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São Paulo, SP, Campo Belo - Outono - 18 de Abril de 2014

FALTOU DIZER

Dante Sarmento de Barros

1
“Muitas cousas tinha que te escrever; todavia, não quis
fazê-lo com tinta e pena, pois, em breve, espero ver-te.
Então, conversaremos de viva voz”.

“A paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os


amigos, nome por nome”.
III João “in fine”

2
Dedicatória
Ao Senhor Jesus caracterizado por João, o evangelista
– com estas santas palavras:
“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos
nestes últimos dias pelo Filho,
A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também
o mundo.
O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa
imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela
palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a
purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da
majestade nas alturas;
Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou
mais excelente nome do que eles”. Hebreus 1.1-4

3
Apresentação
Escrevo na sexta-feira chamada Santa. O sol vai
declinando; eu me lembro de Spurgeon (1834-1892), o
maior pregador da Inglaterra do século XIX. Entusiasta da
teologia calvinista (João Calvino, 1509 – 1564) o pensador
mais profundo e sistemático da Reforma Protestante.
Spurgeon pregou, com raro vigor, os ensinos da
Escritura Sagrada; mas com igual entusiasmo, apelou para
o coração de seus milhares e milhares de ouvintes (bem
como dos que liam seus escritos), no sentido de que se
entregassem, de corpo e alma aos cuidados de Jesus – o
único que pode dar-nos o perdão dos nossos pecados,
bem assim outorgar-nos uma vida feliz e, o desdobramento
desta, por toda a eternidade, nos céus.
Pensando no Brasil de hoje e sempre, transcrevo a
letra do hino “A Salvação do Brasil”, de A. H. da Silva.

1. Do vasto Mato Grosso


Até o Ceará,
Por vilas e cidades,
Do sul ao Grão-Pará,
Desse evangelho santo,
Que nos legou Jesus,
Ao povo brasileiro
Levemos nós a luz!
2. Do sul ao Amazonas,
Do Oeste até o mar,
Já corre a doce nova
Do amor que não tem par.
Já muitos foram salvos

4
Da morte e perdição,
No sangue do Cordeiro
Acharam salvação.
3. Contudo ainda muitos
Bem longe de cristãos,
Adoram deuses feitos
Por suas próprias mãos.
De tão fatal pecado,
Da idolatria vil,
Unidos no Evangelho,
Salvemos o Brasil.

Novo Cântico, 285

5
Agradecimentos
Às irmãs Talita Eliane Federolf Ferreira e Helen
Schmitz Venturini de Barros, volto a agradecer, pela
digitação e revisão desta obra.
Ao meu filho primogênito: Dante Venturini de Barros,
pelo trabalho de revisão e paginação deste livro.

6
1ª Seção
De minha vida no Exército Brasileiro – 1946 a 1950

Lembro-me do retorno de Porto Alegre – RS – para o


Rio de Janeiro, em um navio da Costeira, em novembro de
1946.
A embarcação aproximava-se do Rio. O navio seguia
avante, em meio a uma tempestade tropical.
Recordo-me do companheiro Monzon (grande atleta
que foi campeão mundial de hipismo).
Diga-se de passagem, que o comandante do navio
(depois soubemos) lutava na cabine de comando para
acertar com a barra de entrada da Baía de Guanabara.
Nós víamos, o refletir das luzes da cidade, nas nuvens
plúmbeas do céu.
Gritávamos: “Viva o Rio”! “Estamos chegando”! “Cidade
Maravilhosa”! “Salve, salve, salve”!
Velhinhas saíam dos camarotes, com cobertas nas
costas, pensando que a embarcação estava afundando.
O comandante chamou o nosso companheiro Paulo da
Motta Banha e o “enquadrou”. Disse-lhe: “Nós estamos em
perigo e vocês ficam nesta gritaria terrível!”
Entramos graças a Deus, na baía e, ficamos, no meio
desta, aguardando a luz do dia para atracarmos.
Nós tomamos uma bebida forte. Estávamos
encharcados. A chuva e os ventos doeram nos nossos
rostos.

7
Fomos dormir de madrugada, sonhando em rever
nossos queridos, a Cidade Maravilhosa, os demais amigos.
Tomei parte em 5 (cinco) manobras no meu tempo – do
que chamo, serviço militar.
Saímos da AMAN – Academia Militar das Agulhas
Negras – e marchamos na direção da cidade de Barra
Mansa – Rio de Janeiro. Nas costas a mochila, no ombro o
fuzil. Fomos seguindo pelo leito da Via Dutra, que liga o Rio
a São Paulo. A estrada estava em construção.
Não nos alimentamos mais. Lembro-me de uma grande
lona verde-oliva, com sanduíches amassados. Mas meu
bom leitor: “o soldado é superior ao tempo. Igualmente,
nem sempre pode se alimentar”. A água era a do cantil,
tinha de ser racionada. Bivacamos, isto é, passamos muito
tempo num grande bosque. Não armamos nossas
barracas. Lá pelas tantas aviões da FAB – Força Aérea –
voando baixo, deixaram cair impressos com os dizeres:
“Entreguem-se, nossas forças são superiores às de vocês”!
“É melhor vocês se entregarem”! Note-se, meu leitor,
nossos superiores planejaram tudo para que nós, cadetes,
tivéssemos a impressão nítida da guerra.
Finalmente, à noite, nos deslocamos. Os oficiais
comandaram: “Façam silêncio!” Fomos andando por
quilômetros. Lá pelas tantas, outra ordem: “Alto! (parem!).
Não tirem os cobertores!”
Bom, eu confesso: tirei o meu cobertor ralo. Cobri-me.
Porque a ordem fora igualmente: “Deitem-se!”.
Fazia muito frio! O chão estava úmido. Dormi... A
madrugada avançou. Depois de muito tempo, soubemos
que a Engenharia (arma do Exército) não terminara, com

