Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISER N9 13
(1921-1979)
Ri o1ando Azzi
Os recursos para a real i zação deste progr-ama fo r am ofe r ec i dos pelas se-
guintes agênc i as: Comitê de Serviços ã Saciedade (Ausschuss f ur GeseZZschaftsbezogene
Dienste)~ Stuttgart, Alemanha Oc i dental; Fundação de Educação Teológi ca, Londres; I-
greja Presbiteriana Unida dos Estados Unidos da Amé rica, New York; e o Conselho Mundi
al de Igrejas, Genebra .
A coordenação do programa está a car go de: Carlo s Rodr i gues Br andão, El-
ter Dias Maciel, Rubem A. Alves e Rubem César :Fernandes .
1NDICE
1 INTRODUÇÃO
125 CONCLUSÃO
129 BIBLIOGRAFIA
1.
R-<..o-e.a.n.do Azz-<..
Cen.tno João XXIII
Introdução
( 1) - AZZ I , Ri o lando, O mov.úne.n.to de. Re.6oJuna Ca:tÕUca. dWtan.te. o ·.õêc.ul.o XIX, i n Re-
vista Eclesiástica Brasileira, 1974, set.,pp. 646-662.
3.
(2)- AZZI, Riolando, O ~nZeio da R~tauna~âo Catôliea »o ~li (1920-1 930), l n Sín-
~· 1977, n~ 10 e 11, pp. 61-90 e 73-102, respect i vamente ,
4.
'
O elemento fund amen t a l da Restaura
ção Catól i ca 6 o esforço para .q~e -· no caso, dos propugnado r es dos i -
deais l i bera i s. Em 1864 , al i ás
efetivament e .a fê ca t ól i c a voiie a Pio IX promulga o Sy l labus, um do-
ser um dos e lementos const i tutivo s cumento de condenação exp lícit a
da soci~dade . A I gr e j a deseja qtie das chamadas l i berdades modernas.
todas as na ç ões do mundo passem a
ser or i entadas pelos en s i namentos Tamb ém a Igreja do Bras i l v i veu e~
do magist~r i o e c les i ástic o ; se per! odo sob uma orientação ti p!
camente ant i -liberal , culm i nando
Para um~ melhor compre ensão da Re$,..._ com ã questão rel i gi osa nos anos
tauração Cató lic a no Bra s i l, é Üt i l 1872 ~ 75, da qual resul t ou a pr isão
um paralelo ent re es s a fase e o pe.,..._ de dois bispos , poster io rmen t e a-
ríodo anter i or de s i gnado como Re- nistiados pelo governo i mpe r i a l.
forma Católi ca.
Por sua vez, a fase da Restauraç ão
Durante a Refo r ma Catól i ca estava Catól i ca coincide inic ia lmente c om
à frente da San t a sê o papa Pio IX, o ponti fi cado de Pi o XI, quando a
conhecido por sua · postura anti-li- Igreja e o Estado i tal iano voltam
beral. A Ig reja , v i ncul ada ainda a se entender . Em 19 29 , 6 assi na-
às instituiç6e s do ant i go r eg i me , do o Tratado de Latrão em que se
colocava-se na de f ens i va ante o a- ratifica a situação cria da em 18 70,
vanço das novas i déias. A obra da comprometendo-se o gov er no it al i a-
unificação i ta l i ana , levada avante no a pagar uma inden i za ç ão à San t a
pelos reis do Piement e, r edu zi u Sê pelo s pr ej u í zos e pe r das . O p~
progressivamente a ext ensão dos Es .... pa pass a então a pr eo cupar- se com
tados Pont i f íc i os , culmi nando com a i nfluênc ia da . Igr e ja na s oci e da -
a invasão de Roma em 1870 . A par- de moderna.
tir d'e então , o p ap a pass ou a s~
7•
-
associações e da imprensa, os reli Essa carta teve grande rêpercussâo
.
