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História da Música Cristã no Brasil

Introdução e Apresentação

Conhecer o passado, entender o presente e discutir o futuro. Esta disciplina


pretende trazer ao aluno um panorama histórico do Louvor Congregacional no país
e mostrar os caminhos percorridos para que hoje, tenhamos esse modelo.

Nesta disciplina conheceremos os principais expoentes da Música Cristã Brasileira,


pessoas que doaram as suas vidas para que possamos entregar ao Senhor o nosso
louvor com liberdade e sinceridade além de entendermos que a música
produzida ao longo das gerações não está descolada de um contexto.

Diego Santos Francisco


A música na adoração nos primeiros séculos do
cristianismo
A música é uma forma legítima de expressão que pode e deve ser usada na adoração.
O estudo histórico dos povos da Antiguidade sempre mostra o uso da música como
forma de expressão e criatividade do homem.
Na Bíblia, podemos recolher diversas passagens que destacam o uso da música. Em 1
Crônicas 15: 16‐22 temos o registro do trabalho musical e de adoração feita pelos
levitas, trabalho sério, profundo e organizado.

“Davi também ordenou aos líderes dos levitas que encarregassem os músicos que havia entre eles de
cantar músicas alegres, acompanhados por instrumentos musicais: liras, harpas e címbalos sonoros.
Assim, os levitas escolheram Hemã, filho de Joel, e Asafe, um parente dele; e dentre os meraritas,
seus parentes, escolheram Etã, filho de Cuxaías; e com eles seus parentes que estavam no segundo
escalão: Zacarias, Jaaziel, Semiramote, Jeiel, Uni, Eliabe, Benaia, Maaséias, Matitias, Elifeleu,
Micnéias, Obede‐Edom e Jeiel, os porteiros. Os músicos Hemã, Asafe e Etã deviam tocar os címbalos
de bronze;Zacarias, Aziel, Semiramote, Jeiel, Uni, Eliabe, Maaséias e Benaia deviam tocar as liras,
acompanhando o soprano, e Matitias, Elifeleu, Micnéias, Obede‐Edom, Jeiel e Azazias deviam tocar as
harpas em oitava, marcando o ritmo. Quenanias, o chefe dos levitas, ficou encarregado dos cânticos;
essa era sua responsabilidade, pois ele era capaz nisso.”

A Reforma Protestante e o Canto Congregacional

O que foi a Reforma?


A Reforma Protestante foi um da música, em particular. Sabe‐se que
movimento de caráter religioso iniciado Lutero tinha conhecimentos musicais e
na Alemanha que marcou a passagem atribui‐se à sua autoria pelo menos 37
do mundo medieval para o mundo hinos. O mais conhecido de todos é o
moderno. “Castelo Forte” (uma versão do Salmo
Martinho Lutero, o grande reformador 46). No que diz respeito ao conteúdo
alemão, tinha uma atitude de lírico, preservou os hinos medievais de
liberalidade em relação à liturgia. origem latina, traduzindo vários deles
Coerente com sua ênfase na Teologia para o alemão, bem como a salmódia.
da Graça, não proibia nada no culto a No entanto, estimulou novas
não ser que fosse algo explicitamente composições, inclusive adaptando
reprovado pelas Escrituras. essas letras a melodias populares.
No prefácio do seu Livreto de Hinos Lutero devolveu o canto, antes restrito
Espirituais (1524) escreve: “Com alegria ao clero, para a congregação (sua maior
eu gostaria de ver todas as artes, contribuição no campo da música
especialmente a música, no serviço litúrgica). Também é o responsável pelo
daquEle que as deu, e as criou”. E, estímulo ao canto coral (o cântico a
ainda, “não condeno cerimônias”. quatro vozes, entoado juntamente com
Desta forma, encontramos em Lutero, o povo).
um incentivador das artes, em geral, e
Primeiros Cânticos Evangélicos no Brasil
Nos séculos XVI e XVII temos notícia de uso ocasional ou temporário de corais e salmos
em língua estrangeira, com Hans Staden, em São Paulo; os franceses calvinistas, no Rio
de Janeiro, e os holandeses reformados, em Pernambuco. Estas manifestações
aconteceram por ocasião da "invasão? destes povos na colônia portuguesa.

No século do descobrimento soaram os primeiros cânticos evangélicos no Brasil,


inicialmente com alemães luteranos ‐Hans Staden, Heliodoro Eobano e Ulrico
Schmidel. Logo após, outros cânticos soaram no Rio de Janeiro, na Baía da Guanabara,
pela Igreja Calvinista.

Hans Staden foi um dos primeiros evangélicos a pisar no Brasil. Esteve no Nordeste e
Sudeste brasileiro. Como alemães luteranos de fé renovada pela Reforma, certamente
entoaram no Brasil cânticos ‐corais ‐de louvor a Deus.

Um fato curioso

Próximo da Páscoa de 1549, Hans Staden sofreu um naufrágio no litoral Sul de São
Paulo ‐ Itanhaém ‐ e foi acolhido pelos portugueses em São Vicente. Chegou a
conhecer Heliodoro.

