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Máscaras africanas

O que são as máscaras africanas?


As máscaras africanas são adereços utilizados em cerimônias e rituais e
têm grande importância religiosa, mística e espiritual para diversos povos
africanos.

Nessas cerimônias, as máscaras têm como finalidade estabelecer contato


com o mundo espiritual e com os deuses.

As máscaras africanas, também chamadas de máscaras tribais, são uma


tradição dos países da África Subsaariana, localizados ao sul do Deserto
do Saara.

Essa arte africana ficou conhecida no mundo por influenciar obras de


artistas europeus do início do século XX, como Pablo Picasso e Henri
Matisse.

Ritual de dança com máscara do povo Dogon no Mali. Imagem: Gina Gleeson,


Flickr.
Máscaras africanas e seus significados
Para cada etnia as máscaras possuem significados próprios e são utilizadas
em diferentes celebrações e rituais. As máscaras podem ser usadas como
agradecimentos por:

 Boas colheitas;

 Abundância e prosperidade;

 Resolução de disputas;

 Vitória em guerras e conflitos.

Além disso, as máscaras podem simbolizar valores morais, como:

 Humildade;

 perseverança;

 coragem;

 força;

 sabedoria.

As máscaras são usadas em cerimônias de celebração e rituais de iniciação


e casamentos, nascimentos e funerais, em cerimônias de preparação para a
guerra e rituais para expulsar espíritos ruins.

O significados das diferentes máscaras africanas


Cada grupo étnico pode possuir diversas máscaras, cada uma delas com
significados e utilizações diferentes. Conheça algumas das principais
máscaras africanas e entenda seus significados.

Máscaras Bwa  (Burkina Faso)


Máscara
Bwa.
O povo Bwa  da Burkina Faso, país da África Ocidental, utiliza máscaras de
animais para evocar seus espíritos, alguns dos animais representados em
suas máscaras são crocodilos, búfalos e falcões.

As linhas em zigue-zague representam as dificuldades que os ancestrais


encontraram em seus caminhos e as pinturas em preto e branco
representam os opostos: luz e trevas, sabedoria e ignorância, homem e
mulher.

Máscaras Kanaga  (Mali)

Máscara Kanaga.
Umas das máscaras mais famosas do povo Dogon  do Mali é a Kanaga, uma
máscara utilizada em um ritual chamada dama, realizado para garantir a
passagem segura dos espíritos para o mundo dos antepassados.
O rosto dessas máscaras é retangular e possui barras que formam duas
cruzes no topo da cabeça. As barras inferior e superior representam um
pássaro e a força criativa de Deus e também podem representar o céu e a
Terra.

Máscaras Bamana  (Mali)

Máscara Bamana.
O povo Bamana  do Mali utiliza a representação dos antílopes em suas
máscaras. Esse povo tem uma forte tradição agrícola e sua crença diz que
foram os antílopes que ensinaram seus antepassados a plantar.

As máscaras de antílopes possuem vários chifres que saem do topo da


cabeça do animal, esses chifres simbolizam o nascimento das plantas a
partir dos grãos. Essas máscaras são utilizadas em rituais de iniciação.

Máscaras Baule  (Costa do Marfim)


Máscara Baule.

O povo Baule  da Costa do Marfim têm forte tradição em máscaras. Em


uma de suas celebrações, chamada Goli, esse povo utiliza máscaras
redondas que simbolizam o sol e possuem dois chifres de búfalo, que
representam a força desse animal.
Essa máscara também é utilizada em festivais de colheita, em ocasiões que
recebem visitas importantes ou em funerais de pessoas influentes da
comunidade.

Máscaras Punu (Gabão)

Máscara Punu.
As máscaras do povo Punu do Gabão representam rostos de mulher,
geralmente com escarificações - técnica utilizada para deixar cicatrizes na
pele. O cabelo da máscara se assemelha ao cabelo das mulheres da tribo.

Essa máscara era utilizada em funerais e rituais mágicos e representa uma


imagem idealizada dos ancestrais. O branco da máscara simboliza a paz, as
divindades, os espíritos mortos e a vida após a morte.

Máscaras Baga  (Guiné)
Máscar
a Baga.
O povo Baga  da Guiné utiliza máscaras que representam a beleza feminina
nos seios e em cicatrizes no rosto. Os seios são alongados e planos para
simbolizar os muitos anos de amamentação.

Muitas das máscaras com rostos de mulher desse povo são representadas
com as tradicionais tranças que os povos africanos fazem nos cabelos. Para
o povo Baga, as máscaras de mulher só podem ser utilizadas pelos homens
nos rituais.

Máscaras Biombo  (República Democrática do Congo)

Máscara Biombo.
O povo Biombo, que vive na República Democrática do Congo, utiliza
máscaras em seus rituais tribais e de circuncisão. Suas máscaras
geralmente são vermelhas e essa cor é obtida com o pó de tukula, extraído
de uma árvore conhecida como sândalo africano.

