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MÚSICA RITUAL
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• É tempo de favorecer o silêncio musical. Por isso, os instrumentos devem
acompanhar os cantos de forma discreta, somente para sustentá-lo. Sua função é
apenas “prática”, na medida do necessário, para apoiar o canto.
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sacerdotes na Missa de Ordenação e na Vigília Pascal. Tornou-se mais frequente a
partir do século XI.
Orientações: A Liturgia não prescreve o Glória nos dias de semana do tempo comum,
nas missas pelos mortos, e nos tempos litúrgicos do Advento e da Quaresma,
certamente pelo fato de um hino festivo não sintonizar com o caráter penitencial (da
Quaresma) e de discreta sobriedade (do Advento). Aqui, talvez, encontramos uma das
principais razões para executá-lo sempre cantado.
Pode-se usar na Missa somente a letra proposta no Missal Romano, deixando-se para
as celebrações da Palavra aquela outra presente no Hinário da CNBB (“Glória a Deus
nos altos céus, paz na terra a seus amados...”). Canta-se o hino sempre por completo
e, possivelmente, alternado em dois coros, ou grupos de homens e mulheres, ou entre
solistas e povo. Para as melodias, existem composições diversificadas (cf. hinário
“Cantai ao Senhor”).
4.7 SANTO
Fundamentação bíblica: Is 6, 3; Mt 21, 9.
Origem: O Santo (hino angélico), que narra a visão do profeta Isaías no templo, era
usado na sinagoga e foi posteriormente adotado pela Igreja. Repetido três vezes,
recorda o mistério da Santíssima Trindade. A combinação com a segunda parte
(“Bendito o que vem...”) foi introduzida na Liturgia provavelmente em Jerusalém.
Hosana é uma palavra Hebraica que pode ser traduzida com a súplica: “salva-nos,
Senhor!”, que brotou dos lábios do povo que acolheu Jesus em Jerusalém, no
Domingo de Ramos.
Orientações: “Este canto pertence a toda assembleia, como aclamação conclusiva
do Prefácio da Oração Eucarística. Recomenda-se que se atenha à própria
Aclamação, sem se introduzir alterações no texto, mediante paráfrases” (CNBB, 1998,
nº 303).
5.2 O INSTRUMENTISTA
O povo de Israel costumava usar vários instrumentos no culto. Na Igreja primitiva, seu
uso foi suprimido devido ao contexto da época, na qual os instrumentos se
empregavam em banquetes e festas consagradas aos deuses pagãos. Com o tempo,
porém, admitiu-se o uso do órgão e, mais recentemente, dos demais instrumentos,
“[...] que podem utilizar-se, segundo o parecer e com o consentimento da autoridade
territorial competente, contanto que esses instrumentos estejam adaptados ou sejam
adaptáveis ao uso sacro, não desdigam da dignidade do templo e favoreçam
realmente a edificação dos fiéis" (MS 52).
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A Instrução Musicam Sacram (MS, 1967), além de reconhecer a utilidade e a
importância dos instrumentos musicais na liturgia, apresenta também suas principais
funções: sustentar o canto, facilitar a participação, e criar a unidade da assembleia. E
adverte: “O som deles (dos instrumentos), no entanto, jamais deverá cobrir as vozes,
de sorte que dificulte a compreensão dos textos. Calem-se quando o sacerdote ou o
ministro pronunciam em voz alta algum texto, por força de sua função própria” (MS
64).
Tocar um instrumento musical exige atitude espiritual, ainda mais quando se trata de
uma celebração litúrgica. Portanto, o (a) instrumentista, como ministro (a) da
celebração, deve estar profundamente envolvido(a) na ação litúrgica por sua atenção
e participação:
• Os instrumentos devem, quanto possível, ser antecipadamente afinados;
• Cuide-se para que o volume e a quantidade dos instrumentos sejam
compatíveis com o espaço litúrgico;
• Os instrumentos servem para acompanhar as vozes, não para abafá-las;
• Não se toca durante a Oração Eucarística e a Consagração;
• São usados apenas para sustentar o canto, em tempos de penitência
(Quaresma) e nas missas dos fieis defuntos;
• Podem ser tocados sozinhos (solo) na durante a procissão de entrada,
ofertório, comunhão e procissão de saída (MS 65; 66).