9.
ca procura i nocular nos leigos cri! com outros grupos políticos, come-
tãos um sentido de presença ativa çam eles a sentir dificuldade em
na soci.edade, dentro de um espíri- difundir as posições conservadoras
to de ordem e disciplina ec l esiás- tradicionalmente mantidas pela
tica. A função dos mil itantes ca- Igreja, e passam a preocupar.;. se
t6lic os é manterem~se numa linha com perspectivas de uma abertura
de fidelidade absoluta à Santa Sé , para a problemát i ca social. São
cu ja vontade é expressa através do esses elementos , aliás, que t~rão
episcopado. uma influ~ncia s i gnificativa na m~
dança de ~umos da Igreja . do Brasil
.
Cot ab ora ção en tre Igreja e Estado A atuação da Igreja se orienta por
duas linhas principais: de um la-
Para que efetivamente a Igreja pu- do a insistência nas verdades cat~
desse af i rmar sua presença na so - licas, ou seja, no dogma, na fé c~
ciedade, um dos pontos básicos era tólica, e de outro a valorizaçãoda
a colaboração do govern~. Era es- moral católica, ou seja, das orieg
se o pensamento comum da hierarqma tações da Igreja referentes à con-
catól i ca nesse período. Embora os duta individual e familiar das pe~
bispos não JUlgassem necessário soas.
res~abelece r formalmente o regime
de união entre Igreja e Estado,cr! Rolim descreve com bastante acuida
am, não obs t ante, que somente atra .,...._ d ~ a mentalidade da hierarquia ca-
'f ~
ves de uma c olaboração mútua entre tólica nesse período nos seguintes
os dois pode r es, a Igreja readqui- termos:
r i r i a o seu antigo pr~stígio junto
'a naçao. - "A apatia dos católicos na sociedade se
enraizava na carência de doutrina catôli-
Essa colaboração efet i va foi resta .,.._ ca, pensava-se. Como também se julgava
belec i da não tanto em força de do- que tanto mais se descia para o meio das
cumentos fo r mais, mas pr i ncipalmen ~
massas mais crescia a ignorância religio-
te através de gestos significati - sa. Por entender que se trata de : ausên--
vos de ambas as partes. cia de sua doutrina, de um vazio do seu
catolicismo, a Igreja empreende a formula
Tratava-se, em Última análise, de -
çao de um projeto de catequese: redoutri-
uma união de forças ; para combater nar para em seguida preencher o vazio re-
o i n i migo comum representado pelos ligioso".
movimentos de tendência liberal,
anárqu i ca e soc i al i sta. E mais adiante, o mesmo autor ~res
centa:
Pr e d om{ n i o dos pr i n cip i as aatóli
ao s "Nenhum exagero em afirmar que por de-
trás das expressÕes "..lgn.oJtâ.n.c.ia. Jtei.ig..lo -
Impo r ta a i nda ressai tar a importâ!!_ .6a.", vazio de catolicismo, configura-sé
c i a que o ens i no da doutrina cató- um pensar rel i gioso autoritário que come-
lica assum i u nesse pe r íodo. Entre ça desalojando as massas populares da sua
as grandes metas da at i v i dade pas- posição de sujeito de sua história reli -
4
toral da I gr eja estava sem dúvida giosa ".
o predomínio da doutrina católica (4) ROLIM, Franc i sco Cartaxo, Rei.ig..tão e
sobr~ a v i d a de toda a nação. Cia.6.6U Popuia.Jtu, Pe;tJc.Õpow, Vozes, 1980,
PP. 16-17 . E
14.
Não se trata apenas de oferecer ao Outra diferença pode ser vista com
povo cat6lico uma doutrina segura. relação ao aspecto socio-econômic~
Outra preocupação básica desse pe- No período da Reforma Cat6lica a
ríodo é o combate às doutrinas hete..... Igreja está ainda ancorada no regi
rodoxas, especialmente ao protesta_!! me patriarcal es~ravocrata. Os bi!
tismo e ao esp i ritismo. pos defendiam uma posição conserv~
dora, favorável aos senhores de e_!!