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barcaças, uma ponte sobre o Rio Paraíba do Sul. Depois
atravessamo-lo. Pequenas luzes balizavam o nosso
caminhar.
Ainda em plena madrugada, voltamos à estrada de
rodagem – Rio – São Paulo.
Nós, cadetes e oficiais, seguíamos em frente,
avançávamos, um tanto ou quanto automaticamente.
De quando em quando, um cadete dormia de fato e
rolava lá para baixo com mochila e fuzil. Naturalmente,
tomando um grande susto! Nós outros, que continuávamos,
passo a passo, riamos à socapa! Riso que significava que
estávamos muito cansados, sonolentos.
Hoje, 19/04/2014, 54 anos depois lembro-me da
canção: “Onde vais tu, esbelto infante?” e “És a nobre
infantaria de armas e rainha!” e por aí além...”
Quando demos conta passávamos em frente à AMAN.
Pensamos nos nossos alojamentos; nos nossos
apartamentos, nas nossas camas quentinhas.
O Ten. Danilo Venturini, do qual eu era “peixe”, isto é,
“protegido”, disse-me: “Cadete 112: fique aqui!”. Mostrou-
me no vale, um extenso terreno, coberto de cabos de
diversos calibres – para a comunicação do comando das
operações e da Artilharia.
Avançando o dia, começou o bombardeio – com
canhões e morteiros – da cordilheira em frente: as Agulhas
Negras.
Lembrei-me da guerra na Itália. A tomada de Monte
Castelo. O inimigo sendo castigado pelo canhoneio.
Cessado o fogo, a infantaria avançou com fuzis e

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metralhadoras. Quando os burros caíram de cansaço, os
oficiais comandaram: “Cadetes, peguem as metralhadoras,
vamos em frente!”
Após a operação, à noite, nós bivacamos (dormimos no
chão, com a cara para as estrelas).
Ouvi durante a noite, um tropel de cavalo. Depois
soube: “o cavalo de um capitão fora picado por uma
cobra... disparou e foi morrer no vale.
Apreciei a influência do 5º Exército Americano (ao lado
do qual a FEB – Força Expedicionária – lutou na Itália),
quando tomei um banho morno, em pleno campo. Os
americanos trouxeram coisas positivas, para nossas Forças
Armadas.
Marchamos para a nossa querida AMAN.
O Gen. Brilhante (da cavalaria) exclamou, do alto do
seu belo cavalo: “Escola Militar ao meu comando!”.Proferiu
breves palavras de boas vindas. Éramos mais de 1.000
homens. Saudamos a Bandeira Nacional, cantamos o Hino
Pátrio. E... estava acabada a última manobra da minha
vida. Não muito depois eu pediria o meu desligamento da
AMAN. Mas experimentei compensações divinas – “Vim,
através dos longos anos do meu pastorado evangélico,
reencontrando, antigos companheiros de farda,
cumprimentando-me, nas celebrações das minhas
efemérides.”

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2ª Seção
De minha vida como cristão evangélico –
seminarista e pastor de vastos campos desafiadores.
Lembro-me com saudades, dos meus mestres do SPS
– Seminário Presbiteriano do Sul (Campinas – SP). Kerr
(mestre de Hebraico e Teologia do Velho Testamento) –
Herculano (Grego e Teologia do Novo Testamento) –
Landes (História da Igreja e Análise Bíblica) – Goulart
(Hiperetologia – Vocação e Trabalho Pastoral) – Andrade
Ferreira (Teologia Sistemática) – Zink e Narciso (Música e
Orfeão) – Américo Justiniano Ribeiro (Teologia
Sistemática).
Registro minhas homenagens especiais e gratidão a
Deus – pelos preletores da Ásia, África do Sul, Europa,
Estados Unidos que, através dos anos, nos enriqueceram
com suas doutas lições, baseadas no “Best-seller” da
Humanidade – “O livro no qual Deus nos fala” – a Bíblia
Sagrada. Envolto nas minhas saudades, agradeço ao
Senhor, pela lembrança dos muitos funcionários do SPS
(Av. Brasil, 1.200)
“A Deus toda honra, glória e louvor!”

