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Capítulo 7
E A CRISE DO SISTEMA COLONIAL
A igreja católica na américa colonial espanhola
Para entendermos como esta Instituição se tornou tão forte junto ao Estado espanhol,
precisamos voltar um pouco mais em nossos estudos. Com o processo de Reconquista
ocorrida na Península Ibérica, houve um estreitamento dos laços entre a Igreja e o
Estado espanhol, até mesmo por interesses políticos e econômicos das partes.
Dioceses foram criadas a partir de conquistas militares para atuarem como centro
administrativo autônomo, sendo responsáveis “pela obra missionária, pela legislação
dentro do sínodo diocesano e pela instrução dos padres nos seminários.” (BARNADAS,
1998, p. 528). Também foram instituídas paróquias e seminários, este último sendo um
órgão da diocese e tendo como principal função servir de colégio para estudantes
universitários e de seminário para formar o clero.
A inquisição nas colônias espanholas foi uma das reações da Igreja para tentar corrigir
falhas anteriores em seu sistema evangelizador. Foram impostas medidas contra as
práticas de idolatria que ainda eram vistas na sociedade colonial, como o
“aprisionamento, a destruição física de todo símbolo considerado idólatra e duros
castigos aos chamados feiticeiros” (BARNADAS, 1998, p. 539). Com a destruição
destas representações, a Igreja adotou medidas de cristianização através do estímulo
a adoração de imagens cristãs.
A proposta da Igreja era de cristianizar também o imaginário indígena, dando aos
índios toda uma caracterização ocidental em padrões europeus, ou seja, uma nova
visão mundana diferente de seus costumes a partir de representações de imagens
cristãs.
Esta medida também tinha por objetivo inibir as práticas protestantes e judaicas.
Muitos dos judeus chegavam à colônia espanhola via Brasil, pois quando estes foram
expulsos da Espanha na criação do Estado espanhol, se refugiaram em Portugal.
O Estado acabava por não suprir as necessidades da colônia, que cada vez mais
achava soluções para sanar a falta de abastecimento pela metrópole, seja através do
contrabando, ou com o comércio intercolonial. Mesmo que houvesse a proibição da
produção manufatureira na colônia, a falta de abastecimento, de fiscalização e de
controle por parte da Coroa, abriu precedentes para a implementação da manufatura
de alguns produtos e gêneros. Com isso, o envio de metais preciosos à Espanha
também diminuiu, pois aumentou a circulação dentro da própria colônia.
Porém, mesmo com todos os esforços para garantir o desenvolvimento destes setores,
não conseguiam alcançar a Inglaterra na oferta de manufaturados, nem eliminar o
contrabando com esta, já institucionalizado em muitos locais da colônia.
O Império se mantinha grande, mas as condições políticas quase não haviam mudado
e a administração era pouco eficiente e morosa. A supremacia política e econômica
continuava nas mãos dos “metropolitanos” que monopolizavam cargos administrativos
no governo, na Igreja, na justiça e no exército. A classe dominante colonial desejava
manter o sistema de opressão aos trabalhadores, mas com liberdade comercial e
representação nas decisões políticas, sem interferência da metrópole.
Universidade Luterana do Brasil - ULBRA. História da América Colonial e Independente.
Vários Autores. Canoas: livro digital, s.d.