Você está na página 1de 54

Parte II

A SAÚDE
EMOCIONAL
DO LÍDER
NA IGREJA
LOCAL

@clariceebert
www.clariceebert.com
Parte II: “A saúde emocional na igreja local”
1. Estratégias para lidar com o sofrimento na
igreja local.
2. O cuidado em reciprocidade.
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

Semelhantemente a outros
contextos laborais, a
organização do trabalho de
pastores e líderes em
contexto eclesiástico, também
interfere em sua saúde
psíquica.
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

A vocação pastoral e sua


dinâmica sofre influências
institucionais, congregacionais e
do próprio ego, que são
inevitáveis e poderosas.
(Eugene Peterson, 2006)
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

Pesquisas tem mostrado que


as estratégias mais utilizadas
por pastores e pastoras, para
lidar com o sofrimento, são
de distanciamento do
contexto ministerial, que são
estratégias de defesa.
Seriam como válvulas de
escape, em busca de um
fôlego novo.
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

As principais estratégias de
distanciamento:
• As atividades compensatórias
• O isolamento
• O individualismo
• A espiritualidade
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

Atividades
compensatórias
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

Ofurô Corporativo
(Mário César Ferreira, 2011)
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

O isolamento
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

O individualismo
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

A espiritualidade
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

As estratégias de
distanciamento, apesar de
parecerem boas, podem não
transformar a realidade e não
impedir o adoecimento.
• Bloqueiam a relação entre
trabalhador e o trabalho.
• Com o passar do tempo,
ocasionam um sentimento
de desprazer e tensão.
(Dejours, 2007)
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

O uso constante de estratégias


defensivas de distanciamento

pode ser ineficaz para lidar com


o sofrimento

podendo propiciar doenças


psicossomáticas e/ou
perturbações psíquicas, incluindo
especialmente, o estresse, a
ansiedade e a depressão.
(Dejours, 2007)
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

MOBILIZAÇÕES COLETIVAS

A mobilização coletiva envolve um enfrentamento


das contradições vivenciadas no trabalho, por meio
de uma socialização do sofrimento, estabelecendo
laços de cooperação, confiança e solidariedade.
(Ferreira e Mendes, 2003)
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

MOBILIZAÇÕES COLETIVAS
Construção do bem-estar e a diminuição do
sofrimento e do custo humano negativo no trabalho

Criação de um ambiente para troca de experiências

Um ambiente tendo a liberdade como condição para a


estabilidade psicossomática
Espaço de discussão viabilizador de um DIÁLOGO para a
construção da cooperação, confiança e solidariedade
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

MOBILIZAÇÕES COLETIVAS

COOPERAÇÃO
Ação coordenada para construir algo em
comum, com base na confiança e
solidariedade.

Envolve a vontade das pessoas de trabalharem


juntas e superarem coletivamente as
contradições que surgem pela própria natureza
ou essência da organização do trabalho.
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

MOBILIZAÇÕES COLETIVAS

COOPERAÇÃO
Para que a cooperação se efetive, tem
como exigência a construção de
confiança entre os envolvidos no
trabalho ou na missão.
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

MOBILIZAÇÕES COLETIVAS

A mobilização coletiva
remete a um funcionamento
de igreja corpo, organismo,
não meramente a uma
organização produtiva.
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

MOBILIZAÇÕES COLETIVAS
Diante da vivência de sofrimento, além
das estratégias de distanciamento,
buscando por um fôlego novo

é necessário ressignificar o sofrimento


junto ao contexto ministerial

objetivando a construção da cooperação,


da confiança e da solidariedade entre as
pessoas (irmãos e irmãs)
1. LIDANDO COM O SOFRIMENTO NA IGREJA LOCAL

MOBILIZAÇÕES COLETIVAS

“Minha oração não é apenas


por eles. Rogo também por
aqueles que crerão em mim,
por meio da mensagem deles,
para que todos sejam um. [...]
para que o mundo creia que tu
me enviaste” (João 17.20-21).
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Igreja não é o templo,


nem um movimento, mas
é relacionamento.

A qualidade dos
relacionamentos na
igreja local influencia a
saúde mental e
emocional dos envolvidos
nesse contexto.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

O autocuidado não pode


estar desconectado do
cuidado mútuo.

Seres humanos não


conseguem ficar bem
apenas assumindo o
autocuidado. Ainda será
necessário deixar-se
cuidar por Deus e pelos
outros também.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Selecionar alguns para


cuidar e não os tornar
igualmente alvos de
cuidados pode instaurar
as angústias da solidão.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Retroalimentação no funcionamento do sistema eclesiástico

Por outro lado,


Por um lado, a igreja
pastores (as) acolhem
local está cheia de
as expectativas da
expectativas em
igreja local e buscam
relação aos
atender a todas as
pastores(as)
suas demandas
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Retroalimentação no funcionamento do sistema eclesiástico

Tanto mais pastores


Quanto mais a igreja
se esforçam para
demanda cuidado de
atender as demandas
seus pastores
de cuidado da igreja

Tanto mais a igreja Quanto mais pastores se


demanda cuidado de esforçam em atender a
seus pastores todas as demandas de
cuidado da igreja
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Pessoas que ocupam


sua posição vocacional
ou seu papel laboral por
24 horas por dia, em 7
dias por semana e em
365 dias por ano.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

“O cavaleiro preso
na armadura”
(Robert Fisher, 2001)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Tanto pastores como igrejas têm algo a


ajustar quando pastores nunca tiram as suas
armaduras:

Pastores devem Igrejas devem


aprender a filtrar as aprender a respeitar
demandas os pastores em suas
excessivas da igreja. limitações humanas.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Igreja local como


comunidade terapêutica

• Pode diminuir ou eliminar a sensação de isolamento dos


indivíduos ao atender à necessidade que todos nós
temos de fazer parte de um todo.
• Pode dar apoio aos abatidos, curar os doentes e
proporcionar orientação às pessoas que precisam tomar
decisões difíceis ou que estão a caminho da maturidade.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Igreja local como


comunidade terapêutica

Gary Collins (2004) ao escrever sobre essa temática


lamenta que muitas igrejas não passam de grupos de
pessoas indiferentes e inflexíveis que:
• Nunca admitem que têm dificuldades ou problemas
• Assistem a cultos maçantes por puro hábito
• Deixam a maior parte do trabalho nas mãos de um
pastor sobrecarregado
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Igreja local como


comunidade terapêutica

O cuidado deve acontecer


em RECIPROCIDADE
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Igreja local como


comunidade terapêutica

O cuidado que se faz presente na poimênica


eclesiástica é um cuidado que traz renovação para
a vida, numa esperança de reconhecimento,
aceitação, cooperação, solidariedade e de sentido
para a vida, que reconecta com Deus, uns aos
outros e consigo mesmo.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Igreja local como


comunidade terapêutica
Expectativa de que pastores Objetivo: para sempre estarem de
consigam estar bem apenas pé para assumir os cuidados de
pelo autocuidado outros.

Bênção: na promoção do autocuidado um líder poderá encontrar


maior saúde e bem-estar pessoal pela via da autorresponsabilidade.
Maldição: quando a motivação é apenas se aprimorar para ser um
modelo de cuidado de outros.
Pode levar a
Perigo desumanização
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Igreja local como


comunidade terapêutica

O cuidado mútuo
promoverá a experiência
da comunhão e da partilha,
além de sanar a solidão
existencial e ministerial.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”
“Irmãos, vocês foram
chamados para a
liberdade. Mas não usem a
liberdade para dar ocasião
à vontade da carne; pelo
contrário, sirvam uns aos
outros mediante o amor.”
(Gálatas 5.13)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”

“Sujeitem-se uns aos


outros, por temor a
Cristo.” (Efésios 5.21)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”
“Dediquem-se uns aos
outros com amor
fraternal. Prefiram dar
honra aos outros mais do
que a si próprios.”
(Romanos 12.10)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”

“Saúdem uns aos outros


com beijo santo.”
(2 Coríntios 13.12)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”

“Consolem-se uns aos


outros com estas palavras.”
(1 Tessalonicenses 4.18)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”

“E considerando-nos uns
aos outros para incentivar-
nos ao amor e às boas
obras.” (Hebreus 10.24)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”

“Suportem-se uns aos


outros e perdoem as
queixas que tiverem uns
contra os outros.
Perdoem como o Senhor
lhes perdoou.”
(Colossenses 3.13)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”

“Por isso, exortem-se e


edifiquem-se uns aos
outros, como de fato
vocês estão fazendo.”
(1 Tessalonicenses 5.11)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Dinâmica poimênica do
“uns aos outros”

“O meu mandamento é
este: amem-se uns aos
outros como eu os
amei.” (João 15.12)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Expectativa mítica,
como se fossem
sobre-humanos

Alguém assim não


precisaria de
cuidado e poderia
mesmo intensificar
o cuidado de outros.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Utilitarismo versus cuidado


pastoral (poimênica)

Cuidar de outros, sem ser cuidado,


pode se tornar uma tarefa árdua,
pois se reconhece apenas as
necessidades alheias, e as próprias
vão sendo deixadas de lado.

Grande risco: adotar o


ativismo como estilo de vida
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Utilitarismo versus cuidado


pastoral (poimênica)

Ao invés da lógica utilitarista,


deve-se resgatar a lógica do
cuidado em reciprocidade.
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Utilitarismo versus cuidado


pastoral (poimênica)

“[...] Antes, seguindo a verdade em amor,


cresçamos em tudo naquele que é a
cabeça, Cristo. Dele todo o corpo,
ajustado e unido pelo auxílio de todas as
juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em
amor, na medida em que cada parte
realiza a sua função.” (Efésios 4.15-16)
2. O CUIDADO EM RECIPROCIDADE

Utilitarismo versus cuidado


pastoral (poimênica)

“Pois, que adianta ao


homem ganhar o mundo
inteiro e perder a sua
alma?”. (Marcos 8.36)
FINALIZANDO

Diretrizes para haver melhor saúde mental e


emocional na igreja local

• Realinhar os objetivos • Compreender que


da igreja com a assédios morais e abusos
identidade da Igreja de não se alinham com a
Cristo, referida nas proposta do cuidado de
Escrituras uns aos outros
FINALIZANDO

Diretrizes para haver melhor saúde mental e


emocional na igreja local

• Construir a cooperação • Promover espaços


entre os pares ministeriais de socialização do
e entre toda a comunidade sofrimento
FINALIZANDO

Diretrizes para haver melhor saúde mental e


emocional na igreja local

• Treinar pessoas e • Desapegar da “síndrome


delegar tarefas para de Messias”
dividir as cargas e
diminuir as sobrecargas • Humanizar o exercício
ministeriais pastoral
FINALIZANDO

Diretrizes para haver melhor saúde mental e


emocional na igreja local

• Entender mais adequadamente o papel dos(as)


pastores(as), aprendendo a trabalhar em
conjunto com eles(as), e não contra.
FINALIZANDO

“Vocês, porém, são geração


eleita, sacerdócio real,
nação santa, povo exclusivo
de Deus, para anunciar as
grandezas daquele que os
chamou das trevas para a
sua maravilhosa luz.”
(1 Pedro 2.9)

@clariceebert | www.clariceebert.com.br

Você também pode gostar