5.3 O CORAL
A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II não aboliu o coral, pelo contrário: o
incentivou (SC, nº 114). Um coral bem formado e orientado poderá prestar um
importante serviço ao culto divino, e, além disso, contribuirá na formação humano-
espiritual e musical dos membros da comunidade que dele participam.
Os cantos executados pelo coral devem levar em conta as prescrições litúrgicas
(antífonas, hinos: letra e música), em conformidade com a tradição musical da Igreja
e a realidade da assembleia. O regente/responsável e o organista/acompanhador,
além de possuir formação técnico-musical, devem ser conhecedores da Liturgia
Católica, bem como das diretrizes e orientações para a música litúrgica. Muitos dos
cantos presentes no hinário “Cantai ao Senhor”, dentre outros, possuem arranjos para
coral facilmente encontrados na Internet.
O coral deve assumir um compromisso com a comunidade: não existe somente para
“dar show” na Liturgia e aparecer de vez em quando; mas sim para desempenhar com
humildade e seriedade a nobre tarefa de edificar os fiéis por meio do precioso
patrimônio da música sacra.
6 CONCLUSÃO
“Cantare amantis est”: “cantar é próprio de quem ama”, já dizia Santo Agostinho.
Geralmente, cantamos quando queremos falar de amor, e o serviço da música na
Liturgia expressa justamente nosso amor e gratidão para com Deus e seu Filho Jesus
Cristo, que por amor se doou no sacrifício da Cruz e, vivo e ressuscitado, continua a
doar-se na Santa Missa.
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Portanto, todas as normas litúrgicas e orientações servem justamente para exprimir o
amor e o cuidado com os quais a Igreja guarda os santos Mistérios. Não são simples
questão de “pode-e-não-pode”, mas sim de respeito e de zelo por aquilo que nos foi
entregue da parte do Senhor (1 Cor 11, 23).
A Nós, que desempenhamos tão belo ofício, fica o convite a cada vez mais nos
aprofundarmos na arte musical, na teoria e na prática, para que por nosso humilde
serviço possa se dar a devida glória a Deus e a santificação do povo (São Pio X). Este
material com suas referências quer somente ser um ponto de partida, um esboço para
aguçar a curiosidade e estimular o aprofundamento na arte divina, que é a música. O
canto da nossa vida, que no Altar entregamos, deve ecoar por toda a existência, rumo
à Pátria celeste, onde poderemos finalmente e para sempre cantar um cântico novo:
“(...) Ouvia, entretanto, um coro celeste semelhante ao ruído de muitas águas e ao
ribombar de potente trovão. Esse coro que eu ouvia era ainda semelhante a músicos
tocando as suas cítaras. Cantavam como que um cântico novo diante do trono,
diante dos quatro Animais e dos Anciãos” (Ap 14, 2-3).
REFERÊNCIAS
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Opus Dei, 1929.
CNBB. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. A música litúrgica no Brasil.
São Paulo: Paulus, 1998.
CONCÍLIO VATICANO II. Constituição sobre a Sagrada Liturgia / Sacrosantum
Concilium (SC). in: Compêndio do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 1967.
CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS.
Carta circular: o significado ritual do dom da Paz na Missa (07/06/14).
Disponível em: https://cdn.dj.org.br/wp-content/uploads/2020/10/Carta-circular-o-
significado-da-paz-na-missa.pdf. Acesso em 19 maio 2022.
GELINEAU, Joseph. Canto e música no culto cristão. Petrópolis: Vozes, 1968.
RATZINGER, Joseph (Bento XVI). O espírito da música. São Paulo: Ecclesiae,
2017.
REUS, João Batista. Curso de Liturgia. Petrópolis: Vozes, 1952.
SAGRADA CONGREGAÇÃO DOS RITOS. Instrução sobre a música na Sagrada
Liturgia / Musicam Sacram (MS). Petrópolis: Vozes, 1967.
SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Instrução geral sobre o
Missal Romano (IGMR). Edições CNBB, 2017.
SOUZA, José Geraldo de. Apontamentos de Música Sacra. São Paulo: Livraria
Salesiana Editora, 1950.
ZIMMERMANN, Nilza. A música através dos tempos. São Paulo: Paulinas, 1996.
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