendida no final da
leitura deste opúsculo tão informativo, acredito que esta obra do
Pe. Julio Meinvielle terá cumprido o seu principal desiderato: tirar
a máscara dos inimigos da Igreja, que se fazem de bons moços sob
o sepulcro de uma democracia pretensamente participativa. Com
este livro, as coisas agora se mostram como são, em toda a sua
fealdade e insensatez.
Leonardo S. Penitente
Advogado
16
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
Natureza moral da política..................................................................................45
CAPÍTULO 2
O Problema da Soberania .................................................................................. 77
CAPÍTULO 3
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política...............................................119
CAPÍTULO 4
Funções da Autoridade....................................................................................... 157
CONCLUSÃO............................................................................................ 193
APÊNDICE 1
O Igualitarismo e o Evangelho .......................................................................201
APÊNDICE 2
Os três sentidos da palavra democracia..................................................... 204
APÊNDICE 3
Leão XIII e a democracia cristã......................................................................208
APÊNDICE 4
Filosofia da democracia moderna....................................................................211
APÊNDICE 5
A “física política” de Charles Maurras e a política cristã..................... 232
PREFÁCIO À EDIÇÃO ITALIANA
19
PREFÁCIO
20
Concepção Católica da Política
1
CONCÍLIO VATICANO II, Lumen gentium (LG) IV, 31.
2
CONCÍLIO VATICANO II, Ad Gentes (AG) 41. NdT. Na versão em português: “administrem as coisas temporais”.
21
PREFÁCIO
“Pois o Senhor deseja dilatar também por meio dos leigos o Seu
reino, reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça,
reino de justiça, de amor e de paz, no qual a própria criação será
liberta da servidão da corrupção, alcançando a liberdade da glória
dos filhos de Deus (cfr. Rom. 8, 21). Grande é a promessa, grande o
mandamento que é dado aos discípulos: “tudo é vosso; vós sois de
Cristo; e Cristo é de Deus” (1 Cor 3, 23).
(...) Deste modo, por meio dos membros da Igreja, Cristo iluminará
cada vez mais a humanidade inteira com a Sua luz salvadora.
Além disso, também pela união das próprias forças, devem os leigos sa-
near as estruturas e condições do mundo, se elas porventura propendem
a levar ao pecado, de tal modo que todas se conformem às normas
da justiça e antes ajudem ao exercício das virtudes do que o estorvem.
Agindo assim, informarão de valor moral a cultura e as obras humanas. E,
por este modo, o campo, isto é, o mundo ficará mais preparado para a
3
CONCÍLIO VATICANO II, Apostolicam actuositatem (AA) 5.
4
LG 36, “Participação dos leigos no ministério real”. Meinvielle, filho fiel da Igreja, defendeu o Concílio e
esteve entre os primeiros a reivindicar a “hermenêutica da continuidade” contra o progressismo secularista.
Veja-se La Iglesia y el Mundo Moderno, Buenos Aires 1966, Riguardo al Progressismo cristiano, La libertad
religiosa, e outros ensaios, todos disponíveis na página web juliomeinvielle.org.
22
Concepção Católica da Política
5
[n. 116] Cfr. LEÃO XIII, Encícl. Immortale Dei, 1° nov. 1885: ASS 18 (1885), p. 166ss. IDEM, Encícl.
Sapientiae Christianae, 10 jan. 1890: ASS 22 (1889-90), p. 397ss. PIO XII, Disc. Alla vostra filiale, 23 de março
de 1958: AAS 50 (1958), p. 220: “a legítima sã laicidade do Estado”. A expressão do discurso de Pio XII, Alla
vostra filiale, dirigido aos residentes em Roma originários das Marcas, se insere numa bela síntese do con-
ceito do que é a “Cristandade”, em contraposição à confusão, ao mesmo tempo secularista e “religiocrata”,
que se tem quando falta a Igreja, e que implica na negação da distinção e da subordinação das ordens
da sociedade e poderes civis e eclesiásticos (sociedade pagã, hebraica, islamista, protestante): “Há, na
Itália, quem se agita, porque teme que o cristianismo tire a César o que é de César. Como se dar a César
aquilo que lhe pertence, não fosse uma ordem de Jesus; como se a legítima sã laicidade do Estado não
fosse um dos princípios da doutrina católica; como se não fosse tradição da Igreja o contínuo esforço
para manter distintos, mas também segundo os retos princípios, unidos os dois Poderes, como se, ao invés, a
mistura entre sacro e profano não tivesse se verificado mais fortemente na história, quando uma porção dos
fiéis se separou da Igreja. As cidades serão partes vivas da Igreja, se nelas a vida dos indivíduos, a vida das
famílias, a vida das grandes e pequenas coletividades, serão alimentadas pela doutrina de Jesus Cristo,
que é amor de Deus e, em Deus, amor ao próximo, tudo. Indivíduos cristãos, famílias cristãs, cidades
cristãs, Marcas cristã” (cursivo nosso).
23
PREFÁCIO
6
NdT: “cabe à razão ordenar ao fim, que é o primeiro princípio do agir”. “...rationis enim est ordinare ad
finem, qui est primum principium in agendis, secundum Philosophum” [Phys. 2, 9; Ethic. 7, 8] dizia o Doutor
Angélico ao tratar sobre a lei, Summa theologiae, Ia IIae, q. 90, a. 1.
7
De Regno o De regimine principum, L. I, c. 15.
8
PIO XII, Discurso aos filósofos humanistas reunidos em Roma para seu Congresso Internacional, 25 de
setembro de 1949: “A lei natural! Eis o fundamento sobre o qual se apoia a doutrina social da Igreja.
Exatamente o conceito cristão do mundo inspirou e sustentou a Igreja ao construir esta doutrina sobre
tal fundamento. Se ela combate para conquistar ou defender sua própria liberdade, o faz também pela
verdadeira liberdade, pelos direitos primordiais do homem. Para ela, esses direitos essenciais são tão
invioláveis que nenhuma razão de Estado, nenhum pretexto do bem comum os poderiam predominar.
São protegidos por uma muralha insuperável. Deste lado, o bem comum pode legislar à vontade. Do
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Concepção Católica da Política
lado de lá, não podem atentar contra esses direitos, porque eles constituem o que há de mais precioso
no bem comum. Se se respeitasse esse princípio quantas trágicas catástrofes e quantos perigos amea-
çadores teriam sido evitados! Ele, sozinho, poderia renovar a fisionomia social e política da terra. Mas
quem, portanto, haverá um similar respeito incondicional pelos direitos do homem, senão aquele que
tem consciência de agir sob o olhar de um Deus pessoal?”
9
No Prólogo da declaração do CONCÍLIO VATICANO II sobre a liberdade religiosa, Dignitatis humanae
(DH,1): “...todos os homens têm o dever de buscar a verdade, sobretudo no que diz respeito a Deus e à
sua Igreja e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar. O sagrado Concílio declara igualmente que tais
deveres atingem e obrigam a consciência humana e que a verdade não se impõe de outro modo senão
pela sua própria força, que penetra nos espíritos de modo ao mesmo tempo suave e forte. Ora, visto que
a liberdade religiosa, que os homens exigem no exercício do seu dever de prestar culto a Deus, diz res-
peito à imunidade de coação na sociedade civil, em nada afeta a doutrina católica tradicional acerca do
dever moral que os homens e as sociedades têm para com a verdadeira religião e a única Igreja de Cristo”.
