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ANNA CAMPELO EGGER

Nascida em 21/03/1930, filha do missionário Zacarias Campello,


pioneiro na evangelização dos indígenas brasileiros, Anna fez cursos
de canto orfeônico e piano em São Paulo (SP); foi a primeira brasileira
a estudar música-de-igreja em Louisville, Kentucky (EUA).

Em 1967, Anna assumiu a regência do Coro da Primeira Igreja Batista


do Rio de Janeiro, o mais antigo na Cidade Maravilhosa, reorganizado
com o nome de Coral “Eclésia”.

Tivemos o privilégio de ouvir, num culto dominical, em 1972, numa


comemoração natalina, quando a maioria dos coros das igrejas
prefere encenar espetáculos musicados (“musical shows”) ou cantar
hinos tradicionais, uma obra difícil, o “Te Deum”, de Bruckner, que
impressiona pela arquitetura sonora, engenharia da escritura musical
e majestade da expressão de fé; essa composição simboliza uma
vasta catedral.

No Natal de 1976, Anna escolheu o “Salmo 150”, do mesmo Bruckner,


que exigiu dois anos de preparo vocal; é um hino triunfal, mas, em
apenas oito minutos, mostra um multicolorido vitral sonoro. Causou-
nos estranheza Anna ter procurado um sinfonista para patrocinar duas
audições corais.

Mas Bruckner revelou-se, sob a batuta de Anna, um mestre da voz


que interpreta um texto religioso.

Em 1993, voltou ao Salmo 150, mas de Franck, que era


principalmente organista; talvez porque nesse ano tinha sido
inaugurado o órgão-de-tubos da Primeira Igreja.

Em julho de 1997, o “Eclésia” gravou em CD um concerto de peças


eruditas, mas o gravado em 2002 foi considerado o mais importante
disco, nos últimos 50 anos, de um coro batista no Brasil.

Anna enfrentou os muitos desafios de reger aquelas obras, com


coragem e, de certo modo, com familiaridade, pois não é somente em
concertos, mas também nos cultos dominicais da Primeira Igreja, que
prefere a música religiosa de maior envergadura. Sirva de exemplo
aos regentes das igrejas.
Comemorando os 40 anos da nova fase da existência do coro, em
março de 2007, para seu concerto mais uma vez optou pelo
refinamento.

Em março de 2010, Anna completou 43 anos como regente do


“Eclésia”. O concerto foi realizado na Sala “Cecília Meireles”, no Rio
de Janeiro (RJ), o coro cantando nos idiomas originais (latim, alemão
e inglês) dos textos. Num trecho de uma “Paixão” de Bach, o de maior
duração e dificuldade do programa, a orquestra transmitiu dor
humana, o coro afirmou a glória divina; assim, conseguiu captar o
clima solene e melancólico da peça. Em todos esses anos, Anna
Campello Egger foi educadora musical dos intérpretes e dos ouvintes.

Anna Campelo Egger faleceu em 08/03/2019 na Cidade do Rio de


Janeiro/RJ.

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