Caiu em poder dos Tupinambás e sua aflição levou‐o a clamar ao Senhor. Ferido e
rodeado de selvagens que o ameaçavam devorá‐lo, entoou o Salmo 130: "Das
profundezas clamo a Ti, ó Senhor?, versão preparada e musicada para coral por
Martinho Lutero em 1523. Num dado momento recordou‐se de uma desilusão sofrida
com um amigo e lembrou‐se de Jr 17:5 ‐ "Maldito homem que confia no homem? ‐ e
entoou o cântico "Agora pedimos nós o Espírito Santo? e atraiu a atenção dos índios,
que eram propensos à música.

Sob ameaça de morte e prisioneiro dos Tupinambás, era obrigado a cantar.


Obedecendo, entoava cânticos espirituais. Já conhecedor da língua Tupinambá, matou
a curiosidade dos selvagens, que queriam saber o que significavam aqueles cânticos.
Teve, então, a oportunidade de falar‐lhes sobre Deus e, como viam resposta às
orações de Hans, passaram a temê‐lo e respeitá‐lo, poupando‐o.

Graças ao comércio indígena com navegadores franceses, após várias negociações,


Hans Staden foi libertado, partindo do Brasil em 31 de outubro de 1554, chegando na
Europa em fevereiro de 1555. Nesse mesmo ano, retornou ao Brasil na expedição de
Villegagnon.
Os hinários no Brasil
A Harpa Cristã
No inicio de sua história a Igreja Assembleia de Deus não possuía um hinário
próprio.Para sanar esta necessidade era utilizado o hinário Salmos e Hinos, organizado
pelos fundadores da Igreja Evangélica Congregacional, Dr Robert Kalley e Sarah
Poulton Kalley.

A primeira edição inglesa, data do ano de 1855, contava com 27 Títulos (10 Salmos e
17 Hinos) e foi editada em Londres. Já a primeira edição brasileira, de 1861, era
composta por 50 Títulos (18 Salmos e 32 Hinos), foi usada pela primeira vez em 17 de
novembro de 1861, seis anos depois de sua chegada ao Brasil. Esta coleção foi a
primeira coletânea de hinos evangélicos em língua portuguesa organizada no Brasil.
também foi primeiro hinário usado por diversas denominações. Hoje com
aproximadamente 150 anos, tem mais de 500 hinos.

Entrementes, as peculiaridades que distinguia a nova igreja das igrejas evangélicas


tradicionais fez surgir em 1921 o Cantor Pentecostal. Editado pela tipografia Guajarina
sob orientação de Almeida Sobrinho tinha 44 Hinos e 10 corinhos.O Cantor Pentecostal
foi distribuído pela Assembleia de Deus de Belém, PA, que, naquela época, achava‐se
localizada na Travessa 9 de janeiro, 75.

Passado um ano da publicação do Cantor Pentecostal é lançado no Recife‐PE a


primeira edição da Harpa Cristã. Aos cuidados do Pastor Adriano Nobre, surge o
hinário oficial da Igreja Assembleia de Deus com uma tiragem de 1.000 exemplares,
distribuídos para todo o Brasil pelo missionário Samuel Nyström. A segunda edição da
Harpa Cristã , já como 300 hinos, foi impressa nas Oficinas Irmãos Pangeti, no Rio de
Janeiro, em 1923.

Em Junho de 1931 foi lançado o Psaltério Pentecostal, para suprir a escassez de Harpa
Cristã,tendo como editor responsável: Gunnar Vingren. Este hinário foi impresso pelo
Estabelecimento Gráfico Fernandes & Rohe, Rio de Janeiro, 1931. Nove anos depois,
em 1932, a Harpa Cristã já contava com 400 hinos.

Na elaboração dos hinos, muito contribuiu o missionário Samuel Nyström. Como não
tivesse perfeito conhecimento da língua portuguesa, ele traduziu, literalmente,
diversas letras da hinódia escandinava. Para que os poemas fossem adaptados às suas
respectivas músicas, foi necessário que o Pastor Paulo Leivas Macalão empreendesse
semelhante tarefa. Por isso, tornou‐se o Pastor Macalão, fundador do Ministério de
Madureira, no principal compositor e adaptador do hinário oficial da Igreja Assembleia
de Deus.
O Cantor Cristão
O Cantor Cristão foi o segundo hinário dos evangélicos brasileiros. Foi publicado em
1891 e sua primeira versão continha apenas 16 hinos. As edições se sucederam, sendo
sempre acrescidas de hinos novos. Em 1921 saiu a 17ª edição do hinário, já com 571
hinos, dos quais 102 eram de autoria ou tradução de Salomão Luiz Ginsburg. Três anos
mais tarde, em 1924, o hinário saiu pela primera vez com música, pois até então só
continha as letras com os hinos. Desde que Salomão Luiz Ginsburg editou o Cantor
Cristão em 1891, muitas outras pessoas ilustres tem prestado a sua colaboração.
William Edwin Entzminger (72 hinos), Henry Maxwell Wright (61 hinos), Manoel
Avelino de Souza (29 hinos) e Ricardo Pitrowsky (23 hinos) são os que mais letras ou
traduções fizeram no atual Cantor Cristão.

