Você está na página 1de 6

MANIFESTAÇÕES ARTITICAS CULTURAIS DE MATRIZ AFRICANA, INDÍGINE E EUROPEIA

ARTE AFRICANA
A arte africana é um conjunto de manifestações artísticas produzidas pelos diversos povos da
África e datam do Período Pré-Histórico. Apesar de desenvolveram-se na África desde tempos
remotos, só ganhou visibilidade no Ocidente a partir do século XX.
Suas formas artísticas mais antigas são as pinturas, gravações em pedra e esculturas de argila e
bronze, que refletem fielmente histórias, mitos, crenças e costumes desses povos.

Escultura africana:A escultura é a mais importante manifestação


artística desses povos, que utilizam, para confeccionar suas peças,
madeira associada a outras técnicas, como pintura, colagem e
cestaria. Entre os objetos produzidos, as máscaras são as formas
mais conhecidas e são usadas em rituais carregados de misticismo e
crenças.
Atualmente, tem-se a falsa impressão de que a arte africana se
resume às esculturas. Na realidade, desde os tempos pré-coloniais, a
arquitetura predominou como forma de arte.
Exemplo dessa arquitetura são as magníficas mesquitas de argila de
na Etiópia. A pintura também se desenvolveu no
Figura 1:Escultura africana do povo Nok, presente na Nigéria.
Mopti, em Mali, e as igrejas esculpidas em rocha continente. Os temas são variados.
Algumas formas são geométricas, outras reproduzem cenas de caça ou de guerra.

Figura 3:
mesquitas de argila de Mopti, em Mali.
Figura 2: igreja esculpida em rocha na Etiópia.

Máscaras africanas: As máscaras são artefatos produzidos por grande


parte das sociedades tribais africanas. Assim como outras
manifestações, elas em geral, tem como objetivo criar um elo entre a
materialidade e a espiritualidade coletiva.
É sobretudo na Nigéria e no Congo que existe a tradição das máscaras.
As mais antigas datam do século VI antes de Cristo.
Esses adereços são utilizados em diversos ritos e cerimônias, como em
casamentos, funerais, celebrações e outros eventos. As máscaras são
Figura 4:Máscara do Povo algumas pessoas que têm a permissão para tal.
Tchokwe, presente em regiões da
Angola, República Democrática do Congo e Zâmbia. Créditos: Rodrigo Normalmente as máscaras são usadas em
Tetsuo Argenton. conjunto com vestimentas próprias, o que
vistas pelos povos africanos como artefatos colabora ainda mais para a caracterização do
místicos, devendo ser usadas apenas por indivíduo e a representação de seres espirituais,
animais e outras entidades.
Para a confecção dos objetos, normalmente é usada a madeira, mas também podem ser
produzidos com couro, metais, cerâmica, argila, marfim e outros materiais. Além do valor artístico,
as máscaras têm significados simbólicos. Muitos africanos acreditam que elas protegem quem as
carrega. Elas também teriam a capacidade de captar a força vital de um ser humano (ou animal)
no momento da morte e redistribuí-la à sociedade. Esse valor simbólico perdeu-se no Ocidente,
que, no entanto, deixou-se fascinar por seus mistérios.

Arte africana no Brasil: Durante muito tempo, entre os séculos XVII e XIX, os artistas negros no
Brasil produziram obras de acordo com padrões europeus. Eram escravos ou descendentes de
escravos que aprenderam o ofício com portugueses ou outros europeus.
Foi só a partir do século XX que artistas negros começaram a produzir obras autorais com maior
identidade étnica.

Pintura corporal africana: Assim como as populações


indígenas brasileiras, os povos da África também
manifestam-se artisticamente através da aplicação de tintas
naturais em seus corpos.
Tais pinturas são feitas como maneiras de conexão com as
forças superiores em rituais, ou ainda como uma forma de
demonstrar posições hierárquicas nas tribos.
As populações presentes no Vale do Rio Omo, na Etiópia,
ainda conservam essas tradições, produzindo pinturas
Figura 5:Pintura corporal africana dos povos do Vale do Rio Omo, na tensões e energias.
Etiópia.
Muitas vezes essas danças são realizadas em
corporais bastante ricas combinadas com
círculos nas comunidades ao som de tambores e
ornamentos de cabeça feitos com elementos
outros instrumentos de percussão.
vegetais.