25
PREFÁCIO
10
S. TOMÁS, De Regno, L. I, c. 16.
11
Cfr. S. PIO X, encíclica Notre charge apostolique, 11: “... Ela existiu, ela existe; é a civilização cristã.
Trata-se unicamente de instaurá-la e restaurá-la incessantemente sobre seus fundamentos naturais
e divinos contra os ataques sempre ressurgente da doentia utopia, da revolta e da impiedade: ‘omnia
instaurare in Christo’ (Ef 1,10).”
12
Como o chama PAULO VI, seguindo a tradição dos Pontífices desde 1317, na sua bela Carta “Lumen
Ecclesiae” (20 de novembro de 1974, 2) na qual exorta: “Por isso, também Nós, como Pio XI, recomen-
damos a quem quiser formar uma madura consciência acerca da posição a tomar em tal matéria: Ide
a Tomás! (Encicl. Studiorum Ducem: AAS 15, 1923, p. 323)”. Sempre nela (n.5) Paulo VI ensinava: “Santo
Tomás, no centro do grande debate cultural – religioso e humano – com o olho atento ao desenvolvi-
mento da realidade política, não tem dificuldade para considerar as novas condições dos tempos e a
discernir neles os “sinais” dos princípios universais – de razão e de fé – com que vão confrontadas as
coisas humanas e julgados os eventos. E reconhece a relativa autonomia dos valores e das instituições
deste mundo, enquanto reafirmando sem hesitação a transcendente supremacia do fim último a que
tudo, no mundo, deve ser ordenado e subordinado: o reino de Deus, que é ao mesmo tempo o lugar da
salvação do homem e a base de sua dignidade e liberdade” (Cfr. Summa Theologiae, I-IIæ, q. 21, a. 4, ad 3:
Ed Leonina, VI, p. 167).
13
Título dado ao Santo Doutor e patrono universal das Escolas e dos estudos católicos, por JOÃO
PAULO II, Discurso aos participantes no VIII Congresso Tomista Internacional, 13 de setembro de 1980;
Insegnamenti, III, 2 [1980] 609; também indicado no Discurso aos participantes no IX Congresso Tomista
Internacional, 29 de setembro de 1990, 5): “Portanto, de se desejar e favorecer de todos os modos o estudo
constante e aprofundado da doutrina filosófica, teológica, ética e política que Santo Tomás deixou como
herança às escolas católicas e que a Igreja não hesitou em fazer própria, especialmente no que diz
respeito à natureza, à capacidade, à perfectibilidade, à vocação, à responsabilidade do homem na esfera
seja pessoal como social, como se evidencia das diretiva do Concílio Vaticano II” (cfr. Optatam totius,
26
Concepção Católica da Política
16; Gravissimum educationis, 9 e note).” Cfr. Tommaso d’Aquino Doctor Humanitatis. Atti del IX Congresso
Tomistico, Internazionale, Roma 24-29 de setembro de 1990, Cidade do Vaticano 1991. Veja-se G. TURCO,
“S. Tommaso ‘Doctor humanitatis’. Implicazioni e sviluppi dell’antropologia tomistica alla luce degli Atti
del IX Congresso Tomistico Internazionale” in: Sapienza 1992, vol. 45, no 3, pp. 307-325.
14
Cfr. S. TOMÁS, S. Th. II-II, 58, 5.
27
PREFÁCIO
28
Concepção Católica da Política
15
S. Th. II-II, q. 58, a. 5.; II-II, q. 26, a. 3.
16
S. Th. I-II, q. 21, 4, ad 3. ; II-II, q. 26, a. 3.
17
O homem é “a primeira e fundamental via da Igreja” (JOÃO PAULO II, Redemptor Hominis, 14).
18
Cfr. CONCÍLIO VATICANO II, Gaudium et spes, 47-52; PAULO VI, Evangelii nuntiandi, III. Conteúdo da
Evangelização, 25-39, entre vários do Magistério.
19
Em vários lugares, cfr. Mensagem de SS Bento XVI para XII Jornada Mundial da Juventude (01 de
abril de 2007).
29
PREFÁCIO
30
Concepção Católica da Política
Mas enquanto não haja condições propícias para tentar uma reforma
política salutar, é preferível se limitar a uma ação no âmbito religioso e
social, intensificando a vida cristã das multidões, consolidando os lares
cristãos, fomentando as agrupações de trabalhadores e as corporações
de profissionais, estimulando a autarquia econômica do próprio país,
de modo que toda essa melhora que vai se operando na vida social
acabará por melhorar a própria vida política. E mesmo assim – se não
houvesse lugar a uma melhor ação política – é possível promover
um fecundo movimento de estudos políticos que ordene as mentes
dos cidadãos e prepare os mais capazes para o desempenho da
função pública.
Ao mesmo tempo, deve-se influir fortemente, por uma pregação
constante em todos os ambientes do país, para criar um estado de
consciência geral que deseje uma restauração da coisa pública.
É necessário se persuadir-se de que, se é certo que o povo não deve
governar, deve, no entanto, assentir e sancionar com seu aplauso
a obra do governo. Porque o povo não pode estar ausente de uma
tarefa que, embora não a faça, há de se fazer em seu exclusivo
benefício. É necessário então, interessar a população no problema
do novo Estado.
Se não se consegue forjar esta consciência coletiva que dê seu bene-
plácito à tarefa indispensável da reforma do Estado, deverá se preparar
para graves e tremendas convulsões que, por caminhos que só Deus
conhece, hão de levar os povos ao justo ordenamento social”20.
20
Concepção Católica da Política, C. III.
21
S. INÁCIO DE ANTIOQUIA, Aos romanos, prólogo.
31
PREFÁCIO
22
“Aquilo que a doutrina social da Igreja, partindo da sua visão do homem e da sociedade, sempre
defendeu, é hoje requerido também pelas dinâmicas características da globalização” (BENTO XVI, Caritas
in veritate [29 de junho de 2009] 39).
32
Concepção Católica da Política
desta verdade. Mais ainda, necessitam que tal verdade seja amada e
testemunhada. Sem verdade, sem confiança e amor pelo que é ver-
dadeiro, não há consciência e responsabilidade social, e a atividade
social acaba à mercê de interesses privados e lógicas de poder, com
efeitos desagregadores na sociedade, sobretudo numa sociedade em
vias de globalização que atravessa momentos difíceis como os atuais.
“Caritas in veritate” é um princípio à volta do qual gira a doutrina
social da Igreja, princípio que ganha forma operativa em critérios
orientadores da ação moral (...)