Como país predominantemente cat6li- genho e fazendeiros, e opunham-se
co, o Brasil, segundo a mentalidade declaradamente às novas idéias li-
do episcopado, deveria ser orienta- berais, patrocinadas pela nova bu!.
do exclusivamente por preceitos pr~ guesia emergente. No período da
venientes da Sede Romana. Restauração Cat6lica a Igreja esta
belece vínculos profundos com as
I V. Caracter1sticas classes médias urbanas, através do
sistema paroquial e da rede esco -
Em decorr~ncia das metas propostas, lar cat6lica, embora mantendo-se
e em Íntima conexão com elas,a Igr! sempre fiel a uma orientação bási-
ja do Brasil passou a assumir algu- ca conservadora. Somente no fim
mas características específicas com do período é que alguns grupos mi-
relação aos aspectos políticos, cul noritários conseguem introd~zir no
turais , s6cio-econômicos e doutriná âmbito da Igreja algumas idéias de
rios. tend~ncia mais liberal e sociali -
zante.
Um dos modos de se perceber commais
nitidez os aspectos típicos da Res~ Quanto aos aspectos culturais e
tauração Cat6lica é comparar mais doutrinários, há converg~ncia en-
uma vez esse período· com o da Refor tre os dois períodos: predominân -
ma Cat6lica. cia européia na interpretação da
realidade brasileira, e preocupa -
No período anterior os bispos esta- ção básica com a ortodoxia doutri~
vam preocupados em afirmar a liber- nal, gerando consequentemente uma
dade de ação da Igreja, diante da atitude apologética com relação
influ~ncia do governo imperial, e aos membros de confissões religio-
insistiam muito na distinção entre sas não cat6licas .
os dois poderes. No período da Ré~
t~uração Cat6lica a ~nfase não será
mais colocada na distinção, mas na Alguns desses tópicos , aliás, mer~
necessidade de colaboração mfitua en cem um enfoque mais detalhado.
tre os dois poderes .
15.
mu i tos i nst i tutos relig i osos, red~ ral principalmente junto ãs cl asse s domi:_
zi ndo-se cons i deravelmente a impo! nantes e classes med i as urbanas, com foE
tânc i a das obras ded i cadas aos gr~ mas e conteÚdos que re fl et i am uma hegem~
7
pos ma r g i nal iz ados. nia externa (europé i a ) sobr e ela".
VI. Crono l og ·i a
'19~1
-1- 922
- D, Lem e a nu nc i a a prega ç ao da s 11
s a n tas .mi s s õ e s 11 em toda s
as pa r õqu i as da diocese .
agosto 26 - D. Aqu i no Corre i a e nomeado arcebispo de Cuiabã.
setembro 08 - D. Leme e out r os bi spos assistem ao ~asteamento de uma
f l ãmula no l ocal onde se .erig i rã o monumento a Cristo Re
dentar.
- D. Aqu i no Correia publica uma carta pastora l sobre O Pa
tr i ot i smo cr i stão .
26/30 - Celebração do Congresso Eucaristico do Rio de Janeiro,em
comemoração do Centenário da Independência. Na procis -
são euca r ist i ca de encerramento, doze oficiais catõlicos
conduzem o car r o tr i unfal da Eucarist i a .
outubro 04 - Lançamento da prime i ra pedra do monumento de Cristo Re-
dentor, no Corcovado .
20 - Pio XI env i a a todos os bispos da Itãlia o esboço da no-
va organ i zação da Ação Catõlica Ital i ana .
dezembro 08- D. Leme funda a Confederaçãn Catõlica do Rio de Janeiro,
reunindo as assoc i ações catõlicas da arquidiocese.
22 - Pio XI publ i ca a enciclica Ubi araano De i com um dramãti
co apelo para a nova cruzada do siculo XX: a Ação Catõli
ca.
1 923
1 924
1925
1926
1927
1928
1 929
1930
1933
1934
1 93 5
agosto A revista 11
Ordem 11 publica um artigo sobre Os pri nc-í-
A
pios e disp o sições da Ação CatóZica no Rio de Janeir o ,
emanados pelo cardeal Leme.
outubro 27 - Carta de Pio XI ao episcopado brasileiro, ressaltando
a importância da Ação Cat5lica.