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Em livros da minha autoria falo do Patrimônio da
Independência (Paraty – RJ). É tempo de esclarecer que, o
mesmo situa-se em plena montanha, na Serra do Mar.
Surgiu como experiência válida de reforma agrária, em
terras devolutas da União, através do pioneirismo de
evangélicos (em particular presbiterianos) no sentido de se
localizarem, lutando para “sobreviver” e, providenciarem o
“pão nosso de cada dia” para si próprios e seus familiares.
Era muito difícil alcançar (na década de 50) o
Patrimônio da Independência. Mas Deus tem seus planos –
e – um homem que foi meu superior na EPPA (Escola
Preparatória de Porto Alegre – década de 40) – Mario
Andreazza – abriu – referendado, pelo governo federal, a
Rio-Santos. E tudo tornou-se mais fácil. Há trechos dessa
rodovia de “tirar o fôlego”, de tão belos!
Viaje para aqueles rincões, amigo leitor, e confirme o
que escrevo aqui!

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Lembro-me de que fomos, eu, o Rev. Isaías de Souza
Maciel – (que seguiu com a FEB para a Itália – aos 19
anos. Foi padioleiro e sob o fogo dos morteiros e canhões
alemães resgatou patrícios nossos, feridos na luta
ferrenha). Voltando ao Brasil fundou o SASE – Serviço de
Assistência Social Evangélico, que através dos anos porfia
por trazer alento às populações carentes da zona oeste do
Rio de Janeiro e, da Baixada Fluminense. Volto a dizer:
fomos eu, o Rev. Isaías e o Rev. Prof. Benjamim Moraes
(então pastor da Igreja Presbiteriana de Copacabana RJ).
(Ele descera na Alemanha de Hitler, e, fora preso pela
Gestapo (polícia) por se tratar de um cidadão brasileiro,
com vários títulos, inclusive professor de Direito e amigo da
liberdade). Em comissão fomos procurar o Gen. Ernesto
Geisel que seria o primeiro brasileiro – cristão evangélico, a
governar o Brasil. Recebeu-nos o Gen. Golbery Costa e
Silva – ao qual apresentamos a proposição: “Convidamos o
Gen. Geisel, para comparecer a um culto evangélico, no
qual rogaremos as bênçãos de Deus, pela sua atuação
como presidente do Brasil. O ex-presidente respondeu:
“Agradeço, mas eu estarei à frente de todos os brasileiros –
sejam quais forem suas religiões e convicções.”

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3ª Seção
Recordação de situações as mais variadas que
plasmaram o meu interior (1955 – 2014).
No Patrimônio da Independência (década de 50 e 60),
conversávamos – uns 3 ou 4 irmãos na fé nas
proximidades do Rio Parati-Mirim. Eu, latino que sou,
gesticulava animadamente. Um companheiro pegou meu
braço e afastou-me de arbustos, onde na altura da minha
cabeça estava uma cobra venenosa.
Tal me faz lembrar, o que aconteceu a Paulo – o
apóstolo, na Ilha de Malta; após um naufrágio (a caminho
de Roma). O grande missionário aquentava-se ao lado de
uma fogueira e, atirou um feixe de gravetos ao fogo. “Uma
víbora, fugindo do calor, prendeu-se-lhe à mão”. Conta
Lucas – o médico amado do apóstolo: “Quando os
habitantes de Malta viram a víbora pendente disseram uns
aos outros: “certamente este homem é assassino, porque,
salvo do mar a justiça não o deixa viver. Porém ele,
sacudindo o réptil no fogo, não sofreu mal nenhum. Mas
eles esperavam que ele viesse a inchar ou cair morto de
repente. Mas depois de muito esperar, vendo que nenhum
mal lhe sucedia, mudando de parecer, diziam ser ele um
deus” Atos 28.3 a 6
Assim, bom leitor, “mutatis mutandis”, no trabalho
missionário passamos por situações semelhantes às dos
passos bíblicos.

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4ª Seção

Experiências diversas do que eu chamo: “o


desenvolvimento da fé”.
Apresentação ao PRJN. Presbitério do Rio de Janeiro –
1/1/1951 e dias subsequentes. Deus me convertera:
rejubile-se, leitor, com as palavras de Pedro – o apóstolo,
referindo-se ao ser humano, antes e depois de arrependido
dos seus pecados, entregar-se a Jesus Cristo.

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio


real, a nação santa, o povo adquirido, para que
anuncieis as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz;” I Pedro
2.9

A reunião do PRJN deu-se no antigo Orfanato


Presbiteriano. O exame do Concílio foi
duríssimo, difícil... Durou dias. Não voltei para
casa. Fiquei à disposição do Presbitério. Mais
para o fim das sondagens dos pastores e
presbíteros, mandaram-me ao Hospital
Psiquiátrico do Engenho de Dentro (Rio) para
obter um parecer de um preclaro médico.