A fidelidade ao homem exige a fidelidade à verdade, a única que é
garantia de liberdade (cf. Jo 8, 32) e da possibilidade dum desenvol-
vimento humano integral. É por isso que a Igreja a procura, anuncia
incansavelmente e reconhece em todo o lado onde a mesma se
apresente. Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenun-
ciável. A sua doutrina social é um momento singular deste anúncio:
é serviço à verdade que liberta. Aberta à verdade, qualquer que
seja o saber donde provenha, a doutrina social da Igreja acolhe-a,
compõe numa unidade os fragmentos em que frequentemente a
encontra, e serve-lhe de medianeira na vida sempre nova da socie-
dade dos homens e dos povos [Cfr. Pontifício Conselho Justiça e Paz,
Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 76]”23.
23
BENTO XVI, Caritas in veritate 4-6.9.
33
PREFÁCIO
34
Concepção Católica da Política
24
BENTO XVI, Caritas in veritate 24.
35
PREFÁCIO
em seu interior por ter perdido o reto sentido do bem humano, são
vítimas dos consórcios financeiros internacionais, os quais, depois de
ter corrompido as consciências, concedendo prebendas às pessoas
influentes das coletividades, manejam por meio delas, a própria coisa
pública, fazendo derivar, em proveito da proliferação do ouro que
acumularam, toda a vida produtiva do país. Daí que, no sentido lite-
ral mais próprio, as sociedades modernas, que não vivem senão com
a permanente preocupação do enriquecimento, o qual subordinam
loucamente tudo, arrastam uma existência miserável, carregada de
pesadas e insuportáveis cargas. São sociedades de escravos, em que
a multidão trabalha para o gozo de uns poucos, que usufruem todos
os privilégios; mas a multidão, por outra parte, sem consciência de
seus verdadeiros direitos e de seu verdadeiro bem, desorganizada,
incapaz de exigir nem de reclamar eficazmente nada, embrutecida e
satisfeita com alguns alívios, tais como o sufrágio universal, que lhe
proporciona esse perpétuo carnaval político do qual conhecemos as
tristes e feias consequências”25.
“(...) No que se refere à organização, cremos que à dois podem se
reduzir as características que devem distinguir os estados novos para
cumprir as exigências de justiça que exige o bem comum: devem ser
corporativos e autoritários.
(...) Não é supérfluo advertir que essas duas características, indis-
pensáveis para que um Estado possa procurar eficazmente o bem
comum, não bastam para constituir o Estado tipicamente cristão.
Mas um Estado cristão não é tampouco possível enquanto não haja
absolutamente um Estado, e esse não pode por sua vez existir sem
as duas características apontadas.
O esforço urgente, então, de todos que sabem apreciar a importância
significativa do Estado para ordenar a vida e o homem, deve tender a
instaurar este Estado corporativo e autoritário”26.
25
Concepção Católica da Política, C. III.
26
Concepção Católica da Política, C. III.
36
Concepção Católica da Política
37
PREFÁCIO
27
BENTO XVI, Caritas in veritate 12.
38
INTRODUÇÃO
39
INTRODUÇÃO
40
Concepção Católica da Política
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INTRODUÇÃO
42
Concepção Católica da Política
43
INTRODUÇÃO
1
A Cidade de Deus, L. XIX, c. 11.
44
CAPÍTULO 1
45
CAPÍTULO 1
46
Natureza Moral da Política
1
Pode admitir-se uma ciência política positiva, uma sociologia política, distinta da filosofia política
que se reduza a considerar os fatos políticos como fatos. Uma tal ciência busca tão somente o que é
47
CAPÍTULO 1
a realidade política de uma sociedade concreta determinada, tentando explicar a mútua interação dos
elementos da vida social sem explicar as normas da vida política e menos julgar a moralidade dessas
ações. Tal ciência não poderá explicar se tal forma de associação é normal ou anormal, boa ou má, por-
que tais juízos, que supõem o conhecimento do fim da vida humana, só são possíveis na filosofia social
política. Se os teorizadores da L’Action Française tivessem se reduzido a isso, não seriam censuráveis. Mas
eles quiseram construir uma política para a França, o que não é possível sem formular juízos de valor
sobre o bom e o mal na política e sem ter um fim que fixe a conformação da boa sociedade política. Aqui
não censuramos Charles Maurras, mas só alguns de seus discípulos, pois cremos que o pensamento do
próprio Maurras sai ileso a toda censura.
2
Maurice Pujo, em Comment Rome est Trompée, pág. 166, citado por Lallement em Clairvoyance de
Rome, pág. 166.
3
ib., pág. 163.
48
Natureza Moral da Política
4
La Nación, 30 de junho de 1932.
49
CAPÍTULO 1
5
A análise e juízo que aqui formulamos do fascismo leva em conta unicamente seu enunciado
doutrinário. Considerado assim não é possível, sob o aspecto da doutrina católica, formular dele senão
um juízo severo e definitivo, já que é uma aplicação à política do panteísmo hegeliano. Mas o fascismo pode
considerar-se também na sua realização concreta e então não é senão uma reação econômico-política contra
o demoliberalismo, que pode chegar, não só a ser são, senão até católico, de acordo com o meio em
que se desenvolva. Sob este aspecto o considerei em outros livros meus, particularmente em Un juicio
católico sobre los problemas nuevos de la política, ao qual remeto o leitor. Recomendo também o excelente
livro de César E. Pico: Carta a Jacques Maritain sobre la colaboración de los católicos con los movimientos
de tipo fascista. Com respeito ao nacional-socialismo, pode ver-se o meu livro Entre la Iglesia y el Reich.
50
Natureza Moral da Política
51
CAPÍTULO 1
52
Natureza Moral da Política
6
De fato, na atual Providência de Deus com respeito ao homem, ele deve tender à perfeição sobre-
natural que só pode obter por sua incorporação em Cristo que vive na Igreja; ninguém pode ser bom
ou reto sem essa incorporação, porque desde o momento que Deus a manifestou como imposição de
Sua Divina Vontade, seria contra a retidão natural subtrair-se dela. De qualquer modo, é impossível a
observação dos mesmos preceitos naturais, sem a graça sobrenatural, segundo ensina a Igreja contra os
pelagianos. É necessário ter um conceito exato do sobrenatural para não o identificar com o simples-
mente divino. Há uma ordem divina natural e uma sobrenatural. O conhecimento que temos de Deus
pela existência das criaturas que proclamam a glória de seu Criador, é natural. O que temos pela mesma
manifestação que de si Deus fez, pelos Profetas e por Cristo que persevera na Igreja, é sobrenatural.
53
CAPÍTULO 1
54
Natureza Moral da Política
“À lei natural – diz Santo Tomás — pertence tudo aquilo a que está
inclinado o homem por sua natureza. Ora, cada qual está inclinado
à operação que lhe é conveniente segundo sua forma, como o fogo
à operação de aquecer. Sendo a alma racional a forma própria do
homem, há em cada homem inclinação natural a agir segundo a
razão, isto é, virtuosamente” (I-II, q. 94, a. 3).
