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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE COMUNICAÇÃO E ARTES


BACHARELADO EM COMPOSIÇÃO

Música na Renascença

Aluno
Manoel Anastácio da Silva Neto

Prof. Abel Santos Anjos Filho


A Renascença, período de transição entre a idade média e a idade moderna (fim do século XVI
ao início do século XVII aproximadamente), foi caracterizado por grandes avanços no campo da
ciência e das artes. A igreja católica, que tinha grande controle sobre as manifestações artísticas
no período medieval, perde força e o homem como indivíduo passa a ser protagonista, influenciado
principalmente pelas idéias dos antigos gregos e romanos.
Uma das grandes descobertas ocorridas durante o período renascentista foi a invenção da
imprensa, a qual foi aperfeiçoada por Johann Guttenberg nos anos 50 do século XV, esta invenção
proporcionou uma maior difusão do conhecimento.
A música deste período é marcada por uma maior liberdade no uso dos elementos. Mesmo
ainda regidos pelo sistema modal, os compositores sofrem maior influência da música profana, onde
notas e registros incomuns na música medieval passam a ser explorados. O contraste das vozes
da música medieval, onde o percurso horizontal tem grande importância, dá lugar à busca pela
textura sonora, onde as vozes são compostas visando a formação de um conjunto polifônico. O uso
da imitação, ou seja , a repetição de um trecho melódico por outra voz, é intensificado. Aos poucos
o sentido harmônico vertical ganha importância, como alicerce do contraponto.
As missas e os motetos permaneceram como as principais formas da música sacra, com a
adição de mais vozes nas composições. Na Alemanha, através da igreja protestante, surgem os
primeiros hinos compostos em idioma diferente do latim. A Inglaterra teve grande destaque na
vanguarda musical deste período, hinos sacros passaram a ser compostos em inglês.
Entre os gêneros de música renascentista destacam- se: a música vocal profana, canções
populares que se tornaram cada vez mais abundantes. Na Itália surgem a frótola e o madrigal
italiano; na Alemanha surge o lied; na Espanha, o villancisco, e na França, a chanson( canção).
Os madrigais elisabetanos eram composiçôes para grupos vocais pequenos; se dividiam em:
madrigal tradicional ( sem refrão e com forte uso de imitação), ballet ( com refrão e forte interação
com a dança), ayre ( com acompanhamento instrumental). O Estilo policoral (composições para
dois coros), apresentando característica mista polifônica e homofônica. Os gêneros de música
instrumental tiveram grande expansão. Surgiram a canzona, a toccata (para teclados), os consorts
ingleses. A fantasia surge como uma peça polifônica livre, se utilizando de recursos de imitação.
Palestrina é considerado o maior representante da música polifônica da Renascença. Foi duas
vezes mestre de coro da Capela Júlia, em São Pedro do Vaticano (1551-55 e 1577-94). Após ter
sido mestre-de-capela de São João Latrão (1555-58) e Santa Maria Maggiore (1561-67), foi diretor
do ensino musical do seminário romano. A produção musical de Palestrina é considerável: 104
missas, de quatro a oito vozes, escritas com temas gregorianos ou populares; 375 motetos, 68
ofertórios, 65 hinos, 35 magnificats, cinco lamentações, 56 madrigais espirituais e nove ricercari,
para órgão. No gênero da música profana, deixou três coletâneas de madrigais publicadas em 1555,
1581 e 1586.
Josquin des Prez (1440 – 1521), era chamado de “Príncipe dos Compositores”, pelos músicos
de sua época, que admiravam sua obra naquilo que esta tinha de comovedor e o modo de como
ele ressaltava o sentido das palavras no canto. Nascido em Condé-sur-l’Escaut, província
pertencente aos Países Baixos, fez carreira na Itália, onde morou quase initerruptamente de 1459
a 1505. Grande compositor, é considerado o mais moderno dentre os de sua época. Sua produção
musical compreende mais de 20 missas completas a 4, 5 e 6 vozes; 104 motetos, hinos e salmos,
74 canções.
Entre suas obras religiosas mais conhecidas estão as missa Hercules dux Ferrarie, o moteto
Miserere e, principalmente, as duas últimas missas compostas depois de 1505, De Beata Virgine e
Pange Lingua.
William Byrd (1542 – 1623), nasceu em Londres em 1542 e faleceu a 4 de julho de 1623 em
Stondon Massey, Essex. Ligada à tradição polifônica do século XVI, sua obra se destaca graças às
sua variações para o virginal, canções, motetos e hinos. É o mais representativo dos compositores
da Renascença inglesa. É considerado o maior compositor de contraponto de sua época na
Inglaterra, chamado de “o Palestrina Inglês”. Foi o primeiro compositor inglês a escrever madrigais.
Organista e exímio executante do virginal, Byrd escreveu para este último, grande número de
composições, muitas das quais ainda são tocadas hoje em dia.
Outros compositores de destaque foram: Roland de Lassus, John Downland e Carlos
Gesualdo.
Os instrumentos mais utilizados na música renascentista foram o alaúde, a viola da gamba
(com estrutura similar ao do violoncelo), a sacabuxa ( ancestral do trombone), o trompete (ainda
sem o sistema de válvulas), o virginal (espécie de cravo) e instrumentos de percussão variados.

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