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Messianismo
2. História
para o aparecimento de crenças messiânicas, tal como foi referido acima. D. Sebastião
como rei exerce o papel de força motriz do reino, contudo sendo o reino muito
pequeno, desregulado socialmente e popularmente insatisfeito acaba-se por dar um
passo maior que a perna como tentativa de alimentar uma aparência de glória. O
messianismo prende-se com a predestinação. O predestinado tem a missão de
concretizar o destino de salvação e felicidade eterna do seu povo. Os portugueses
acreditavam ser o povo eleito e tinham como predestinado D. Afonso Henriques, mas
sem a conclusão da missão, a concretização da mesma sobrevive através das dinastias
controlo comercial no Oriente. Portanto, o século XVI surgem dois profetas, João de
Barros e Gonçalo Eanes Bandarra. João de Barros era fidalgo da casa real nas cortes de
D. Manuel I, o seu repertório é diversificado, sendo ‘Decadas da Asia’ a obra mais
monumental e ‘Grammatica da Língua Portuguesa’ a obra mais interessante para a
cultura portuguesa. Neste contexto, interessa-nos o seu romance de cavalaria, ‘A
crónica do Imperador Clarimundo’, obra encomendada por D. Manuel I para dedicar
ao filho D. João III, de quem João de Barros era aio. Esta obra encerra a estrutura de
criança roubada, substituída e dada por morta. O imperador Clarimundo aparece como
antecessor de D. Afonso Henriques, descendente do rei da Hungria. São relatadas as
aventuras do cavaleiro Clarimundo pelo mundo ao longo do seu percurso de vida
heroico e como se formou inimigo do turco (mouros). Após ficar ferido e perder a
memória, contam-lhe a história dos que serão seus descendentes, desde Afonso
Henriques até D. Manuel, como profecia e predestinação. Envolvem-se no discurso
acontecimentos fantasiosos e a realidade de forma a promover e dar credibilidade à
espera, pois o rei, apesar de desaparecer na batalha, nunca foi dado como morto.
Como o rei não deixou descendência entramos de novo numa crise de sucessão. O
Cardeal D. Henrique fica como regente durante dois anos até ao início da dinastia
filipina. As coroas de Portugal e de Castela juntam-se encarnando tudo aquilo que a
nata portuguesa ansiava, a geopolítica tradicional virada do avesso. Ao longo dos
tempos surgiam pessoas a fingir ser D. Sebastião até que a expectativa do seu regresso
se tornou num sonho. Instituiu-se o castelhano como língua de prestígio e o português
como língua do quotidiano, de forma a deprimir a identidade portuguesa. Os escritores