55
CAPÍTULO 1
56
Natureza Moral da Política
57
CAPÍTULO 1
“Como o ser, em toda ordem das coisas, é o primeiro que cai sob a
ação perceptiva da razão especulativa, assim o bem é o primeiro
que apreende a razão prática, ordenada à ação. Como todo agente
age por um fim, e o fim tem natureza de bem, o primeiro princípio
da ordem prática deverá ser aquele que se funda, imediatamente
na noção de bem; bem é o que a todo ser apetece. Eis aqui, pois,
formulado, o primeiro preceito da lei: ‘se deve fazer o bem e evitar
o mal’. Sobre esse primeiro preceito se fundam todos os demais
preceitos da lei natural, de tal modo que todo o restante que deva
ser feito ou evitado terá caráter e natureza de preceito natural, en-
quanto a razão prática o julga naturalmente como um bem humano.
Mas como, por outra parte, o bem tem razão de fim, e o mal razão
do contrário, a inteligência perceberá como bem, e portanto, como
necessariamente praticável, tudo que aquilo para o qual sente o
homem uma inclinação natural; e como um mal que a todo custo
deve se evitar, aquilo que contraria e se opõe a esse bem. A ordem,
portanto, dos preceitos da lei natural estará em tudo paralela à
ordem das inclinações naturais. Vejamos esta ordem.
58
Natureza Moral da Política
59
CAPÍTULO 1
no lugar de tudo isso está provido de razão, por meio do qual pode
fazer para si, com o trabalho de suas mãos, tudo quanto necessite;
mas um só não é suficiente para isso, senão que hão de unir-se
muitos em sociedade.
Tão certo é que o homem não pode alcançar sua perfeição senão
se beneficiando de todos os bens materiais, intelectuais e morais
que produzem os demais membros da coletividade social, que para
isso possui a linguagem, com o qual pode manter um comércio com
seus semelhantes muito mais estreito que qualquer outro animal
dos que vivem em grupo, como a grou, a formiga e a abelha. Esta
consideração faz Salomão dizer, no Eclesiastes (4,9): ‘melhor é que
estejam dois e não um, pois cada um se beneficia da mútua companhia’”.
60
Natureza Moral da Política
61
CAPÍTULO 1
62
Natureza Moral da Política
7
Leão XIII, Sapientiae christianae, de 10 de janeiro de 1890.
63
CAPÍTULO 1
64
Natureza Moral da Política
8
Ver Santiago Ramírez. O. P. Doctrina política de Santo Tomás, cap. II, pág. 25, Instituto León XIII; e
Teófilo Urdanoz O. P., Suma Teológica, de la B. A. C., Tomo VIII, Apêndice II.
65
CAPÍTULO 1
66
Natureza Moral da Política
POLÍTICA E TEOLOGIA
67
CAPÍTULO 1
“Posto que o fim desta vida que merece aqui na terra o nome de vida
boa é a beatitude celeste, é próprio da função real proporcionar a
vida boa da multidão no que lhe é necessário para lhe fazer obter
a felicidade celeste; o que significa que o rei deve prescrever o que
conduz a esse fim e, na medida do possível, proibir o que se lhe opõe.
68
Natureza Moral da Política
69
CAPÍTULO 1
70
Natureza Moral da Política
71
CAPÍTULO 1
dois povos, e esses dois povos dão origem a duas vidas distintas,
a dois principados, a uma dupla ordem jurídica. Verdade antiga
como a Igreja, que o Papa Gelásio ensinava no século V: “Há dois
poderes pelos quais está este mundo soberanamente governado: a santa
autoridade do Pontífice e o poder real”.
Distinção de uma e outra vida, de um e outro poder, explicado
magistralmente por Leão XIII, na famosa Immortale Dei9:
9
NC. Carta Encíclica de 1 de novembro de 1885. Texto disponível em português em: www.vatican.va
72
Natureza Moral da Política
"Importa obedecer antes a Deus do que aos homens." (At 5, 29) sem
que, nem agora nem depois, tenha-lhe ocorrido invocar essa
ou semelhante distinção.
O estatismo é um absurdo monstruoso, porque faz derivar do
Estado todo Direito, quando a sã razão ensina que se é certo que
o Estado tem certos e determinados direitos, também tem os
seus – e tão inalienáveis como os do Estado – o homem-indiví-
duo, o homem-família e o homem-sociedade particular. E pre-
cisamente a ordenação divina, manifestada pela lei natural, diz
que o Estado deve ordenar ao bem comum todos esses direitos
do homem-indivíduo, do homem-família e do homem-socie-
dade, deve ordená-los, não os devorando, mas os defendendo e
protegendo. Porque para isso vivem os homens em sociedade:
para proteger seus legítimos e inalienáveis direitos, que não po-
deriam fazer valer na selva, onde imperaria a lei do mais forte.
De maneira que a razão que justifica a existência e a necessidade
do Estado condena o estatismo. Porque o Estado não está para
suprimir, senão para assegurar os direitos das unidades que lhe
estão subordinadas.
Além disso, como vimos naquele luminoso artigo onde
Santo Tomás (I - II, q. 94, a. 2) estabelece a ordem dos preceitos
naturais, primeiro que os deveres e direitos sociais são para cada
homem os deveres e direitos que lhe competem na conservação
de seu próprio ser e na perpetuação da espécie, isto é, seus
deveres e direitos como homem-indivíduo e como homem-
-família. Logo, se da lei natural deriva a necessidade do Esta-
do, ele não pode se constituir de forma tal que viole e destrua
aqueles direitos anteriores que a própria lei natural concedeu
ao homem.
73
CAPÍTULO 1
10
J. Meinvielle, Un juicio crítico sobre los problemas nuevos de la política, Gladium, Buenos Aires, 1937.
74
Natureza Moral da Política
11
Por poderes econômicos não entendemos precisamente os grandes “trusts” financeiros que abu-
sivamente regulam hoje toda vida econômica, mas a força de que, no econômico, estão dotados os
diversos indivíduos e grupos sociais e que constituem um setor e dimensão da sociedade irredutível ao
poder propriamente político, mesmo que esteja vinculado com ele.
12
Ver ibidem, pág. 42.
75
CAPÍTULO 1
76
CAPÍTULO 2
O Problema da Soberania
77
CAPÍTULO 2
78
O Problema da Soberania
79
CAPÍTULO 2
1
Mariano de Vedia y Mitre “Curso de derecho político”, Buenos Aires 1928-29.
80
O Problema da Soberania
81
CAPÍTULO 2
2
Rousseau, O Contrato Social, tradução ao espanhol por Fernando de los Ríos.
3
Cardenal Billot, De Ecclesia Christi.
