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AULA Nº 16 a 21
SUMÁRIO:
- Roma
- O Império Carolíngio
- A Liturgia Romana: A Missa e o Ofício
- Canto Gregoriano: Formação, decadência e restauração
- A notação gregoriana
- Processos de formação do cantochão
- Géneros e formas: Estrófico e Salmódico
- Estilos de composição
_______________________________________________________ROMA
Para além deste trabalho, também lhe era atribuído a designação de partes da
liturgia pelos vários serviços religiosos e foi visto como o impulsionador do
movimento que uniformizou os cânticos de toda a cristandade, o que será
demasiada coisa para ser feita em apenas 14 anos de papado.
Os cânticos da Igreja Romana constituem um dos mais valiosos repertórios vocais
ainda em uso hoje em dia.
Surge então o Mito de S. Gregório criado pela Igreja para que as pessoas adiram
rapidamente a este cenário. Passa-se a mensagem de que S. Gregório teria tido
inspiração divina através de uma pomba (o “Espírito Santo”) para esta unificação.
Seria então este o rito “puro” contrastando com os usados até este momento, que
estariam adulterados.
Dá-se a este novo rito o nome de CANTO GREGORIANO – vindo do nome do Papa
– para que este fique legitimado, 200 anos após a morte de S. Gregório. A Igreja
considerará este o RITO ÚNICO do Império.
É o serviço religioso mais importante da Igreja Católica. O nome advém da frase que
termina o serviço - Ite, Missa Est
A Missa culmina com a COMEMORAÇÃO ou CELEBRAÇÃO da ÚLTIMA CEIA,
através da consagração e oferta do pão e do vinho que é partilhado pelos fiéis.
1). INTRÓITO
Originalmente era um SALMO completo com a sua antífona, que acompanhava a
entrada do padre. Mais tarde seria reduzido a um só versículo do salmo com a
respectiva antífona. O TEXTO varia de festa para festa
2). KYRIE
É cantado pelo coro, contem três frases em grego:
- Kyrie eleison – “Senhor, tende piedade de nós”
- Christe eleison – “Cristo, tende piedade de nós”
- Kyrie eleison
Cada frase é cantada 3 vezes
3). GLÓRIA
Não é cantado nas épocas penitenciais do Advento e da Quaresma. O padre inicia
com “Gloria in excelsis Deo” (Glória a Deus nas alturas), ao que o coro responde “Et
in terra pax” (e paz na terra).
7). ALELUIA
Oração de grande júbilo pela ressurreição de Cristo. Em certas festividades, como a
Páscoa, é seguido por uma SEQUÊNCIA. Em épocas penitenciais, é substituído pelo
TRACTO, que é mais solene.
8). EVANGELHO
S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João
9). CREDO
Credo in unum Deum (dito pelo Padre) seguido de patrem omnipotentem dito pelo
coro. Com este termina a primeira grande divisão da missa: até aqui é denominada
MISSA DOS CATECÚMENOS, ou seja, até aqui toda a gente podia assistir à
cerimónia.
10). OFERTÓRIO
Cantado durante a preparação do pão e do vinho
11). PREFÁCIO
Precedido de várias orações e que conduz ao
14). COMMUNIO
Cantado pelo coro
15). POST-COMMUNIO
Orações entoadas pelo Padre
A Música para a Missa – quer para o próprio quer para o ordinário - vem compilada
num livro litúrgico, denominado GRADUALE
Outro, o LIBER USUALIS, contém os cânticos mais utilizados tanto do
ANTIPHONALE como do GRADUALE. Os textos da missa e do ofício são coligidos,
respectivamente, no MISSALE e no BREVIARIUM.
Em 754, o Papa Estêvão II procura apoio junto de Pepino para evitar a aproximação
dos Lombardos. Durante a sua estadia em França, o Papa observa a diversidade de
cantos e ritos que por ali militam. A busca pela unificação faz com que deixe em
território gaulês o subchefe da Schola Cantorum para ensinar música romana.
O Bispo de Metz, depois de estar em Roma, pretende a introdução do canto romano
na sua cidade.