Máscaras Kpelie  (África Ocidental)

Más
cara Kpelie.
O povo Senufo  é formado por diversos grupos étnicos que vivem em
regiões dos países Costa do Marfim, Mali, Burkina Faso e Gana. Uma de
suas máscaras tradicionais é a Kpelie, que representa uma mulher.

Essa máscara é utilizada por homens em rituais de iniciação, funerais e


celebração de colheitas, ela simboliza a beleza feminina e a fertilidade.

Máscaras Kuba  (República Democrática do Congo)

Máscara Kuba.
O povo Kuba  tem mais de 20 máscaras utilizadas em rituais de iniciação e
celebrações e uma das máscaras mais importantes é a Mwaash Ambooy,
que representa o poder real.

Essa máscara é utilizada apenas pelo rei e por chefes locais e segundo as
tradições, ela simboliza o Woot, um herói fundador de quem o
povo Kuba  acredita ser descendente.
Máscaras Dan (Costa do Marfim)

Máscara Dan.
O povo Dan  da Costa do Marfim tem tradições de caça e agricultura e
acredita que existem dois mundos: o mundo humano e o mundo espiritual.

Para eles as máscaras são habitadas por forças espirituais e são usadas
como proteção e comunicação com o mundo espiritual. Suas máscaras são
esculpidas em madeira e representam rostos humanos.

Máscaras Kota  (Gabão)
Máscara Kota.
O povo Kota  do Gabão esculpia suas máscaras em madeira e as cobriam
com chapas de cobre e latão para aumentar o seu poder. A face das
máscaras dos Kota  têm formato oval e seu corpo forma um losango.

As máscaras kota  são conhecidas como emboli  ou mbuto  e são usadas em


cerimônias de iniciação de meninos. Durante o ritual, os anciãos mostram
aos jovens que as máscaras são seres humanos como eles.
Máscaras Fang  (África Central)
Máscara F
ang.
Os Fang  são um grupo étnico localizado em uma área que abrange a Guiné
Equatorial, o norte do Gabão e o sul de Camarões. Uma de suas máscaras
famosas, chamada Ngil, era utilizada em suas sociedades secretas.

As máscaras Ngil  eram utilizadas pelos homens em rituais de iniciação de


novos membros e de perseguição aos malfeitores. Essas máscaras eram
pintadas de branco, possuíam rosto longo e nariz fino.

Máscaras Kwele  (África Ocidental)

Máscara Kwele.
O povo Kwele, que vive em regiões do Gabão, da República Democrática do
Congo e Camarões, acreditava em bruxaria e culpava as bruxas por todos
os males sociais e pessoais que enfrentam.
Para se proteger das bruxarias, eles faziam um ritual chama beete, durante
o qual faziam a purificação dos espíritos. As máscaras têm chifres e
representam um antílope, cuja carne era comida ao final do ritual.

Máscaras Teke  (República Democrática do Congo)

Máscara Tek
e.
As máscaras do povo Teke  da República Democrática do Congo são
utilizadas em cerimônias como casamentos, funerais e ritos de iniciação.
Também podem ser utilizadas para identificar membros com status sociais
e políticos superiores.

As máscaras teke  são arredondadas e planas, pintadas com formatos


geométricos e feitas em madeira.

História das máscaras africanas


As máscaras são tradições dos povos africanos há milhares de anos.
Acredita-se que desde o Período Paleolítico, que se iniciou há cerca de 2,5
milhões de anos, as máscaras são utilizadas pelos povos da região.

As máscaras têm importantes significados religiosos e espirituais. Elas são


utilizadas em rituais (geralmente por homens) e servem para estabelecer
a conexão com os ancestrais e outros seres divinos.

Nesses rituais, a pessoa que utiliza a máscara entra em transe e estabelece


contato com esses espíritos. Às vezes, um sábio ou um tradutor acompanha
essa pessoa para traduzir as mensagens enviadas.

Os rituais são acompanhados por músicas cantadas e tocadas em


instrumentos tradicionais e com danças. Além das máscara, os trajes que
cobrem o corpo servem para preservar a identidade da pessoa e garantir
que a essência do espírito seja captada.
M
áscaras e trajes do povo Bwa do vilarejo de Boni, na Burkina Faso.
Como são confeccionadas as máscaras africanas?
As máscaras africanas utilizadas nos rituais e celebrações são elementos
sagrados e sua confecção é feita por pessoas designadas para essa
função. O ofício de fabricar máscaras costuma ser passado de geração
em geração.

Além dos conhecimentos técnicos para confeccionar as máscaras, acredita-


se que essas pessoas são capazes de sentir o poder dos espíritos nos
materiais utilizados e em suas ferramentas, por isso, estas devem ser
manuseadas com cautela.

Grande parte das máscaras é feita em madeira, que são talhadas com facas
afiadas. Para esses povos, as árvores possuem um espírito e antes de cortá-
las é preciso realizar rituais de purificação e sacrifício.
Os ornamentos das máscaras são feitos com tintas, chifres, sementes,
dentes, pedaços de couro e tecido. Além da madeira, também é comum
encontrar máscaras feitas em marfim, cerâmica e metais como o cobre e o
bronze.

Veja o Significado de Cultura Africana.

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