82
O Problema da Soberania
4
O povo é soberano e o governo é seu empregado, menos que seu empregado, seu servo. Não há
entre eles contrato definido ou, pelo menos, duradouro. Está contra a natureza do corpo político que o
soberano se imponha uma lei que nunca possa infringir. Não deve haver carta consagrada inviolável que
encadeie um povo a formas constitucionais preestabelecidas. O direito de mudá-las é a primeira de todas as
garantias. Não há, não pode haver, nenhuma lei fundamental obrigatória para o corpo popular, nem sequer o
contrato social. O ato pelo qual o povo se submete aos chefes não é absolutamente senão uma comissão, um
emprego, no qual, simplesmente oficiais do soberano, exercem em seu nome o poder do qual lhes fez deposi-
tário, e que ele pode modificar, limitar, voltar a tomar quando lhe agrade... Não tem condições que lhe impor;
nem podem reclamar dele nenhum compromisso... Voluntariamente ou à força, eles (os magistrados)
são os porteiros do Estado, mais desgraçados que um mucamo e ou um estivador, já que o estivador
trabalha em condições pré-estabelecidas e o mucamo despedido pode reclamar seus salários de oito
dias. Quando o governo sai desta humilde atitude, usurpa, e as constituições proclamarão que nesse
caso a insurreição é, não só o mais santo dos direitos, senão o primeiro dos deveres. (Taine, in: El antiguo
régimen, 1-3, c. 4. 3, citando Rousseau, O Contrato Social, 1-7 III-1, IV-3, etc)
5
“A teoria tem duas faces, e enquanto por um lado conduz à demolição perpétua do governo, desemboca
83
CAPÍTULO 2
pelo outro na ditadura ilimitada do Estado... Com efeito, as cláusulas do contrato social se reduzem todas
a uma só, a saber, a alienação total de cada associado com todos seus direitos à comunidade. Cada um se
dá inteiro, tal como se encontra atualmente ele mesmo e todas suas forças, das quais formam parte os bens
que possui. Não há qualquer exceção nem restrição; nada de quanto era ou possuía anteriormente lhe
pertence já em propriedade. O que de agora em diante será e terá, só lhe será adjudicado por delegação
do corpo social, proprietário universal e amo absoluto. É necessário que o Estado tenha todos os direitos
e que os particulares não tenham nenhum; do contrário haveria entre eles e ele litígios, e como não há
ninguém superior comum que possa pronunciar-se entre eles e ele, esses litígios não teriam fim. Ao contrário,
pela completa doação que faz cada um de si mesmo, a união é a mais perfeita possível. Por ter renunciado
a tudo e assim mesmo, já nada lhe sobra para reclamar... Todos esses artigos são consequência forçosa
do contrato social. Desde que, ingressando num corpo, nada reservo de mim mesmo, renuncio, só por
isso, a meus bens, a meus filhos, a minha Igreja, a minhas opiniões. Deixo de ser proprietário, pai, cristão,
filósofo. É o Estado, que se substitui a mim em todas essas funções. Em lugar de minha vontade, existe
de agora em diante a vontade pública, isto é, teoricamente, o arbítrio mutável da maioria contada por
cabeças; de fato, o arbítrio rígido da assembleia, da facção, do indivíduo que tenha o poder público”.
(Taine, 1. e. § 4 e 5.)
84
O Problema da Soberania
85
CAPÍTULO 2
86
O Problema da Soberania
87
CAPÍTULO 2
DEMOCRATISMO E DEMOCRACIA
88
O Problema da Soberania
6
J. Maritain, Primautè du Spirituel, Plon. Paris, 1927.
89
CAPÍTULO 2
A DEMOCRACIA E OS CATÓLICOS
90
O Problema da Soberania
7
Num dos Apêndices, ao final do presente livro, são reproduzidas passagens da encíclica Graves de communi
em que Leão XIII expõe as precauções sob as quais deve se empregar a expressão “democracia cristã”.
91
CAPÍTULO 2
92
O Problema da Soberania
93
CAPÍTULO 2
segue que a lei natural (ou Deus, seu autor) deixa à vontade e
ao arbítrio dos homens darem-se a forma política que mais
lhes agrade, e designar as pessoas que hão de os governar.
Esta é e foi a doutrina constante da Igreja, de modo que o
famoso Suárez, o autor do Tratado das Leis, pode escrever contra
Jaime da Inglaterra, que se dizia soberano de direito divino:
8
N.C. F. Suárez. De legibus (1612).
94
O Problema da Soberania
95
CAPÍTULO 2
96
O Problema da Soberania
9
Leão XIII, Au Millieu des Sollicitudes, 18 de fevereiro de 1892.
10
De Laicis, L. III, c. 5.
11
De Legibus, L. III, c. 6.
97
CAPÍTULO 2
98
O Problema da Soberania
12
Billlot, De Ecclesia, pág. 513
99
CAPÍTULO 2
13
Billlot, Ibidem.
100
O Problema da Soberania
101
CAPÍTULO 2
Continua Pio X:
102
O Problema da Soberania
14
Encíclica Diuturnun illud.
15
N. Noguer, Razón y fe, octubre de 1910.
103
CAPÍTULO 2
16
Mariano de Vedia y Mitre, Derecho político.
104
O Problema da Soberania
DA OBEDIÊNCIA AO PODER
17
Leão XIII, Immortale Dei, de 01 de novembro de 1885.
105
CAPÍTULO 2
1. Toda pessoa – diz São Paulo (Rm 13, 1-5) – esteja sujeita
às potestades superiores, porque não há poder que não
provenha de Deus, e Deus estabeleceu quais são.
18
Leão XIII, Sapientia Christiana, de 10 de janeiro de 1890.
106
O Problema da Soberania
19
Leão XIII, Diuturnum illud.
107
CAPÍTULO 2
20
NC Leão XIII, Au milieu des sollicitudes, de 16 de fevereiro de 1892.
108
O Problema da Soberania
109
CAPÍTULO 2
“As leis podem ser injustas porque contrariam o bem divino, como
as leis tirânicas que induzem à idolatria ou à qualquer outra coisa
que seja contra a lei divina; não é lícito de nenhum modo observar
tais leis, porque como está dito ‘deve-se obedecer a Deus antes que
aos homens’ (At 5,29)” (S. Tomás, S. Th. I-II, q. 96, a. 4).
110
O Problema da Soberania
“Há que dizer que o regime tirânico não é justo, porque não se ordena
ao bem comum, senão ao bem privado do governante, como ensina
o Filósofo. E por isso a ação contra tal regime não tem razão de
sedição; a não ser que se proceda tão desordenadamente contra tal
regime que a multidão venha a sofrer maior dano com a perturbação
deste regime em vista do que sofria antes. O sedicioso é ao invés o
tirano que alimenta discórdias e rebeliões no povo a ele sujeito, para
poder dominá-lo mais facilmente”.
21
Theodor Meyer. Institutiones iuris naturalis seu philosophiae moralis universae secundum principia
Sancti Thomae Aquinatis, ad usum scholarem.