A ligação entre o reino franco e o Papado ganha maiores contornos com a expedição
militar na Lombardia, na qual Pepino restitui a cidade de Ravena ao Papa (Paulo III)
e este envia para o rei, entre outras dádivas, um ANTIFONAL e um
RESPONSORIAL juntamente com novos cantores encarregues de instruir os
franceses.
Mais tarde, Carlos Magno mantém essa ligação com Roma e ordena em 789 que
todos os clérigos aprendam perfeitamente o canto romano, impondo-o na Missa e no
Ofício.
Contudo esta imposição carolíngia não durou muito tempo, nem no Império nem
praticamente por toda a Europa.
Lentamente o Canto Gregoriano vai perdendo autoridade e a sua pureza inicial:
aparecimento dos TROPOS e da POLIFONIA CULTA – fenómenos que aparecem já
no século IX.
Até ao século IX, o cantochão não conhece qualquer tipo de notação – é transmitido
exclusivamente por via oral.
O processo de criação de novas melodias era feito recorrendo a fórmulas pré-
existentes. A sacralidade dada ao canto gregoriano garantiu a continuidade do
repertório durante séculos sem qualquer notação. O cantor solista necessitava de cerca
de 10 anos para decorar todo o repertório litúrgico.
Apesar de ser quase certo o conhecimento do SISTEMA MUSICAL GREGO, não seria
fácil adoptá-lo num tipo de música adornada ou melismática.
Quando o repertório se começa a alargar excessivamente e é necessário manter
uniformidade, surgem SINAIS para ajudar o cantor. Estes sinais denominaram-se
NEUMAS
UT queant laxis
REsonare fibris
MIra gestorum
FAmuli tuorum
SOLve polluti
LAbii reatu
Sancte Ioannes
“Para que possam teus servos cantar livremente a maravilha dos teus feitos, tirai toda a mácula do pecado
dos seus lábios impuros, ó São João.”
3 SISTEMAS DE EXECUÇÃO:
SOLISTA ou CORO: V1 V2 V3 V4
SOLISTA: V1 V2 V3 V4
CORO: R R R R
. Antifonal – alternância entre DUAS PARTES DO CORO
CORO 1: V1 V2 V3 V4
CORO 2: V1 V2 V3 V4
Doxologia: Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto. Sicut erat in principio, et nunc,
et semper, et in saecula saeculorum. Amen. (Euouae)
________________________________________ESTILOS DE COMPOSIÇÃO
___________________________________________TROPO E SEQUÊNCIA
TROPO
Na sua origem era um acrescento feito para um dos cânticos antifonais do próprio da
missa, em especial e mais frequentemente no INTRÓITO, menos frequentemente
no OFERTÓRIO e na COMUNIO.
Mais tarde surgiram acrescentos semelhantes nos cantos do ORDINÁRIO, em
especial no GLORIA
Ex. Kyrie fons bonitatis, Pater ingenitae, a quo bona cuncta procedunt, eleison
Podemos falar em 3 estilos de TROPO:
aplicação de texto a melismas – o texto submete-se silabicamente ao
melisma,
texto novo com melodia nova,
interpolação puramente melódica – passagem melismática num ponto
determinado.
SEQUÊNCIA
A sequência data de finais do séc. IX até sensivelmente ao séc. XI. No entanto
escrevem-se sequências até aos finais do séc. XV.
Trata-se de uma composição de texto e música, cuja característica principal é a sua
estrutura estrófica, com a particularidade de os versículos serem emparelhados.
Designa-se por sequência porque se cantava na sequência do Alleluia.
Alleluia-Alleluia+jubilus-versículo-Alleluia+jubilus
S C S-C S C
Após o Concilio de Trento (1543-1563) a maioria das sequências foram banidas dos
serviços religiosos católicos, sobrando apenas 4:
GROUT, D. J., PALISCA, C. V., História da Música Ocidental, Lisboa, Gradiva, 1995
BORGES, Maria José, CARDOSO, José Maria Pedrosa, História da Música, Manual do
Aluno – 1º Ano, Edições Sebenta, Mem Martins, s/d