Danças africanas: As danças fazem parte de


uma importante parcela da expressão cultural
das sociedades africanas. Da mesma forma que
outras manifestações, elas estão presentes em
eventos cerimoniais de seus povos.
O corpo, para os africanos, constitui geralmente,
um elo entre o mundo terreno e divino, sendo
Figura 6:Dança
sua movimentação uma maneira de homenagem Africana.
aos espíritos, além de uma forma de descarregar

Arte afro-brasileira: O Brasil é um país que recebeu um enorme contingente de pessoas


sequestradas da África na época colonial. Trazidas como mão de obra escrava, essas populações
fazem parte da identidade brasileira, contribuindo para a formação de nossa cultura de maneira
essencial.
Assim, a arte e cultura de diversas sociedades africanas misturou-se às demais culturas aqui
presentes.
Portanto, a arte da África manifesta-se no território brasileiro intensamente. Podemos citar como
exemplos a capoeira, diversos estilos músicas e de dança, como o samba, maracatu, ijexá,
carimbó, maxixe, entre outros.
ARTE INDÍGINA
A arte indígena brasileira compreende as diversas maneiras do índio expressar a sua cultura.
Cada tribo indígena possui comportamentos e costumes próprios que as diferenciam uma das
outra. Logo, isso também interfere na maneira como eles produzem sua arte. Dessa forma, a arte
indígena brasileira guarda aspectos individuais de cada tribo. Ela está expressa na pintura
corporal do índio, nas plumagens que eles usam sobre a cabeça, na arte em cerâmica, nas
cestarias feitas de palhas, nas máscaras e até mesmo nas danças e rituais. Para desenvolver a
arte, os índios também fazem uso de outros elementos complementares, como a madeira,
miçangas, palmas, sementes, cipó, couros, ossos, casaca de coco, dentes, conchas, garras, etc.
Os índios brasileiros foram os primeiros habitantes encontrados no país pelos colonizadores
portugueses. Inclusive, durante o descobrimento do Brasil, os portugueses ficaram deslumbrados
com tamanha criatividade. Contudo, eles apreciavam a arte de maneira não agradável, que era
explorando os índios ou realizando permutas em troca de trabalho escravo.

Elementos da arte indígena brasileira:

Dança indígena: A dança é outro tipo de arte indígena


brasileira. Isso porque os índios realizam a dança para quase
tudo, desde celebração de uma colheita até fazer
homenagens para pessoas mortas.
A dança indígena é, portanto, um costume muito
característico entre os índios, no qual eles têm a intenção de
realizar um ritual. Os motivos são os mais diversos, como:
espantar maus espíritos, espantar doenças, pedir ou
agradecer tempos de colheita, ascensões dentro das tribos,
mudança entre fase jovem e adulta, dentre outros.
Ela é realizada tanto por homens quanto por mulheres. Nas danças é muito comum o uso de
outros tipos de arte indígena brasileira, como o uso de plumagens, acessórios e pinturas
corporais, que podem variar de acordo com o motivo do ritual.
As danças indígenas mais conhecidas são: o toré, que está relacionada a união entre os índios
da região Nordeste do país mais a cultura de outros povos indígenas, e o karub, que tem a
finalidade de homenagear pessoas mortas.

Cerâmica indígena: A cerâmica é uma arte indígena brasileira típica


da tribo de Marajós, localizada na Amazônia. Para os marajoaras e
também as outras tribos que a produzem, a cerâmica possui um valor
simbólico, pois muitas delas eram usadas para guardar corpos de
entidades importantes da tribo.
Contudo, até os dias atuais ainda são produzidas urnas funerárias
feitas
em cerâmicas, além de outros produtos, como: pratos, vasos,
brinquedos, potes, estátuas, esculturas, inclusive se destaca por produzir um tipo de
instrumentos, entre outros. A arte marajoara cerâmica com qualidade e rara beleza.
Figura 7: Vaso de cerâmica da etnia Waurá, do Xingu.

As mulheres são as grandes produtoras desse tipo de arte. Em período de seca, elas coletam o
barro das margens do rio. Para dar liga, elas acrescentam outros componentes orgânicos e
minerais, com por exemplo pó de madeira.
Algumas tribos gostam de aprimorar a cerâmica com diferentes desenhos. Um fato curioso na
produção de cerâmicas é que a maiorias dos índios que produzem essa arte não utilizam a roda
do oleiro como suporte, e mesmo assim conseguem belas criações.

Pintura corporal indígena: A pintura corporal é, sem dúvidas,


a arte indígena brasileira mais representativa dos índios. Isso
porque ela não busca apenas um valor estético, mas sim a
transmissão de valores culturais de cada tribo.
Ela é muito utilizada durante os rituais e, principalmente, como
uma forma de diferenciação dos grupos, identificando a
posição hierárquicas das entidades mais importantes da tribo.
Figura 8:Índias pintadas durante um ritual. (Foto:Wikimedia) naturais
Para realizar a pintura, os índios utilizam tintas
feitas à base de plantas e frutos. A cor branca é
alcançada com o uso da tabatinga, a tonalidade
vermelha, por sua vez, é obtida com o urucum.
Outros frutos como o jenipapo também são
bastante usados.
Dentro dos rituais, os desenhos buscam relatar
momentos e sentimentos específicos. Além
disso, cada tribo aplica os seus costumes nos Figura 10: Arte plumária
desenhos. Existem grupos que optam por pintar
as crianças diferente dos adultos. dos Caapores (ou Ka'apor).
Plumagem indígena: As plumas indígenas são
produzidas com penas de pássaros. Elas são
usadas para ornamentar cocais, brincos,
pulseiras, colares, etc. Os cocais, por exemplo,
são bastante usados durante as manifestações
Figura 9: Urucum (ou
de ritos.
urucu), o fruto usado para criar tinta vermelha.
A plumagem também é um exemplo de arte
indígena brasileira usada para distinguir a
posição hierárquica de uma entidade dentro do
grupo. Por isso, na maioria das vezes, são
usadas por homens, já que esses normalmente
possuem uma posição cultural maior que as
mulheres dentro das tribos.
A confecção das plumas passa por todo um ritual
até a sua produção final. Primeiro é realizada a
caça do pássaro, em seguida o tingimento
(tapiragem) e recorte da forma desejada, e por
fim amarração do acessório.
As plumagens representam ainda marcações e simbologias diferentes. Há tribos que usam no dia
a dia, enquanto outras preferem usar somente em época de festa e rituais. Algumas transmitem
mensagens de idade e sexo, outras de filiação e posição social.