1 936
1 9-38
~
-1939
janeiro 28 - o interventor do Estado do C arl, FránGis ée ~e Mên@ l ês
Pim~~tel, publica o decreto~le1 nO 4~ 2 ffiandahd~ ihtlUir
o Evangelho no programa dê 11nguagem dos êstabélêétfuên -
tos públicos de ensino primitio.
fevereiro 10- Morte do papa Pio XI.
março 02 Eleição do cardeal Eugênio Pace1li ào pontificade romano,
sob o nome de Pio XII.
maio 18 - Decreto de convocação do I Concflio Plenãrio Brasilêiro,
assinado pelo cardeal Leme, legado pontiflcio.
junho 29 - Pelo decreto 1e 1 nQ 255 o interventor federal do Amazo -
nas ~lvaro Botelho, institui a leitura do Evangelho nas
escolas do Estado.
julho 02 - Inicia-se no Rio o I Concilio Plenârio Brasileiro, inspj_
r ado no modelo tridentino.
03 - Pelo decreto 600 o interventor do Cearã a dota oficialmen....
te nas escolas publicas do Estado o l i vro No sso MestPe;
do padre ~lvaro Negromonte, para a leitura obrigatória
dos Evangelhos.
34.
--
1940
1941
1942
1943
1944
1 945
fevereiro 20- O cape l ão mi lit a r do reg i mento Tiradentes da FEB, cap . An-
tõn i o Alvar es da S i l~ a (F r e i Orlando OFM) tomba na li nha
de f t•en t e, r. a I t â l i a ;
março A REB pub l 1ca arti go do Pe . Agnelo Ross i , Secretã r i o Na-
c io na l da De f e s a da Fê, sob o t l ~ulo: O Pro ~est a nt i smo n o
mom e .' 1t .) a t-ua Z br así l e ircJ ,
45.
1946
~
1947
1948
1 949
1950
setembro
.
tente Nacional da A.C. 11 A A.C. antrava êm umã ROVà fà§@ 11
(Frei Sartori , · em REB, 1972, 39).
..
- A revist~ voa•s, de Petropo11t. pub11ca art1gG dê Ji
Azevedo Santos, 0 rolo compressor total1tiHQ@ à fê§~tlJl
11
dê
1 9 51
jan-eiro 1/6- Re·a·li za-se- e.m- São.·· Pau·1 o·· o · I I Congresso Bras i le i ro de Teo-
logia sobre · a enclclica de Pio XII, Mediator Dei . O mon-
ge D. ' Cindido Pad i n ressalta "o conceito do culto litGrg!
co como · fonte prtmã·r ·t ·a ~ da autêntica piedade cr i stã 11 •
março -A REB divulga nota afirmando que o cardeal de São Paulo,
O. Carlos C. de V. Motta, expressara seu formaJ e of i c i al
desagrado p e~ a t r a n s c r ·i ç ã o- do · a r t i g o - de J . de Jl. z e ve do Sa.!!
tos, que, · dando · ensejoa · interpretaçõés v,eladas de ordem
pessoal, poderia significar uma diminuição · da autoridade
eclesiistica. A redação · excusa-se pelo ocorr i do .
maio 11 - O Cardeal Motta, de São · Pau ·l o, reGne os representantes da
imprensa para - anunciar o inlcio dos trabalhos para a cons
trução da nova · basllica nacional de Aparecida .
junho A REB publica artigo do bispo de Cajazeiras, D. Luls Mou-
sinho, 11 Formas catequistas"~ em · que se ·e nfoca a renovaçao
de métod-os de pastoral.
julho - Inici'a""se em Recife um .... Congre·-s~s-o""' Nac i ona l do Escapuliria,
organizado pela ~rdem ~ do Carmo, em comemnraç~o ao VII an i
versirio da aparição de N. Senhora ao carme li ta Simão
S toe k .
1 952
março - A REB comunica a nomeaçio .de Mons. H~lder Cimara para bi!
po auxiliar do Rio de Jane4ro, .e a transferênc i a de D, Mou
sinho para Ri beirão Preto.
