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TREINAMENTO PARA EQUIPES DE MÚSICA, SOM E MÍDIA

“A música é celeste, de natureza divina e de tal beleza que encanta a alma e a eleva acima da
sua condição.” - Aristóteles

INTRODUÇÃO

• Pesquisa realizada em 2013, sobre efeitos neuroquímicos positivos em nosso corpo,


apresenta resultados muito interessantes, mesmo em seu estado inicial, na época:

• Já ouviu falar em Musicoterapia?

• Há um “braço” da ação missionária, atualmente, chamada EtnoDoxologia – e que tem

tudo a ver com você:

• Em Gênesis 4, logo após a trágica história de Caim e Abel, vemos o texto nos contar
sobre Jubal, o pai dos que tocam harpa e flauta. Isso nos mostra que, mesmo em
protótipos, Já haviam luthiers que confeccionavam instrumentos, bem como músicos
que os executavam.

• Não é novidade saber que a música tem relevância a nós. Deus, ao desenvolver a vida
no mundo, fez a música presente através das habilidades que ele concedeu aos seres
humanos.

A MÚSICA NA BÍBLIA

A primeira canção relatada nas Escrituras se trata do “cântico de Moisés”, relatado em Êxodo
15. Olhando esse texto, podemos destacar algumas características:
• Demonstra que já existiam poesias e melodias populares entre os israelitas;
• Mesmo ainda não sendo utilizada em um sistema litúrgico, a música já era executada
de forma congregacional;
• As músicas já possuíam um caráter didático de afirmar ou confirmar atributos de Deus;
• Já era uma ferramenta extremamente eficaz de expressão de louvor ao Senhor.

OS SALMOS

Como bem sabemos, eram poesias compostas para serem cantadas ou recitadas em diversas
situações, como um exercício didático para fixar o princípio: orações imprecatórias, lembrar
do cuidado de Deus a caminho das festas em Jerusalém (cânticos de peregrinação), render
louvor ao Senhor, entre outros.

A MÚSICA COM DAVI


Davi foi o rei responsável por incluir a música na liturgia dos cultos. Dentre os levitas já
haviam músicos habilidosos, mas não com a função específica de servir no templo com a voz
ou instrumentos. Eles ficavam por conta de todas as cerimônias. Em todas elas haviam
cantores e outros instrumentistas (1 Cronicas capítulos 6, 9 e 15).

A RECONSTRUÇÃO DE JERUSALÉM

Quando a cidade de Jerusalém passou pela reconstrução, durante o cativeiro persa, Esdras e
Neemias relatam que não só os muros, a lei e o templo foram reconstruídos, mas também a
liturgia das reuniões do templo, incluindo os cantores (Esdras 7 e Neemias 7).

A MÚSICA NO NT

Há poucos relatos sobre música como era antes. Vemos Jesus cantando um hino junto com
seus discípulos após servir a ceia (Mt 26:30; Mc 14:26). Alguns relatos históricos mencionam
o fato que os romanos não gostavam da música judaica.
Em Atos 16, vemos Paulo e Silas cantando na prisão, antes de serem libertos no terremoto. E
em 1 Coríntos 14, ao falar sobre a questão do falar em línguas, Paulo cita o fato de se “cantar
com a mente” (1 Co 14:15), se referindo a uma música racionalmente compreensível.
Em resumo, mesmo não havendo relatos de uma música mais “litúrgica”, digamos assim, o
fato é que a música nunca se afastou da vida do crente.