111
CAPÍTULO 2
“Assim, como todo indivíduo tem um direito inato de prover por sua
conservação, e portanto, de se defender à mão armada contra violência
de uma injusta agressão, sem contudo exceder as medidas que legi-
timam as necessidades de defesa, igualmente um povo, cuja unidade
social constitui uma pessoal moral, deve necessariamente estar pro-
vido pela natureza do mesmo direito essencial. O direito natural de
defesa se estende, com efeito, sem exceção, à toda criatura racional, e,
portanto, a pari, ou a fortiori, a uma personalidade coletiva. Portanto,
todas as vezes que um abuso tirânico do poder, não transitório, mas
constante e tiranicamente perseguidor, tiver reduzido o povo a ex-
tremos tais que manifestamente sua salvação esteja em perigo (por
exemplo: se se trata de conjurar um perigo iminente para o Estado, ou
bens supremos e essenciais da nação, e, em primeiro lugar, de salvar de
uma ruína certa o tesouro da verdadeira fé), então, por direito natural,
é permitido opor uma resistência ativa a uma opressão desta natureza,
na medida que o exige a causa e as circunstâncias. A Escritura nos
apresenta um ilustre exemplo deste modo de defesa na história dos
Macabeus. Qualquer grupo de cidadãos, mesmo sem constituir uma
pessoa moral completa, nem uma unidade social orgânica, em virtude
do direito pessoal inerente a cada pessoa, pode neste caso de extrema
necessidade pôr em comum as forças de todos para opor, a uma
repressão comum, a trave de uma resistência coletiva”22
22
Th. Meyer. Instituciones juris naturalis, 1900, T. II, N° 531 y 532.
112
O Problema da Soberania
113
CAPÍTULO 2
DA ILEGITIMIDADE DO PODER
23
J. Balmes, El protestantismo comparado con el catolicismo en sus relaciones con la civilización europea.
Vol. II, c. LV, España, 1842. NC. Indicado no original como 1. IV, c. v.
114
O Problema da Soberania
24
Carta de Leão XIII aos Cardeais franceses em 03 de maio de 1892.
25
De Legibus, c. X.
115
CAPÍTULO 2
116
O Problema da Soberania
Tomás, que diz: “Se a tirania chegou a ser intolerável, seria perigoso para a
sociedade e seus mandatários que os particulares se arrogassem o direito de
atentar contra a vida dos governantes, mesmo que fossem tiranos... contra a
crueldade dos tiranos não deve agir a iniciativa presunçosa dos particulares,
senão a autoridade pública”26.
Podemos terminar este capítulo dizendo que a doutrina
católica, ao fazer derivar de Deus, fonte de todo ser, o im-
pulso social que move o homem a viver politicamente, justifica
a soberania, aponta seus limites e a orienta para o bem do
homem como seu objeto próprio. Pelo contrário, Rousseau,
precisamente porque faz arrancar do puro arbítrio humano o
impulso que determina a vida política, não pode justificar a
soberania, e se vê forçado a concebê-la como uma pura força
sem direção, e por isso, com uma nocividade infinita.
A soberania não é um absoluto; mas isso mesmo constitui seu
valor e dignidade. Porque, como poderia um absoluto reger
proximamente um ser finito, que se desenvolve no contingente?
Porque vem de Deus, está limitada em sua perfeição, e deve se
limitar a buscar o bem do homem-indivíduo e do homem-família
agrupado na coletividade.
Essa razão de bem comum especifica sua razão de ser. Daí que
se poderia se condensar toda uma política cristã dizendo que
é a soberania do bem comum. Porque sobre essa razão do bem
comum descansam os direitos e deveres do poder público assim
como dos particulares; a legitimidade do poder como o direito de
insurreição dos povos; essa autoriza as diversas formas ou regi-
mes políticos quando mantém a integridade e inviolabilidade dos
26
NC. No original, sem indicação da citação Cf. De Regimem Principum, L.I, c.7.
117
CAPÍTULO 2
118
CAPÍTULO 3
119
CAPÍTULO 3
LIBERALISMO E SOCIALISMO
120
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
121
CAPÍTULO 3
1
Cfr. Concílio Vaticano I, Ses. III. (24 de abril de 1870).
122
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
2
Étude sur la souveraineté, L. II cap. 6.
123
CAPÍTULO 3
124
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
3
Berdiaeff, Un Nouveau moyen âge.
125
CAPÍTULO 3
126
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
REGIME CORPORATIVO
127
CAPÍTULO 3
4
Vers un ordre social chrétien: jalons de route, (1882-1907).
128
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
REPRESENTAÇÃO PROFISSIONAL
129
CAPÍTULO 3
130
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
SUFRÁGIO UNIVERSAL
5
Berdiaeff, Un Nouveau moyen âge.
131
CAPÍTULO 3
132
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
REGIMES POLÍTICOS
133
CAPÍTULO 3
134
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
6
Encíclica Diuturnum illud, de 29 de junho de 1881.
135
CAPÍTULO 3
A DEMOCRACIA
136
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
7
NdT. “Pol.” remete ao “Sententia libri Politicorum”, de Santo Tomás de Aquino, isto é, à seu Comentário
à Política de Aristóteles.
137
CAPÍTULO 3
dos favores ou bens comuns (Pol. III, 4). E isso, segundo uma
estrita igualdade aritmética, sem que se tenha em conta dife-
renças de dignidade, senão que tanto deve participar o pobre
como o rico, o sábio como o ignorante (Pol. VI, 2).
A liberdade política que todos igualmente possuem não
consiste tão somente em ser governado como livre, nem sequer
em controlar o governo ou participar dele pelo sufrágio igua-
litário, senão que comporta o acesso de todos os cidadãos às
funções mais altas da cidade, e que não haja ninguém acima
de outro (Pol. IV, 2). Isto é, que todo cidadão seja soberano.
Logo, a democracia pode se definir: “regime no qual governa toda
a multidão” (Pol. II, 7). Mas como governa toda a multidão? Em
primeiro lugar, porque os funcionários são eleitos dentre todos,
sem atender a considerações de dignidade ou valor, ao menos
para o desempenho das funções que não reclamam especial
sabedoria ou prudência (Pol. VI, 2). E como o sorteio é o único
procedimento capaz de assegurar essa perfeita igualdade, a
lei decidiu que por meio dele sejam escolhidos os governantes
(Pol. IV, 8), que durem pouco em suas funções e que não possam
desempenhar várias vezes a mesma (Pol. VI, 2). Em segundo
lugar, porque o verdadeiro governante é a massa dos cidadãos
reunidos em Assembleia ou Consilium8, os funcionários não são
mais que executores da vontade popular.
Das características apontadas é fácil deduzir que a democracia,
em seu estado puro, deve ser a dominação dos pobres; porque
se a multidão manda, como nela há mais pobres que ricos (Pol. VI, 2),
8
Nesta Assembleia intervém imediatamente todos os cidadãos; é coisa muita distinta dos parlamentos
nos quais os parlamentários fingem representar o povo.
138
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
139
CAPÍTULO 3
140
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
9
Por isso o regime democrático teve que aparecer como necessário nas épocas reflexas da história tais
como a idade moderna. O que aponta a inferioridade desta forma diante das outras. Porque a reflexividade
é um sintoma evidente de enfermidade, já que supõe que o homem olhe mais para si mesmo do que
para o ser exterior. Ora, o homem não é atualizado e aperfeiçoado senão pelo Ser, que está fora dele; o
homem se acha num estado de potência passiva com respeito a esta sua perfeição; é uma tábula rasa,
no qual nada há escrito, segundo a sabedoria de Santo Tomás e Aristóteles.