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Também pudera! Eu havia sido cadete do
Exército por 5 anos. Não exercera, na minha
igreja de origem (Riachuelo – Rio), funções
ligadas à EBD – Escola Bíblica Dominical, não
pertencera à UMP – União de Mocidade
Presbiteriana. Demonstrara profundas
decepções, com companheiros de farda e
muitos superiores hierárquicos. O certo é que
no final do exame o presidente do Concílio
perguntou-me: se eu estava disposto a esperar
um ano, para, então, ser enviado ao Seminário.
Respondi: “Se os senhores oraram e estão
convencidos que eu devo esperar, eu esperarei.
Quero ser pastor evangélico! “ Mas na
providência de Deus, dali a dias eu subiria a
Resende – RJ – e pediria meu desligamento da
EMR – Escola Militar de Resende, e seguiria
para o SPS – Seminário Presbiteriano do Sul.
Graças a Deus, nunca me arrependi de ter dito –
SIM – ao Senhor, quando inequivocamente, me
chamou para ser pastor de almas.

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Tempos de pastor rural em Santa Cruz – Rio – 1955 –
1964.

Imitando o ex-padre, José Manoel da


Conceição, primeiro Pastor Presbiteriano
brasileiro, comecei a fazer pequenas visitas a
crentes e não-crentes – no que levava no
máximo 10 minutos.

Soube que um moço sapateiro Itair Quadros,


havia sido disciplinado há anos. Fui visitá-lo na
sua oficina de trabalho. Falei-lhe do amor de
Jesus, do bom e alegre convívio com os irmãos

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da nossa humilde igrejinha (que se reunia numa
casa bem velha, mas conservada). Na alegria
que daria à sua velha mãe, e seus muitos
parentes. Ele voltou pra igreja e foi crente fiel
até o fim da vida. Deus tem caminhos que nos
parecem estranhos: o irmão Tati casou-se, e
anos após recebeu um prêmio de loteria. Foi
muito generoso com o prêmio: ajudou a
familiares, igualmente a própria família ajudou
financeiramente sua amada igreja, com uma
boa oferta, para a construção de seu imponente
templo. Diga-se de passagem que a IPB – Igreja
Presbiteriana do Brasil – é terminantemente
contrária a jogos de azar. Mas o Conselho da
Igreja Presbiteriana de Santa Cruz, na ocasião,
resolveu aceitar a oferta do Tati. Isso por
razões que eu ignoro.

Muito mas tarde um filho seu e a esposa


foram meus alunos, brilhantes, diga-se de
passagem, no Seminário Presbiteriano do Rio de
Janeiro os atuais Rev. Dr. Itair Quadros e Elídia.

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Recuando para a década de 30 – Os manos Dário
e Ruth (de que falo na minha auto-biografia: “Os
meus caminhos não são os vossos caminhos”)
cantaram com milhares de crianças no estádio
Vasco da Gama, sob a regência de Villa Lobos.
Voltaram empolgados! Desejei muito que
chegasse a minha vez de cantar também. Mas o
grande maestro e compositor, disse ao Presb.
Getúlio Dornelles Vargas que não repetiria a
concentração de alunos de Escolas Públicas.

Em compensação: nos 4 anos do Seminário


Presbiteriano, cantei no Orfeão. Sou 1º baixo. O
Rev. Eliseu Narciso era nosso regente. Morreu
ainda moço. Foi, digo eu (com saudades), cantar
e reger coros celestiais...

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Década de 40 – o nosso professor da EBD – na
Igreja do Riachuelo era o Ten. Paulo de Oliveira
e Silva. Nós – os alunos, éramos pré-
adolescentes. O prof. Paulo disse-nos: “Se no
próximo domingo eu não aparecer, é que fui
para a guerra”. De fato houve um domingo que
ele não veio dar aula. Nós meninos achamos
tudo muito natural... Diziam sociólogos que o
mundo é uma “aldeia global”. Passaram muitos
anos, e eu revi, na Vila Militar no Rio de Janeiro
de Janeiro, o ex-colega da EMR, o Major
Martins. Ele comandava a 1ª CLMNT – 1ª Cia
Leve de Manutenção: esta unidade do Exército
seguiu para Itália, e se integrou no 5º Exército
Americano na luta contra os nazi-fascistas.
(nela, o Ten. Paulo seguiu para a Itália).

O Maj. Martins dedicou-me grande, fiel e


preciosa amizade. Eu exercia capelania (não
oficial) no Exército. Como pastor evangélico e
professor, revia ex-companheiros de farda e
procurava – apolítico que sou – pregar-lhes a
Jesus e, este crucificado.

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Acompanhei através dos anos o Martins. Ele
foi a Ten. Cel. E a última visita que lhe fiz, foi no
HCE – Hospital Central do Exército, onde ele
seria operado do coração. De fato o foi, mas não
durou muito. Tenho saudades dele (escrevo no
dia 8/11/2014). Foi um amigo generoso.

Década de 40 – ainda o Paulo de Oliveira e


Silva. Ele pertencia a uma grande família da
paróquia (Igreja).