A MÚSICA NA HISTÓRIA DA IGREJA

LUTERO E SARAH KALLEY

Existem diversos homens e mulheres importantes na história da igreja, mas gostaria de focar
brevemente nesses dois.
Martinho Lutero, como sabemos, foi considerado um dos “pais” da Reforma Protestante,
tendo como destaque suas famosas 95 Teses contra a Igreja da época, pregadas na porta da
catedral de Wittenberg em 1517.
• O que nem todo mundo sabe é que esse mesmo Lutero era um excelente tenor e
violinista;
• Tocava muito bem alaúde;
• Frequentou a Escola de Latin São George em Eisenach de 1498 a 1501 (mesma que
Bach frequentou 200 anos depois), onde música era uma importante parte do
currículo.
• Com 17 anos se matriculou na Universidade de Erfurt onde cursou seu Mestrado
em Artes. Para isso teve que estudar as sete artes liberais antes de abarcar temas
mais profundos. Aprendeu música pelo viés da matemática adquirindo um bom
entendimento de harmonia e intervalos por meio do monocórdio.
• Foi o compositor do famoso hino “Castelo Forte”
• Compôs hinos para canto coral e para a congregação. Ambos serviam ao culto
público. A diferença entre eles era que, para a execução de um coral, havia maior
riqueza harmônica; para a congregação, a intenção era sempre de possuir melodias
simples e “grudentas”, com uma poesia profunda sobre a doutrina cristã;
• Foi autor de três hinários , sendo que o Hinário de Wittenberg era frequentemente
atualizado por ele, para acrescentar mais músicas;
• Para Lutero, a música no culto público tinha três aspectos (seguindo os ensinos
paulinos): Ensinar a doutrina; promover o canto coletivo (ou congregacional) e
expressar a beleza divina.
• Isoritmo – padrão ritmico da melodia, característico dos motetos dos séculos XII, XIII,
XIV.
• Contrafacta – substituição de um texto por outro em uma melodia.
• O conceito de autoria de hino nos casos dos hinários de Lutero se referem
principalmente a letra e não necessariamente à música, estabelecendo assim a
hierarquia da supremacia do texto de um hino protestante sobre a música que o
acompanha.
• Texto deve conter palavras que todos entendam, mas puras e apropriadas
• Música artística que corrige, desenvolve e refina.

Sarah Kalley foi esposa do pioneiro das missões protestantes do Brasil, Dr. Robert Kalley. Era
uma excelente pianista e compositora de alguns hinos.
• Sarah Kalley reuniu um compêndio de hinos traduzidos para o português, algumas
composições próprias e de outros compositores e o chamou de “Salmos & Hinos”.
Este hinário se tornou base para quase todos os outros que atualmente utilizamos nas
igrejas, como o Salmos e Hinos da ICEB; o Cantor Cristão da Batista; entre outros;
• Sarah entendia que, assim como Lutero fez, a música tinha um papel fundamental no
ensino do Evangelho às pessoas. Enquanto o Dr. Kalley ensinava pregando, Sarah
ensinava cantando;
• Ela contribuiu para criar um repertório para os cultos públicos nas igrejas, antes sem
qualquer canção própria.