Máscaras indígenas: Outro exemplo de arte indígena


brasileira são as máscaras produzidas pelos índios. Elas são
feitas com cascas de árvore e cabaças de palha de buriti. São
usadas em danças cerimoniais, e no momento dos rituais,
representam a figura viva do ser sobrenatural. Para os índios,
esse simbolismo é uma maneira de aproximá-los das forças
sobrenaturais, onde eles sentem que essas forças os ajudam a
ler os códigos inscritos nos rituais e mitos. Além disso, os índios
Figura 11: Máscara dos Ticunas (ou tucunas) que habitam a região da atribuem o uso da máscara à representação de
Amazônia.
entidades que
conflitaram com eles no passado. Sendo assim, durante as cerimônias essas máscaras são
usadas para acalmar essas mesmas entidades.

Cestaria indígena: A maiorias das cestas indígenas são confeccionadas


com palha e folhas de palmeira. Elas são feitas por mulheres, que utilizam
diferente técnicas de traçado para dar um aspecto mais bonito e são
usadas para armazenar alimentos, guardar materiais, coar líquidos,
peneirar farinha, entre outros.

Figura 12: Cesto da etnia


Tariana, localizada nas
margens do rio Uaupés.
ARTE NA EUROPA
Europa, o berço mundial da arte clássica. Com 800 milhões de habitantes, este continente, que
engloba mais de 24 idiomas oficiais, é a demonstração viva e pulsante da tradicional arte clássica,
com monumentos, obras de arte e edificações antigas. Estas manifestações da criatividade
humana, herança de outros séculos, são cuidadosamente preservadas, juntamente com as
criações de artistas desde o modernismo.
Durante a Antiguidade Clássica, as várias formas de produção artística (pintura, escultura,
arquitetura) estiveram associadas à religião. Os gregos foram, então, responsáveis por aprimorar
e ampliar o sentido da arte.
Os avanços técnicos na produção artística especialmente em pinturas e esculturas geraram obras
incríveis e imortais, que até hoje contribuem para o encantamento de tantos pela Europa. Os
grandes museus europeus guardam peças milenares, capazes de inspirar ainda hoje. O Europalia
é um festival de cultura realizado
na Bélgica que, a cada dois anos, homenageia um país. É
realizado desde 1969 e já celebrou 18 países em suas 22
edições, com média de um milhão de visitantes a cada
evento. O ano de 2011 foi dedicado ao Brasil. O terceiro
país fora da Europa a ter sua arte celebrada. O Europalia
Brasil contou com um número expressivo de eventos.
Desde outubro, até o seu encerramento, o Europalia foi
palco de mais de 500 eventos culturais, entre
apresentações de grupos musicais, de artes cênicas, de filmes brasileiros, além da realização de
eventos literários e exposições de artes visuais. Foram ao todo 18 exposições em 15 museus e
espaços culturais de referência. Entre elas a exposição intitulada Brazil.
A exposição levou ao público europeu, pela primeira vez, uma grande síntese do que foi produzido
nas artes plásticas do país, nos últimos três séculos. No Espaço Cultural Bozar, na capital da
Bélgica, aconteceu a mostra Art in Brasil, que acompanha a evolução da arte brasileira desde os
anos 1950 até os dias atuais. Outra exposição foi a Índios no Brasil – um dos maiores sucessos
da Europalia por mostrar artefatos e objetos de diversas culturas indígenas, provenientes dos
principais museus antropológicos brasileiros. A seleção de peças tem como eixo norteador
principal a intenção de ressaltar a diversidade, a representatividade e a contemporaneidade das
artes indígenas.

Fontes (adaptadas):
https://tvbrasil.ebc.com.br/conhecendomuseus/episodio/festival-internacional-de-artes-da-europa-europalia
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/opiniao/colaboradores/arte-na-europa-1.2172898
https://www.culturagenial.com/arte-africana/
https://www.coladaweb.com/artes/arte-africana

Você também pode gostar