A 54ª edição foi a última feita pela JUERP e é a até hoje usada e comercializada. Em
1991 a JUERP lançou o Hinário para o Culto Cristão (HCC) que também faz parte
significativa da hinódia evangélica brasileira dos nossos dias.

É fundamental reconhecer o papel preponderante do Cantor Cristão no histórico dos


protestantes no Brasil, porque foi, e é, sem dúvida, o hinário mais popular de seu
tempo, justamente por conter hinos característicos de sua época. Esse valor,
naturalmente, deve ser dado também ao "Psalmos e Hymnos", "Hymnário Evangélico"
e à "Lyra Christã", porque esses hinários foram as primeiras publicações protestantes
na área de música e nortearam por muitos anos todo esse segmento.

Salmos e Hinos
A coleção Salmos e Hinos, foi organizada pelo casal Dr. Robert Reid Kalley e Sarah
Poulton Kalley, fundadores da Igreja Evangélica Fluminense, a primeira igreja
evangélica em lingua portuguesa no Brasil no ano de 1855, com 50 salmos e hinos, foi
usada pela primeira vez em 17 de novembro de 1861, seis anos depois de sua chegada
ao Brasil. Esta coleção foi a primeira coletânea de hinos evangélicos em língua
portuguesa organizada no Brasil. Também foi primeiro hinário usado por diversas
denominações. Hoje com aproximadamente de 150 anos, e com mais de 500 hinos é
considerada uma das mais belas coleções de hinos já produzida.

A Música Cristã Contemporânea


Final da década de 1960 e início da década de 1970

No Brasil, o ministério Maranatha Music teve grande influência, principalmente na


missão Vencedores Por Cristo, fundada por Jaime Kemp, onde autores de cantatas e
hinos como Kurt Kaiser, Otis Skillings, Ralph Carmichael, Don Wyrtzen (PV) tiveram
espaço.

Vencedores através de suas gravações e ministério evangelístico, veiculou músicas em


novos estilos de adoração e evangelização. Outros trabalhos como da Palavra da Vida
(Harry Bolback), e de estilos populares tradicionais como Feliciano Amaral e Luís de
Carvalho ganhavam espaço também, e as primeiras gravadoras evangélicas aparecem.
Grupos como Novo Alvorecer, Mensagem, PAS, Voz da Verdade, surgem no cenário
evangélico.

A gravação do disco “De vento em Pôpa”, rompeu definitivamente com as barreiras


culturais, trazendo nomes como Aristeu Pires (Brasília), Guilherme Kerr (Campinas),
Sérgio Pimenta (Rio), Artur Mendes e Edy Chagas (Bauru), Nelson Bomilcar, Sérgio
Leoto e Gerson Ortega (São Paulo), etc.

Tivemos também uma influência do Jairinho Gonçalves e Paulo César (PV, Elo e
atualmente Logos), do Janires (Rebanhão e MPC) na evangelização e música jovem,
coincidindo com o trabalho de David Wilkerson no Brasil na recuperação de
toxicômanos e da igreja Cristo Salva do saudoso Tio Cássio, Maurão no trabalho com
crianças, Wolô, excelente poeta junto à ABU, Edilson Botelho (Jovens da Verdade),
Som Maior, entre os jovens batistas, Grupo Café entre presbiterianos, cada um dentro
de seus estilos, trazendo novos ares para a música cristã.

Década de 1980

O trabalho de Asaph Borba junto a Seara Evangelística no Sul, hoje Comunidade de


Porto Alegre, trouxe novo alento na adoração comunitária e influenciou grandemente
a igreja no Brasil., tendo como parceiros de visão Adhemar de Campos (Comunidade
da Graça) e Gerson Ortega (VPC, Semente e atualmente na Igreja Cristã da Família),
Bene Gomes e Alda Célia com o ministério Koinonia desde 88. Destaque para o
trabalho brasileiro do MILAD.

Vale o registro do trabalho de Jorge Camargo, Jorge Rehder e João Alexandre pelas
inúmeras músicas de louvor e de conteúdo evangelístico registrados em cantatas,
discos, CDS, fitas e partituras, além do trabalho contextualizado do Josué Rodrigues,
Expresso Luz, Carlinhos Veiga e Quarteto Vida junto à Mocidade Para Cristo.

Década de 1990

Inúmeros cantores, bandas, ministros de louvor e músicos como Kleber Lucas, Ana
Paula Valadão (Lagoinha), Carlinhos Félix, Massao Suguihara, Jônatas Liasch (Natinha),
Banda Rara, Oficina G‐3, Koinonia (Vitória), Comunidade Evangélica da Zona Sul,
Fagundes(Brasília), David Neto, Hilquias Alves, em trabalhos instrumentais, Cia de
Jesus, Cântaro, Sal da Terra, Céu na Boca (Brasília), tem influenciado grupos e regiões
diversas.

Anos 2000

Estamos vivendo a consolidação do Mercado de música “gospel” e todos os dias


surgem novos grupos, ministérios e cantores. Temos uma exposição na mídia muito
grande e um acesso muito maior ao público.

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