Desafiou, então, os jovenzinhos – seus


alunos a concorrer a um prêmio sobre um
assunto bíblico. Tirei o 1º lugar. O premio foi um
precioso livro (bem pesquisado) sobre David
Livingstone. Li e reli muitas vezes o livrinho,
com lindas ilustrações. Livingstone passou a
ser o herói do meu coração. Ele descobriu a
bela cachoeira de Vitória – na selva africana.
Era pastor, médico e missionário. Decorreram
anos e muitos sacrifícios, febres e

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sincronização do seu coração com os dos
companheiros africanos (nativos). Envelheceu.
Seus patrícios na Inglaterra deram-lhe como
morto. Stanley – um grande jornalista, foi
procurar o explorador. Achou-o lá longe, na
floresta, com seus amigos leais – os nativos.
Alegraram-se. Tiveram os corações confortados
e... separaram-se. O jornalista voltou, com a
alvissareira notícia (que correu o mundo): David
Livingstone está vivo!

Mas o grande pastor e médico já estava


chegando ao fim da jornada.

Certa vez ele entrou na cabana, e seus


companheiros esperaram. Ele demorou-se.
Encontraram-no de joelhos, morto.

Seu coração foi enterrado, no coração da


África – e seu corpo seguiu embalsamado para
Londres, onde está sepultado na Abadia de
Westminster, ao lado de grandes vultos,
daquele país amigo.

Por que, há 64 anos, sou crente em Jesus?


Por que há 59 anos sou pastor evangélico?

Em grande parte pelo exemplo,


profundamente santo, do grande herói dos
sertões da África, até então desconhecidos do
mundo ocidental. Em Glasgow (Inglaterra)

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depois de contar a jovens estudantes algumas
aventuras de sua vida, Livingstone disse-lhes:
“Sabeis, jovens, qual foi o segredo da minha
vitória? Das minhas grandes lutas? Foi a
promessa de Jesus: “Eis que estou convosco
todos os dias até à consumação do século” Mt
28.20

23
O Monsenhor Maurílio Cesar de Lima – Major
Capelão Subchefe AR/I Ex., me dissera que eu
teria cinco minutos para falar na comemoração
do Sesquicentenário da Independência (150
anos).

Dirigimo-nos para um amplo local na Vila


Militar, onde milhares de pessoas estavam
concentradas.

Canhões haviam troado. A tarde declinara.


Um grande número de militares, de todas as
patentes estavam presentes. O Pres. Médici
falou, depois o Mons. Maurílio e eu secundei-o.
Muitos aparelhos de TV transmitiam o que
ocorria, naquele importante momento.
Inaugurava-se a transmissão a cores da TV.
Dois jovens repórteres do Jornal do Brasil me
entrevistaram, finda a emocionante
concentração. Resumi o que eu dissera. E disse-
lhes: anotem a frase que encerra a minha
participação- “ENQUANTO EU VIVER A
LIBERDADE FARÁ PULSAR MEU CORAÇÃO!”
Vinet.

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“Reina o Senhor. Regozije-se a terra,
alegrem-se as muitas ilhas”

“A luz difunde-se para o justo, e a alegria


para os retos de coração”. Salmo 97.1 e 11

5ª Seção

Subsídios de registros, escolhidos, dentre muitos e


muitos.

“O legado da Paz”

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” Jo


14.27

“Quando Jesus Cristo estava para deixar


este mundo, fez o seu testamento. Ao Pai legou
a sua alma, e o corpo a José. Aos soldados
tocaram as vestes.

25
Pôs Maria sob a proteção de João. Mas aos
seus discípulos, que a tudo abandonaram por
ele, que lhes deixou? Não tinha ouro nem prata;
deixou-lhes, porém, coisa melhor: a sua paz!”

Curiosa e profunda observação!

A palavra grega para PAZ implica em ordem,


segurança, concórdia, felicidade, isenção de
ódios e estragos de guerra. Ninguém pode gozar
da paz de Deus - sem primeiramente alcançar o
estado indicado em Romanos 5.11:
“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz
com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo”.

Devemos distinguir entre “paz com Deus” –


que descreve um estado de relacionamento do
pecador com o Pai Celestial – e a “paz de Deus”-
que se refere a algo precioso no íntimo do
coração crente. Tal nos faz recordar a
declaração paulina: “E a paz de Deus, que
excede todo o entendimento, guardará os
vossos corações e as vossas mentes em Cristo
Jesus” (Fp. 4.7)

Há ainda uma terceira qualidade de paz – a


futura, a paz coletiva, a paz universal. No
advento de Cristo, jubilosos, clamaram os anjos:
“Glória a Deus, nas maiores alturas e paz na

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terra entre os homens a quem ele quer bem” Lc
2.14.