- A REB pub<lica art i go de Fre i Boaventura Kloppenburg . 11
Con
tra a heres i a esplrita 11 •
- A REB publ'ca art i yo do P. João F. Veloso 11
A. teologia de
56 ,
1 953
congress i stas ,
setembro 04 - Em carta a f~e i - Boaventura Kloppenburg, D ~ Helder Cãmara
comun i ca · que na reun i ão · da CNBB • o episcopado adotou ofi -
cialmente · uma campanha nacional contra · a · here·s i a espirita.
novembro 28/29- Em Cor i nto , --Mi nas Gera -i s; são reg i strados conflitos entre
58 .
1 954
1955
ni smo e Graça 11
• Frei. Anselmo de Moe:ma ;:ax:p.ô.e. a prime i ra
tese~ Ordem natural e ordem sobrenatural.
16 - Inicia-se em Petrõpolis o primeiro curso de iniciação
teolÕg i ca para religiosas.
fevereiro 15 - t reerigida oficialmente a Obra da Santa Infância no Bra
s i 1•
- Realiza-se em Três Passos a pr i meira Semana Rural i sta
da diocese de Santa Maria, promovida pelo Mi nistér i o da
Agr i cultura com a cooperação do clero : O bispo D. Antô-
ni o Reis af i rma que a Igreja reconhece .. a necess i dade! de
um m1n i mo de cond i ções .materia i s para a perfe i ção espirl
tual do ind i viduo 11
•
1956
195 7
1958
1 959
1960
março 25- O. Salomão Ferraz i recebido pelo · papa JGão XXIII, que o
faz bispo · de EleDtena; selando a ss i m sua adesão ao cato-
licismo.
abril 21 - Inauguraçãa · de ·.Srasilia, cap i tal federa l . Nomea~ão do
primeiro arcebispo~ O; Josi Newtonde Alme i da .
66 .
' -
miliar cristão .a serviço da igreja .. e de Frei Boaventura
Kl oppenburg, - 0ri gens e tendências da umbanda
11 11
•
6 7.
I. Significado
SEGUNDA PARTE
O termo "renovaç.ãou procura tradu-
zir a novidade do período. Não se
trata de ra~Qrmar ou de restaurar
anti~-os modelos, mas de recriar a
A instituição eclesiástica, de acor-
RENOVAÇAO PASTORAL · do com· .os novos apelos dos tempos,
(1961 - inspirando-se nas fontes bíblicas
e na vida primitiva da Igreja.
Não obstante, existem alguns pon- Em estudo publicado pelo CEAS de Sa]
to s que merecem ser assinalados c~ vadorr sob o título: Opç5es da lg r~
mo notas distintivas ,dessa nova fa ja do BrasiZ, lê-se a seguinte ref~
se da Igreja do Brasil: . presença rência .às comunidades eclesiais de
atuante do laicato, preocupação so base:
ci al e dimensão política.
,., Nossa sociedade estava tradicionalmente
Pre se nça a t uante do Zaicato dividida entre casa grande e senza la. A
missa era na casa grande. Hoje a senzala
A pre s ença do laicato passa certa- começa a ser objeto de atenção e aproxima-
mente a constituir uma nota carac- ção, embora . em geral a missa permaneça a-
t e r íst i ca do novo modelo de Igreja inda na casa grande . . Será possível dar um
10
que se está i mplantando no Brasil. passo a mais?"
Nos anos 60, dois movimentos emer- (10)-Cade r nos do CEAS,n~s 9-10, 1970,pp. 40-1.
71.
Com mui ta acuidade, .D. Antônio Ce 1 o marco inicial desta nova fase da
s o Queiroz, bispo auxiliar de São Igreja, que vem caracterizada com
•
Paulo, anal isa a nov a posição da o nome de Renovação Pastoral.