141
CAPÍTULO 3
142
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
10
Ver Maritain, Introducción Générale à la Philosophie, 1930, pág. 149 e seguintes.
143
CAPÍTULO 3
144
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
REPÚBLICA E DEMOCRACIA
11
Louis Rougier. La Mystique démocratique, ses origines, ses illusions, Flamarion, Paris. 1929.
145
CAPÍTULO 3
12
Encíclica Libertas, de 20 de junho de 1888.
146
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
REPÚBLICAS MODERNAS
147
CAPÍTULO 3
148
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
13
Na Encíclica Au milieu des sollicitudes, de 16 de fevereiro de 1892.
149
CAPÍTULO 3
EM DIREÇÃO A UM REGIME
CORPORATIVO E AUTORITÁRIO
14
NdT. Obviamente aqui o autor se refere à sua própria nação, isto é, a Argentina.
150
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
151
CAPÍTULO 3
152
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
153
CAPÍTULO 3
154
Estruturação Sócio Estatal da Vida Política
155
CAPÍTULO 3
156
CAPÍTULO 4
Funções da Autoridade
157
CAPÍTULO 4
DOUTRINAS ERRÔNEAS
158
Funções da Autoridade
DOUTRINA CATÓLICA
159
CAPÍTULO 4
160
Funções da Autoridade
161
CAPÍTULO 4
162
Funções da Autoridade
“O fim que a lei persegue é o bem comum (...); portanto, o que a lei
ordena deve ter aquela proporção que exige o bem comum. E como
esse bem comum consta de muitas coisas, a todas elas deve atender
1
R. P. Ch. Antoine. Cours d’économie sociale, Guillaumin and Co; Paris, 1896.
163
CAPÍTULO 4
164
Funções da Autoridade
165
CAPÍTULO 4
2
Acta Apostolicae Sedis, t. 23, 1931, pág. 147. NC. A citação é do Quirógrafo Dobbiamo intrattenerla, de
Pio XI ao Beato Cardeal Schuster de Milão, em defesa da Ação Católica Italiana, de 26 de abril de 1931.
166
Funções da Autoridade
167
CAPÍTULO 4
3
Encíclica de 15 maio de 1931.
168
Funções da Autoridade
4
Le Play, La Reforme Sociale, III, 6 ss.
169
CAPÍTULO 4
O ESTADO E A FAMÍLIA
5
Alberto Weiss, O. P., Apología del Cristianismo, VIII, pág. 303.
6
Encíclica de 31 de dezembro de 1930.
170
Funções da Autoridade
171
CAPÍTULO 4
172
Funções da Autoridade
7
NdT. Neste particular específico, pareceu imprescindível acrescentar esta nota escrita pelo Rev. Padre
Arturo A. Ruiz Freites I.V.E., para primeira edição italiana desta obra:
A Lei 1420 de educação comum geral da Argentina marcou uma girada nacional de tipo laicista
liberal e estatista que impôs a educação compulsiva secular excluindo o ensino tradicional da religião
do horário escolar com o artigo 8, e foi ocasião de grande controvérsia pública. Foi imposta em 1884
durante a governo do presidente Julio Argentino Roca, após as contestadas conclusões do Congresso
Pedagógico de 1882. Isso causou um conflito grave e duradouro entre o governo argentino e a Igreja
Católica, e o massivo protesto dos católicos argentinos. Na defesa da educação católica se destacaram
entre os leigos o eminente orador e legislador Dr. José Manuel Estrada, Pedro Goyena, Emilio Lamarca,
Tristán Achával Rodríguez, Nicolás Avellaneda; entre os clérigos, o Núncio Apostólico Mattera (foi expulso
do país) e o Vigário Capitular de Córdoba, Jerónimo Clara, que protestou com veemência contra a imposição
de professores e diretrizes protestantes estado-unidenses convocadas pelo governo. A lei perdurou por
cerca cem anos, com nefasto influxo sobre a sociedade argentina, predominantemente de maioria católica.
173
CAPÍTULO 4
8
Encíclica de 31 de dezembro de 1929. Texto disponível em português em: www.vatican.va
174
Funções da Autoridade
175
CAPÍTULO 4
176
Funções da Autoridade
O ESTADO E A ECONOMIA
177
CAPÍTULO 4
178
Funções da Autoridade
179
CAPÍTULO 4
180
Funções da Autoridade
9
Ver meu livro Conceptos Fundamentales de la Economía.
181
CAPÍTULO 4
10
Leão XIII, Sapientiae Christianae, de 10 de janeiro de 1890.
182
Funções da Autoridade
11
Pio XI, Ubi Arcano, de 23 de dezembro de 1922.
12
Ibid.
183
CAPÍTULO 4
184
Funções da Autoridade
185
CAPÍTULO 4
O ESTADO E A IGREJA
13
NC. Cf. Santo Agostinho. Epistola 185, De Correctione Donatistarum Liber, 5,19.
186
Funções da Autoridade
187
CAPÍTULO 4
14
Encíclica Libertas, 20 de junho de 1888.
188
Funções da Autoridade
189
CAPÍTULO 4
que Ela, antes de nos revestir com as prendas dos filhos, puri-
fique-nos do lodo que nos mancha. A Concordata fará possível
a ação suave e eficaz desta Mãe que nos devolverá a Vida.
190
Funções da Autoridade
191
CAPÍTULO 4
15
Sobre os erros sociais-políticos de Maritain, ver meus livros, De Lamennais a Maritain e Crítica de la
concepción de Maritain sobre la persona humana.
192
CONCLUSÃO
193
CONCLUSÃO
194
Concepção Católica da Política
195
CONCLUSÃO
196
Concepção Católica da Política
1
NC. Na realidade a data deve ser 14 de abril.
197
CONCLUSÃO
198
Concepção Católica da Política
199
CONCLUSÃO
200
APÊNDICE 1
O Igualitarismo e o Evangelho
201
APÊNDICE 1
202
O Igualitarismo e o Evangelho
203
APÊNDICE 2
204
Os três sentidos da palavra democracia
205
APÊNDICE 2
1
De Regno I. 1.
2
Cf. Comment, in polit. Aristotelis, V, VII.
3
Marcel Demongeot, Le meilleur Régime Politique Selon Saint Thomas.
4
Maritain, Primauté du spirituel, Annexes, VI.
206
Os três sentidos da palavra democracia
207
APÊNDICE 3
1
Encíclica de 18 de janeiro de 1901.
208
Leão XIII e a democracia cristã
209
APÊNDICE 3
210
APÊNDICE 4
1
A propósito da alocução do Papa no Natal de 1944.
211
APÊNDICE 4
DIALÉTICA DA HISTÓRIA
212
Filosofia da democracia moderna
2
NC. Encíclica de 1° de novembro de 1885. Texto disponível em português em: www. vatican.va
213
APÊNDICE 4
214
Filosofia da democracia moderna
215
APÊNDICE 4
3
Appel au peuple francais, 1797.