BREVE (mas breve, mesmo!) HISTÓRICO DA MÚSICA EVANGÉLICA NO BRASIL

• Até a década de 60, as canções nos cultos públicos se resumiam a esses hinos, tendo
pianista/organista e às vezes um(a) regente;
• no início da década de 70, acompanhando os movimentos musicais tanto nos EUA
(Woodstock, por exemplo) e no Brasil (Tropicália), as igrejas começam a receber novos
instrumentos e estilos;
• Passam a surgir novos grupos, como Vencedores Por Cristo, Grupo Pescador (primeiro
grupo de João Alexandre), grupo Elo, entre outros;
• Já traziam novos instrumentos, como violões e baterias, mas mantinham um
repertório mais tradicional, por assim dizer, dando algumas “pitadas” de MPB, Bossa
Nova e Jazz;
• Foi então que um “maluco beleza”, convertido do mundo hippie, chamado Janires,
aparece no Rio de Janeiro e cria o Grupo Rebanhão, já entrando nos anos 80;
• Quebrando barreiras e criando diversos atritos com igrejas, trouxeram uma mudança
radical pra dentro das congregações: guitarras distorcidas, baterias mais aceleradas:
era o rock n’ roll aparecendo no cenário evangélico!
• Entra a década de 90 e com ela, o mercado gospel. Igrejas independentes começam a
se proliferar, movimentos passam a aparecer. Grupos como o Ministério Koinonya
passam a “disputar” espaço com bandas como Resgate, Oficina G3, todos amparados
por igrejas e movimentos que visavam expandir suas marcas.
• Chegam os anos 2000, e embalados por essa visão empreendedora, aquecidos pelo
vertiginoso crescimento do neopentecostalismo, surge uma igreja em Belo Horizonte,
ainda filiada a Convenção Batista Brasileira, mas com um pastor presidente
extremamente “visionário”: a Batista da Lagoinha;
• Influenciados até o topo pela Hillsong, onde Ana Paula Valadão passou alguns anos
estudando, resolveram trazer a mesma estrutura pro Brasil. Lá, o carro chefe da igreja
era o grupo musical gigante, composto de um grupo sinfônico, uma banda completa e
um vocal de apoio igualmente grandioso. O grupo explodiu em sucesso, influenciando
diversas igrejas a lançarem seus ministérios de música no mercado;
• Caminhando para o fim dos anos 2000, a Hillsong passa por uma reformulação em seu
estilo: trazem em um de seus álbuns gravados não mais um grupo sinfônico, mas uma
banda mais “simples”, com um estilo de adoração mais moderno, mais teen. Nesse
momento, como eles já eram modelo para quase toda igreja interessada em ser mega,
nasce aí o que hoje se chama modern worship (com claras influências de rock
britânico e pop americano) estilo que a maioria das igrejas opta por utilizar.

A MÚSICA NO CONTEXTO DO CULTO

Vimos, acima, por onde a histórias bíblica e da igreja caminharam. É evidente observar que as
congregações acompanharam as mudanças culturais e avanços tecnológicos, trazendo para
seus cultos diversos elementos. A grande questão é: Como conciliar um culto
contextualizado com as ordenanças bíblicas?

EFÉSIOS 5 e COLOSSENSES 3

Para isso, vamos observar mais atentamente o que esses dois trechos das cartas paulinas
nos apresentam:

“Que a palavra de Cristo habite ricamente em vocês. Instruam e aconselhem-se mutuamente


em toda a sabedoria, louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais, com gratidão
no coração” – Colossenses 3:16 (NAA)
“...falando entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando com o
coração ao Senhor...” - Efésios 5:19 (NAA)
Em ambos os textos, Paulo traz orientações para as duas igrejas a quem as cartas se
dirigem. Algumas características relacionadas ao louvor marcam esses versículos:

1 É um ambiente de culto público, coletivo;


2 Visa edificação mútua (mutuamente/entre vós)
3 A Palavra do Senhor é o elemento fundamental (a palavra de Cristo/com salmos);
4 A música está presente (hinos e cânticos espirituais) - adequada, participativa e
bíblica;
5 Expressa louvor sincero e cheio de gratidão ao Senhor.

10 dicas para um momento musical melhor no culto:

• Música é dirigida por Deus e sua Palavra – e isso tem que estar muito claro pra mim e
pra você!
• Música é congregacional – O que isso significa? Que a IGREJA produz a música. Mas,
você pergunta: Como assim? Eu te explico:
1 Escolha músicas que trarão relação com Deus e com os irmãos. Cuidado com
as letras!
2 Não se preocupe em fazer igual o original. Seu grupo é de igreja, não de covers;
3 IMPORTANTE: entenda seu contexto! - quem são seus músicos e sua
congregação. Isso te ajudará a escolher as notas, o tom das músicas, os
arranjos, tamanho de fonte, regulagem sonora, etc;
4 MENOS É MAIS!
5 Aos sonoplastas e operadores de data show – VENHAM PRO ENSAIO!
6 Músicos, ENSAIEM! Ensaio não é meia hora antes do culto, uma hora, depois da
EBD, nem passar repertório de culto. Ensaio é produção musical!
7 PENSEM MÚSICA!
8 Desenvolvam sua percepção e sensibilidade, não só sua técnica;
9 Se a igreja faz música junto, contribuam para a igreja cantar junto!
10 Se disponha SEMPRE a aprender! (Provérbios 9:9).

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