Num mundo em que, de modo crescente, o


homem é o lobo do homem, sonhamos com
Isaías que profetizou seguramente, o advento
de um reino em que “o lobo habitará com o
cordeiro, o leopardo se deitará junto ao cabrito,
o bezerro, o leão novo e o animal cevado
andarão juntos e um pequenino os guiará” (Is
11.6)

Recordei as lições acima porque um colega


portador de uma longa folha de serviços
prestados à Igreja Presbiteriana do Brasil e ao
Reino de Cristo em geral disse-me estar
preocupado com a paz, no que diz respeito à
herança cultural, moral e espiritual que as
próximas gerações receberão de nós. Tenho
para mim que nos cabe a todos empreender o
diálogo constante, sincero e produtivo, baseado
na Escritura Sagrada, nos Catecismos, na
Confissão de Fé e na Constituição da nossa
Igreja.

Volto ao pregador de quem pedi


emprestadas preciosas ideias: “Enquanto
aguardamos a paz coletiva, podemos gozar da
paz individual, por meio de Cristo, entronizado

27
em nossos corações, sendo assim não somente
nosso Salvador, mas, desde já, o nosso Rei.

Brasil Presbiteriano, junho, 1976.

“Bem aventurados os pacificadores, porque serão


chamados filhos de Deus” Jesus – Mt 5.9

Se...

À moda de Kipling

Rev. Amantino Vassão

Se és capaz de, nobre filho da índia, nascido ao


tempo do domínio inglês, renunciar a lucros e
vantagens e buscar a liberdade em que crês...

Nascido em Porbandar, desconhecida, nome lhe


dás por tua bela vida:

Se és capaz de perseguir o estudo, vencendo os


descendentes de Caim, e, depois da Amanadaba e
Londres, conquistar teu diploma em Bombaim...

Um título por anos já sonhado que de ti faz um


grande advogado. Se és capaz de, em lugar de advogar
em tua pátria onde nem tudo é azul,

Buscando em longes terras, teus irmãos

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Vai defendê-los na África do Sul

A Índia, embora grande, não comporta os seus


milhões, a emigração é a porta

Se és capaz de, diante do massacre sofrido por teu


povo em Amritzzar,

Sem fazer guerra ao colonizador

Leva tua gente a não cooperar...

Braços cruzados, sem pegar em armas

A dura violência, em paz, desarmas;

Se és capaz de crer no impossível,

E mostrar o poder da não violência,

Esperes que se opere o grande milagre:

Colher a Índia a sua Independência...

O povo livre, a governar-se aprende,

E do jugo do estrangeiro se desprende.

Se és capaz de, preso tantas vezes,

Libertar-te de grades e cadeias,

Mostrando-te invencível e disposto

A quebrar grilhões e romper peias...

E, apenas tendo a paz por teu fanal,

Vês-te proclamando o HERÓI NACIONAL...

Se és capaz de, mestre, amar os teus alunos

E, em vez de castigá-los, jejuando

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Te castigas, à espera do culpado,

Que, sem tardar, se apresenta chorando...

Seguindo o exemplo do Mestre Jesus,

Carregas, sem protesto, a tua cruz.

Se és capaz de, vivendo vida digna,

Incapaz de atitudes condenáveis,

Suportar longo jejum voluntário

Pra socorrer os pobres intocáveis

Ideias novas em tua pátria lanças,

Infundindo-lhe novas esperanças.

Se és capaz de, não temendo ameaças,

Nessa enorme nação do mundo asiático,

Janista com tintas de cristãos,

Morrer nas mãos de um brâmane fanático...

NO CORAÇÃO hindu és imortal,

e te respeita o amor universal,

Se és capaz de ver a velha Albion,

Mais jovem que a tua Índia milenária,

Curvando-se no filme premiado ante a figura frágil,


legendária...

A força que leva, da vitória, a palma é tua,

Herói, dono da GRANDE ALMA.

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Se és capaz de bem provar ao homem que só o
pacifismo traz ao mundo a paz que reunirá a raça
humana,

Harmonizada em puro amor,

profundo,

ENTÃO ÉS HOMEM-CHAVE NA HISTÓRIA,

CHEGANDO A SER MAIOR QUE OS GRANDES-


GRANDE.

PORQUE TODO TE DESTE À HUMANIDADE, SÓ


PODES SER O MAHATMA GANDHI

N. B. Sou pacifista: 1º) por ser cristão, 2º)


pela influência de meu irmão Dário Sarmento de
Barros (veja-se minha autobiografia: “Meus
pensamentos não são os vossos pensamentos”
– e 3º) por causa do exemplo de

Ghandi – DSB

6ª Seção
“Tudo passa rapidamente – e – nós voamos” Sl 90.10

A abnegação de Paulo – o apóstolo – “Pelo


contrário, em tudo recomendando-nos a nós
mesmos como ministros de Deus: na muita
paciência, nas aflições, nas privações, nas
angústias, nos açoites, nas prisões”... II Co
6.4e5

31
Tínhamos no térreo da I.P. de Bangu uma
humilde escola – Elisa Villon.

Um moço idealista: Isaias Quaresma – Sgto.