216
Filosofia da democracia moderna
4
NdT. No original, todo o parágrafo aparece como citação do Comentário à Política de Aristóteles. Na
tradução italiana, se aponta como só a primeira frase é citação literal, as demais citadas livremente
pelo autor.
217
APÊNDICE 4
Ora, seja numa acepção seja na outra, alguém a tem ou por uma
disposição natural, e esses são os naturalmente livres; ou pela
constituição da república, que estabelece que ninguém seja governado
por outro além de si mesmo, nem ao fim de outro senão ao seu
próprio, e ao fim da república. E assim entendem a liberdade os
autores do Estado popular”.
218
Filosofia da democracia moderna
219
APÊNDICE 4
5
Ver S.Th I, q. 63, a 9. ad. 1; I, q. 49. a. 3 ad. 5; Contra Gentiles, III. c. VI.
220
Filosofia da democracia moderna
6
Encíclica de 19 de março de 1937. Texto disponível em português em: www. vatican.va
221
APÊNDICE 4
7
NC. Para deixar mais claro o sentido destas palavras, se faz imprescindível a seguinte nota escrita pelo
Rev. Padre Arturo A. Ruiz Freites I.V.E., para primeira edição italiana desta obra:
Para tornar mais claro o discurso devemos fazer aqui algumas precisões sobre estas expressões bem
mais de estilo, oratórias, retóricas e hiperbólicas do Padre Meinvielle, tendo em conta seu pensamento
mais rigoroso e explícito a respeito disso, da doutrina católica e de Santo Tomás: 1. A matéria prima não
é “nada” mas antes “prope nihil” (S. Th. I, 44, 2, sed contra, citando S. Agostinho, Confes. XII) sendo pura
potência, mas de certo modo é, como co-princípio intrínseco potencial limitante e multiplicante dos
seres corpóreos. 2. Per se, a matéria é boa, seria maniqueísmo uma sua malícia natural ou necessária
conexão com o maligno; mas sendo ontologicamente a criatura mais distante de Deus, no homem é
ocasião, depois da queda do pecado original e perda da ordem interior, de mais insídias do Maligno (cfr.
Entre muitos outros textos, S. Th. I, 114, 1 ad 3: “À debilidade humana bastaria certamente as tentações da
carne e do mundo; mas não basta, porém, à malícia dos demônios, que se servem de uma e de outra para
combater o homem. Isso, contudo, por divina disposição, reverte para glória dos eleitos”) 3. O anticristo
não é propriamente uma encarnação do diabo, senão metaforicamente, enquanto será um homem de
suprema malícia e por isso sob o maior influxo do Maligno (cfr. S. Th. III, 8, 8: “…da Glossa [ord.]: “Como
em Cristo habitou a plenitude da divindade, assim no Anticristo a plenitude de toda a maldade”; mas
não no sentido que o diabo assuma na unidade da pessoa a humanidade deste último, como o Filho de
Deus a humanidade de Cristo, mas no sentido que o diabo lhe sugerirá a sua malícia mais que a todos
os outros. (sicut in Christo omnis plenitudo divinitatis inhabitavit, ita in Antichristo plenitudo omnis malitiae,
non quidem ita quod humanitas eius sit assumpta a diabolo in unitate personae, sicut humanitas Christi a
Filio Dei; sed quia diabolus malitiam suam eminentius ei influit suggerendo quam omnibus aliis)”.
222
Filosofia da democracia moderna
223
APÊNDICE 4
O MOMENTO ATUAL
224
Filosofia da democracia moderna
225
APÊNDICE 4
homens (...) que consideraram aquela nação [Rússia] como o terreno mais
apto para lançarem a semente do seu sistema, há muito tempo preparada, e
de lá a disseminarem por todas as regiões do globo” (Pio XI, na Divini
Redemptoris), está em conexão com agentes diabólicos terrenos
que agem num plano teológico, com ciência e métodos teológicos,
aos que se refere Leão XIII na Humanum Genus.
O comunismo, obra direta das forças teológicas do diabo,
conhece perfeitamente o significado da Igreja Católica. Por isso,
quase a ponto de se gabar de sua vitória mundial definitiva,
treme diante de um ancião indefeso que lhe arrebatou a palavra
“democracia” para dizer “urbi et orbi”: “Povos! Não vos enganais; o
bem que alucinados buscais nessa sedutora palavra só encontrareis no
ensinamento tradicional da Igreja”.
A DEMOCRACIA TRADICIONAL
226
Filosofia da democracia moderna
227
APÊNDICE 4
228
Filosofia da democracia moderna
8
Encíclica de 20 de outubro de 1939. Texto disponível em português em: www. vatican.va
9
Radio Mensagem de Natal de 1944.
10
Encíclica Summi Pontificatus.
229
APÊNDICE 4
230
Filosofia da democracia moderna
231
APÊNDICE 5
A “física política” de
Charles Maurras e a política cristã 1
1
Artigo inédito escrito no ano de 1972.
232
A “física política” de Charles Maurras e a política cristã
2
Le Bienheureux Pie X, Sauveur de la France, Plon. 1953, Paris, pág. 219.
3
Ibid. P. XVIII
4
Santo Tomás In Politicorum, Marietti, 1951, Nº. 11 (N. del A.).
233
APÊNDICE 5
5
Notre Charge Apostolique, Encíclicas Pontificas, Guadalupe, 1965, T. I, p. 2271.
6
Ibid., p. 2285
234
A “física política” de Charles Maurras e a política cristã
235
APÊNDICE 5
7
Le Bienheureux Pie X, Sauveur de la France, p. 13.
8
Ibid., p. 140.
9
Ibid., p. 140.
236
A “física política” de Charles Maurras e a política cristã
10
Ver meu livro De Lamennais a Maritain, Teoría, Buenos Aires 1967
237
APÊNDICE 5
238
A “física política” de Charles Maurras e a política cristã
11
Une opinion sur Charles Maurras, ibid., p. 32.
12
Editorial Huemul, Buenos Aires, pág. 139.
239
APÊNDICE 5
240
A “física política” de Charles Maurras e a política cristã
13
Charles Maurras, Le Bienheureux Pie X, Sauveur de la France, p. 72.
241
APÊNDICE 5
E logo acrescentou:
“Com seu olhar de águia, mais perspicaz e mais seguro que a curta
vista dos míopes raciocinadores, via o mundo tal como era, via a
missão da Igreja no mundo, via com olhos de Santo Pastor qual era
seu dever no seio da sociedade descristianizada, de uma cristandade
contaminada, ou ao menos, perseguida pelos erros da época e pela
perversão do século”.14
14
Ecclesia, de Madri, 9 de junho de 1951.
15
Harry Mitchell, Pie X et la France, Les Editions du Cédre, Paris, 1954.
242
Este livro foi produzido pelas famílias tipográficas Vollkorn e PT Sans.
Impresso em Papel Supremo 300g e Polen Bold 90g.