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Porém essa primeira tentativa foi frustrada, pois além dos embates por questões religiosas,
havia a resistência portuguesa ao estabelecimento de colônias francesas.
Entre 1630 e 1645, imigrantes holandeses obtiveram um relativo sucesso no Nordeste. Neste
período algumas regiões do nordeste se tornaram protestantes (MENDONÇA, 1995, p. 39). E
embora fosse um protestantismo de imigração, tão logo aprenderam a língua, os holandeses
empreenderam esforços na evangelização de indígenas, africanos e portugueses.
Ao contrário da informalidade da primeira tentativa, os holandeses conseguiram se
institucionalizar organizando dois presbitérios (um em Recife e outro na Paraíba) que formavam um
Sínodo. A exemplo do que ocorreu em Genebra, os calvinistas holandeses do Nordeste,
implantaram uma disciplina religiosa rigorosa que atingia inclusive a ordem civil e política. Porém
em 1649, com a restauração portuguesa, são eliminados todos os vestígios institucionais do
protestantismo holandês no nordeste.
O século seguinte inviabilizou completamente a chegada de novos protestantes ao território
brasileiro.
O século XVIII foi a era da inquisição no Brasil. A intensificação das atividades do
Santo Ofício e a legislação restritiva quanto à imigração quase paralisaram a vida
na Colônia nos seus mais variado aspectos. Foi a “idade das trevas”, na expressão
de Erasmo Braga e Kenneth G. Grubb. Em 1720 uma lei proibiu que qualquer
pessoa entrasse no Brasil a não ser a serviço da Coroa ou da Igreja. (MENDONÇA,
1995, p. 41)
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Nome dado aos protestantes franceses durante as guerras religiosas na França no século XVI
Nota-se claramente que as primeiras tentativas de inserção protestante em território
brasileiro, estavam vinculadas a imigração. Logo a resistência era dupla, abarcando aspectos
políticos e religiosos. A cosmovisão protestante diferia muito do catolicismo dominante.
Numa cultura de domínio, onde Estado e Igreja se entrelaçavam, mais do que impedir o
estabelecimento de protestantes aqui, limitou-se qualquer oportunidade de formação de um modo de
ser “brasileiro”, de uma cultura que pudesse se manifestar de forma original. Essa junção Igreja e
Estado moldavam a estrutura da sociedade.
Vale ressaltar que os protestantes que se instalaram aqui, por sua vez, não eram unânimes
em seus posicionamentos: Havia os liberais, modernizantes e progressistas ideologicamente e por
outro lado, havia os messiânicos-milenaristas.
O estudo da inserção protestante no Brasil se faz importante, por colaborar no entendimento
da formação de nosso povo. Muitas vezes a história negligencia o aspecto e influência que a religião
professada pode exercer sobre a nação, assim como a teologia ignora como os dogmas serão
recebidos e interpretados em dado contexto. Torna-se então necessário que estudos abrangentes, que
abarquem diversas áreas do conhecimento (história, sociologia, teologia, etc.) se unam para que
possam compreender de forma mais integral a manifestação cultural, religiosa, social e política de
um determinado povo.
Com relação ao protestantismo em particular, fica evidente que sua integração a sociedade
brasileira foi laboriosa, o que talvez tenha contribuído para desenvolver uma perseverança
característica, num enfrentamento a tutela luso-católica, que suprimia qualquer manifestação
contrária ao seu autoritarismo. As brechas encontradas estavam em grande parte relacionadas a
situação de dependência de Portugal em relação aos países mais abastados, e assim usando de
estratégias o protestantismo se firmou no país consolidando seu espaço.
Bibliografia
FONTELES, M. D. G. S. R. Inserção do Protestantismo no Brasil: Um Olhar Contemporâneo. Ciências da
Religião - História e Sociedade, São Paulo, v. 07, p. 174-188, 2009. ISSN 01.
MENDONÇA, A. G. D. O Celeste Porvir: A Inserção do Protestantismo no Brasil. 3º. ed. São Paulo: EDUSP,
1995.
WEBER, M. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2005.