I gre ja nestes termos:
A celebração dos 10 anos da JUC
. "Apesar de ce rtas -indec isÕes e mesmo co~ brasileira., com a elaboração do d~
t rad i çÕes; ·os anos 60 e 70 assistiram pri_ cumento · Para um Ideal Históriao do
meiro ã entr ada de ci dida da I greja no ca~ Povo Bras ileiro marcam sem dúvida
r,po s oci al, e depois, uma cada vez mais ní uma mudança de rumo na Igreja do
ti da tomada de posição de solidáriedade Brasil , sob a· liderança do laica to
com os-pobres e mar ginalizados. Uma das católico. ·
cons equências mai s importantes deste fat:o
foi o distanc iament o do . poder político.E~ Outro fato expressivo no início
sa e uma reali dade, cremos nôs, absoluta- dessa nova etapa é a criação do M~
mente nova na história da Igreja. do Bra - vimento de Educação de Bas.e, apro-
sil . Lembramos a época colonial, em que vado pelo pres·ident.e Jânio Quadros
a Igreja era prati camente ·1.m1 departamento em março de 1961, atendendo a pro-
do Estado colonizador, situação fundamen- posta' da CNBB. Ao fundar essa ins
. -
talmente -conservada, em termos · de relaci~ tituição, a Igreja evidenciava cl~
namento com o Estado; durante a epoea im- ramente sua preocupação com as
perial". classes marginali~adas, sobretudo
do norte e do nordeste do país.
E mais adiante o bispo conclui:
Além disso, em 1962, os bispos el~
" Parece elar0 que a Igreja troca progre~ boram um primeiro esboço de um pl~
sivamente o papel de I?,artilha do poder p~ no de pastoral de conjunto, conhe-
lÍtico para o "bem" espiritual - do povo p~ cido com o nome de Plano de Emer -
lo papel profético de anúncio das exigên- gência. Nesse documento o tradi
cias evangélicas na ordem polftica .e de~ cional enfoque doutrinário é subs-
núncia dos conteúdos ·anticristãos dos 'mo- tituído pel,a · dimensão pat5toral, que
11
delos sociais". passa ~ a ser prioritár i a.
V. CRONOLOGIA
1 961
1962
1 963
1 964
gênio Sales.
julho 05/10 - Encontro de Reitores de Seminãrios Menores Diocesanos em
São Paulo, promovydo pela CNBB.
06/11 VII Semana Bi ~ lica Naciona~ em Campinas.
18 - Inicia-se o I Congresso de Dirigentes do Apostolado Voe~
1965
1966
1967
1968
politico-relig i oso.
26 - Em resposta ao. protes-to ·.do" clero de . Botucatu pela nomea-
ção de O. Zioni para a diocese, o nGncio reconhece ter
ha v i do f a 1 ta de c o..n s u1 ta · p rê v i a d·o c 1 e r o d i o c e s a no .
- No encontro interprovincial dos Padres Oblatas de Maria
em Poços de Caldas os participantes afirmam a dec i são de
11
tomar concretamente uma posição em face das injustiças
que sofrem os povos deste continente 11 •
- A REB pu b 1 i c a a r ti go de Mo n s . O·i d.o n e t, 11 Pr e s bit e r os do
Brasil em renovação conciliar e .artigo do P.
11
Anton i no
Witschege, 0 Brasil prepara seus diãeonos casados 11 •
11
maio 06/14 - Reunidos no Rio de Janeiro com o Padre Geral, Pedro Aru-
pe, os P~ov i nciais Jesuitas da Amêrica Latina divulgam
documento em que se propõem dar prioridade absoluta aos
problemas sociais .
08- Na missa comemorativa da vitõria dos al i ados, promov i da
pela Associaçã? de Ex-Combatentes da FEB, o bi spo auxili
ar de São .Luis, O. Edmilso.n, q.ue.stio.na a situação da l i -
berdade no Bras i l.
11 - O comandante da região militar de São Luis declara que a
Revolução de 1964 e as Forças .Armadas foram injuriadas e
a Igreja profanada por quem tinha maior obrigação de de-
fend~~la. O arcebispo Hr Joio Albuquerque defende a m i ~
são de seu auxiliar e da Igreja de anunciar a verdade .
- Prisão do advogado Jose Solero Filho, vice-presid~nte do
MFC.
junho 01 - Vinte e um padres e um clêrigo de Botucatu assinam doeu-
. .
mento em que dec i dem deixar · a diocese antes da tomada de
posse de O. Zioni .