Paraquedista: - em uma manobra, perdeu parte
da mão direita e teve vazado um dos olhos. Ele
resolveu empregar o seguro de vida na
instalação de uma escolinha na paróquia (isto é,
Igreja) – cujo nome seria a de uma heroína da fé
– D. Elisa. Com anuência do Conselho (órgão
diretor) – em parceria com um contra-mestre da
Fábrica de Tecidos, Homero, dividiu o amplo
térreo do templo, em salas.

A escola de crianças foi dando seus


primeiros passos, com muitas lutas e
dificuldades.

Chegou, por intermédio da diretora do


educandário a notícia de que eu seria preso por
ex-colegas de farda. Em princípio, pensei num
trote, dos companheiros de adolescência. Mas
era pura realidade!

Meu bom leitor, há um ponto em comum à


minha desagradável experiência, com o que
ocorreu a Paulo – o apóstolo e o seu sobrinho,
conforme narra Lucas (médico do apóstolo),
com respeito ao livramento do obreiro/do
Senhor de ser assassinado, como relatado.

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Veja em Atos 23.12 a 35

” E, quando já era dia, alguns dos judeus fizeram uma


conspiração, e juraram, dizendo que não comeriam nem
beberiam enquanto não matassem a Paulo.
E eram mais de quarenta os que fizeram esta
conjuração.
E estes foram ter com os principais dos sacerdotes e
anciãos, e disseram: Conjuramo-nos, sob pena de
maldição, a nada provarmos até que matemos a Paulo.
Agora, pois, vós, com o conselho, rogai ao tribuno que
vo-lo traga amanhã, como que querendo saber mais
alguma coisa de seus negócios, e, antes que chegue,
estaremos prontos para o matar.
E o filho da irmã de Paulo, tendo ouvido acerca desta
cilada, foi, e entrou na fortaleza, e o anunciou a Paulo.
E Paulo, chamando a si um dos centuriões, disse: Leva
este jovem ao tribuno, porque tem alguma coisa que lhe
comunicar.
Tomando-o ele, pois, o levou ao tribuno, e disse: O preso
Paulo, chamando-me a si, rogou-me que trouxesse este
jovem, que tem alguma coisa para dizer-te.
E o tribuno, tomando-o pela mão, e pondo-se à parte,
perguntou-lhe em particular: Que tens que me contar?
E disse ele: Os judeus se concertaram rogar-te que
amanhã leves Paulo ao conselho, como que tendo de
inquirir dele mais alguma coisa ao certo.
Mas tu não os creias; porque mais de quarenta homens
de entre eles lhe andam armando ciladas; os quais se
obrigaram, sob pena de maldição, a não comer nem
beber até que o tenham morto; e já estão apercebidos,
esperando de ti promessa.
Então o tribuno despediu o jovem, mandando-lhe que a
ninguém dissesse que lhe havia contado aquilo.

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E, chamando dois centuriões, lhes disse: Aprontai para
as três horas da noite duzentos soldados, e setenta de
cavalaria, e duzentos archeiros para irem até Cesaréia;
E aparelhai animais, para que, pondo neles a Paulo, o
levem salvo ao presidente Félix.
E escreveu uma carta, que continha isto:
Cláudio Lísias, a Félix, potentíssimo presidente, saúde.
Esse homem foi preso pelos judeus; e, estando já a ponto
de ser morto por eles, sobrevim eu com a soldadesca, e
o livrei, informado de que era romano.
E, querendo saber a causa por que o acusavam, o levei
ao seu conselho.
E achei que o acusavam de algumas questões da sua lei;
mas que nenhum crime havia nele digno de morte ou de
prisão.
E, sendo-me notificado que os judeus haviam de armar
ciladas a esse homem, logo to enviei, mandando também
aos acusadores que perante ti digam o que tiverem
contra ele. Passa bem.
Tomando, pois, os soldados a Paulo, como lhe fora
mandado, o trouxeram de noite a Antipátride.
E no dia seguinte, deixando aos de cavalo irem com ele,
tornaram à fortaleza.
Os quais, logo que chegaram a Cesaréia, e entregaram a
carta ao presidente, lhe apresentaram Paulo.
E o presidente, lida a carta, perguntou de que província
era; e, sabendo que era da Cilícia,
Disse: Ouvir-te-ei, quando também aqui vierem os teus
acusadores. E mandou que o guardassem no pretório de
Herodes.
Atos 23:12-35

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Minha saudosa esposa – D. Maria Helena
Barros. Foi informada do que ocorria. E sem
nada me dizer, procurou o então Maj. Martins,
sobre o qual já falei neste livro- e – ele, abaixo
de Deus, fez com que abortasse o plano sinistro.