02 - Em entrevista ao Jornal do Bras iZ 3 O. Zion í decla r a co-
nhecer o baixo nivel intelectual dos si~natã ri os, afir -
mando tratar-se d-e uma de.c .l ar:a .ç ão vazia, e de teor dema-
gÕg i co ,
O4 - O Ca r de a 1 Ros s i a fi r ma em entre v.i s ta que 11 o e p i s õ d i o de
Botucatu esti sendo encaminhado com a ser i edade e d~l i ca
deza que o mesmo requer 11 •
89.
le da natalidade.
agosto 14 - Falece o Cardeal Primaz, D. Augusto Alvaro da Silva.
15 - Inicia-se no Rio um Curso de Educação para o Desenvolvi
mento, com a participação de cem diretores de col~gios
.'
catõlicos, promovido pela CRB e AEC.
24- Inicia-se a Assembleia do CELAM em Medellín, com a pre-
sença de Paulo VI, que afirma: "inaugura-se hoje um no-
vo periodo de vida eclesiãstica 11 na Am~rica Latina.
27- A policia invade a residincia do Cardeal Rossi, retiran
do o P. Vauthier, que e deportado.
28- O Diário Oficial publica o decreto de expulsão do padre
operãrio, Pierre Vauthier.
29 - Noventa padres do Rio Grande do Sul protestam contra a
deportação do P. Vauthier, em declaração publicada no
Correio da Manhã.
setembro 06- Sete bispos e vãrios sacerdotes e religiosos dirigem-se
i Comissão Central da CNBB, pedindo providincias diante
das atitudes e declarações da TFP.
06- Encerramento da Assembleia do CELAM em Medellín, e pu-
blicação das Conclusões .
-A REB publica artigo de D. Eugênio Sales, 11
A Igreja na
América Latina e a promoção humana 11 •
outubro 02 - O Cardeal Rossi a~senta-se de São Paulo,recusando o tf-
tul~ da Ordem do Mérito Nacional que deveria receber do
Presidente Costa e Silva, no Quartel do II Exercito .
21 - t lançada em São Paulo a revista Hora Presente .
21/25 - Reunião da Comissão Centra~ sob' a presidinc i a de D . Sch~
rer, que expressa p~eocupaÇão pela interferincia da TFP
na vida i nterna das dioceses. No documento sobre P~ o
blemas da AtuaZidade Brasileira~ os bispos reafirmamsua
vontade e decisão de não deixar oo papel os documentos
da Conferincia de Medellín . No documento sobre a Encf-
clica Humanae Vitae, exor.tam ao aprofundamento adulto e
responsável do magistério da Igreja .
29 - t lançada no Rio a Revista Permanência, com missa cele-
91.
1969
1970
no.
31 - O P. Jose Artola ~ preso na favela do Brãs de Pina, Rio,
sob a acusação de obstacular a c~nstrução dos escrit5ri-
os da· CODESCO, 5rgão 1igado ao governó da Guanabara .
.
1971- 1979
101.
1 9 71
1 97 2
1973
1974
t:·,; cL', .:; ai; de \4al derrlar ~ ossf~ ·da Co mi s são Justiça e Paz .
109.
1975
'I
110.
1976
de Notre Dame .
27 - A CNBB entrega o trofiu Margar i da de Prata a Eduardo
11 11
1977
1978
j ury h o,., 1
,30 - , Inicia-se em Brasil i a um .enc.?ntro nac i onal de formadores
• ' I
de seminár i os maiores, pr omovido pela CNBB. Elabora-se
I '
t
um p r o j e t o de e s t à ~· to . d ~ Or~ a ~ i z a ç ã o çi o s Sem i nã r i o s
11
e
Institutos F'ildsÕf i cos e Teológicos do s·ras i l (OSIB) • 11
1 979
ab r i l 07 - O comandante da aª
BEC com sede em Santarém faz declara-
ções sobre a fufiltração estrangeira na região, referindo
-s e a D. Ti ago Ryan, bispo da cidade .
.
15 - D. Jose Mar i a Pires publica uma carta pastoral sobre a
ás semb l e i a episcopal de Puebla .
a br 1 1 18 - o Supremo Tr i bunal Militar nega a revogaçao da prisão
pre vent i va de Caj ã, pre·so a quase um ano .