“Todos quantos querem viver piedosamente


em Cristo Jesus serão perseguidos” II Tm 3.12

“Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de


forças, para que, por meu intermédio, a
pregação fosse plenamente cumprida, e todos
os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca
do leão II Tm 4.17

ªSEÇÃO

Esboço do que disse a Pastores, Presbíteros,


Diáconos e irmãos e irmãs – no 80º aniversário
(jubileu de Carvalho) da I.P. de Sta Cruz – RJ;
agradecendo ao descerramento de uma placa
com o meu nome e do meu retrato – na Sala do
Conselho daquela Comunidade.

a)“Não a nós, não a nós mas ao teu nome dá


glória” Sl 115:1
b)Isaías 65.24 “E será que, antes que clamem,
eu responderei; estendo eles ainda falando,
eu os ouvirei”.

35
c)II Crônicas 16.9 “Porque, quanto ao Senhor,
seus olhos passam por toda a terra, para
mostrar-se forte para com aqueles cujo
coração é totalmente dele”.

d)Mt 19.5 “... e deixará o homem pai e mãe e se


unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma
só carne.”
Ilustração: casei-me em 22/01/1955 – fui
licenciado em 6 de fevereiro de 55 – fui
designado para a I.P. de Sta Cruz.
Hoje, sinto muito a ausência da minha
inesquecível Maria Helena, Lena,
Leninha... compensações divinas: meus
filhos – Dantinho, João Marcos e
Claudinha. Ilust. Após 9 anos longe da
casa de meus pais e irmãos, da minha
querida Igreja do Riachuelo – vivi a
experiência de Abraão: “Sai da tua terra,
da tua parentela e da casa de teu pai e
vai para a terra que te mostrarei”... “Sê
tu uma bênção” Gn 12.1

e)Recuemos 1933, 34,35 – pai do Pb. Belmiro


Antonio de Souza – contou-me: quando o Rev.
Álvaro Reis veio a Sta. Cruz para arrolar
irmãos que queriam ser presbiterianos –

36
crentes calçavam tamancos, comeram sem
talheres
(antes da C.L.T Salário Mínimo, etc).

f) Ilust. Vi no Rocha, RJ (subúrbio da EFCB)


passar o imponente Graff Zeppelin (maior do
que o 3 Boeings 747 – enfileirados) – rumo de
Sta Cruz. Propaganda de Hitler – do Reich de
1.000 anos (Grande Guerra – 1939 – 1945) NB
– o hangar para o grande dirigível, encontra-se
na Base Aérea de S. Cruz. É o único do
mundo.

g)Ilust. Ao descer – o mais leve que o ar em Sta.


Cruz – estava um jovem atento para segurar
um dos cabos lançados do dirigível – seu
nome Aurélio Dias (ganhava uns trocados
para puxar para o solo o Graff Zeppelin).
Muitos anos depois o irmão citado foi eleito
pelo povo, presbítero (outros 3 – José
Feliciano de Carvalho, João Gaya e Chiquinho
Pereira).

h) Aventura: eu e um jovem Sgto. Presbiteriano,


andamos no alto da estrutura do grande
galpão... Pensemos no ano de
1953... eu era seminarista; nas
férias de verão fui pregar em Sta. Cruz. Meu

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pai: Rev. João Alves de Barros, quis ensinar-
me o caminho. Pensei comigo: é zona rural –
eu acerto. Desci na estação e, quando dei por
mim, andei quilômetros sob um céu escampo
(sem nuvens) – pleno verão! Passei por Cruz
das Almas... Sempre indagando: “Conhece a
Igreja Presbiteriana aqui de Sta. Cruz?” Eu de
paletó e gravata... suado e esbaforido...

Encontrei a igrejinha – rua Olavo, 7. O zelador


–Gênesis Quadros, trouxe-me uma pequena
bacia com água... refresquei-me... dirigi o
culto, preguei... (notou, leitor? Não havia água
encanada).

i) Muitos anos depois... Início da construção do


templo. Carreguei baldes com concreto (e
carrinhos com pedras britadas) ajudando
irmãos e operários (alegres) a construir vigas
e colunas do imponente templo e seu edifício
de educação religiosa (acoplados).
Ilust. Visitas de 5 minutos, 10, a crentes
e amigos do Evangelho, no espaço de 10
anos, numa imensa região: Sede,
Itaguaí, Cosmos, Sepetiba, Piranema,
Paraty, e assim por diante...

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Gratidão a Deus Senhor da Seara.
Gratidão ao Conselho de Santa Cruz.
Presb. Dante – meu primogênito; meu
filho João Marcos. Rev. Dr. Itair Quadros
e sua esposa Elídia (meus brilhantes ex-
alunos no STPRJ – Seminário
Presbiteriano do Rio de Janeiro como já
assinalei, centenas de irmãos que estão
orando por mim.

Conclusão

O Senhor abençoe e guarde a vocês. O


Senhor faça resplandecer o rosto sobre vocês.
O Senhor lhes dê a paz.

Termino, mercê da graça do bom Deus, esse


livro em Petrópolis, RJ.

15/01/2015 – Verão – Domingo. Casa da


minha caçula Claudia Helena.

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- Meu genro: Albano Soares Pinheiro. Meus
netos: Albaninho, Mari e Silvinha.

SOLI DEO GLORIA.

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