18 / 27 - Reu ne-se em Itaic i a 172 Assembleia Geral da CNBB .
22 - D. Pau l o Evaris~o celebra na ca~edral de São Paulo a Mi s
sa da Terra sem Mal~s, po~ ocas i ão do dia do"lndio .
ma 1o 01 - D. Cl ãudio Hummes celebra mi ssa no pãtio da prefe i tura de
São Berna r do do Campo, com a presença de 5. 000 trabalha-
do r es, comemorando o dia do trabalho .
- Em Belo Hbriionte, um grupo de extrema-direita depreda
as sed~s de tres organismos de pastoral operãria .
12 - Ma i s de 3p .ooo pessoas subscrevem em São Paulo . um abaixo
-as s i nado pela l i bertação de Cajã .
29 - Réa li za-se em Curitiba um encontro nacional das Com i s-
sões de Justiça e Paz.
j unho 01 - Edva l Nunes da Silva, o C~jã, e posto em liberdade e re-
to ma suas atividades pastorais .
25 - D. . He l de r Cimara pronu.nc i a na Assemble i a Legislat i va, em
Rec i fe~ uma palestra sobre as Conclusões de Pu~bla .
CON.CLU.SAO
dos:
1 . Durante o periodo colonial, a f~ cat6lica foi introduzida
no Brasil mediante o ~od~lo de Igreja Cristandade, cuja base está na
união entre Igreja e Estado. Na prática, a Igreja ~ incorporada pelo
poder politico e instrumentalizada em favor do projeto colonial portu -
gues. Tanto na evangelização como na presença junto ao povo a Igreja
atua como representante .do Estado, e a transmissão da doutrina evang~l!
o povo .
A tônica da reforma católica; porém; era clerical, e a hierar
quia eclesiistica desejava estabelecer um controle efetivo sobre as de-
voçoe s populares . Dentro de uma visão pu!amente espiritualista, o epi~
,
,
129.
INDICAÇOES BIBLIOGRAFICAS
1. Livros
ALVES, Mãrcio Moreira, A Igreja e a poLitica no BrasiL3 São Paulo,
Brasiliense, 1979.
ANTOINE, Charles, O integrismo brasiLeiro 3 Rio, Civilização Brasilei
ra, 1980.
AZZI, Riolando, O episcopado bra.siLeiro frente _ao catoLiàismo popu-
Lar 3 Petrõpolis, Vozes, 1977.
BRUNEAU, Thomas, O catoLicismo brasiLeiro em época de transição3 São
Paulo, Loyola, 1974.
BRUNEAU, Thomas, ReLigi5o e poLitização no BrasiL 3 São Paulo, Loyola,
1979.
HOORNAERT, Eduardo e outros, Hist5ria 'da Igreja no BrasiL 3 Primeira
época 3 Petrõpolis, Vozes, 1977.
HAUCK, João Fagundes e outros, História da Igreja no BrasiL 3 Segunda
época 3 Petrõpolis, Vozes, 1980.
KRISCHKE, Paulo Jose, A Igreja e as crises poLiticas no BrasiL, Pe-
trõpolis, Vozes, 1979.
LUSTOSA, Oscar de Figueitedo, A presença da Igreja no BrasiL 3 São
Paulo, Giro, 1977.
MOURA, Odilão, As idéias catóLicas no BrasiL, São Paulo, Ed. Convi -
vio, 1978 .
ROLIM, Francisco Cartaxo, ReLigião e CLasses popuLares 3 Petrõpolis ,
Vozes, 1980.
ROMANO, Roberto, BrasiL: Igreja contra Estado 3 São Paulo, Kairõs Edi
tora, 197_9 .
SANTO ROSARIO, Irmã Maria Regina, o cardeaL Leme 3 Rio, Jose Olimpio,
1 9B2.
130.
2. Artigos
AZZI, Riolando, O intaio da Restauração Católiaa no Brasil (1920-
1930), I e II, in Sintese, 1977, nQ 10 e 11.
AZZI, Riolando, O intaio da Restauração Católiaa em Minas Gerais~in
3. Revistas
A Ordem
O Mensageiro do Coração de Jesus
SEDO C